Jazigo da Família Mantero

IPA.00026474
Portugal, Lisboa, Lisboa, Estrela
 
Arquitectura funerária, revivalista neo-bizantina. Jazigo situado em cemitério de tipologia mediterrânica com densidade de manifestações tumulares em pedra e abundante estatuária, integrado na tipologia de jazigo-capela familiar, de influência francesa, do cemitério parisiense de Père Lachaise, em estilo neo-bizantino. Possui planta longitudinal simples, interiormente pouco iluminado e com cobertura em abóbada de berço quebrado. Fachada principal terminada em cornija recta, definida por pilastras suportando arquitrave e arco de volta perfeita, ornada com círculos com cruzes, tendo o tímpano decorada com Pantocrator em tesselas, sobre vão de verga recta, ladeada por colunas com capitéis vegetalistas, em forma de cesto. No interior, paredes laterais com compartimentos sepulcrais separadas por colunas de capitéis iguais, e na parede testeira altar em mármore, encimada por cruz em tesselas douradas com Cristo em bronze. Aberturas nas paredes tapadas por placas perfuradas que remetem para a transena bizantina. Cobertura pintada a imitar o firmamento.
Número IPA Antigo: PT031106261352
 
Registo visualizado 879 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Funerário  Jazigo    

Descrição

Planta longitudinal, rectangular, de massa simples e cobertura em canhão revestida a cantaria. Fachadas em cantaria, a principal voltada a S., terminada em cornija recta, sobreposta, ao centro, por painel rectangular horizontal, com almofada côncava tendo a inscrição FAMÍLIA FRANCO MANTERO, assente em falsas mísulas, de acantos, e terminada em empena, coroada por busto de anjo em oração; nos cunhais sobrepõem-se fogaréus estilizados, com coroa de louros, em bronze, sobre três colunelos, que contornam o vértice do jazigo, de capitéis vegetalistas, e assente em mísula comum com elementos fitomórficos. Portal de verga recta ladeada por duas colunas, de base ornada com motivos fitomórficos estilizados, sobre plintos paralelepipédicos e de capitéis fitomórficos, e por duas largas pilastras que suportam arquitrave comum, com friso contendo a inscrição ECO SVM RESVRRECTIO ET VITA, superiormente decorada com motivos vegetalistas; esta suporta arco de volta perfeita, decorado com nove círculos, com cruz relevada no interior, tendo o tímpano revestido a tesselas, policromas, representando Cristo Pantocrator inserido em cartela circular, rodeado de lírios sobre fundo dourado; sobre a pilastra esquerda surge brasão, em bronze. Porta em bronze decorada com linhas diagonais intercaladas com espaços vazados. O portal é antecedido por escadaria de cinco degraus, ladeada por duas urnas circulares, em cantaria, com tampa e cabeça de leão, aplicada lateralmente, em bronze, assentes em plintos seccionados, a zona inferior frontalmente decorada com elemento volutado. Fachadas laterais idênticas, voltadas a E. e O., revestidas a cantaria, com embasamento saliente e três panos, o central com frisos de marcação do espaço interior destinado às urnas, tendo na fachada O. pequeno respirador circular, com placa de metal vazada em forma de cruz. Fachada posterior, voltado a N., terminada em empena curva, apresentando respirador idêntico ao anterior, placa de cantaria saliente com o n.º de jazigo inscrito e vão tapado por placa metálica com cruz perfurada. INTERIOR em cantaria tendo nas paredes laterais 12 compartimentos em mármore, estruturados em três eixos verticais, o central maior, e quatro registos, os primeiros separados por colunas com capitéis vegetalistas, até à altura do terceiro registo, e pilarete dórico, ao nível do último registo. A parede lateral direita tem compartimentos laterais vazados e vazios, o central superior, vazado com caixão, os três centrais inferiores fechados, cada um deles com três lápides, das quais são inscritas apenas as do nível superior, a central com medalhão em bronze, com a efígie de indivíduo do sexo masculino rodeada pela inscrição DON FRANCISCO MANTERO Y VELARDE MDCCCLIII MCMXXVIII, assinada na base por C. Motta Sobrinho, 1928, e com selo tendo a inscrição CERA PERDIDA / A. D'ABREU, LISBOA. A parede lateral esquerda tem os compartimentos laterais vazados e vazios, à excepção de dois, fechados e com inscrição; os dois compartimentos centrais superiores, vazados, têm caixão, e os dois centrais inferiores são fechados, cada um deles com três lápides, das quais são inscritas apenas as do nível inferior. Sobre supedâneo de um degrau, encosta-se à parede testeira mesa de altar sustentada por duas colunas, de fuste cor-de-rosa, e capitel fitomórfico, banco; sobre o altar surge cruz no monte Golgata, em tesselas, douradas, sobreposta por imagem de Cristo, em bronze; superiormente, abre-se vão em forma de cruz de Cristo, protegido por placa metálica perfurada, colocada no exterior do jazigo; sob o altar existe urna em pedra mármore, paralelipipédica, com a inscrição: ARTUR DE MANTERO BELARD XXXI XII MCMV - XIX VI MCMXXXV. Pavimento em pedra liós, formando quadrícula preta e branca, integrando, ao centro, duas lápides de acesso ao carneiro, brancas. Cobertura em abóbada de berço quebrado, rebocada e pintada de azul celeste com aplicações douradas simulando o firmamento.

Acessos

Cemitério dos Prazeres, Rua 41, Lado Direito, Zona 3, jazigo 4920

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, integrado no Cemitério dos Prazeres, de construção oitocentista com diversos jazigos de interesse arquitectónico e artístico, limitada a O. pela R. Maria Pia, a N. pela Estrada dos Prazeres, a S. pela R. Possidónio da Silva e a E. pela Pç. de São João Bosco, para a qual abre a entrada principal do cemitério. O jazigo situa-se afastado da entrada principal do cemitério, a N., zona onde se situam, igualmente, o jazigo Palmela e os jazigos de Carlos Lobo d'Ávila, Alfredo Keil, e Gustavo de Matos Sequeira, entre outros. Nas proximidades do cemitério, a NO., implanta-se o Bairro do Casal Ventoso, cuja encosta desce para a Av. de Ceuta, no vale de Alcântara; a NE., fica o bairro de Campo de Ourique, ortogonal, da primeira metade do século 20; a E. ergue-se a Igreja do Santo Condestável (v. PT031106350669), a Escola Josefa de Óbidos (v. PT031106350910) e a R. Saraiva de Carvalho, eixo viário oitocentista que ligava o Lg. do Rato à Quinta dos Prazeres na qual se instalou o Cemitério Ocidental; a S. implanta-se o Palácio e a Tapada das Necessidades (v. PT031106260127 e PT031106261094).

Descrição Complementar

INSCRIÇÕES: na parede lateral direita, eixo vertical central, lápide lateral esquerda: "NASCEV / EM / XXXI - XII - MCMV"; lápide central: "ARTVR DE MANTERO BELARD / ENGENHEIRO AGRÓNOMO / "DESEJO SER AVTOPSIADO, PORQVE / ISSO PODER SERVIR À HVMANIDADE, / E MAIS EM ESPECIAL, À FAMÍLIA" / DO TESTAMENTO DE A. DE M. B."; lápide lateral direita: "FALECEV / EM / XIV - VI - MCMXXXIII". Parede lateral esquerda, compartimento lateral esquerdo: "MARIA DOS ANJOS / MANTERO / MARIN / NASCEU / EM 14 III 1882 / FALLECEU / EM 15 VIII 1894"; compartimento central, lápide lateral esquerda: "NASCEU / EM 5 / AGOSTO / 1851"; lápide central: "ANT.º MANTERO Y VELARDE"; lápide lateral direita: "FALLECEU / EM 23 / JANEIRO / 1905"; compartimento lateral direito: "JOAQUINA VELARTE / Y / ROMERO DE MANTERO / NASCEU / EM 31 VII 1818 / FALLECEU / EM 14 VII 1891".

Utilização Inicial

Funerária: jazigo

Utilização Actual

Funerária: jazigo

Propriedade

Privada: Misericórdia / pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: Nicola Bigaglia (1905-1907). CONSTRUTOR CIVIL: Alfredo Coffino (1905). ESCULTOR: C. Motta Sobrinhos (1928). FUNDIÇÃO: A. D'Abreu (1928).

Cronologia

1905, 25 Julho - aprovação pela CML do projecto da autoria do arquitecto Nicola Bigaglia, o qual incluía dois anjos em bronze, de tamanho natural, à entrada do jazigo; 26 Julho - compra do lote de terreno para construção do jazigo por Francisco Mantero; 1907, 15 Abril - substituição dos dois anjos por duas urnas; 1932, 27 de Setembro - o jazigo passou para a posse de D. Maria Amélia Belard Mantero; 1974, 26 Maio - falecimento de Enrique Mantero Belard, filho de Amélia Belard Mantero, tendo deixado 70% do seu património à SCML, assumindo esta a manutenção dos seus jazigos familiares.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Estrutura em cantaria de liós e mármore; mesa de altar em mármore; tesselas; porta em ferro envidraçada; elementos metálicos.

Bibliografia

FLORES, Francisco Moita, Cemitérios de Lisboa: entre o real e o imaginário, Lisboa, 1993; VIEIRA, Paula Cristina André dos Ramos Pinto, Os Cemitérios de Lisboa no século XIX. Pensar e construir o novo palco da memória, 1999; CATROGA, Fernando, O cemitério Romântico, in O Neomanuelino ou a reinvenção da Arquitectura dos Descobrimentos, Lisboa, 1994, pp. 75-85; SAGUAR QUER, Carlos, Arquitectura Funerária Neomedieval na Europa do Século XIX, in O Neomanuelino ou a reinvenção da Arquitectura dos Descobrimentos, Lisboa, 1994, pp. 87-101; QUEIRÓS, José Francisco Ferreira, Os Cemitérios do Porto e a arte funerária oitocentista em Portugal, Porto, 2002.

Documentação Gráfica

SCML: DGIP; IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

SCML: DGIP; IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

SCML: testamentarias, 15 - 87; CML: Obras, jazigos, 2º Cemitério, Jazigo 4920

Intervenção Realizada

1928 - aplicação do medalhão em bronze com a efígie de D. Francisco Mantero y Belardo, esculpido por C. Motta Sobrinho, e fundido pela casa A. D'Abreu, em Lisboa; SCML: 2004 - obras de conservação.

Observações

*1 - O primeiro jazigo-capela francês é o da família do banqueiro Grefulle, projectado por Brogniart em 1812 e só executado em 1815; o primeiro jazigo-capela português foi o jazigo n.º 7 do Cemitério dos Prazeres, construído em 1840, e actualmente desaparecido.

Autor e Data

Helena Mantas e João Simões 2007

Actualização

 
 
 
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