Complexo Arqueológico dos Perdigões / Cromeleque dos Perdigões

IPA.00002734
Portugal, Évora, Reguengos de Monsaraz, Reguengos de Monsaraz
 
Complexo composto por cromeleque megalítico (cujos menires se encontram hoje muito dispersos, sendo difícil avaliar a sua primitiva implantação no terreno), dois tholos, uma estrutura circular com entrada a nascente e vários depósitos de terra que preenchem fossos que delimitam os vários recintos cerimoniais, datáveis do período Neolítico e do Calcolítico. Os menires são de granito, do tipo almendrado, mas mais espatulados do que os correntes no aro eborense, como os dos Cromelques de Almendres (v. IPA.00003946), da Portela de Mogos (v. IPA.00004457) e de Vale de Maria do Meio (v. IPA.00034014); um dos menires apresenta maior dimensão e forma cilíndrica, com uma das faces cheia de covinhas, com uma feição rara no megalitismo regional, podendo ser efeito de erosão hidráulica; pode todavia tratar-se de padrão miliário romano. O complexo, circular, que ocupa uma área superior a 16h, está construído "com uma orientação astrológica e cosmológica", coincidindo as entradas com os solstícios de Verão e de Inverno (Varela Gomes). Do espólio arqueológico descoberto naocomplexo fazem parte um grande número de estatuetas, figurando diversos animais, em marfim, provavelmente de origem indiana, o que comprovaria, segundo Varela Gomes, a rede de contactos em que se integrava a Península Ibérica durante o Calcolítico; os dois sepulcros até agora estudados constituem o maior depósito de marfim do país. Do espólio arqueológico do complexo, destaque para a variedade e marcado realismo das figuras de animais em marfim, numa época em que predominava o esquematismo.
Número IPA Antigo: PT040711040011
 
Registo visualizado 565 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Conjunto arquitetónico  Estrutura  Religioso  Alinhamento    

Descrição

Alinhamento composto por seis menires de granito, todos derrubados, constituíndo um complexo circular, com 500m de diâmetro, com entradas a nordeste e a sudeste; os menires encontram-se dispersos por uma área de c. de 2400 m2, todos de aspecto almendrado, bastante espatulado, excepto um, de proporções gigantescas, de forma cilíndrica, com c. de 2m de altura e 90cm de diâmetro na base; apresenta uma das faces cheia de covinhas, alinhadas em relação a um eixo longitudinal *1. O complexo possui ainda dois tholos, uma estrutura circular, na área central, com entrada a nascente e vários depósitos de terra que preenchem fossos que delimitam os vários recintos cerimoniais.

Acessos

Reguengos de Monsaraz, EN255, de Reguengos de Monsaraz para Alandroal, a c. de 1 km, na Herdade dos Perdigões localizada a c. de 50m a poente da EN. O complexo situa-se 1500m a noroeste do marco geodésico de Barro, na extrema da Herdade.

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto n.º 2/2019, DG, 1.ª série, n.º 19/2019 de 28 janeiro 2019 / ZEP, Portaria n.º 183/2019, DR, 2.ª série, n.º 42/2019, de 28 fevereiro 2019

Enquadramento

Rural, em planície, isolado em terras de cultura de olival.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: alinhamento

Utilização Actual

Cultural e recreativa: marco histórico-cultural

Propriedade

Privada: pessoa colectiva

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Megalítico / Neolítico / Calcolítico

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido

Cronologia

5.500 a.c. - provável data de edificação do complexo; 4000 a.c. - 3000 a.c. - abandono do complexo; 1971, 22 novembro - Decreto n.º 516/71, classificando do complexo arqueológico, composto por seis menires, como Imóvel de Interesse Público, em DG, 1.ª série, n.º 274; 1996 - primeiras escavações sistemáticas do complexo; 2002, 15 fevereiro - Proposta de abertura do processo de classificação do Complexo Arqueológico dos Perdigões pela firma ERA - Arqueologia Lda.; 2002, 16 julho - Despacho de abertura do processo de classificação do Complexo Arqueológico dos Perdigões pelo Vice-Presidente do IPPAR; 2007 - 2010 - escavações arqueológicas dirigidas por Mário Varela Gomes põem a descoberto, na necrópole e fossos delimitadores, várias ossadas humanas e animais, e esqueletos incinerados; 2009, 21 outubro - nova Proposta de abertura do processo de classificação do Complexo Arqueológico dos Perdigões pela firma ERA - Arqueologia Lda., reformulando a anterior; 2011, 15 abril - Proposta de classificação do Complexo Arqueológico dos Perdigões pela DRCAlentejo; 2011, 12 maio - o IPPAR devolve a proposta de classificação da DRCAlentejo para análise da possibilidade de integrar (ampliando) a classificação dos Seis Menires da Herdade dos Perdições; 2011, 26 maio - Proposta DRCAlentejo mantendo a proposta de classificação do Complexo Arqueológico dos Perdigões; 2011, 16 junho - Despacho de abertura do processo de classificação do Complexo Arqueológico dos Perdigões pelo Diretor do IGESPAR; 2013, 04 março - publicado no DR, 2.ª série, nº 44, o Anúncio n.º 84/2013 relativo à abertura do procedimento de classificação do Complexo Arqueológico dos Perdigões; 2015, agosto - durante a campanha arqueológica, da responsabilidade de Era-Arqueologia, liderada pelo arqueólogo Antonio Valera, é descoberta uma deposição de crânios humanos, em depósitos de terra que preenchiam um dos fossos que delimitava um dos recintos cerimoniais construído durante o terceiro milénio antes de Cristo; alguns dos crânios evidenciavam sinais de terem sido queimados, incluindo os de uma criança de c. de três anos, em associação a restos de ossos de animais; descobertos, ainda, um provável segundo tholos, uma estrutura circular, na área central do complexo, com entrada a nascente (no quadrante situado entre os solstícios de verão e de inverno) e vários artefactos de pedra, cerâmica e osso; 2017, 27 junho - publicado no DR, 2.ª série, n.º 122 o Anúncio n.º 94/2017 de Projeto de Decisão relativo à classificação como sítio de interesse nacional/monumento nacional (MN) do Complexo Arqueológico dos Perdigões; 2019, 28 janeiro - o Decreto n.º 2/2019, DR, 1.ª série, n.º 19, classifica o Complexo Arqueológico dos Perdigões como Sítio de Interesse Nacional, com a designação de Monumento Nacional.

Dados Técnicos

Estruturas autónomas

Materiais

Granito de grão fino

Bibliografia

GOMES, Varela - «Aspects of megalithic religion according to the portuguese menhirs» in Valcamonica Symposium, III. Capo di Monte, 1979; GONÇALVES, J.P. - «Roteiro de alguns Megálitos da Região de Évora». A Cidade de Évora. Évora, 1975, n.º 58; PINA, Henrique Leonor - «Novos Monumentos Megalíticos do Distrito de Évora» in Actas do II Congresso de Arqueologia. Coimbra, 1971; ZBYZEWSKI, G., FERREIRA, Veiga, SOUSA, H., e NORTH, C. T., «Nouvelles découvertes de cromlechs et de menhirs au Portugal». Comunicações dos Serviços Geológicos de Portugal. Lisboa,1977,vol. LXI.

Documentação Gráfica

DGPC, Proc. 2.10.001

Documentação Fotográfica

DGPC: SIPA; Proc. 2.10.001

Documentação Administrativa

DGPC: SIPA

Intervenção Realizada

1977 - Projecto de escavação e tratamento da envolvência por Mário Varela Gomes; 1997, desde - escavações arqueológicas; ERA Arqueologia / Esporão S. A.: 2010 - escavações arqueológicas dirigidas por Mário Varela Gomes.

Observações

*1 - Provavelmente causadas por erosão hidráulica, porventura por exposição à acção de queda de um beirado.

Autor e Data

Manuel Branco e Castro Nunes 1994

Actualização

 
 
 
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