Estação Ferroviária de Vila Real

IPA.00027082
Portugal, Vila Real, Vila Real, Vila Real
 
Estação ferroviária da Linha do Corgo, construída no séc. 20, composta por vias férreas e algumas construções de apoio técnico, como armazém de mercadorias coberto e instalações sanitárias. O edifício de passageiros apresenta planta rectangular, composto por três corpos, regularmente dispostos, o central de dois pisos e os laterais de um. Fachadas rebocadas e pintadas e com embasamento de cantaria e em cimento encarapinhado, com cunhais em cantaria fendida e terminando em friso, e beirada sobre aba de madeira; são rasgadas regularmente por janelas de peitoril ou portas de verga abatida e em volta perfeita, possuindo na fachada virada ao cais de embarque pala metálica apoiada em colunelos metálicos. No piso térreo dispõe-se ao centro zona de expedição de bilhetes, tendo de um lado duas salas de espera para os passageiros, de várias classes, e do outro as antigas salas do telégrafo, do factor e de outro pessoal, e no segundo piso a antiga residência do chefe da estação.
Número IPA Antigo: PT011714240204
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Transportes  Apeadeiro / Estação  Estação ferroviária  

Descrição

A estação inclui o edifício de passageiros, área de vias férreas e algumas construções de apoio técnico, como armazém coberto, oficinas e depósitos de material circulante. EDIFÍCIO DE PASSAGEIROS de planta rectangular composta por três corpos, dispostos paralela e regularmente à linha, o central sensivelmente mais avançado e de dois pisos e os laterais de apenas um. Volumes escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de quatro águas no corpo central e de dois nos laterais, com cumieiras coroadas por gradeamentos metálicos entrecruzados, pintados de verde, e tendo no corpo central e no lateral esquerdo chaminés elevadas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com embasamento de cantaria e um outro em cimento encarapinhado, pintado de cinzento, cunhais apilastrados em cantaria fendida, e remates em friso, pintado de cinzento e beirada sobre aba de madeira bastante avançada, de madeira pintada de verde sobre traves de madeira, algumas com remates em botão. As fachadas são rasgadas regularmente por vãos de verga abatida, com molduras superiormente recortadas no exterior e chave saliente, as janelas com ângulos inferiores formando falsos brincos rectos e com peitoril de cantaria, e, no piso térreo do corpo central, em arco de volta perfeita, com motivo fitomórfico saliente no fecho, todos tendo caixilharia de duas folhas e bandeira. Fachada principal virada a NO., com o corpo central avançado, terminado em empena aguda, possuindo friso de cantaria a separar os pisos, abrindo-se, no primeiro, três portas, e, no segundo, três janelas de varandim, com guarda de cantaria formando falsos balaústres; superiormente, surge relógio circular com moldura de cantaria. Lateralmente, rasga-se no corpo central uma porta semelhante, em arco de volta perfeita. Nos corpos laterais rasgam-se duas portas e uma janela de peitoril, central; no corpo lateral esquerdo surge afixado placa de bronze inscrita. Fachadas laterais simétricas, rasgadas por duas portas, encimadas pela inscrição, pintada, VILA REAL e pela sigla da Refer; no corpo central, rasga-se, no segundo piso, janela de peitoril, estreita, de verga abatida. Fachada posterior virada à linha férrea, rasgada no corpo central, no primeiro piso, por três portas e, no segundo, por tês janelas iguais às da fachada principal, mas sem guarda de cantaria, e nos laterais por outras três portas; ao longo de todo o piso térreo corre pala metálica avançada, levemente inclinada, assente em seis colunelos de ferro, de capitéis fitomórficos, e ângulos decoradas com elementos vegetalistas; junto às portas centrais existe relógio, avançado, pintado de verde. Junto à fachada lateral direita dispõem-se as INSTALAÇÕES SANITÁRIAS, de planta rectangular, corpo único e cobertura em telhado de duas águas, sobre aba avançada de madeira águas. Apresenta as fachadas rebocadas e pintadas de branco, com embasamento, cunhais, molduras dos vãos laterais e friso superior em cinzento; terminam em empena, com o friso a formar pinha, tendo na fachada principal porta de verga abatida e moldura contracurvada, encimado pela lápide com inscrição HOMENS e, na oposta, dois portais semelhantes, geminados, com a verga inscritapor SENHORAS e RESERVADO, encimado pela inscrição RETRETES. Fachadas laterais rasgadas, no topo, por dois vãos rectangulares, com grelha de madeira formando X. Junto às retretes existe pequeno espaço ajardinado, com buxos e fonte de tanque circular. Sucede-lhe corpo rectangular e, mais à frente, ARMAZÉM COBERTO, de planta rectangular e cobertura em telhado de duas águas. Para o lado oposto, dispõem-se outros edifícios e o depósito de água.

Acessos

São Pedro, Avenida 5 de Outubro. WGS84: 41º17'39.27''N., 7º44'19.32''O.

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, isolado, na margem esquerda do Rio Douro, no topo de uma avenida que se desenvolve no enfiamento da ponte metálica ferroviária de Vila Real (v. PT011714240140), construída sobre o rio Corgo. Nas imediações, ergue-se o Colégio da Boavista.

Descrição Complementar

A lápide de bronze da fachada principal tem a seguinte inscrição: COMEMORAÇÕES DOS 100 ANOS DA LINHA DO VALE DO CORGO (1906 - 2006) O MUNICÍPIO DE VILA REAL RECORDA A IMPORTÂNCIA DA LINHA DO VALE DO CORGO PARA A REGIÃO, EM PARTICULAR PARA O CEONCELHO DE VIA REAL, E O PAPEL DESEMPENHADO NA SUA CONCRETIZAÇÃO POR DIVERSAS PERSONALIDADES DAS ÁREAS DA POLÍTICA E DA ENGENHARIA, RECONHECIDAS PELA CÂMARA MUNICIPAL EM SESSÃO DE 19 DE MAIO DE 1906 E QUE ESTA MEMÓRIA PUBLICAMENTE CONSAGRA, A SABER: DOM JOSÉ LUÍS DE SOUSA BOTELHO, CONDE DE VILA REAL; CONSELHEIRO ANTÓNIO DE AZEVEDO CASTELO BRANCO; CONSELHEIRO ANTÓNIO TEIXEIRA DE SOUSA; CONSELHEIRO ERNESTO RODOLFO HINTZE RIBEIRO; CONSELHEIRO JOSÉ LUCIANO DE CASTRO PEREIRA CORTE REAL; ENGENHEIRO JOSÉ GONÇALVES PEREIRA DOS SANTOS; ALFREDO VEIRA COELHO PEIXOTO PINTO DE VILAS BOAS, CONDE DE PAÇÔ VIEIRA; CONSELHEIRO MANUEL FRANCISCO VARGAS; DOUTOR EDUARDO JOSÉ COELHO; DOM JOÃO DE ALARCÃO VELASQUES SARMENTO OSÓRIO; CONSELHEIRO ENGENHEIRO ANTÓNIO EDUARDO VILAÇA; FRANCISCO JOSÉ MEDEIROS; ANTÓNIO RODRIGUES NOGUEIRA; ENGENHEIRO ANTÓNIO MARIA KOPKE DE CARVALHO; DOUTOR ANTÓNIO LUÍS GOMES BRANCO DE MORAIS SARMENTO; ENGENHEIRO ANTÓNIO ARMINDO DE ANDRADE; CONSELHEIRO ENGENHEIRO JOÃO GUALBERTO PÓVOAS; ENGENHEIRO AFONSO DO VALE COELHO PEREIRA CABRAL; E ENGENHEIRO JOSÉ ANTÓNIO DE MORAIS SARMENTO. MEMÓRIA COLOCADA EM 1 ABRIL DE 2006, SENDO PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE VILA REAL O DR. MANUEL DO NASCIMENTO MARTINS.

Utilização Inicial

Transportes: estação ferroviária

Utilização Actual

Transportes: estação ferroviária / Devoluto

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

EMPREITEIROS: Alberto da Cunha Leão (1897), António Júlio Pereira Cabral (1897).

Cronologia

1867, 2 Julho - Carta de Lei de D. Luís informando que as Cortes Gerais decretaram que o Governo estava autorizado a construir e explorar por conta do Estado duas linhas férreas, a partir da cidade do Porto, uma para Braga e Viana do Castelo até à fronteira da Galiza e outra pelo Vale do Sousa e proximidades de Penafiel até ao Pinhão; entre as várias condições técnicas estipuladas para a construção das linhas, a do Douro deveria ser de uma só via e com a largura de 1,67 m. e com o peso de carris de 25 Kg; estipulou-se que as estações deveriam ser de grande simplicidade, construindo-se apenas o que era indispensável para resguardar as pessoas e mercadorias; o Governo foi autorizado a despender até 30.000$000 rs / km na construção das duas linhas, onde ficava incluído as expropriações, material fixo e circulante, oficinas, estações, obras acessórias e dependências; 1871 - tendo conhecimento da apresentação de uma proposta para a construção de uma linha para o Minho, vários municípios da Região do Douro dirigiram ao rei sucessivas representações inquirindo sobre a linha do Douro; nos anos seguintes, foram apresentadas ao Ministro das Obras Públicas várias propostas e projectos para a Linha do Douro; 1872, Abril - apresentação de proposta para a linha entre o Porto e a Régua, pelo empresário inglês Mrº Charles E. Austed, em que solicitava ao Governo a concessão de determinada subvenção por Km. e a exploração pelo prazo de 99 anos; 1872, 14 Junho - Decreto mandando proceder aos estudos do Vale de Sousa por Penafiel até ao Pinhão, Linha do Douro, por conta do Estado, as quais decorreram demoradamente; 1873, 31 Maio - Decreto aprovando a emissão de obrigações para construção do Caminho de Ferro do Minho e Douro na importância de 2.034.000$000; 8 Julho - inauguração dos trabalhos da Linha do Douro; 1875, 30 Julho - cerimónia de inauguração da Linha do Douro, até então compreendida entre as estações do Pinheiro e de Novelas (Penafiel); 1878, 14 Fevereiro - Portaria do Ministro Lourenço de Carvalho, que, por não se ter seguido os regulamentos existentes para as estradas ordinárias, encarrega João Crisóstomo de Abreu e Sousa, de inspeccionar os caminhos de ferro do Minho e Douro e Sul e Sueste; a Câmara Municipal de Vila Real solicitou a construção da via-férrea que ligaria a Régua a Chaves, passando por Vila Real; 1879 - o caminho de Ferro chega a Pêso da Régua; 1897, 4 Abril - publicação em Diário do Governo da concessão da ligação ferroviária, de via estreita, entre a Régua, Vila Real e Chaves, a Alberto da Cunha Leão e António Júlio Pereira Cabral; o fundamento para o deferimento da petição esteve no interesse turístico e comercial das termas de Pedras Salgadas e do Vidago; 1903, 18 Fevereiro - decreto determinando a construção da linha-férrea do Vale do Corgo; 24 Agosto - início dos trabalhos de construção da linha, com administração directa do Estado; D. João de Alarcão, Ministro das Obras Públicas, manifestou empenho na construção da linha de ferro que unia a Régua a Vila Real; 1905, 8 Fevereiro - Diário de Governo publica decisão de mandar reforçar a ponte sobre o rio Corgo; 1906, 1 Abril - chegada à estação de Vila Real da primeira locomotiva, sendo recebida por cinco bandas de música, as quais durante a manhã haviam percorrido as ruas da cidade, e tendo sido acompanhada desde a estação da aldeia da Povoação por uma outra banda; desde a ponte de Peneda até à gare, havia postos de madeira com galhardetes festivos; foram saudados o conde de Vila Real, conselheiro António de Azevedo, Teixeira de Sousa e os engenheiros Fernando de Sousa, Gualberto Póvoas, Afonso Cabral e José Sarmento; 1906, 12 Agosto - D. Carlos, que passara férias nas Pedras Salgadas, visitou Vila Real, tendo apanhado o comboio às 4 horas da tarde e seguido até ao Porto; 1907, 14 Julho - inauguração do troço ferroviário entre Vila Real e as Pedras Salgadas, tendo D. Carlos, juntamente com outras entidades oficiais, embarcado na Régua, seguindo até Vila Real; em Pedras Salgadas, o rei saiu da carruagem e tomou um "landó", que o conduziu à estância termal; 1910 - a linha do Douro era então uma das cinco internacionais existentes no país; 1922 - inauguração do troço entre Vila Real e Chaves; 1928 - Relatório sobre as Linhas do Minho & Douro e Sul & Sueste, refere que é sobretudo na do Douro onde se localizavam as estações mais "defeituosas", devido à insuficiência de espaço disponível, visto se encaixarem entre as encostas das serras ao N. do Douro e o leito do rio, má implantação dos edifícios, cais e armazéns, pequena extensão das linhas de resguardo e falta de apetrechamento adequado; 1942, 31 Dezembro - a Companhia Nacional de Caminho de Ferro solicita à CP a cedência de carvão de pedra estrangeiro, necessário para assegurar o serviço nas suas linhas de Trás-os-Montes; 1945, 10 Março - o MOPC autoriza a redução do horário dos comboios durante dois meses nas Linhas do Minho, Douro e Sul a partir de 17 de Março, devido à escassez de combustível; 2006, 1 Abril - colocação da placa de bronze na fachada principal em comemoração dos 100 anos da linha do Corgo; 2009, 25 Março - encerramento da linha do Corgo, devido a falta de condições de segurança, deixando os comboios de circular até Vila Real.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes autónomas.

Materiais

Estrutura rebocada e pintada; pilastras, pináculos, cruz, sineira e molduras dos vãos em cantaria de granito; porta e portadas de madeira; grades de ferro; cobertura de telha.

Bibliografia

NUNES, Júlio Cesar D'Abreu, Guia do Viajante nos Caminhos de Ferro ao Norte do Douro, Porto, 1879; VIEIRA, Boaventura José, A Questão do Caminho de Ferro do Douro, Porto, 1880; AZEVEDO, Correia de, Vila Real de Trás-os-Montes, Porto, sd.; Relatório e Programa dos Trabalhos a Executar nas linhas do Minho & Douro e Sul & Sueste para as colocar em boas condições de exploração, Lisboa, 1930; FONSECA, A. Corregedor, No 1º Centenário das Linhas do Caminho de Ferro a N. do Rio Douro, s.l., 1975; AAVV, O Caminho de Ferro Revisitado. O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996, s.l., 1996; FERREIRA, Tiago A. M., O Caminho de Ferro na Região do Douro e o Turismo, s.l., 1999; MÓNICA, Maria Filomena, PINHEIRO, Magda de Avelar, ALEGRIA, Maria Fernanda, BARRETO, José, Para a História do Caminho de Ferro em Portugal, s.l., 1999; BORGES, Júlio António, Monografia do Concelho de Vila Real, Vila Real, 2006.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

SIPA

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

EM ESTUDO. *1 - A Linha Ferroviária do Douro tem 203 Km de extensão e desenvolve-se na sua maior parte junto às margens do rio Douro, ligando actualmente o Porto ao Pocinho. A Linha do Corgo liga actualmente a Régua a Vila Real, onde chegou em 1906. O troço Régua - Vila Real vence um desnível de 360 m em 26Km, acompanhando o rio Corgo pela margem esquerda.

Autor e Data

Paula Noé 2008

Actualização

 
 
 
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