Igreja Paroquial de Santo Estêvão / Igreja de Santo Estêvão

IPA.00002619
Portugal, Lisboa, Lisboa, Santa Maria Maior
 
Arquitectura religiosa, barroca. Igreja paroquial de planta centralizada simples, com raízes clássicas paladianas, com uma nave iluminada uniformemente por tribunas iluminantes, coberturas internas não diferenciadas em altura, com abóboda de berço na nave e de aresta na Capela-mor. Evidencia uma solução planimétrica contraditória, que surge com alguma frequência na arquitectura portuguesa da primeira metade de 700. A obtenção de uma planta centralizada - chanframento dos ângulos de um quadrado (de que resulta um octógono irregular) - apresenta-se contrariada pela marcação de um eixo longitudinal (definido pela presença axial da Capela-mor rectangular). Como sinais identificadores do arquitecto aponta-se um pequeno ornato ovalizado, em alto relevo, que aparece no tímpano do frontão das portas sob o ângulo da cimalha angular e como remate inferior das ilhargas de pedra das janelas da fachada principal *4.
Número IPA Antigo: PT031106360038
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta centralizada simples. A igreja organiza-se dentro de um octógono irregular - resultante do chanframento dos ângulos de um quadrado - ao qual se justapõe, no eixo da porta, o rectângulo da capela-mor e rectângulo do espaço de entrada sob o Coro-alto, tendo como resultante uma volumetria constituída por 3 paralelepípedos rectângulos justapostos, com coberturas a 2, 3 e 6 águas. Sem coincidência entre a planta exterior em rectângulo simples com um canto chanfrado e a interior em octógono. Fachadas em alvenaria de pedra rebocada e caiada, com cunhais e socos em pedra calcária, vãos com molduras em pedra recortadas só na fachada principal, caixilharia em madeira e com grades de protecção. Na fachada principal da igreja, orientada para SO., podem reconhecer-se 3 corpos, separados por pilastras salientes, sendo o central ligeiramente avançado em relação aos laterais, que se constituem como bases do lançamento de 2 torres, das quais apenas a do flanco S. se eleva para além do limite superior do corpo central. Verifica-se uma compartimentação do corpo central mediante pilastras lisas, observando-se nos panos de parede a abertura de 3 portas, coroadas sucessivamente por áticas, 3 janelas quadradas e 3 janelões rectangulares ao alto; a porta central tem maior dimensão e coroamento em frontão curvo; as portas laterais têm frontão triangular; o janelão central é de verga curva com remate superior angular e ornado; o emolduramento dos vãos que encimam a porta principal apresenta como remate das ilhargas das janelas laterais uma forma bilobada com desgaste acentuado. O corpo central é rematado por frontão triangular vazado por óculo iluminante e encimado por acrotério em pedra com cruz no topo. Os corpos laterais apresentam 2 janelas sobrepostas de duas folhas cada, com pequena sacada gradeada, com moldura em pedra e caixilharia em madeira. Acima da cornija, gárgulas em pedra e a torre sineira do lado direito, de secção quadrada, que apresenta 4 ventanas em arco de volta inteira com sinos holandeses, acima das quais uma cornija precede o coroamento bolboso encimado por esfera e cruz *1. A fachada lateral esquerda apresenta 5 corpos definidos por pilastras em cantaria, 3 registos tendo no 1.º três janelas, uma horizontal e duas verticais, e uma porta; no 2.º um braço de candeeiro em ferro forjado, seis janelas, 5 verticais (1 tipo fresta) e uma horizontal; no 3.º sete janelas, 4 verticais, 2 horizontal (tipo fresta) e um óculo circular. A fachada lateral direita organiza-se em 4 corpos definidos por pilastras de cantaria e 4 registos e tem fundação saliente formando banqueta. O corpo esquerdo corresponde à torre sineira com um janelão vertical ao nível do 1.º registo, uma fresta horizontal ao nível do 4.º registo e uma ventana na torre; o corpo seguinte apresenta 4 janelas verticais em cada registo; o corpo seguinte apresenta uma porta, seis janelas laterais junto às pilastras, três de cada lado, sobrepostas, e uma horizontal (tipo fresta) no topo a meio; o corpo seguinte apresenta num primeiro registo 2 pequenas janelas tipo fresta, uma vertical e outra horizontal; no 2.º registo um braço de candeeiro em ferro forjado, uma janela vertical e uma janela de sacada com grade de ferro; no 3.º registo uma janela vertical e uma janela de sacada com grade de ferro, encimado por estrutura em alvenaria tipo campanário. A fachada tardoz dá para uma escadaria pública e apresenta um balcão em ressalto sobre 4 grossos cachorros em pedra correspondente à zona traseira da Capela-mor; sob o balcão uma janela horizontal gradeada; um painel de azulejos de temática eucarística e legenda latina *2 está colocado na parede de topo NE. da capela-mor. INTERIOR: aparece logo à entrada do lado esquerdo, sob a antiga torre sineira, o espaço do anterior baptistério com tectos pintados em tons cinza e à direita um espaço quadrangular onde funciona o cartório. A nave da igreja apresenta num 1.º nível, 6 capelas em arco de volta inteira correspondendo a faces do octógono, possuindo cada uma com um lampadário pendente da parede superior, colunas coríntias lisas (Altar-mor, 1.º altar do lado esquerdo e o 1.º primeiro do lado direito) e torsas, friso boleado (com barriga) e ornado de folhas, com um lacrimal ornado de dentículos. As capelas possuem as seguintes invocações: Do lado do Evangelho (esquerdo) estão Nossa Senhora do Monte do Carmo com altar e guarnição em madeira pintada imitando mármore sendo as colunas laterais lisas, Nossa Senhora da Conceição com imagem de roca, altar de mármore com mosaicos florentinos na banqueta, medalhão em mármore de Sant´Ana e com guarnição de altar feita por colunas salomónicas em pedra, e o Senhor Jesus dos Aflitos com altar e guarnição de mármore tendo colunas salomónicas em mármore rosa da Arrábida com torcidos mais largos; do lado da Epístola (direito) estão São Domingos com altar e guarnições em madeira pintada imitando mármore sendo as colunas laterais lisas constituindo cópia do altar fronteiro (N. Sra. do Monte do Carmo), Santo António com altar e guarnição em madeira pintada imitando pedra constituindo cópia do altar fronteiro (de N. Sra. da Conceição) e Nossa Senhora das Dores com altar e guarnição em mármore também sendo cópia do altar fronteiro (Sr. Jesus dos Aflitos). Num 2.º nível apresenta 4 tribunas iluminantes que se abrem nas paredes, 2 à esquerda e 2 à direita, separadas por pilastras quebradas. Num 3.º nível apresenta mais 4 tribunas iluminantes, 2 de cada lado, limitadas por pilastras e animadas pela alternância de painéis de mármore emoldurados de grande dimensão que outrora deveriam conter telas ou frescos. Estas pilastras de ordem compósita têm, ao nível do 1.º piso, 8 caneluras e capitéis ornados com folhas de acanto bem desenhadas e de dimensão pouco usual. As paredes laterais são duplas formando um pequeno corredor lateral dos 2 lados da igreja. Teia de madeira, pintada imitando pedra, de formato octogonal que delimita o cadeiral da nave. Ainda no corpo da igreja, coro-alto, adossado ao muro SO., apoiado em pilares de secção quadrada, em cantaria, com acesso através de escadas laterais em pedra, de lanços opostos, adjacentes às torres. O tecto da nave apresenta uma pintura em grisalha sobre tela, simulando nervuras artesoadas rematadas por fecho. No intradorso dos pés-direitos do arco triunfal, são visíveis 2 púlpitos de planta circular, com base e baldaquino em cantaria e guarda-corpo fechado em madeira pintada fingindo pedra, com acesso através de escadas interiores em pedra a partir dos corredores laterais. Junto ao púlpito direito um pequeno órgão recente. A Capela-mor toda em mármore é dedicada ao Santíssimo Sacramento, tem junto ao púlpito esquerdo a pia baptismal em pedra levada do antigo baptistério e apresenta frontão contracurvado, com ornatos escultóricos de grande força e dinamismo; é coberta por abóbada de aresta com pinturas e iluminada por 2 óculos abertos acima da cornija nos muros laterais e nela merece menção o Altar-mor, com frontal e banqueta de embrechados de mármore polícromo; o vão aberto no retábulo é lateralmente delimitado por pares de colunas coríntias de fuste liso apoiadas em bases ricamente lavradas, de mármore rosa da Arrábida e alberga trono de talha dourada; o arco da Capela do Santíssimo Sacramento é guarnecido por festões floridos saindo do centro das volutas; uma cartela em forma de pendão estilizado, mais alta que larga, guarnece o tímpano do frontão das portas de acesso às sacristias (portas laterais da Capela-mor), com 2 remates laterais pendentes com 4 gotas cada, e encurvada lateralmente para o centro onde existe uma forma bilobada igual à da fachada principal no remate das ilhargas das janelas laterais superiores. Lateralmente ao Altar-mor existe do lado esquerdo uma pequena sala de planta triangular para arrumos e do lado direito a sacristia de planta rectangular. Por detrás do Altar-mor um balcão em ressalto com cobertura exterior a 3 águas. Acima do Altar-mor e da cornija, parcialmente assente sobre um frontão curvo quebrado, observa-se um grupo escultórico em mármore branco, constituído por uma representação de Cristo Crucificado ladeado por 2 anjos em adoração.

Acessos

Largo de Santo Estevão

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto n.º 5 046, DG, 1.ª série, n.º 268 de 11 dezembro 1918 / Parcialmente incluído na Zona de Proteção da Capela de Nossa Senhora dos Remédios (v. IPA.00002484)

Enquadramento

Urbano, a meia encosta, destacado, isolado, com adro lajeado diante do alçado principal acessível pelo N. através de 5 degraus em pedra ou por rampa de deficientes, e por E. através de escadaria, com muro alto gradeado do lado do alçado lateral direito tendo cruzeiro em pedra, sob o qual existe nicho monumental com bebedouro público. Na proximidade da Capela de Nossa Senhora dos Remédios e Casa do Despacho (PT031106360034), o Palácio dos Azevedo Coutinho (PT031106361143), o Castelo de S. Jorge e restos das cercas de Lisboa (PT031106120023) e o Pátio dos Quintalinhos.

Descrição Complementar

AZULEJARIA: O cartório (antiga capela de Nossa Senhora das Dores, hoje com imagem de S. Lourenço em nicho), situado sob a torre sineira, ostenta silhar de azulejos setecentistas, figurando cenas bíblicas; o nicho monumental com bebedouro sob o muro que suporta o adro da igreja é revestido a azulejos relativos ao Santíssimo Sacramento no tecto em formato circular e com figuras avulsas nas paredes laterais; ESTUQUE: Na entrada da igreja sob o coro-alto e espaços laterais; INSCRIÇÕES: No guarnecimento da porta principal está aposta a data de 1773, que marca o início das obras de reconstrução após o terramoto; na soleira da porta do cartório encontram-se duas pedras tumulares uma das quais com inscrições muito gastas; o cruzeiro seiscentista do adro da igreja tem inscrito no soco " Este sinal de redenção, que um devoto aqui fez pôr, pede com devoção se louve o Redentor. Pelas Almas um Padre-nosso e uma Avé-Maria. 1669"; PINTURA MURAL: O tecto do Altar-mor está pintado em quadratura com os 4 Evangelistas e com o símbolo da Eucaristia ao centro, em medalhões ovais.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Lisboa)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETOS: Manuel da Costa Negreiros (1732-1740), Mateus Vicente de Oliveira (1749). AZULEJADOR: José da Costa (1744). BATE-FOLHA: Pedro Carvalho (1676-1677). CARPINTEIROS: Domingos da Silva (1675); Fernão Luís (1585); Henrique Antunes (1589); Manuel Álvares de Almeida (1733). ENTALHADORES: Francisco Ferreira (1740); Francisco Lopes (1663-1665); Pedro Álvares Pereira (1672-1675); Santos Pacheco de Lima (1728, 1740). ESCULTOR: José de Almeida (séc. 18); Jerónimo da Costa (séc. 18); Nicolau Pinto (séc. 18); Rafael de Matos (1626). FERREIRO: António Nunes (1675); Bernardo da Rocha (1739). MARCENEIRO: António Rodrigues (1676). MESTRE DE OBRAS: Francisco Dias (1585); João Antunes (1696). OURIVES: Diogo dos Santos (séc. 17); João de Barros (séc. 17); Luís Moreira (séc. 17); Tomás Correia (séc. 18). PEDREIROS: António Gonçalves (1668); Francisco Pereira (1668, 1672-1675); Francisco Xavier Botelho (1733-1734); João Jorge (1668); José da Costa (1733); José da Silva (1773-1778); José Nunes (1668); Manuel da Silva (1668). PINTORES: Agostinho de Aguiar (1626); Bernardo Pereira Pegado (1740); Félix da Costa Meesen (1676); Gaspar Dias (1589); José de Freitas (1675); José Francisco de Azevedo (1740); Luís Almeida (1677); Manuel Duarte (1653); Marcos da Cruz (1674-1675); Matias de Oliveira (1677); Sebastião Antunes (1626); Simão Rodrigues (1626); Tomé da Costa de Resende (1663-1665). PINTORES - DOURADORES: Estêvão Amaro Pinheiro (1676-1677); Nicolau Antunes (1676-1677). SERRALHEIROS: Domingos Coelho (1739); Manuel da Rocha (1739); Silvestre Jorge (1675).

Cronologia

1147 - é possível que a paróquia já existisse e que houvesse um templo; 1183 - referência ao primitivo templo; séc. 13 - pertence ao padroado real e existem vários túmulos na capela-mor; 1316 - reconstrução da igreja; séc. 16 - pintura do retábulo, atribuível a Gaspar Dias; 1543 - reconstrução da igreja; 1551 - segundo Cristóvão Rodrigues de Oliveira, a igreja tem um vigário e oito beneficiados, tendendo 225 cruzados, tendo cada beneficiado 35 cruzados; no templo estão sediadas as confrarias do Santíssimo, Nossa Senhora da Conceição, São Sebastião e Santo Estêvão, que rendem de esmola 65 cruzados; 1585 - reforma do imóvel, sendo mestre-de-obras Francisco Dias, encarregado pela Irmandade do Santíssimo de ampliar a capela-mor; o carpinteiro Fernão Luís inicia a desmontagem do retábulo primitivo; 1589 - assentamento de um novo retábulo-mor feito pelo carpinteiro Henrique Antunes, por 170$000; pintura dos painéis para o retábulo por Gaspar Dias; séc. 17 - obras dos ourives João de Barros, Tomás Correia, Luís Moreira e Diogo dos Santos, responsável pela feitura da custódia; 1626 - Rafael de Matos executa imagens de madeira para o Sepulcro das Endoenças; 24 maio - pintura de nove painéis envolvidos por brutesco no coro-alto, por Simão Rodrigues, Agostinho de Aguiar e Sebastião Antunes, conforme iconografia delineada pelo padre jesuíta Diogo de Areda; a obra importa em 75$000; 1653 - o juiz da Irmandade do Santíssimo, Manuel Barreto de Sampaio adquire um brocado para a feitura de um dossel para o retábulo-mor, conforme desenho do pintor Manuel Duarte; compra de um turíbulo e várias peças de prata; 1663-1665 - é rasgada uma tribuna provisória no antigo retábulo, pelo entalhador Francisco Lopes, tendo sido feito um sacrário novo, estofado por Tomé da Costa de Resende; 1668 - início das obras de remodelação da capela-mor, pelos pedreiros Francisco Pereira, João Jorge, José Nunes, António Gonçalves e Manuel da Silva, que desmancharam a pedraria da antiga capela; 1669 - data no cruzeiro fronteiro à igreja; 1670, 25 março - acordo entre a Colegiada de Santo Estêvão e a Irmandade do Santíssimo para que esta pagasse as obras da capela-mor, sacristia e novo retábulo; 1671, 3 março - início do desmantelamento do antigo retábulo-mor, indo a tribuna velha para a Igreja de Sacavém e as tábuas para a sacristia, após pequenos retoques; 1672-1675 - pintura da tribuna do retábulo-mor por Marcos da Cruz, por 80$000; 1672, 22 janeiro - contrato com o pedreiro Francisco Pereira e o entalhador Pedro Álvares Pereira para a feitura do novo retábulo-mor; 1674 - apeamento dos painéis do retábulo-mor, sendo um deles adquirido pelo pintor Marcos da Cruz à Irmandade do Santíssimo, por 10$000; 6 dezembro - terminam as obras da capela-mor e do retábulo-mor; 1675 - pintura das imagens do nicho da capela-mor por José de Freitas; janeiro - forro da capela-mor a castanho pelo carpinteiro Domingos da Silva, por 53$200; execução das ferragens das portas pelo serralheiro Silvestre Jorge, por 10$000 e das grades por António Nunes, também responsável pela ensamblagem das colunas, por 30$000; 19 janeiro - feitura das molduras dos caixotões da capela-mor, por Pedro Álvares Pereira, pela quantia de 50$000; fevereiro - junho - pintura dos painéis do teto por Marcos da Cruz; maio - execução de uma credência em pedra por Francisco Pereira; 1676, 2 fevereiro - conclusão da teia pelo marceneiro António Rodrigues, por 8$000; maio - renovação do estofo do Menino Jesus pelo pintor Félix da Costa Meesen, por 3$000; 1676-1677 - aquisição de folha de ouro ao bate-folha Pedro Carvalho por 618$000; douramento do retábulo por Estêvão Amaro Pinheiro e Nicolau Antunes por 950$000; 1677 - reforma dos painéis do arco triunfal por Matias de Oliveira; 10 junho - renovação das pinturas dos painéis do frontispício da capela-mor e estofo das imagens do nicho da capela-mor, Nossa Senhora e São João, por Luís Almeida, pela quantia de 16$000; 1686, 12 maio - o mestre Pedro Álvares Pereira é contratado pela Irmandade de Santa Teresa para a feitura do retábulo da mesma capela (FERREIRA, vol. II, p. 555); 1696 - trabalha na reforma da capela-mor João Antunes por 60$000; séc. 18 - feitura dos azulejos da sacristia; execução de uma lâmpada pelo ourives Tomás Correia; 1728 - execução da talha das ilhargas da igreja por Santos Pacheco de Lima; 1732 - demolição da velha igreja de 3 naves e reconstrução pelo arquiteto Manuel da Costa Negreiros, que obstou ao apeamento das telas da capela-mor; 1733 - reforma da igreja, tendo os painéis do coro sido apeados; é possível que um dos painéis se encontre na Ermida de Nossa Senhora dos Remédios em Alfama - Cristo em Emaús; José da Costa abandona a obra da igreja, passando-a a Francisco Xavier Botelho (COUTINHO: 337); 06 julho - início da construção do edifício atual, de acordo com o primeiro projeto conhecido de Manuel da Costa Negreiros, pelo qual recebeu 48$000, o qual conduz as obras (igreja e altares); 1739 - são pagas as ferragens de portas e janelas ao ferreiro Bernardo da Rocha, no montante de 11$920; são concluídos os trabalhos na fachada; 1740 - são pagos os trabalhos de talha da tribuna do altar do Santíssimo Sacramento ao entalhador Santos Pacheco, no montante de 150$000; são pagos os trabalhos de talha dos caixilhos das molduras e do sacrário ao entalhador Francisco Ferreira, no montante de 19$200 e de 28$760 respetivamente; foram também pagos os quadros, telas ou frescos que guarneciam os nembos da nave ao pintor Bernardo Pereira Pegado; o teto da igreja é pintado por José Francisco de Azevedo; pintura de um São Sebastião por Bernardo Pereira Pegado; 1744 - pagos os trabalhos de azulejaria feitos por José da Costa, no montante de 12$550; a capela-mor é pintada por José Francisco de Azevedo; 1747 - pagos os trabalhos de execução de 4 capitéis para as colunas da capela-mor feitos pelo oficial de pedreiro Veríssimo de Almeida, no montante de 48$000; 1749 - a condução das obras passa a fazer-se sob orientação de Mateus Vicente de Oliveira; transferência do grupo escultórico de Cristo Crucificado e anjos, da autoria de José de Almeida, da Basílica do Convento de Mafra (v. PT031109090001) para o retábulo-mor da igreja; 1755, 1 novembro - o terramoto provoca danos no coro e a queda da imagem do orago da fachada principal *3; 1758, 20 julho - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo pároco Luís António Franco, é referido que a igreja é um priorado que rende 400$000, sendo apresentado pelo arcebispo de Lisboa, tendo um cura colado, com o rendimento de 100$000; tem oito beneficiados, rendendo cerca de 100$000 cada um; tem o altar do Santíssimo, e do lado do Evangelho o da Conceição, com irmandade, o da Senhora da Atalaia, também com irmandade, surgindo, no lado oposto, o da Via Sacra com irmandade, contendo as imagens de Santa Catarina, São Marçal, São Brás e o Senhor dos Passos, e o de nossa Senhora da Consolação, com as imagens de Nossa Senhora Mãe dos Homens, São João Baptista, São Sebastião, Santo António; possui, ainda, o altar das Almas com Irmandade, com as imagens do Crucificado, Santa Teresa, São Miguel e Santo Amaro; o altar de Nossa Senhora da Conceição tem as imagens de São José, São Joaquim, o Menino Jesus e Santa Ana, surgindo, no da Atalaia, as de São Francisco Xavier, São Pedro Gonçalves, Santo Antão e uma relíquia de Santo Estêvão e de São Lourenço; no altar-mor, uma imagem do Crucificado, doada por D. João V; 1773 - 1778 - obras de reparação dos danos causados pelo terramoto, feitas pelo mestre José da Silva e ainda sob orientação de Mateus Vicente de Oliveira; é reconstruída a torre hoje existente; 1833 - 1848 - obras de restauro que incluem a decoração da abóbada e a introdução de vários estuques no interior; a paróquia ficou então instalada na capela dos Remédios; 1969 - estragos provocados pelo sismo; 2006, 22 agosto - parecer da DRCLisboa para definição de Zona Especial de Proteção conjunta do castelo de São Jorge e restos das cercas de Lisboa, Baixa Pombalina e imóveis classificados na sua área envolvente; 2011, 10 outubro - o Conselho Nacional de Cultura propõe o arquivamento de definição de Zona Especial de Proteção; 18 outubro - Despacho do diretor do IGESPAR a concordar com o parecer e a pedir novas definições de Zona Especial de Proteção.

Dados Técnicos

Estrutura autoportante

Materiais

Paredes em alvenaria mista rebocada e pintada de branco; elementos estruturais, cunhais, pilastras, molduras de vãos, embasamentos, frisos, cornijas, colunas, pias de água-benta, degraus do presbitério e supedâneo em pedra calcária e mármores; retábulos, nichos e elementos decorativos em talha dourada e policroma; cadeiral da nave e coro-alto em madeira; tectos em gesso simples ou decorado com pinturas; pavimentos em madeira e pedra; janelas com vidro simples; caixilharia de portas e janelas em madeira; silhares de azulejos; painéis com telas pintadas; cobertura exterior com telha cerâmica; ferragens de portas e janelas em ferro.

Bibliografia

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Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DRMLisboa

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DRMLisboa; CML: Arquivo fotográfico

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DSARH, DGEMN/DRMLisboa; Irmandade do Santíssimo, Paróquia de Santo Estêvão de Alfama, Despeza da Obra da Reedificação desta Igreja (mns); CML: Arquivo Intermédio, obra nº 38.997

Intervenção Realizada

1929 - limpezas e reparações interiores e exteriores, reparações em canos de esgoto; 1930 / 1931 - obras de conservação; 1932 / 1933 / 1934 - obras de restauro dos telhados da igreja e sacristia; 1953 / 1954 - obras de reparação de telhados; 1956 / 1957 - obras de beneficiação; DGEMN: 1957 - obras de beneficiação geral, reparação e limpeza de fachadas, no valor global de 50.000$00; 1967 - obras de conservação da cobertura; 1969 / 1970 - consolidação e restauro; 1974 - obras de conservação; 1984 - obras de conservação; DGEMN: 2001 / 2002 - recuperação dos terraços da Torre N., conservação e restauro dos tectos da nave, capela-mor, coro e dos panos superiores em marmoreados da nave.

Observações

*1 - nos 4 cantos da torre sineira, rematando os cunhais de cantaria, existiram fogaréus hoje desaparecidos. *2 - a legenda do painel de azulejos, com representação da Eucaristia, tirada dos Salmos e datada de 1722, diz: "Adomino factv / m estistvd et estmira / billiat ocvlis nostris". *3 - na frontaria da Igreja caíram as 2 torres que tinha no frontispício e o remate deste, ficando a parede em pé mas muito instável. A parede do lado da Epístola caiu parte junto ao coro e a restante ficou em pé mas muito inclinada. A paróquia passou então para a desaparecida Ermida de Nossa Senhora do Rosário, junto ao Arco do Rosário no Terreiro do Trigo. *4 - o sinal é simétrico na horizontal, tem um rebordo duplo marcado e ondeante, é côncavo para o centro onde existe um pequeno botão circular. Outros sinais ou formas próprias são a pilastra em estípide (em forma de pirâmide invertida) e a faixa tipo "cinta de charuto", com círculo central, que se vê a nível de desenho, na cúpula da torre sineira.

Autor e Data

Paula Noé 1990 / Teresa Vale e Carlos Gomes 1995

Actualização

Paulo Ferreira 2006
 
 
 
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