Jardim da Quinta do General / Jardim da Quinta do Mosteiro

IPA.00002738
Portugal, Évora, Borba, Borba (Matriz)
 
Espaço verde de recreio. Quinta de Recreio maneirista, com linhas sóbrias e estrutura ortogonal reforçada pela vegetação estrututrante, as suas características reflectem a erudição que envolveu a sua criação, existindo uma interligação entre a vertente lúdica e de produção. As mais importantes dependências correm da linha axial do edifício, com luz para os jardins e páteo de entrada (ESPANCA, 1978). Frente à Casa de Fresco, no lado oposto relativamente ao lago, recorta-se uma fonte barroca, deslocada do Palácio Galveias, em substituição de uma mais antiga. O eixo da Missa Campal destinava-se a celebrar a missa às tropas que partiam para a Guerra da Restauração. Azulejaria joanina: estes azulejos, da primeira metade do séc. 18, com cenas alusivas às estações do ano e aos elementos da natureza, são provenientes do Palácio Galveias, e foram colocados, no séc.20 no tanque e no jardim de buxo pelo Dr. Álvaro de Sousa Rego, pai da acual proprietária; Ao transpôr o portão do pátio principal deparamo-nos com uma sucessão de planos visuais que alternam a sombra das duas "loggia" com a luz do jardim de buxo, culminando numa capela de frontão triangular; ao percorrer a quinta surgem inumeros lugares de estadia, onde jogos de luz e sombra se cruzam permanentemente com o elemento água; ao longo do ano a quinta apresenta variações pela presença de um grande número de caducifólias; Existe um microclima que justifica a dimensão e o exotismo da vegetação; Grande regularidade da estrutura formal da composição, determinada pela fisiografia e pelo contexto cultural das épocas de construção. Originalidade formal e decorativa que envolve o eixo da Missa Campal. Quatro nascentes e a ribeira de Borba permitem a abundância de água em toda a quinta, testemunhada pelo grande numero de elementos que lhe estão associados, como fontes (11), repuxos e a possibilidade de rega por encharcamento. Encontra-se aqui a Casuarina mais alta do país.
Número IPA Antigo: PT040703010012
 
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Registo

 
Espaço verde  Jardim  Jardim  Formal    

Descrição

A entrada, por pequeno portão de madeira, é um pátio alentejano envolvido pela casa, com arcadas de colunas em mármore branco, piso de xetos rolados, rodapé de azulejos coloridos e escadaria simples a tijolo para casa de cima. Edifício com planta em forma de "U" liga-se nas extremidades onde se abre o portal de entrada. Em frente a arcada há jardim pequeno de buxo alto ladeado à direita de parede murada com janelas decoradas com ferro forjado e painéis de azulejo séc. 18, e fonte de pedra com duas taças maneiristas e tanque octogonal, no eixo central do desenho quadripartido que culmina em pequena e simples capela, de frontão triangular e pilastras nos cunhais. Este eixo segue até pórtico junto do limite nascente da quinta. Do lado esquerdo, depois do terreiro e sob altos castanheiros-da-índia, tanque, profundo e comprido com fonte de pedra de mármore e azulejaria joanina*. Ainda à vista e bem mantido, outro jardim de buxo com roseiras, formal e romântico e linha de olaias antigas, tendo também ao centro fonte em mármore ladeado por muro alto em taipa com namoradeiras de janela e degraus revestidos a azulejo, e por outro rematado a N. por portal e a S. por altar exterior adossado a um dos lados da capela. Aqui se rezaram missas campais celebradas para as tropas que D.Dinis de Mello e Castro chefiava antes de partirem para as batalhas. Associada ao tanque, casa de fresco, com átrio interior em latada sobre colunas toscanas. Junto ao muro, laranjal respeita a sua função mas segue desenho quadripartido de um jardim, protegido por altas sebes de buxo, também com fonte ao centro, tornando-se a laranja, para além de funcional, elemento ornamental. Finalmente, surge a mata, com vegetação espontânea, em crescimento quase selvagem e com vestígios de queimadas. A quinta é rica em água, há linha de água a céu aberto, resultado do represamento da ribeira de Borba evidente entre pedras e condutas também abertas em tijolo ou pedra e no lago naturalizado, onde em tempos andavam pequenos barcos de recreio. Existem duas fontes, Fonte de São José e Fonte Fria, que alimentavam todo o sistema de fontes e de rega da vegetação existente, responsáveis pela perpectuação de espécies como casuarina de trinta e seis metros, lódão e araucária, e os buxos do laranjal. Neste parque escondido, surge a alameda de castanheiros-da-índia e plátanos com alturas acima dos trinta metros, no eixo transversal do laranjal, que inicia no Tanque da Hidra, no extremo S. da propriedade e pontuada no percurso pela Fonte de Mergulho, pelo pórtico romântico e termina na fonte de espaldar do Tritão. Final do percurso em altar exterior em arcada cega, colunata dórica com nicho contendo símbolos da Paixão de Cristo. Portal a N., de estilo maneirista, imita a porta de uma grande igreja e, tal como o tanque, ladeado por bancos e alegretes de alvenaria com decoração em azulejos verdes e brancos. Fachada mais importante da casa voltada para os jardins, tendo em toda a extensão varanda gradeada decorada com brasão de armas dos Mello e Castro, encimado pela águia dos Mello. Quinta murada por muro simples de alvenaria com cerca de 2.5m de altura. Entre outras árvores seculares, o ulmeiro e o lodão-bastardo, uma casuarina com 36m e uma araucária que ultrapassa essa altura.

Acessos

Avenida de D. Dinis de Melo e Castro

Protecção

Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público / ZEP, Portaria n.º 740-DT/2012, DR, 2.ª série, n.º 248 de 24 dezembro 2012

Enquadramento

Urbano, em zona baixa e plana. Na periferia de Borba. Relação com a paisagem circundante da vila dada pela ortogonalidade da organização da quinta e das folhas de cultura adjacentes à produção de citrinos e de arvenses. A quinta desenvolve-se na fachada poente do edifício.

Descrição Complementar

Ao transpor o portão do pátio principal deparamo-nos com uma sucessão de planos visuais que alternam a sombra das duas "loggia" com a luz do JARDIM DE BUXO, culminando numa capela de frontão triangular. Ao percorrer a quinta surgem enúmeros lugares de estadia, onde jogos de luz e sombra se cruzam permanentemente com o elemento água. Ao longo do ano a quinta apresenta variações pela presença de um grande número de caducifólias. Relação com a paisagem circundante de Borba dada pela ortogonalidade da organização da quinta e das folhas de cultura adjacentes à produção de citrinos e arvenses.

Utilização Inicial

Recreativa: jardim

Utilização Actual

Recreativa: jardim

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 16 / 17 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido

Cronologia

Séc.16 - Já existiam habitações que albergaram o fidalgo Pedro de Mello e Castro, casado com D. Guiomar de Sousa e pretendente ao trono de Portugal após a morte do Cardeal-Rei D.Henrique; Séc.17 - Pedro de Mello e Castro constrói a quinta, incluindo a casa e os jardins; 1624 - Nasce na Quinta o general D.Dinis de Melo e Castro, do qual a Quinta viria a tomar a actual designação, denominando-se inicialmente de Quinta do Mosteiro; militar desde os dezasseis anos, o General participou nas batalhas do Montijo, Linhas de Elvas, Ameixial, Montes Claros e tomada do Forte de São Miguel; 1691 - o general recebe o título de Conde das Galveias; séc. 20 - o jardim de buxo e a fonte junto do grande tanque recebem azulejos azuis e brancos da primeira metade do séc. 18, vindos do Palácio das Galveias, ao Campo Pequeno; 1941, Fev. - com o ciclone, o bosque e árvores seculares, castanheiros, freixos, cedros, sicómeros e plátanos, que ornavam o adro da ermida primitiva; 1964 - destruição do jardim existente no espaço onde existe actualmente o jardim formal; 1984 - os actuais proprietários demonstram interesse pela conservação da Quinta e alvitam esforços para que a degradação não se acentue; 1986 - construção do jardim formal sem qualquer plano prévio; 2001, 4 de dezembro - Proposta de classificação pela CM de Borba; 2002, 15 de abril - Proposta de abertura do processo de classificação pelo IPPAR/DRÉvora; 2002, 4 de agosto - Despacho de abertura do processo de classificação pelo Vice-Presidente do IPPAR; 2005, 13 de janeiro - Proposta do IPPAR/DRÉvora para a classificação como IIP; 2006, 4 de agosto - Proposta de ZEP pelo IPPAR/DRÉvora; 2006, 20 de dezembro - Parecer favorável à classificação e à ZEP pelo Conselho Consultivo do IPPAR; 2012, 17 outubro - Anúncio n.º 13586/2012 publicado no DR, 2.ª série, n.º 201, de projeto de decisão de classificação como MIPe fixação de ZEP.

Dados Técnicos

Sistema de rega a céu aberto em tijolo-burro e calcário. Cantaria.

Materiais

INERTES: Mármore (fontes); granito (Fontes do jardim de buxo); Xisto (Capeamento de bancos e remate de escadas-; Pavimentos: Terra batida, calçada irregular de mármore, lages de granito, lages de xisto e tijoleira. VEGETAL: árvores -Araucaria (Araucaria heterophylla), castanheiro-da-índia (Aesculus hippocastanum), casuarina (Casuarina equisetifolia), cipreste (Cupressus sempervirens), freixo (Fraxinus angustifolia), limoeiro (Citrus limon), lodão-bastardo (Celtis australis),loureiro (Laurus nobilis), olaia (Cercis siliquatrum), oliveira (Olea europea), plátano (Platanus hybrida), ulmeiro (Ulmus spp); arbustos - buxo (Buxus sempervirens), escalonia (Escalonia rubra), evonio-dos-jardins (Euonymus japonicus), hibisco (Hibiscus rosasinnensis), hortênsia (Hydrangea macrophylla)sempre-noiva (Spirea cantoniensis); herbáceas - agapantos (Agapanthus africanus), alfazema (Lavandula officinalis), asplenium (Asplenium obovatum), cana-índica (Canna indica), couves-de-nossa-senhora (Bergenia crassifolia), crisântemos (Dendranthema x grandiflorum), feto ((Pteridium aquilinum), vinca (vinca spp); trepadeiras - buganvília (Bougainvillea spectabilis), hera (Hedera helix).

Bibliografia

CARITA, Helder, CARDOSO, Homem, Tratado da Grandeza dos Jardins em Portugal ou da originalidade e desaires desta arte, 1978, (pp. 39, 87, 114, 116, 118, 121, 124, 125, 128, 129); CASTEL-BRANCO, Cristina, Jardins Com História, Poesia Atrás dos Muros, Edições INAPA, Lisboa, 2002: ESPANCA, Túlio, Inventário Artístico de Portugal, Tomo 9, vol. 1, Lisboa, 1978, (pp. 109 - 112).

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

Na capela rezavam-se missas campais celebradas para as tropas que D.Dinis de Mello e Castro chefiava antes de partirem para as batalhas.

Autor e Data

Paula Simões 1997 / Luísa Estadão 2004

Actualização

 
 
 
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