Oficinas Gerais de Material Aeronáutico (OGMA)

IPA.00025638
Portugal, Lisboa, Vila Franca de Xira, União das freguesias de Alverca do Ribatejo e Sobralinho
 
Estrutura industrial distribuída por um conjunto de edifícios que integram 10 hangares para manutenção de aeronaves; reparação e revisão de motores: oficina e 6 bancos de ensaio de motores; equipamentos mecânicos: 8 oficinas para a reparação, revisão e teste; equipamento elétrico / aviónicos: 8 oficinas para a reparação, revisão e teste; além de outras estruturas destinadas a fabricação de componentes em compósito, a montagem de estruturas e componentes e à fabricação de peças e conjuntos.
Número IPA Antigo: PT031114020094
 
Registo visualizado 14 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Extração, produção e transformação  Oficina    

Descrição

"Nessa altura [agosto de 1959], o Conselho Superior de Defesa Nacional discute e aprova em duas reuniões um conjunto de textos preparados pelo Ministro da Defesa Botelho Moniz. Neles se diz à partida que os compromissos com a NATO e a Espanha passam para segundo plano. (…) Em poucas linhas afastam-se as duas preocupações fundamentais da defesa portuguesa nos últimos 10 anos. A tónica deve ser a de "aumentar, na medida do possível, o esforço de defesa do ultramar". [TELO, 1999]. Esta alteração teve como consequência a aproximação militar de Portugal à Alemanha e França, transformando-se aquele no maior fornecedor de armas que vão ser empregues nas guerras de África (até ao final da década de 60, a partir daí a RFA exige que as suas armas não sejam empregues fora do quadro da NATO). Entre 1959 e 1962 vão ser assinados cerca de 20 acordos em matéria de defesa, entre a Alemanha e Portugal. É criado em Beja um importante centro de treino de tropas alemãs custeadas por esse país, e Portugal compromete-se a desenvolver as Oficinas de Material Aeronáutico em Alverca para a manutenção dos grandes aviões alemães (Noratlas e caças F-104 Starfighter). Em 1926 constrói-se o Hangar Geodésico do Balão (único no mundo), concebido para montagem e reparação das aeronaves. Determinado pelo carácter da sua funcionalidade, "o hangar define uma nave abobadada, estruturada por um entramado de madeira em forma de colmeia, no interior da qual se dispõe um andaime fixo, organizado por estrados, encostado a um dos extremos da nave. A fachada, virada para a pista de aterragem, desdobra-se em duas partes, que deslizam lateralmente para permitir a entrada das aeronaves. Tratava-se, antes de mais, da resolução de questões de ordem estrutural, particularmente no que concerne ao modo de vencer grandes vãos, tendo, nos anos 50, determinado a conceção dos impressionantes Hangares de Manutenção de Aeronaves, organizados mediante um engenhoso sistema estrutural misto, que proporciona a abertura de vãos de 120m e 160m de largura, suspensos por consolas de 45m de profundidade, fixas por meio de uma rótula que se articula com uma estrutura treliçada e ancoradas ao solo através de tirantes na face oposta. São propostas de grande amplitude técnica que se retiram diretamente de uma funcionalidade inequívoca, às quais se acrescenta o magnífico complexo Triton, surgido de um acordo com a Força Aérea Alemã, para a reparação dos motores de turbina a jacto J79-Starfighter F104 e Roll's Royce TYNE - Transall. Projetado no início dos anos 60, pelo gabinete alemão Aeroplaning GmbH, com a colaboração de empresas portuguesas como a SOREFAME e SOMEC, esta estrutura é composta por sete edifícios de grande clareza volumétrica, que se agrupam por três unidades funcionalmente distintas. Assim, na primeira unidade - da Divisão de Motores - o edifício administrativo exibe, como único elemento "plástico", uma grelha laminar em fibrocimento que corre a longa fachada de 90m, apenas interrompida para dar lugar às duas entradas do edifício. No terceiro piso, uma central de climatização serve não apenas o seu interior, como, também, as 5 naves (com 14m de vão e 145m de comprimento) do hangar central de montagem, que se anexam perpendicularmente. As particularidades técnicas deste hangar, que exigem rigorosas condições de ambientação - isento de poeiras e inteiramente climatizado -, resultou na conceção de uma cobertura muito peculiar em forma de lentilha, que abre uma caixa-de-ar entre duas parábolas, dispostas longitudinalmente em cada nave, bem como na total ausência de janelas nas paredes, executadas com os mesmos módulos (3,50x0,625x0,10m) pré-fabricados de betão - protegidos com uma pintura à base de resinas sintéticas e preenchidos com borracha nas juntas -, que cobrem as superfícies dos restantes edifícios do complexo. Exteriormente o conjunto funciona como uma massa volumétrica, térrea e longilínea, cuja depuração é reforçada pelo ondulado das coberturas em arco, recordando, de alguma forma, as recentes propostas do minimalismo. Este sentido de redução e síntese, prolonga-se pelos restantes corpos, sendo de assinalar a configuração do edifício para ensaio, montagem e preparação de aparelhos, do segundo núcleo - Acessórios de Motor - concebido por forma a responder ao perigo de explosão durante os ensaios de turbina. Os paramentos exteriores do edifício, compartimentado por secções modulares - separadas por paredes em betão armado de alta resistência com uma espessura de 50 cm -, são forrados por placas metálicas de forma a saltarem em caso de pressão interior" (Rute Figueiredo, 2002].

Acessos

Parque Aeronáutico de Alverca

Protecção

Enquadramento

Junto ao Bairro das Oficinas Gerais do Material Aeronáutico - OGMA (v. IPA.00022422) entre a linha férrea e o rio Tejo. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,88969; long.: - 9,031306

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Extração, produção e transformação: oficina

Utilização Actual

Propriedade

Pública

Afectação

Privada/pública

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Cronologia

1918, 29 junho - criação do parque de material aeronáutico ao abrigo da reorganização do "Serviço Aeronáutico Militar"; empregando no primeiro ano 150 pessoas; 1922 - início da construção da Aeronave CaudronG-3; 1928 - passa a designar-se por Oficinas Gerais de Material Aeronáutico; 1933 - construção dos aviões ingleses Vickers Valpaíso; 1938 - fabricação da aeronave Avro 626 DHC-82 Tiger Moth; 1947 - 48 - construção do bairro fabril das OGMA; 1952 - construção de 66 unidades Air Force Depot DHC-1 "Chipmunk"; 1955 - primeiro contrato com a marinha norte-americana; 1959 - contrato com a força aérea norte-americana; 1970 - manutenção dos C-130 Hercules, P-3 Orion e Pumas; 1972 - início de contrato para fabricar com a Eurocopter; 1993 - centro de manutenção autorizado da Roll Royce; 1998 - centro de manutenção autorizado para as aeronaves Embraer ERJ 145; 2001 - programa de reparação e de modificação das 40 aeronaves F-16 da Força Aérea Portuguesa; 2004 - privatização, 35% no Estado, 65% na Airholding; 2018 - centenário da empresa de aeronáutica e inauguração do Centro Histórico da OGMA no hangar edificado em 1925.

Dados Técnicos

Materiais

Bibliografia

CARDOSO, Edgar, O Jubileu das Oficinas Gerais de Material Aeronáutico, s.l., s.n., 1968; Binário, n.º 127, Abril 1969; https://pt.wikipedia.org/wiki/OGMA_%E2%80%93_Ind%C3%BAstria_Aeron%C3%A1utica_de_Portugal; FIGUEIREDO, Rute, "Património Industrial - Arquitectura Industrial Moderna (1925-1965) -OGMA - Indústria Aeronáutica de Portugal, S.A.", Docomomo Ibérico, 2022, https://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/itinerarios/arquitetura/01/; Sítio da OGMA, Grupo Embraer https://www.ogma.pt/; Arquitetura Moderna Portuguesa 1920-1970, IPPAR, 2004, p.174; TELO, António José, "Portugal e a NATO: 1949-1976”, Instituto da Defesa Nacional, 2ª Série; N.º 89, Primavera 1999, https://comum.rcaap.pt/handle/10400.26/1515

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

Autor e Data

Josina Almeida 21-03-2023 (Projeto European Cold War Heritage)

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login