Estação de Santo Amaro / Museu da Carris

IPA.00026197
Portugal, Lisboa, Lisboa, Alcântara
 
Número IPA Antigo: PT031106021311
 
Registo visualizado 344 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Transportes  Apeadeiro / Estação  Estação ferroviária  

Descrição

A estação de Santo Amaro distribui-se por vários edifícios, sendo os mais destacados o Palácio oitocentista ou setecentista, onde se situa o Museu da Carris e a Gare para abrigo dos carros elétricos, ambos confrontando a via pública. O primeiro apresenta uma planta regular retangular implantada longitudinalmente em relação à via pública (Rua 1.ºde Maio, chamada rua de São Jerónimo ao Calvário quando foi expropriada em favor da Companhia de Carris de Ferro de Lisboa). A fachada principal, virada a nascente, desenvolve-se em dois pisos e em três corpos divididos por pilastras simples em pedra aparelhada. São interrompidas horizontalmente por friso entre os pisos e rematado com friso e cornija encimado por platibanda plena. Cada um dos três corpos é rematado com telhado separado a quatro águas, retangular no central e de secção quadrangular nos corpos extremos. A fachada no corpo principal é preenchida em toda a área do piso térreo com dois arcos em asa de cesto que dão acesso a átrio interior onde se faz o acesso ao edifício através de duas grandes portas ladeadas por duas janelas. Estas são idênticas e na mesma altura em que cada uma das janelas que se encontra nos corpos extremos, adjacentes ao pano aberto pelos arcos. O pavimento na frente do palácio sofreu um significativo alteamento, provavelmente para permitir o assentamento dos carris em ferro e as estruturas no espaço onde se faz a entrada dos carros para o complexo da estação ainda hoje. A mesma elevação do pavimento verifica-se junto à fachada lateral que confina com a rua, onde as janelas do palácio do piso térreo se encontram assim quase enterradas junto ao chão. A elevação do pavimento em frente à fachada principal retira visibilidade e leitura do valor arquitetónico do edifício. A fachada principal tem ainda nos corpos extremos um volume avançado em planta retangular encimada igualmente por cornija e platibanda plena rematada igualmente por telhado a quadro águas cuja altura se desenvolve até ao nível das janelas do primeiro piso. Este volume poderá ter sido alvo de aumento posteriores no lado esquerdo da fachada principal, e acrescentos na fachada sul do Palácio, que confronta com o interior da estação. A zona sul da estação, que se desenvolve até à Avenida da Índia tem várias construções de épocas diferentes, destinadas às várias atividades relacionadas com a Empresa. Ao nível do primeiro piso abrem-se 5 janelas de sacada, guarnecidas com grade em ferro forjado. Estes vãos emoldurados em cantaria são encimados com friso e cornija reta, igualmente em pedra. As mesmas janelas em número de sete encontram-se na fachada norte junto à via, com a diferença de que neste alçado bem como no da fachada poente, é visível a existência de um segundo piso, ausente no desenho da fachada principal. A julgar pela cornija interrompida do volume avançado na fachada principal, do lado norte, este segundo piso terá sido introduzido mais tarde, aproveitando a altura do pé direito existente. Na fachada tardoz a poente repete-se o mesmo desenho de abertura de vãos e nos corpos em planta retangular avançados nos dois panos extremos. Na esquina desta fachada com a fachada norte o cunhal apresenta entrecorte do solo até ao primeiro piso, presente nalgumas construções urbanas barrocas e neoclássicas, como forma de facilitar a mobilidade de carruagens. Uma pequena concavidade decorativa remetendo à mesma forma hexagonal encontra-se na aresta do cunhal poente ao nível do piso superior, espaço onde se encontra um relógio de duas faces, em ferro elegantemente forjado. O relógio como elemento necessário na modernização da cidade com os transportes públicos. A fachada tardoz a poente sofreu também alterações, não só com a introdução de um segundo piso, mas com a construção de varandas fechadas em ferro, aproveitando o espaço entre o pano central da fachada e os volumes avançados dos panos laterais. O desenho destas varandas a ferro remetem eventualmente para a época de construção da gare com sete vãos, também em ferro, construída na primeira década do século XX e completada com revestimento a tijolo e vidro para os óculos nos anos de quarenta, num desenho igual ao Carbarn no Arco do Cego. O espaço aberto e desimpedido em frente à Gare permite usufruir neste ponto da via pública da presença do Palácio, e da sua integração com a arquitetura industrial parceira no mesmo complexo, ou até a sua integração com a presença do tabuleiro e pilar da ponte. Esta integração de elementos vários arquitetónicos insere-se também numa via que na direção poente se transformará na Rua da Junqueira: IPA.00015835, pontuada até Belém com a presença de vários palácios, pré e pós terramoto. A planta do interior do Palácio sofreu bastantes alterações, nomeadamente com a adaptação aos serviços da empresa (ex. Instalação em 1990 da Direção Financeira e da Fiscalização Comercial e em 1999 a instalação do Museu). Do complexo da Estação faz ainda parte um interessante edifício do primeiro modernismo de inspiração e desenho Art-Déco, sofreu intervenção recente tendo sido mudada a cor da fachada principal, virada para a Rua 1.º de Maio, de grená para azul claro. O interior foi alterado de forma quase total e entregue à junta de freguesia de Alcântara onde esta instalou uma unidade de saúde, num edifício alargado para sul e com entrada nascente perpendicular à via. Destaque para o friso de azulejos arte nova que guarnece a platibanda seccionada em seis pilastras e a presença de dois candeeiros a gás em ferro nas pilastras dos extremos.

Acessos

Rua Primeiro de Maio, n.º 101-103 WGS84 (graus decimais) lat. 38°42'7.37° long. - 9°10'50.14

Protecção

Incluído na Zona Especial de Proteção conjunta da Capela de Santo Amaro (v. IPA.00006224), Palácio Burnay (v. IPA.00006535), Salão Pompeia (v. IPA.00006536) e Casa Nobre de Lázaro Leitão Aranha (v. IPA.00006221) e na Zona Especial de Proteção do Palácio Sabugosa (v. PT031106021056)

Enquadramento

Urbano

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Residencial

Utilização Actual

Cultural e recreativa: museu

Propriedade

Pública

Afectação

Época Construção

Séc. 18/ 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Cronologia

1775, 8 abril - testamento e inventário de bens do Conde da Ponte, Mordomo-mor do Rei, António de Sousa Saldanha de Menezes e Castro (viúvo da Condessa da Ponte Leonor Joana de Saldanha de quem recebeu o título) feito no Palácio onde este residia e faleceu e cuja morada era à data Rua Direita do Calvário; 1786 - disputa legal pela utilização da casa e de terras de São.Joaquim, o requerente Conde de Santiago, Aposentador-mor, alegando que o seu Palácio havia sido ocupado pelo embaixador do Vaticano, vem solicitar o despejo do mestre de campo Teodósio Gonçalves Silva que ocupava partes do Palácio cujo proprietário Conde de Vila Nova de Portimão lhe havia cedido em arrendamento. O mestre de campo retorque que ele arrendou as ditas casas ao Conde de Vila Nova e que tendo encontrado os móveis do Conde da Ponte muito deteriorados gastou trezentos e setenta mil reis; 1873, 17 dezembro -decreto do governo a declarar de utilidade pública e urgente a propriedade (que mede 32,317m2) pertencente ao Asilo D.Luís I, (asilo para crianças) cujo provedor Francisco Isidro Viana é instado a declarar a natureza da propriedade e o valor da indeminização; 23 dezembro - adjudicação por expropriação de um terreno de 32,317 m2, à Companhia de Carris de Ferro de Lisboa, representada na sentença pelo diretor gerente António Ferreira da Silva; 1887, 7 setembro - primeira experiência de um carro elétrico na estação de Santo Amaro; 1933, 24 fevereiro - carta do diretor da Companhia de Carris de Ferro de Lisboa ao Ministro das Obras Públicas a detalhar o acordo estabelecido entre esta e o Estado de permuta de terrenos expropriados na Estação do Arco do Cego (para a construção do edifício da Casa da Moeda num total de 15,229m2) por um lote junto à Estação de Santo Amaro (situado entre a Avenida da Índia e a Rua da Junqueira com uma área de 22,700m2), caberia à Câmara Municipal ou ao Governo a construção de um novo Car Barn no Arco do Cego, com plantas completas finalizadas em abril de 1933 por técnicos da Carris, estas plantas correspondem a duas novas gares (a acrescentar às três existentes) com desenho idêntico ao que se encontrava quer na Estação do Arco do Cego quer na Estação de Santo Amaro. Seria igualmente do Estado a responsabilidade de murar a Estação no seguimento da abertura das novas avenidas (Av.João Crisóstomo e Av.Defensores de Chaves); 1999 fevereiro - inauguração do Museu da Carris; 2013 - obras no interior do Palácio no núcleo 1 do Museu para acomodar o espólio do Metropolitano de Lisboa que aí se manterá até 2022.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes autónomas

Materiais

Pedra, alvenaria, telha, vidro, ferro

Bibliografia

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID/ PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/004/JBN/001638/PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/004/AIB/000486/PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/003/FPP/000328

Documentação Administrativa

Museu da Carris/Arquivo; Fontes indicadas por Daniel Sousa no âmbito do seu trabalho Colaços, Monteiros e Mascarenhas, Malafaias, Zéfiro, 2021: PT/TT/MR/EXP/051/0062/00034 e PT/TT/IFF/003/0082/00006

Intervenção Realizada

Observações

EM ESTUDO

Autor e Data

Paula Figueiredo 2007 Josina Almeida abril de 2024

Actualização

 
 
 
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