Mosteiro de Nossa Senhora da Purificação
| IPA.00002570 |
| Portugal, Viseu, Moimenta da Beira, Moimenta da Beira |
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| Mosteiro feminino beneditino maneirista, barroca e rococó, composto por igreja, claustros e propriedade agrícola murada para separação do exterior. Grande portal de frontão semi-circular apoiado em pares de colunas jónicas, semelhante aos pórticos do antigo colégio da Santíssima Trindade, do séc. 17, e do Real Colégio das Artes, do séc. 18, ambos de Coimbra. Janelas barrocas de molduras curvilíneas. Arco triunfal maneirista encimado por frontão triangular. Revestimento azulejar de padrão do tipo tapete do séc. 17. Retábulos de talha dourada barroca de estilo nacional e rococós de talha dourada e polícroma com imitações de materiais e motivos auriculares de grande dinamismo aparentados com obras dos monges-arquitectos do mosteiro de Tibães (v. PT010303250015). Imagem de Cristo morto do séc. 18 de provável origem espanhola. Coro-alto e coro-baixo para separação hierárquica das freiras e consequentemente claustros de 2 pisos. Mirante no cimo das fachadas norte e ocidental. Arco triunfal com estrutura arquitectónica semelhante à de 1 pórtico. A habitação, na antiga parte conventual, obedece a 2 campanhas construtivas diferentes. A que se adossa para o lado da capela-mor, mais tardia, tem a cornija em madeira. |
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| Número IPA Antigo: PT011807100008 |
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| Registo visualizado 762 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Religioso Convento / Mosteiro Mosteiro feminino Ordem de São Bento - Beneditinas
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Descrição
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| Planta longitudinal de dois rectângulos justapostos correspondentes aos coros e corpo da igreja e à cabeceira. A N., a sacristia de planta quadrangular. Massa de volumes articulados, horizontalista, de coberturas diferenciadas de telhados de duas águas na nave e abside e de quatro na Sacristia e no varandim da fachada N.. Fachada principal voltada a O., sem embasamento e com três pisos, constituindo um eixo central com porta de moldura rectangular simples no primeiro registo; no segundo, uma janela de moldura rectangular e, no terceiro, um óculo gradeado de moldura circular inscrita noutra quadrangular. Sobre o cunhal esquerdo, o vão de topo do varandim sobre duas grandes consolas. Remate em empena, surgindo cruz no vértice. Fachada lateral N. possui, ao centro, pórtico rectangular flanqueado por dois pares de colunas assentes em supedâneo comum, de capitéis jónicos, onde assenta a arquitrave com pedra de armas e a cornija do frontão semi-circular ladeado por dois pináculos piramidais e rematado por cruz latina sobre pedestal, elevando-se acima do telhado. No tímpano, pequena sineira sustentada por varões de ferro. À esquerda, duas janelas de molduras curvilíneas em touca e, à direita, uma janela de moldura rectangular, com varandim gradeado, e dois vãos rectangulares transversais. Ao nível da cornija, desenvolve-se uma varanda alpendrada, antigo mirante das freiras, sobre mísulas em voluta, com sete pilares toscanos, que sustentam a cobertura de madeira. Remate do alçado em cornija e pináculo piramidal sobre o cunhal E.. O corpo da sacristia possui uma fresta rectangular e a ábside é rasgada por óculo gradeado de moldura circular à direita e fresta rectangular à esquerda. A fachada E. é cega e encontra-se parcialmente adossada a edifícios particulares. É rematada em empena com cruz latina no vértice, ladeada de pináculos piramidais. Fachada S. adossada a edifício particular. INTERIOR de nave única, iluminada por duas janelas rectangulares na parede N., com capela-mor e sacristia. Parede O. tem, no primeiro registo, duas portas de moldura rectangular, uma delas entaipada, a ladear grande janela quadrada gradeada, à qual se encosta o órgão, correspondente ao Coro de Baixo. Sobre este, o Coro de Cima com três vãos gradeados delimitados por pilares toscanos. O revestimento parietal é em azulejo de "tapete", azul, branco e amarelo, com cena figurativa eucarística ao centro. Na parede N., surge um púlpito de madeira com escada e altar lateral dedicado a São Francisco, com retábulo de talha polícroma e dourada flanqueado por colunas de capitéis coríntios a sustentar decorações de talha auricular. Na parede S., erguem-se os altares de Nossa Senhora da Conceição com retábulo de talha branca e dourada, e de São João Baptista, polícromo e dourado com volutas e motivos auriculares. O arco triunfal de volta perfeita sobre pilastras de capitéis jónicos, encimado por frontão triangular com pedra de armas dos Mergulhões, entrelaçados com os dos Lucenas, Couraças e Teixeiras, rematado por três pináculos piramidais, é flanqueado pelos altares de urna, enquadradas por retábulos de talha dourada de colunas pseudo-salomónicas com acantos, parras, uvas e flores, encimados por pelicanos. A capela-mor é desnivelada, com quatro degraus, onde assenta altar. As paredes laterais são revestidas com azulejo do tipo "tapete", com uma porta rectangular a N. e óculo circular. Na parede de topo, grande retábulo de talha dourada com nichos laterais flanqueados por colunas pseudo-salomónicas que se prolongam em 2 arquivoltas concêntricas unidas por raios de talha intercalados por painéis com florões de acanto. Ao centro do amplo camarim apainelado um trono encimado por glória entre duas albarradas. O tecto da nave é de masseira com asnas destacadas e na capela-mor em falso berço de madeira com cruz pintada ao centro e pinjente de talha. Pavimentos de lajes graníticas. A zona conventual compõe-se de corredor central, em cada um dos dois pisos, que acede a várias divisões. |
Acessos
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| Largo do Terreiro das Freiras, Rua Aquilino Ribeiro |
Protecção
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| Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público / ZEP, Portaria n.º 4/2013, DR, 2.ª série, n.º 4, 7 janeiro 2013 |
Enquadramento
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| Urbano, isolado, em zona de interesse paisagístico. Com fachada N. voltada para grande largo inclinado para E., circundado por casas de 2 pisos, algumas senhoriais como a dos Almeidas e a dos Guedes (v. PT01180710006), com arruamentos a O. e N.. Em destaque, adossado a S. e E. com edifícios particulares que englobam estruturas originais das dependências conventuais. Adro ajardinado a O. com muro gradeado e em plataforma murada com pequena escadaria a N.. |
Descrição Complementar
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| Na fachada N., o tímpano do portal apresenta um livro aberto esculpido em relevo sobre o qual se fixa um pequeno sino com armação de ferro. Inscrição no lado da Epístola: "Este Mosteiro fundou nas casas em que nasceu o Dr. Fernão Mergulhão abbade de São Clemente e doutou das rendas que tem, com a obrigação de dois lugares perpetuos para parentas suas e duas missas casa semana como consta das Bullas e contracto, que estão no cartorio d'elle. Falleceu a 14 de Novembro de 1604 e jaz n'este, com seus pais Mergulhões e sua mãe Leonor Lucena".. Os retábulos que ladeiam o arco triunfal são encimados por painéis de talha tendo o da direita um nicho vazio. Na capela-mor, sob os degraus, o sepulcro de Fernão Mergulhão com lápide de jaspe com inscrição epigráfica: AQUI JAZ O DOUTOR FERNÃ O MERGU LHÃO FUNDADOR DESTE MO STEYRO ANNO 1604. O retábulo possui decorações com parras, cachos de uvas, folhas de acanto, pelicanos, figuras humanas e anjos. Na parede da direita o brasão dos Mergulhões com lápide alusiva à fundação. |
Utilização Inicial
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| Religiosa: mosteiro feminino |
Utilização Actual
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| Religiosa: igreja / Residencial unifamiliar: casa corrente |
Propriedade
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| Privada: Igreja Católica / privada: pessoa singular (convento) |
Afectação
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| Sem afectação |
Época Construção
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| Séc. 16 / 17 / 18 / 19 / 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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| Desconhecido. |
Cronologia
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| 1533 - Vasco Mergulhão, fidalgo natural de Moimenta, cavaleiro da Ordem de Cristo e moço da Câmara do Infante D. Fernando, casado com D. Leonor de Lucena, recebe por alvará de D. Brites de Meneses umas casas com seu pomar em Moimenta da Beira e um prado no Vale do Moinho; 1538 - são-lhe doadas outras casas junto das primeiras; 1539 - todas as mercês são confirmadas pelo Inf. D. Luis; 1594 - o Dr. Fernão Mergulhão, abade de S. Clemente de Basto, desembargador da Relação de Braga e governador do bispado do Porto, requere ao Papa Clemente VIII um Breve para fundação do mosteiro, oferecendo em dote os bens que herdara e utilizando as suas casas e terrenos para construir a igreja com coros, sacristias, dormitório, refeitório, claustro, cerca e oficinas; deu 700 medidas de trigo e centeio, um souto, uma vinha, juros de 4.000$000 e paramentos; 1596 - estavam as obras da igreja e demais dependências em fase de conclusão e o mosteiro apto a colher religiosas de São Bento. D. António Teles de Meneses, Bispo de Lamego, solicita do Bispo de Coimbra a vinda de 3 religiosas (D. Guiomar Nunes, D. Isabel Mergulhão e D. Margarida de Lucena), para habitarem e governarem o Convento, irmãs de D. Fernão Mergulhão *1, então professas no Mosteiro de Semide; 1597 - Breve de Clemente VIII, de 22 de Janeiro, concedendo ao Convento todos os privilégios de que gozava a Congregação de São Martinho de Tibães, de São Bento; 1604, 14 Novembro - morre D. Fernão, em Braga, sendo sepultado na capela-mor, junto dos seus pais, legando grande soma de dinheiro ao mosteiro, empregue na aquisição de objectos de culto, paramentos e ornamentos; séc. 17, início - efectuam-se grandes obras na igreja com a ajuda dos oficiais da Câmara e do povo de Moimenta da Beira; 1637 - Gaspar Vaz de Sousa, comendador da Ordem de Cristo e sua mulher Maria Correia edificam o altar de São Francisco Xavier, posteriormente substituído por outro; séc. 18 - fazem-se remodelações no mosteiro que amplia as suas rendas e bens, possuindo uma casa de hospedaria e para o capelão, uma casa de palhal, casas na Praça para acolhimento do azemel e de lavradores, casas de forno e açougue, Casa das Armas, Casa de Palheiro e quatro prados; 1768 - são executados dois altares e dois retábulos de talha dourada nas capelas laterais; 1812 - o Bispo de Lamego extingue o Mosteiro de Nossa Senhora da Purificação, sendo as rendas anexadas ao Mosteiro das Chagas de Lamego, para onde se transferiram as freiras; 1813, 18 Janeiro - o reitor da igreja paroquial de São João Baptista de Moimenta da Beira guardou aí 15 imagens, pedras de altar, 2 crucifixos e alfaias provenientes do Convento; 1858 - desaparecimento da torre sineira; 1862 - o povo de Moimenta requere a Lamego a cedência do Convento, já em mau estado, para reutilizar a igreja para o culto público; 1926 - as imagens apresentavam disposição distinta, surgindo, no retábulo-mor, o Crucificado, a Virgem, São Luís Gonzaga e São Bento; no retábulo do Evangelho, São Miguel, Santa Rita de Cássia e São Francisco Xavier; no lado da Epístola, o Senhor Crucificado, São João e Nossa Senhora da Conceição, aparecendo, no altar, Cristo morto; 1963 - a igreja passa a Matriz; 1978, 12 maio - proposta de classificação da CMMoimenta da Beira; 13 julho - parecer a propor a classificação como Imóvel de Interesse Público; 13 julho - Deapacho de homologação da classificação pelo Secretário de Estado da Cultura; 1980 - mau estado do mosteiro, que ameaça ruína e tem os azulejos a cair; a população cotizou-se e solicitou à DGEMN um subsídio para se prover às obras necessárias; 2003, 22 abril - por extravio do processo, a DRPorto faz nova proposta de classificação; 06 maio - Despacho de abertura do processo de classificação pelo vice-presidente do IPPAR; 2005, 14 novembro - proposta da DRPorto de classificação como Conjunto de Interesse Público e fixação da Zona Especial de Proteção conjunta do Solar das Guedes e do Convento de Nossa Senhora da Purificação; 2008, 23 abril - parecer do Conselho Consultivo do IGESPAR a propor a classificação como Imóvel de Interesse Público e a concordar com a proposta da DRPorto de 2005; 2012, 31 maio - proposta da DRCNorte de classificação como Monumento de Interesse Público; 18 setembro - publicação do projeto de decisão de classificação do edifício como Monumento de Interesse Público e fixação da respetiva Zona Especial de Proteção em Anúncio n.º 13433/2012, DR, 2.ª série, n.º 181. |
Dados Técnicos
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| Paredes autoportantes |
Materiais
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| Caixa murária de alvenaria de pedra granítica regular; portal, molduras, varandim, mísulas e pináculos de cantarias graníticas; pavimentos de lajes de granito; revestimentos parietais de azulejo; altares e retábulos de talha dourada, branca e polícroma; cobertura interior de madeira e exterior de telha. |
Bibliografia
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| LEAL, Augusto Soares d'Azevedo Barbosa de Pinho, Portugal Antigo e Moderno, vol. V, Lisboa, 1875; ANDRADE, António Francisco, Descripção e Historia do Concelho de Moimeta da Beira, Viseu, 1926; ALVES, Alexandre, O Convento Beneditino de Nossa Senhora da Purificação de Moimenta da Beira, in Beira Alta, vol. XXVIII, nº 4 e vol. XXIX, nº 1, Viseu, 1970; ALMEIDA, José António Ferreira de (Dir.), Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, 1976; COSTA, M. Gonçalves da, História do Bsipado e Cidade de Lamego, vol. Iv, Lamego, 1984; GUIA, A. Bento da, As Vinte Freguesias de Moimenta da Beira, Viseu, 1986. |
Documentação Gráfica
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| IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Fotográfica
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| IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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| IHRU: DGEMN/DSID |
Intervenção Realizada
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| 1925 - douramento dos retábulos colaterais; DGEMN: 1981 - obras de conservação e restauro das coberturas exteriores da nave e capela-mor, escoamentos de águas pluviais, levantamento e consolidação de azulejos, reconstrução de rebocos interiores e pintura, lavagem e raspagem do tecto da igreja, consolidação do arco cruzeiro, limpeza de altares, remodelação da instalação eléctrica; 1982 - obras de conservação e reparação: beneficiação da cobertura da Sacristia, novo revestimento dos tectos, picagem de rebocos interiores, renovação dos mesmos e pintura, limpeza de cantarias exteriores, das juntas dos silhares e seu refechamento com cimento; 1983 / 1984 - reparação do pavimento da igreja com lajedo de granito e da Sacristia com tijoleira, substituição do guarda-vento de madeira por reposteiro, nova porta da Sacristia, beneficiação do confessionário, pintura da grade do coro e da porta principal, limpeza dos altares, talha e imagens, renovação de instalações eléctricas e iluminação com projectores. |
Observações
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| *1 - era filho de D. Leonor de Lucena e de Vasco Mergulhão, fidalgo natural de Moimenta da Beira, cavaleiro professo na Ordem de Cristo e moço da Câmara do Infante D. Fernando; foi abade de São Clemente de Basto no arcebispado de Braga; faleceu em Braga, a 14 de Novembro de 1604, sendo trasladado para o convento, onde jaz sepultado. |
Autor e Data
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| Madeira Portugal 1993 / Lina Marques 1996 / João Carvalho 1999 |
Actualização
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