Escola Primária de Torre de D. Chama / Junta de Freguesia de Torre de D. Chama

IPA.00026284
Portugal, Bragança, Mirandela, Torre de Dona Chama
 
Arquitectura educativa, do séc. 20. Escola primária do projecto-tipo Adães Bermudes, mista, de duas salas e duas residências, de planta rectangular composta por três volumes escalonados, o central mais alto e de dois pisos, destinado à residência dos dois professores, e os laterais com as salas de aula, antecedidas por vestíbulos, e os alpendres e instalações sanitárias adossados à fachada posterior. O edifício é rasgado, na fachada principal, por vãos em arco abatido no piso inferior, de aduelas calçadas, simples, em tijolo, e pedra de fecho em cantaria, e rectilíneos no superior, com moldura na verga e parte superior da ombreira em cantaria de granito, típico da região nortenha, com pedra de fecho saliente. O corpo central possui, no piso térreo, duas janelas centrais e duas portas, para individualizar as dependências dos professores, a que correspondem, no superior, quatro janelas; na fachada posterior, surgem nas alas laterais duas portas protegidas por alpendre e no corpo central possui no primeiro piso duas portas e duas janelas e, no segundo, duas janelas iguais às da fachada principal; neste mesmo piso, mas nas fachadas laterais tem três lumes escalonados com moldura comum. Cada uma das salas de aula possui três amplas janelas em arco abatido, que permitem a iluminação unilateral daquele espaço de estudo. Junto à fachada posterior desenvolve-se amplo pátio, murado, que constituía a zona de recreio.
Número IPA Antigo: PT010407300041
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Educativo  Escola   Escola primária  Tipo Adães Bermudes

Descrição

Planta rectangular regular, composta por três corpos, um central quadrangular e dois laterais, rectangulares, mais baixos, em disposição simétrica. Volumes escalonados, com desenvolvimento horizontal nos corpos laterais e vertical no central, com coberturas em telhados de três águas nos primeiros e de quatro no segundo, onde é coroado por pináculos cerâmicos. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por embasamento de cantaria, com frestas de arejamento molduradas e terminadas em cornija de betão, pintada com pintinhas, sobreposta por beirado simples, bastante avançado com aba forrada a madeira. Fachada principal desenvolvida simetricamente em três panos escalonados, o central levemente saliente, de dois pisos, separados por friso de cantaria, rasgada regularmente por vãos em arco abatido no piso inferior e rectilíneos no superior, assentes em pequena cornija, e todos com bandeira; o pano central, é rasgado, ao nível do piso térreo, por duas janelas de peitoril centrais e dois portais laterais, precedidos por degraus, todos de aduelas calçadas, simples, em tijolo, com pedra de fecho saliente em cantaria e parte superior das jambas também em cantaria; no segundo piso, sobrepostas aos vãos inferiores, abrem-se quatro janelas de peitoril, com molduras de cantaria na parte superior das jambas, percorrendo as bandeiras, com pedra de fecho saliente, e interligadas por friso; as duas janelas centrais são encimadas por uma cartela rectangular de topos curvos, moldurada, com a inscrição em placa sobreposta JUNTA DE FREGUESIA. Os corpos laterais possuem três amplas janelas de peitoril, com molduras semelhantes às do primeiro piso do corpo central. Fachadas laterais semelhantes, escalonadas, com os panos correspondentes aos corpos laterais, de um piso, cegos e os do segundo piso do corpo central rasgados por três lumes juntos, estreitos e escalonados, com molduras comuns. Fachada posterior com corpo central de dois pisos, igualmente separados por friso de cantaria, rasgada no primeiro por duas portas de verga recta, precedidas de um degrau, ladeando corpo saliente, mais baixo, com cobertura prolongada lateralmente de modo a criar alpendre sobre as portas; no segundo piso abrem-se duas janelas iguais às da fachada principal; nas alas laterais, rasgam-se duas janelas de peitoril, sem moldura e gradeadas, e, sob o alpendre, assente em pilares de cantaria, uma porta de verga recta, uma delas ladeada por lápide inscrita. INTERIOR rebocado e pintado, acedido pelos portais do corpo central, que dão para vestíbulos, rasgados lateralmente por portas de acesso a uma sala de aula disposta em cada ala, também com ligação ao exterior pelas traseiras.

Acessos

Rua Dr. Bonfim das Neves, Rua António Bernardo Teixeira. WGS84 (graus decimais): lat.: 41.655292º, long.: -7.127487º (2010)

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, isolado, à entrada da povoação, adaptado ao declive suave do terreno, formando frente de rua, com passeio separador da estrada, rodeado de outras construções. Às fachadas laterais adossam-se, no alinhamento da fachada principal, pilares paralelepipédicos com portões de ferro de acesso à fachada posterior, tendo na lateral direita alpendre de chapa metálica conjunto ao edifício seguinte. Junto à fachada posterior, possui recreio, actualmente cimentado, protegido por muro, e desenvolve-se placa ajardinada, pontuada de árvores. Nas imediações, ergue-se o edifício dos Bombeiros Voluntários.

Descrição Complementar

o centro do corpo central, entre as janelas, surge lápide de mármore com a inscrição SEDE DA JUNTA DE FREGUESIA DA TORRE DE D. CHAMA, FOI INAUGURADA POR S. Exª O GOVERNADOR CIVIL DO DISTRITO DE BRAGANÇA, ENG. CRUZ DE OLIVEIRA. JUNHO / 1992; no segundo piso, apoiando-se no friso dispõem-se dois mastros de bandeira, presos com estrutura metálica.

Utilização Inicial

Educativa: escola primária

Utilização Actual

Política e administrativa: junta de freguesia

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARTQUITECTO: Arnaldo Redondo Adães Bermudes, autor do projecto-tipo.

Cronologia

1897 - Congresso Pedagógico de Lisboa argumenta que perante o analfabetismo de 4, 5% da população portuguesa, a inversão de tal situação deveria começar pela construção de escolas; refere a urgente dotação de edifícios apropriados a todas as povoações com escolas primárias num período de 5 anos, seguindo um plano de construção estudado por uma comissão de engenheiros, que o Governo delegou à Associação dos Engenheiros Civis Portugueses; a equipa era constituída por Augusto Simões de Carvalho, Severino da Fonseca Monteiro, Policarpo José da Costa Lima, António Teixeira Júdice e Joaquim Renato Baptista; 1898, 3 Janeiro - assembleia extraordinária aprova o projectos de edifícios destinados a escola primária, elaborado pela Associação dos Engenheiros Civis Portugueses; no texto, reconhecia a necessidade de difusão da instrução e a influência que a disposição adaptada nos edifícios escolares exercia no desenvolvimento físico, intelectual e moral das populações; 10 Janeiro - entrada no Ministério das Obras Públicas dos programas do Concurso para apresentação de projectos de edifícios destinados a escolas de instrução primária e o respectivo relatório; 2 Março - abertura oficial do concurso público por anúncio no Diário de Governo, estipulando-se um prazo de 6 meses para admissão dos projectos concorrentes; os trabalhos teriam de ser entregues na 1ª Repartição da Direcção-Geral de Instrução Pública; era obrigatório o uso de pseudónimos; estipulavam-se 3 prémios de mérito relativo para os projectos que satisfizessem todas as condições do concurso e tivessem sido aprovados com mérito absoluto: 750$000rs, 450$000rs e 300$000rs, respectivamente *1; 31 Outubro - juri aprova projecto do Arquitecto Arnaldo Redondo Adães Bermudes, sob o pseudónimo Fiat Lux, que fora o único candidato *2; 10 Novembro - homologação do parecer técnico, pelo Ministro do Reino e confirmação da atribuição do 1º prémio; 23 Novembro - Adães Bermudes é oficialmente nomeado delegado por Lisboa à Exposição Universal de Paris e convidado por Ressano Garcia a apresentar o projecto dos edifícios escolares como concorrente; 9 Dezembro - Direcção-Geral de Instrução Pública expediu circular aos governadores civis de todos os distritos em que se perguntava: "quantas e quaes são, as escolas primárias officiaes do distrito que não têm casa propria; quaes as escolas que, na conveniente distribuição dos edificios escolares, devem ser preferidas, e com que auxílio poderá o governo contar da parte das corporações administrativas ou dos particulares para a diminuição dos seus encargos na construção dos edifícios"; 1900 - Adães Bermudes obtém a medalha de ouro da Secção Escolar na Exposição Universal de Paris; 1902, 18 Dezembro - assinatura de contrato de empréstimo de 245 rs. para auxílio da Direcção-Geral de Instrução Pública na diminuição dos encargos na construção das escolas; séc.20, inícios - construção da escola de Torre de D. Chama; 1992, Junho - inaugurada como sede da Junta de Freguesia pelo então Governador Civil de Bragança.

Dados Técnicos

Estrutura autoportante.

Materiais

Estrutura de alvenaria rebocada e pintada e granito; cantaria de granito e placas cerâmicas nas molduras; portas e caixilharia de madeira; vidro simples nas janelas; grades de ferro; cobertura exterior de telha.

Bibliografia

BEJA, Filomena, SERRA, Júlia, MACHÁS, Estella, SALDANHA, Isabel, Muitos Anos de Escolas, Edifícios para o ensino infantil e primário até 1941, vol. 1, Lisboa, 1987; SILVA, Carlos Miguel de Jesus Manique da Silva, Escolas Belas ou Espaços São? Uma análise histórica sobre a arquitectura escolar portuguesa (1860 - 1920), (Dissertação de Mestrado), Lisboa, 2000.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

*1 - O programa preliminar do projecto estabelecia que: deveriam ser apresentadas peças desenhadas à escala 1/100, memória descritiva e justificativa, medição e orçamentos; era apresentado uma listagem de áreas que contemplava um vestiário, uma ou mais salas de aula, pátio com recreio coberto, habitação do professor e instalações sanitárias; requeria-se dimensões para o máximo de 50 alunos por sala, na razão de 1,25 m2 por aluno, sendo o pé direito de 4 m. a 4,5 m.; os pavimentos, de madeira, teriam de ser elevados de 1,5 m. acima do terreno exterior; quanto à iluminação natural, excluíram-se as entradas de luz pelo tecto e exigiam-se janelas rectangulares; considerando-se a hipótese de escolas mistas, tornaram-se obrigatoriamente independentes as salas de aulas, os sanitários e as habitações dos professores e as entradas e vestíbulos; nas condições especiais do programa determinava-se que os projectos considerassem 3 tipos diferentes de edifícios: escolas com 1 sala, para 50 alunos, e habitação para um professor (só rapazes ou só raparigas); escolas com 2 salas para 100 alunos (só para rapazes ou só raparigas) com habitação para professor e ajudante; escolas mistas, com 2 salas, para 100 alunos, com duas habitações para os professores e ajudantes respectivos; como limite para a base orçamental dos edifícios indicava-se 40$000 rs / aluno, especificando-se que a este preço correspondiam alicerces a 1,50 m. de profundidade; recomendava-se pela primeira vez que cada tipo de edifício viesse a ser construído de acordo com as técnicas e materiais próprias de cada zona do país, considerando-se 7 regiões: Minho e Douro, Trás-os-Montes, Beiras, Estremadura, Alentejo, Algarve, Ilhas Adjacentes. *2 - O seu projecto tinha as seguintes características: salas de aula térreas, abrindo 3 grandes janelas para a fachada principal assegurando boa entrada de luz natural e arejamento suficiente; sanitários bem articulados com a sala, sendo possível o seu acesso circulando pelo recreio coberto; o vestíbulo (nalguns casos adaptado e com utilização diferente) permitia que se organizasse uma zona para cuidados de higiene dos alunos (desparasitação, etc.); casa do professor desenvolvida em 2 pisos e sótão, com entradas e janelas sempre sobre a fachada principal; nas escolas com 2 salas, a habitação ocupava a parte central do conjunto; o projecto não incluía desenhos de mobiliário escolar, que seria providenciada pelas Câmaras Municipais.

Autor e Data

Paula Noé 2007

Actualização

 
 
 
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