Arco de São Bento / Monumento Comemorativo ao 25 de Abril

IPA.00025590
Portugal, Lisboa, Lisboa, Campolide
 
Arquitectura infraestrutural, neoclássica. Arco de passagem do aqueduto sobre uma rua, de cariz clássico, composto por vão rectilíneo, encimado por tímpano envolvido por arco de volta perfeita, em silharia fendida, sustentado por pilastras toscanas, também em silharia fendida, que rematam em frontão triangular. Segue, de forma mais contida, o arco efectuado uma década antes para atravessar a zona das Amoreiras (v. PT031106100028) antes de entrar nas arcadas que ligam à Mãe de Água (v. PT031106461221). Arco integrante do Aqueduto que fazia o abastecimento de água à cidade de Lisboa, pelo sistema das Águas Livres, o qual se incluía no ramal que ligava o aqueduto principal ao aqueduto da Esperança, assim designado por terminar junto ao Mosteiro com o mesmo nome. O arco assume formas clássicas, fazendo lembrar os arcos triunfais romanos e denota a formação clássica dos mestres engenheiros e arquitecto que o delineou e construiu. Apresenta pilastras toscanas laterais em silharia fendida, que sustentam um frontão triangular simples, com o tímpano marcado por almofada circular, possuindo um vão rectilíneo, envolvido por arco de volta perfeita, com o fecho marcado por mascarão, dando origem a um tímpano almofadado e assente em lintel ornado por rosetão. A estrutura foi aproveitada para comemorar a Revolução de Abril, forrando-se as ilhargas com cantaria, onde surgem inscrições como uma frase de Salgueiro Maia e poesia de Manuel Alegre, Sophia de Mello Breyner Andresen e José Carlos Ary dos Santos.
Número IPA Antigo: PT031106231243
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Estrutura  Hidráulica de condução  Aqueduto    

Descrição

Arco em cantaria de calcário liós, com tratamento semelhante em ambas as faces, fromando um vão rectilíneo, encimado por tímpano almofadado e assente em lintel ornado por pequeno rosetão, por seu turno sustentado por quatro mísulas galbadas e terminadas em pingente, envolvido por arco de volta perfeita em silharia fendida, com o fecho marcado por carranca, flanqueado por pilastras toascanas e gigantes em silharia fendida, que sustentam um frontão triangular, com o tímpano ornado por almofada circular emoldurada. As faces laterais foram revestidas a cantaria para receber inscrições, surgindo, no lado O.: "de As portas que Abril abriu: Agora que já floriu / a esperança da nossa terra / as portas que Abril abriu / nunca mais ninguém as cerra José Carlos Ary dos Santos" e "Trova do mês Abril Foram dias foram anos a esperar por um só dia / Alegrias. Desenganos. Foi o tempo que doía / com seus riscos e seus danos. Foi a noite e foi o dia / na esperança de um só dia. / Foram batalhas perdidas. Foram derrotas vitórias. Foi a vida (foram vidas). Foi a História (foram história) mil encontros despedidas. Foram vidas (foi a vida) por um só dia vivida. Manuel Alegre". No lado oposto, a inscrição: "25 de Abril Esta é a madrugada que eu esperava / O dia inicial inteiro e limpo / Onde emergimos da noite e do silêncio / E livres habitamos a substância do tempo. Sophia de Mello Breyner Andresen" e "O 25 de Abril criou a surpresa de ser possível o impossível Sagueiro Maia "Capitão de Abril"".

Acessos

Praça de Espanha. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,737828; long.: -9,157387

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto n.º 5, DR n.º 42 de 19 fevereiro 2002 *1

Enquadramento

Urbano, isolado, situado no centro de uma enorme Praça no centro de Lisboa, concebida no séc. 20 como uma ampla rotunda distribuidora do trânsito, a Praça é de formato irregular, com enorme zona relavada ao centro, onde se enquadra a estrutura. A zona relvada é cortada por caminhos em calçada, que levam ao centro, pavimentado a lajeado de granito, rodeada por vias públicas e, no lado E., pela Fundação Calouste Gulbenkian (v. PT031106230480), surgindo, no lado oposto o Palácio Azambuja / Palácio Palhavã (v. PT031106500564).

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Hidráulica: aqueduto

Utilização Actual

Comemorativa: monumento comemorativo

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: Custódio Vieira (1748). ENGENHEIROS: Carlos Mardel (1748), Manuel da Maia (1732).

Cronologia

1728 - o procurador da cidade, Claudio Gorgel do Amaral, propõe a construção de um aqueduto que garantisse o abastecimento de água a Lisboa; 2 Dezembro - decreto de D. João V ordena uma consulta à Câmara relativa à proposta de condução da Água Livre à cidade de Lisboa; 1729, 23 Fevereiro - o Secretário de Estado Diogo de Mendonça Corte Real insiste sobre um parecer relativo à condução da água de Belas; 20 Julho - decreto real autorizando os Senados de Lisboa Oriental e Ocidental a imporem sobre os géneros que entenderem uma contribuição destinada à obra das Águas Livres; 26 Setembro - nomeação da administração da obra, surgindo como superintendente o vereador José Soares de Azevedo, como procurador Cláudio Gorgel do Amaral, tesoureiro Manuel Gomes de Carvalho e Silva e o escrivão, Francisco Ramos de Miranda, todos nomeados, sem ordenado ou emolumentos; 1731, 12 Maio - alvará régio ordenando que se dê início à obra do Aqueduto das Águas Livres; 1732 - o rei nomeia uma direcção colegial composta por: Manuel da Maia, Azevedo Fortes e José da Silva Pais; 7 Junho - Carta do Secretário de Estado Diogo de Mendonça Corte Real ao Coronel Manuel da Maia para que este conclua a planta da obra de condução das Águas Livres; 27 Agosto - informa-se que a obra das Águas Livres terá a direcção dos três engenheiros que fizeram a planta e a medição será feita pelos arquitectos Custódio Vieira e João Baptista Barros e pelo medidor do Paço Pedro Ramalho; 1736, 21 Agosto - nomeação de Custódio Vieira da Silva para arquitecto da obra das Águas Livres por impedimento do Coronel Manuel da Maia; deveria seguir a linha fundamental feita pelo Coronel desde o início da obra até ao monte das Três Cruzes e daqui até à cidade deveria ser seguido o percurso delineado por Custódio Vieira; 1740, 30 Outubro - pela primeira vez, correu água num tanque improvisado nas Amoreiras; 1748 - já sob a direcção de Carlos Mardel, que ali trabalhava desde 1735, a água chega a Lisboa; construção de outros aquedutos, redes de distribuição e dos 24 chafarizes espalhados por Lisboa; 1758, Outubro - 1759, Março - execução de pegões, nos arcos na descida para a Rua de São Bento; construção do primeiro lanço dos fundamentos que entram pelo adro da Igreja de São Bento; construção do arco de São Bento, seguindo os modelos do Arco das Amoreiras, construído dez anos mais cedo; 1759, Abril - 1760, Março - obra no Aqueduto que vai da Rua de São Bento, continuando, soterrado, até ao interior da Cerca das Freiras da Esperança, atravessando o terreno da Horta do Polvarista, até ao plano inferior da dita cerca de baixo, à face do muro; 1938 - desmontagem criteriosa, com a marcação de todas as pedras, do Arco de São Bento, para levar a cabo obras no Palácio de São Bento; séc. 20, década de 50 - colocação das pedras desmontadas do Arco de São Bento junto à Delegação de Saúde de Lisboa, situada na Rua das Francesinhas; 1967 - terminou a exploração de água do aqueduto de Lisboa; encerramento do Aqueduto das Águas Livres e do Reservatório da Mãe de Água, que passaram a integrar o conjunto do património do Museu da Água; 1972 - o director da Direcção-Geral de Saúde solicita a ajuda da DGEMN para remover da Delegação de Saúde do Distrito de Lisboa, as pedras pertencentes ao Arco de São Bento, ali depositadas, pois necessitam daquele espaço para a construção de um pré-fabricado de madeira, cuja construção se encontrava autorizada; 14 Novembro - verificando-se o desinteresse da Câmara de Lisboa pelas peças, ponderou-se a deslocação das mesmas para a ala N. do Palácio Nacional da Ajuda, para o Jardim das Damas; 22 Novembro - a DGEMN compromete-se a deslocar as pedras para a Ajuda; 1973 - o Aqueduto é desactivado e seco; 1979, 3 Dezembro - Carta do Dr. Fernando Bandeira Ferreira, técnico da Direcção Geral do Património Cultural, que propõe a substituição do Decreto de 16 de Junho de 1910, por outro que classifique conjuntamente o Aqueduto e os seus aferentes e correlacionados; 1988 - transporte das pedras da Ajuda para a Praça de Espanha, visando a sua reconstrução, por iniciativa do arquitecto Farinha Antunes *2, do Gabinete de Estudos Olisiponenses, com o apoio do IPPC; o Presidente da Câmara sugeriu transformá-lo num monumento aos heróis da Guerra do Ultramar, mas o Gabinete de Estudos propôs que ele servisse de homenagem à construção do Aqueduto e aos seus engenheiros e arquitectos; 1993 - a Câmara de Lisboa solicitou à DGEMN cópia dos desenhos que possuía do aqueduto, para o poder remontar; 1998 - reconstrução do Arco, aproveitado para homenagear a Revolução de Abril.

Dados Técnicos

Estrutura autónoma.

Materiais

Estrutura em calcário liós; letras em bronze.

Bibliografia

CHELMICKI, José Carlos Conrado de, Memória Sobre o Aqueduto Geral de Lisboa, Lisboa, 1857; LEAL, Augusto S. D'Azevedo Barbosa de Pinho, Portugal Antigo e Moderno, Diccionario Geographico, Estatistico, Chorografico, Heraldico, Archeologico, Biographico e Etymologico, de todas as cidades, villas e freguezias de Portugal, vol. IV, Lisboa, 1875; CRISTINO, Ribeiro, Estética Citadina, Edição actualizada e ilustrada da série publicada no "Diário de Notícias" de 1911 a 1914, Lisboa, 1923; BRITO, J. J. Gomes de, Ruas de Lisboa, Notas para a história das vias públicas lisbonenses, vol. I, Lisboa, 1935; Boletim da Comissão de Fiscalização das Obras de Abastecimento de Água à cidade de Lisboa, Lisboa, 1935-1940; ARAÚJO, Norberto, Peregrinações em Lisboa, Lisboa, 1935-1940; Boletim da Comissão de Fiscalização das Obras de Abastecimento de Água à cidade de Lisboa, Lisboa, 1955-1956; Boletim da Comissão da Fiscalização das Águas de Lisboa, Lisboa, 1957-1958; SANTOS, Eduardo dos, Manuel da Maia e o Aqueduto das Águas Livres, in Boletim da Comissão de Fiscalização das Águas de Lisboa, 4.ª série, nº 43, Lisboa, 1962; DIAS, Marina Tavares, "Do Aqueduto para a Praça de Espanha", in Diário de Lisboa, Lisboa, 3 Novembro 1988; NUNES, Isabel, Um estudo sobre os chafarizes de Lisboa - De 1886 a 1913, uma etapa no abastecimento de água a Lisboa, in LISBOA, Revista Municipal, 2.ª série, n.º 24, 1988; ALMEIDA, Fernando de, Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, 2º Tomo, Lisboa, 1975; Idem, Lisboa e as Suas Fontes: o Aqueduto das Águas Livres, Lisboa, s.d.; D. João V e o Abastecimento de Água a Lisboa, Lisboa, 1990; DIAS, Marina Tavares, Lisboa Desaparecida, vol. II, 3.ª ed., Lisboa, Quimera Editores, Lda., 1990; SANTANA, Francisco, SUCENA, Eduardo, Dicionário da História de Lisboa, Lisboa, 1994; PEREIRA, Paulo (coord.), História da Arte Portuguesa, Do Barroco à Contemporaneidade, vol. III, Lisboa, 1995; MOITA, Irisalva, O Livro de Lisboa, Lisboa, 1994; Lisboa e o Aqueduto, Lisboa, 1997; CASEIRO, Carlos, PENA, Américo, VITAL, Raul, Histórias e Outras Memórias do Aqueduto das Águas Livres, EPAL, Lisboa 1999; FLORES, Alexandre M., CANHÃO, Carlos, Chafarizes de Lisboa, Lisboa, 1999; FERNANDES, Lídia, A Água na Habitação em Lisboa antes e após a construção do Aqueduto das Águas Livres [Dissertação de Mestrado], Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa, Lisboa, Fevereiro de 2002.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSARH

Documentação Fotográfica

IHRU: SIPA

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID-001/011-021-1645/7

Intervenção Realizada

Nada a assinalar.

Observações

*1 - o Decreto de 19 de Fevereiro de 2002, vem alterar a redacção do decreto de 16 de Junho de 1910, publicado em 23 de Junho de 1910 que classificava o "Aqueduto das Águas Livres, compreendendo a Mãe de Água", passando a ter a seguinte DOF: " Aqueduto das Águas Livres, seus aferentes e correlacionados, nas freguesias de Caneças, Almargem do Bispo, Casal de Cambra, Belas, Agualva-Cacém, Queluz, no concelho de Sintra, São Brás, Mina, Brandoa, Falagueira, Reboleira, Venda Nova, Damaia, Buraca, Carnaxide, Benfica, São Domingos de Benfica, Campolide, São Sebastião da Pedreira, Santo Condestável, Prazeres, Santa Isabel, Lapa, Santos-o-Velho, São Mamede, Mercês, Santa Catarina, Encarnação e Pena, municípios de Odivelas, Sintra, Amadora, Oeiras e Lisboa, distrito de Lisboa.", compreendendo, assim, todos os troços, chafarizes e mães de água, relacionados com as obras do Aqueduto das Águas Livres (PT031106100001). *2 - anteriormente, pensou-se transportar o arco para Queluz.

Autor e Data

Paula Figueiredo 2008

Actualização

 
 
 
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