Capela do Senhor da Serra / Santuário do Senhor da Serra

IPA.00002604
Portugal, Coimbra, Miranda do Corvo, União das freguesias de Semide e Rio Vide
 
Capela eclética, tendência facilmente intuída pela justaposição de apontamentos estilísticos de diversas épocas, como o bizantino, o românico, o gótico e o renascimento, exemplificado no portal românico em gablete gótico, portais laterais góticos ou contrafortes escalonados. O interesse da capela é resultado de actividades artificinais, desenvolvidas em Coimbra na transição do séc. 19 - 20, na Escola Livre das Artes do Desenho. Retábulo principal de madeira inspirado no da Sé Velha de Coimbra, da autoria de António Augusto Gonçalves, sob a direcção do mestre João Machado. Os altares colaterais barrocos de colunas torsas e adaptados, pertenceram à demolida igreja da Misericórdia de Coimbra. Púlpito seiscentista veio da Sé Velha.
Número IPA Antigo: PT020609040003
 
Registo visualizado 353 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Capela / Ermida  

Descrição

Planta composta, regular, em cruz latina, volumetria articulada de predominante horizontal. Coberturas diferenciadas, em telhado de duas águas na nave central, cruzeiro e transepto, e de quatro águas na ousia. Fachada principal a E., com embasamento saliente, composta por três panos divididos pela volumetria dos diferentes elementos que a constituem, e quatro pisos definidos em altura por frisos e escalonamento de volumes, apresentando no primeiro registo um portal de duas arquivoltas, englobado num gablete saliente, ladeado por duas frestas em volta perfeita. Acima do gablete desenvolve-se a torre, com janela de volta perfeita no seu primeiro registo, com dois lumes separados por mainel com capitéis, e dois óculos. O terceiro registo apresenta quatro janelas em volta perfeita, com colunelos capitalizados. O último registo é octogonal e tem a função de sineira, abrindo-se também quatro vãos, que albergam outros tantos sinos, sendo coroado por zimbório pétrio terminando em agulha. O alçado N. apresenta quatro panos limitados por cinco contrafortes com ligeiro escalonamento, tendo dois pisos definidos pela linha da fenestração. No primeiro registo rasgam-se três frestas, sendo duas em volta perfeita e a outra rectangular; no terceiro pano abre-se um portal composto por um arco apontado, de impostas salientes e arquivolta com toro circular, ao qual se acede por quatro degraus. O segundo registo tem uma janela de portada a pleno centro com varandim pétreo assente em mísulas. Ao lado, duas frestas a pleno centro complementam a fenestração. O alçado S. apresenta idêntica disposição. A capela-mor é poligonal, com embasamento saliente acima do qual se definem cinco panos organizados em dois registos, apresentando o superior, janelões de volta perfeita que iluminam o interior. O transcepto apresenta pano único, definindo dois registos marcados pela linha da fenestração e portal, ao qual se acede por seis degraus. INTERIOR de espaço único, diferenciado, iluminado por vinte e dois vãos de diferente formato. Nave única conduzindo ao cruzeiro e capela-mor, desenvolvendo-se em dois andares, divididos pela linha de fenestração, correspondendo à organização do alçado exterior. Altar-mor com retábulo em madeira tendo ao centro a imagem do Santo Cristo, crucifixo de pedra com inscrição na base: 1704 e R(eforma)do 1862,; retábulos colaterais de colunas torcidas, tendo o da direita a escultura do Salvador, e o da esquerda uma "Pietá". No corpo da nave púlpito oriundo da Sé Velha de Coimbra Cobertura em abóbada na nave e capela-mor.

Acessos

Semide

Protecção

Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público / ZEP, Portaria n.º 270/2013, DR, 2.ª série, n.º 91 de 13 maio 2013

Enquadramento

Urbano, no cume de um monte, isolado, destacado do casario envolvente *1, separado deste pela elevação do terreno e por adro murado, que engloba pequeno recinto ajardinado com bancos de pedra e painéis de azulejos.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: capela

Utilização Actual

Religiosa: santuário

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Coimbra)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

José Correia (Mestre entalhador); António Augusto Gonçalves (séc. 19 / 20); João Machado (escultor)

Cronologia

Séc.17, 3º quartel - construção da primitiva capela; 1678 - vivia no local um eremitão; 1681 - primeiros sinais de povoamento da zona; 1704 - obras de ampliação da primitiva capela, conforme inscrição na base do Crucificado, no altar-mor; 1724 - apresenta alpendre formado por arcaria; 1734, 26 de Nov. - data da escritura entre a Misericórdia de Coimbra e José Correia, Mestre entalhador do Porto,para fazer três retábulos, o mor e 2 colaterais; 1862 - reforma da igreja; 1897 - nomeada a primeira comissão administrativa da nova capela, pelo Bispo conde D. Manuel Correia de Bastos Pina, a quem se deve a iniciativa da nova construção; 1899 - antiga capela demolida e início da construção da actual; 1899 / 1900 - iniciam-se as obras da Hospedaria; 1901 - iníciam-se as obras da igreja; 1904 - concluem-se as obras do corpo da igreja e torre. Os azulejos que revestem parte do interior, com cenas da vida de Cristo, e os vitrais, foram executados na escola Brotero, em Coimbra; 1907 - comprados à Santa Casa da Misericórdia de Coimbra os retábulos colaterais e a imagem do Cristo, oriundos da demolida igreja da Misericórdia (v. PT020603190008); 1999, 6 de agosto - proposta de abertura da DRCoimbra; 11 de agosto - despacho de abertura do Vice-Presidente do IPPAR; 2004, 19 janeiro - proposta da DRCoimbra para a incusão do adro no âmbito da classificação; 7 de julho - Despacho do Presidente do IPPAR, em que determina a abertura do procedimento administrativo, relativo à eventual classificação do Santuário do Senhor da Serra e do adro envolvente (Diário As Beiras, nº 3657 de 31-12-05); 2011, 27 de maio - Proposta da DRCCentro para a classificação como CIP; 19 de dezembro - Parecer da SPAA do Conselho Nacional de Cultura a propor a classificação como MIP.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes, estrutura autónoma

Materiais

Alvenaria, pedra, vidro, vitral, madeira, telha, ferro, azulejo.

Bibliografia

GONÇALVES, A. Nogueira, CORREIA, Virgílio, Inventário Artístico de Portugal, Lisboa, 1953; NEVES, J. Campos, O divino Senhor da Serra de Semide, Coimbra, 1920; http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/71186 [consultado em 23 agosto 2016].

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID

Intervenção Realizada

Observações

*1 -A povoação que envolve o Santuário teve a sua origem na devoção regional ao Santo Cristo de Semide, que atraíu populações que ali se fixaram desde o Séc.17. A história deste santuário está intimamente realcionada com a do mosteiro beneditino de Santa Maria de Semide do qual dependia, de devoção anual de 15 a 23 de Agosto.

Autor e Data

Maria Bonina / Fernando Grilo 1996

Actualização

Margarida Silva 2006
 
 
 
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