Liceu Nacional de Aveiro / Liceu Central de Aveiro / Liceu Central de Vasco da Gama / Liceu de José Estêvão / Liceu Nacional de Aveiro / Escola Secundária José Estêvão

IPA.00025546
Portugal, Aveiro, Aveiro, União das freguesias de Glória e Vera Cruz
 
Liceu Nacional projetado e construído na década de 40, no âmbito do "Programa de construções, ampliações e melhoramentos de edifícios liceais", o designado "Plano de 38". Obedece, grosso modo, ao "Programa Geral para a Elaboração dos Projectos dos Liceus", programa base definido pela Junta das Construções do Ensino Técnico e Secundário (JCETS), no qual são estabelecidas as exigências e as características espaciais que os liceus devem observar, definindo a representação espacial da organização curricular, os diferentes grupos de serviços existentes (administrativos, escolares, especiais, de educação física, comunicações e diversos), e as dependências necessárias para cada um, com referência à sua posição relativa, dimensões e materiais a empregar, iluminação e exposição solar, e acessibilidade. Assim, os edifícios liceu desenvolvem-se em dois ou três pisos, consoante a exigência da topografia do terreno. Em termos programáticos os espaços relativos aos serviços escolares encontram-se divididos em dois grandes grupos (um correspondente ao 1.º ciclo, e outro aos 2.º e 3.º ciclos)*1, qualquer um deles com acesso independente a partir do vestíbulo de entrada, o que define, na maioria dos casos, uma opção por uma planta simétrica centralizada em torno deste vestíbulo, envolvido pelas dependências do serviço administrativo (secretaria, reitoria, direção dos ciclos e instalações sanitárias). Os serviços especiais, comuns aos vários graus de ensino (biblioteca, museus, sala de professores) localizam-se, regra geral, no ponto mais central do piso térreo. A distribuição das salas de aula (regulares e especiais, salas de ciências geográfico-naturais, físico-químicas, de trabalhos manuais e de desenho, e instalações para a Mocidade Portuguesa) é feita sobretudo no primeiro piso (ou nos primeiro e segundo pisos), sempre a partir do átrio de entrada seguindo o corredor lateral de distribuição. Nos topos do imóvel, ou nos pontos de inserção dos corpos com direções perpendiculares, encontram-se as escadas. É exigência do plano de estudos a existência de uma sala de aula por classe, o que faz com que a sala de aula seja a unidade organizadora do espaço, definindo a capacidade do liceu em termos do número de turmas, logo de alunos*2. Os requisitos apresentados para as salas de aula são: espaço retangular de 6x9 metros, com um pé-direito de 4 metros de altura; iluminação unilateral e segundo a maior dimensão da sala, assegurada por janelas localizadas a 1,20 metros acima do pavimento numa superfície correspondente a 1/5 ou a 1/6 do total do pavimento. As salas de aula regulares e os laboratórios são orientados preferencialmente para S., as salas de desenho e trabalhos manuais e os corredores para N.. O grupo de Educação Física deve assegurar uma igual acessibilidade a todos os grupo, pelo que se encontra, normalmente, numa posição axial em relação ao átrio de entrada, em acesso direto a partir deste, ou no seguimento do corredor, encerrando o circuito interno. Destaca-se da restante composição, quer pela sua volumetria, quer pela diferença na abertura dos vãos de iluminação, onde existe uma maior liberdade do que para as restantes salas. O programa base previa ainda a existência de uma entrada independente para este espaço e o contacto direto com os campos de jogos (exteriores) que o complementam e cuja área deve permitir a realização de atletismo, ginástica ao ar livre e jogos de grupo. A organização do espaço exterior do imóvel, localizado dentro de recinto murado, diferencia as zonas de circulação, as áreas ajardinadas e de recreio e os espaços reservados à prática desportiva. Os edifícios construídos ao abrigo deste programa base apresentam um cariz monumentalista, reforçado por elementos historicistas. A fachada principal é revestida a pedra e rematada com frontões. A sua estrutura portante é em betão armado, integrada internamente na construção e completamente revestida por elementos de pedra e reboco. Estes imóveis localizam-se, normalmente, nas novas zonas de crescimento das cidades, reguladas pela obrigatoriedade dos Planos de Urbanização municipais*3, em posições privilegiadas, valorizadas pela obrigatoriedade da definição de uma área de proteção em seu redor, e por a sua construção assentar em plataformas artificiais, vencidas por imponentes escadarias. O Liceu de José Estêvão segue de uma forma bastante rigorosa o programa proposto, será de ressaltar apenas as dificuldades encontradas pelo arquiteto em assegurar a correta separação de géneros e de ciclos exigida no programa, pois ao tratar-se de uma planta bastante linear (dois corpos ligados entre si por galeria coberta limitando o pátio das alunas), não deixava de promover, nas áreas de circulação comuns, o encontro entre os alunos nos períodos de inícios e fim de tempos letivos. As instalações gimnicas não se encontram em posição axial, antes num segundo corpo que corre em paralelo ao corpo letivo inicial. A inserção do imóvel numa zona de expansão urbana, sendo este o elemento central em função do qual se traçaram os arruamentos, confere-lhe a grandiosidade pretendida sendo dispensada a existência de escadaria a anteceder a fachada de aparato.
Número IPA Antigo: PT020105060103
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Educativo  Escola  Liceu  Tipo Plano 1938

Descrição

Conjunto de planta composta, poligonal, resultante da articulação de vários corpos retangulares de um, dois e três pisos. O edifício original apresenta uma planta modular formada por dois corpos principais ligados entre si por duas galerias cobertas. O corpo principal, com três pisos, forma um "U" invertido, tendo, no seu módulo central, a fachada principal, virada a SO.. Simetricamente, nos extremos deste módulo central, na face externa do "U", encontram-se dois pequenos retângulos, correspondentes a dois espaço de recreio coberto. Paralelamente ao módulo central do "U" invertido, desenvolve-se, a NE., o outro corpo formado por um retângulo principal com um segundo retângulo justaposto ao seu centro para NE. A ligar os dois corpos encontram-se duas galerias cobertas, a NO. e a SE., paralelas, que, em conjunto com os dois corpos do edifício, formam um grande pátio quadrangular. Na última campanha de obras foi acrescido um volume quadrangular no centro deste pátio, e dois volumes retangulares, paralelos, justapostos, pela sua face exterior, às galerias cobertas (a NO. e a SE.). Também na última campanha de obras, no extremo NE. do terreno foi ainda acrescido um novo bloco retangular, correspondente a campos de jogos cobertos e estruturas de apoio à prática desportiva, e que se articula com a estrutura modular do Complexo Desportivo do Instituto Português do Desporto e da Juventude, anexo ao imóvel. As coberturas do edifício original são em telhados, maioritariamente de duas águas, podendo, nos corpos de ligação, ser de três ou quatro águas, sendo as dos novos corpos plana. O acesso principal ao imóvel é efetuado a partir da Avenida 25 de Abril, onde fica o seu portão principal. Dispensada a habitual escadaria que antecede a grande fachada de aparato, a monumentalidade da construção é conseguida pelo recuo desta fachada (corresponde à face interna do "U" invertido), antecedida por dois corpos perpendiculares, que se desenvolvem a partir dos seus extremos. Esta fachada, virada a SO., centralizada pelo alteamento da empena, em frontão triangular, ostentando um baixo-relevo representando o escudo de Portugal, é composta por nove panos de três e um pisos. O pano central é separado dos dois seguintes por cunhais de pedra, localizando-se a meio, no primeiro piso, o portal e nos restantes dois pisos grupos de três janelas quadrangulares retilíneas com molduras de alvenaria simples. Os dois panos seguintes, iguais de ambos os lados, são rasgados por cinco janelas quadrangulares, retilíneas, com molduras de alvenaria simples, em cada um dos três pisos. Nos extremos (a O. e a S.) fazem ângulo com a face interna dos dois corpos perpendiculares, que apresentam duas fachadas iguais, de três pisos, rasgadas por três grupos de três janelas retangulares retilíneas com moldura de alvenaria simples. À fachada SO. do corpo principal pertencem ainda os dois panos de fachada que se encontram nos topos destes dois corpos perpendiculares; idênticos, apresentam uma parede cega, decorada, ao nível do segundo piso por baixo relevos figurativos. Seguem-se, ainda na fachada SO., outros dois panos de fachada, recuados ao nível dos três centrais e seguindo a orientação espacial destes, são estreitos, delimitados por cunhais de pedra, e rasgados por uma janela retangular retilínea com moldura de alvenaria simples em cada um dos três pisos. Por último, esta fachada apresenta, dois panos nos seus extremos esquerdo e direito, de um piso só, abertos, com pilotis a segurar a cobertura, e que correspondem aos recreios cobertos originais. A fachada esquerda original deste corpo principal é igual à fachada direita, embora em espelho (a esquerda desenvolve-se de N. para S. e a direita de S. para N.). Era, inicialmente, composta por sete panos de três, dois e um pisos, delimitados por cunhais de pedra. O primeiro, de dois pisos, corresponde à fachada lateral do ginásio primitivo, sendo mais recuado, é rasgado por três pequenas janelas retangulares, retilíneas, com moldura de alvenaria simples colocadas junto ao teto de cada piso. Segue-se a fachada lateral do corpo justaposto ao ginásio, composta por um pano também de dois pisos, rasgado por três janelas retangulares retilíneas com moldura simples de alvenaria em cada piso. Os terceiro, quarto e quinto panos, originalmente de um só piso, correspondiam à galeria coberta que estabelecia a ligação entre os dois corpos do imóvel, os terceiro e quinto panos eram exatamente iguais, rasgados por quatro janelões retangulares retilíneos com moldura de alvenaria simples, o quarto pano era rasgado pela porta de acesso à galeria. Na última campanha de obras foi acrescido mais um piso a estas galerias e rasgados os janelões. Os restantes três panos desta fachada dizem respeito ao corpo principal do edifício, desenvolvem-se em três pisos, sendo o sexto pano da fachada correspondente à parede lateral do corpo principal, cega, a que se justapõe a fachada lateral do recreio coberto, rasgada por um janelão. O pano seguinte diz respeito a uma zona de circulação vertical com caixa de escadas, assinalada exteriormente pelos grandes janelões que, nos segundo e terceiro pisos são de duplo pé direito. O último pano desta fachada diz respeito à fachada externa do corpo perpendicular à fachada principal e é idêntica à interna, rasgada por três grupos de três janelas retangulares retilíneas com moldura de alvenaria simples em cada piso. Segue-se a fachada tardoz do imóvel, correspondente ao corpo do ginásio/salão de festas e refeitório originais. Desenvolvida no sentido N.-E., apresenta três panos de fachada, de dois pisos cada, divididos por cunhais de pedra. O primeiro, mais recuado, apresenta à esquerda, no primeiro piso, uma porta com moldura de alvenaria simples, sobre três degraus em pedra, e ladeada, à direita, por uma pequena janela quadrangular retilínea, com moldura de alvenaria simples, ao centro um portal emoldurado por pilastras de alvenaria simples e encimado por uma janela de corpo inteiro, à direita é rasgado em cada piso por um grupo de três janelas quadrangulares, retilíneas, com moldura comum de alvenaria simples. O pano central, mais saliente, é rasgado, no primeiro piso, ao centro por um portal precedido de três degraus de pedra e com moldura de alvenaria simples, à esquerda e à direita rasgam-no três janelas quadrangulares, retilíneas, com moldura de alvenaria simples. No segundo piso é rasgado por sete janelas de corpo inteiro resguardadas por grades de ferro. O terceiro pano, novamente mais recuado, é rasgado, do seu lado esquerdo, em cada piso, por um grupo de três janelas quadrangulares, retilíneas, com moldura comum de alvenaria simples, ao centro apresenta um portal emoldurado por pilastras de alvenaria simples e encimado por uma janela de corpo inteiro, por fim, à direita é rasgado, apenas ao nível do primeiro piso, por uma janela quadrangular retilínea com moldura de alvenaria simples. A fachada lateral direita é idêntica à esquerda, já descrita. INTERIOR: o acesso ao interior é feito pelo portal que se encontra no centro da fachada SO., no corpo principal do imóvel, ultrapassado o qual se encontra o átrio, elemento centralizador de toda a organização interna do imóvel, dele partem os corredores de circulação interna que permitem a ligação aos diversos espaços e, passando o guarda-vento, o acesso ao pátio interno. As escadas de acesso aos segundo e terceiro piso encontram-se nos topos desta ala central, na zona de interceção dos dois blocos perpendiculares. Em torno do átrio, prolongando-se por toda a ala central deste corpo principal, encontravam-se, os serviços médicos, os serviços administrativos (secretaria, arquivo, salas de diretores de ciclo/turma) e os vestiários. Sobre o átrio e ao longo desta ala central, no segundo piso, ficava localizada parte dos serviços especiais, mais propriamente, a biblioteca, o museu e as salas de Lavoures, da Mocidade Portuguesa, e de Trabalhos Manuais. O terceiro piso desta ala central era preenchido pelos laboratórios das Ciências Naturais e Físico-Químicas e as salas de Desenho. Os dois blocos perpendiculares eram preenchidos nos seus três pisos por salas de aula normal, exceção feita para o extremo O. do bloco do lado esquerdo onde existia, ao nível do terceiro piso, um anfiteatro. A ligação deste corpo principal ao corpo gímnico era feita, como já referido, por duas galerias cobertas destinadas a recreio, o mesmo destino tinha o grande pátio interno, para uso exclusivo das alunas. No corpo do ginásio, apetrechado pelos respetivos balneários e depósitos de apoio e palco, encontrava-se, igualmente, a E., o refeitório e a cozinha. A última campanha de obras procurou manter o essencial da estrutura do edifício existente, no entanto alguns espaços foram deslocalizados aproveitando os seus espaços anteriores para a atividade letiva. Assim, a intervenção foi direcionada, sobretudo, para o pátio central, onde foi criado um novo volume envidraçado que comunica axialmente com as quatro alas do edifício, e onde foram inseridos os espaços de maior vivência da escola e de maior abertura à comunidade, como sejam a biblioteca, o refeitório/sala polivalente, o bar, a loja escolar e a sala dos professores. As galerias que, ladeando este pátio interno, estabeleciam a ligação entre os dois corpos originais, foram fechadas e alteadas em mais um piso, ficando alocadas aos laboratórios. Por último, no limite N. do lote foi criada uma nova infraestrutura desportiva exterior coberta, complementada por novos espaços desportivos (ginásio e balneários).

Acessos

Avenida 25 de Abril.

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, destacado, circundado por muro de separação da via pública. Ocupa um lote regular inserido na malha urbana a O. da linha de caminho-de-ferro e a SO. da Ria de Aveiro, a sua fachada principal situa-se na Avenida 25 de Abril, dois quarteirões a N. da atual Escola Secundária Dr. Manuel das Neves (v. IPA.00017453), é delimitada, a NO., pela Rua Almeida Garrett, a NE., pela Rua Jaime Moniz (traseiras, onde confina com as instalações do Complexo Desportivo do Instituto Português do Desporto e da Juventude) e, a SE., pela Rua Dr. Manuel das Neves.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Educativa: liceu

Utilização Actual

Educativa: escola secundária

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Ministério da Educação e Ciência

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETO: José Costa e Silva (1947), José Bernardo Távora (2008); ENGENHEIRO: Inácio Francisco Silva (1947), António de Carvalho Lopes Monteiro (1947), IPERFORMA - Arquitetura e Engenharia, SA (2008); ARQUITETO PAISAGISTA: Laura Roldão e Costa (2008).

Cronologia

1851 - é criado, ao abrigo do Decreto de 20 de setembro de 1844, de Costa Cabral (1803-1889), que previa a existência de um liceu em cada capital de distrito e diocese do país, o Liceu de Aveiro; 1851, 14 de julho - sem instalações próprias, o liceu é instalado no edifício do Paço Episcopal; tratando-se de um pequeno "liceu de província", funciona com um mínimo de disciplinas (somente as obrigatórias), lecionadas por apenas três docentes, numa carga exclusivamente humanista; 1852, janeiro - existem notícias da sua instalação numa casa particular, cuja localização permanece, no entanto, desconhecida; outubro - é instalado noutra casa particular à Rua de Santa Catarina; 1857 - passa a ocupar as dependências do extinto Convento de Santo António (v. IPA.00000655), junto ao parque da cidade; 1860, fevereiro - são inauguradas as novas instalações na Praça da República (atual Escola Secundária Homem Cristo v. IPA.00020484), no edifício construído por influência do parlamentar setembrista José Estêvão Coelho de Magalhães (1809-1862), constituindo o primeiro imóvel construído de raiz para o ensino liceal em Portugal; com a reforma do ensino liceal deste ano o ensino das Ciências torna-se obrigatório, o que leva à contratação de mais docentes; 1894-1895 - Jaime Moniz (1837-1917), então ministro da Instrução Pública publica uma importante reforma do ensino liceal, que lhe toma o nome, na qual estrutura segundo bases técnico-científicas todo o ensino liceal (organiza currículos, adota o compêndio único para todos os liceus, organiza o ensino em torno do "regime de classes", confere um novo peso à figura do reitor, que a partir de então passa a poder ser uma figura exterior ao estabelecimento de ensino, nomeado para o efeito e ao qual compete a elaboração de um relatório anual de atividades); 1895-1910 - Francisco Regala é nomeado reitor do liceu, durante o seu reitorado é dado um forte impulso à prática da Educação Física e ao ensino prático, realizando-se inúmeras visitas de estudo; 1903 - matriculam-se as primeiras alunas, seis anos depois são já treze as alunas matriculadas; 1915, 24 setembro - após várias solicitações, nomeadamente do deputado aveirense Barbosa de Magalhães (1879-1959) e como forma de evitar a deslocação para fora do distrito de todos os que quisessem continuar os estudos complementares, o Liceu de Aveiro é elevado a Liceu Central (Lei n.º 462, publicada no DG, 1.ª série, n.º 194), devendo os custos desta passagem ser divididos pelas câmaras municipais do distrito; não tendo havido entendimento entre as autarquias a passagem do liceu a central não passou da letra da lei; 1916, 18 novembro - o município de Aveiro custeia a elevação do liceu a Central, o que significa que, a partir desta data passa a ser nele lecionado o curso complementar (de Letras e de Ciências); 1919, 7 janeiro - assume a designação de Liceu Central de Vasco da Gama; 1927, 12 de maio - por pressão do então reitor José Pereira Tavares, o liceu adota a denominação de Liceu de José Estêvão; 1938, 21 abril - é aprovado, pelo Decreto-lei n.º 28.604 (publicado no DG, 1.ª série, n.º 91) o programa das novas construções, ampliações e melhoramentos dos edifícios liceais (o chamado "Plano de 1938"), cuja execução fica a cargo da recém-criada Junta das Construções para o Ensino Técnico e Secundário (JCETS); está prevista neste programa a ampliação do liceu de Aveiro (misto, para 16 turmas), com a construção de um novo corpo letivo, recreio coberto, instalações desportivas e, caso a autarquia proceda à aquisição de casas para demolição, novos recreios ao ar livre, recebendo a JCETS, para o efeito uma dotação de 1.130.000$00; 1944, 24 abril - tendo em vista a continuação dos trabalhos iniciados com a aprovação do "Plano de 1938", são reforçadas, com a publicação do Decreto-lei n.º 33.618 (publicado no DG, 1.ª série, n.º 86), as verbas inicialmente previstas para a sua execução; o mesmo decreto prevê a construção de um novo liceu em Aveiro, em terreno a ceder pela câmara municipal, uma vez que para as obras de ampliação do edifício sito na Praça da República era necessário que a autarquia procedesse à aquisição para expropriação e demolição de uma série de casas de habitação, o que resultaria demasiado oneroso; a construção de um liceu misto para 16 turmas, equipado, pronto a funcionar, fica, no entanto, dependente da aquisição pela autarquia do anterior imóvel, dotando a JCETS de 1.500.000$00; 1945 - a escolha do local onde edificar o liceu recai sobre a Quinta das Agras, em zona de expansão urbana, sendo a proposta de urbanização do local dada a conhecer à JCETS no ano seguinte; 1947 - entra em funcionamento a secção feminina, nas obsoletas instalações da Praça da República; 20 junho - é publicada a portaria que autoriza a Câmara Municipal de Aveiro a contrair um empréstimo de 920.000$00 para aquisição da Quinta das Agras para a construção do novo liceu (DG, 2.ª série, n.º 147); agosto - encontra-se concluído o projeto das novas instalações, da autoria do arquiteto José Costa Silva e dos engenheiros Inácio Francisco Silva e António de Carvalho Lopes Monteiro, foi elaborado no seio da JCETS; 17 setembro - é promulgado o "Estatuto do Ensino Liceal" (Decreto n.º 36.508, publicado no DG, 1.ª série, n.º 216) que reorganiza todo o ensino dos liceus; de acordo com este diploma, o liceu adota a designação de Liceu de Aveiro (por ser o único na povoação), é considerado liceu nacional (o que significa que a sua manutenção está a cargo do poder central), misto, e nele são ministrados os três ciclos de ensino; 1948 - início da obra; 1951 - início da urbanização da envolvente ao liceu, pela Direção dos Serviços de Melhoramentos Urbanos; a JCETS estava prestes a concluir o plano de obras; 1952, 27 abril - conclusão da obra; 25 maio - entrega formal das instalações, equipadas e mobiladas, prontas a funcionar; setembro - iniciam-se as mudanças do antigo edifício na Praça da República para as novas instalações; 18 outubro - embora já se encontrasse em funcionamento, o liceu é simbolicamente inaugurado pelo chefe de Estado, general Craveiro Lopes (1895-1964), em cerimónia realizada no ginásio do Liceu de Oeiras (cfr. IPA.00021154), então solenemente inaugurado; na mesma cerimónia e também a título simbólico é inaugurado o liceu da Póvoa do Varzim (cfr. IPA.00011377) e as escolas técnicas Josefa de Óbidos e Nuno Gonçalves, em Lisboa, e Gomes Teixeira, no Porto; à cerimónia, que faz a primeira página dos dois jornais diários de maior tiragem (O Século e o Diário de Notícias) de 19 de outubro, comparecem, entre outros, e para além do presidente da República, os ministros da Educação Nacional, Fernando Pires de Lima (1906-1970), e das Obras Públicas, Frederico Ulrich (1905-1982), o administrador delegado da JCETS, o comandante geral da Armada, o diretor do Instituto de Altos Estudos Militares, os comandantes da Guarda Nacional Republicana, da Guarda Fiscal e da Defesa Marítima de Lisboa, o comandante-geral da Polícia de Segurança Pública, o presidente do Conselho Superior de Obras Públicas, os diretores-gerais da Fazenda Pública, do Ensino Técnico, do Ensino Liceal e do Ensino Primário, o comissário distrital da União Nacional, os edis de Oeiras, Cascais e Lisboa, e o conselheiro de Estado Caeiro da Mata; a importância da inauguração cerimónia é justificada, no próprio discurso do ministro da Educação Nacional (transcrito na imprensa), por com ela se encerrar o programa construtivo iniciado em 1928, marcando, assim, um ponto de viragem na política do Ministério da Educação que, de ora avante dará mais peso à construção de escolas para o ensino técnico, associando-se assim ao esforço de industrialização do país; para o fim do "Plano de 38" não terão, também, sido alheias as pressões exercidas pelo Grémio Nacional de Proprietários de Estabelecimentos de Ensino Particular; 1959 - início das obras de ampliação da ala S. do liceu pelos Serviços de Construção e Conservação, da DGEMN, em conjugação com a Junta de Construções para o Ensino Técnico e Secundário; 1974 - após a revolução de abril a escola tomou novamente o nome do seu antigo patrono, passando a chamar-se Escola Secundária José Estêvão; 2006, 24 agosto - o imóvel encontra-se em vias de classificação nos termos do Decreto-lei n.º 173/2006, DR, 1.ª série, n.º 16, que revoga as Zonas de Proteção criadas ao abrigo do Decreto n.º 21 875 de 18 novembro 1932 (alterado pelos Decreto-lei n.º 31.467 de 19 agosto 1941 e pelo Decreto-lei n.º 34.993 de 11 outubro 1945 e complementado pelo Decreto-lei n.º 40.388 de 21 novembro 1955), que regula o estabelecimento de zonas de proteção de edifícios públicos de reconhecido valor arquitetónico, processo de classificação que seria encerrado em 2009; 2008-2011 - as instalações recebem obras de requalificação realizadas pela empresa pública Parque Escolar, EPE, no âmbito da execução do Programa de Modernização das Escolas do Ensino Secundário afetas ao Ministério da Educação, 2.ª fase; a intervenção, a cargo de José Bernardo Távora - Arquitecto Unipessoal, Lda., visa a adaptação da estrutura existente aos novos modelos de ensino e aos atuais parâmetros de qualidade ambiental e de eficiência energética, para o que procede à reabilitação do edifício original, que amplia, integrando novos equipamentos e procedendo a uma reorganização funcional; com esta intervenção a escola atinge uma capacidade estimada de 48 turmas, num total de 1.065 alunos; 2013 - torna-se sede do Agrupamento de Escolas José Estêvão, agrupando com as escolas básicas Areais, Areias de Vilar, Presa, Solposto, e n.ºs 1 e 2 de São Bernardo.

Dados Técnicos

Estrutura mista

Materiais

Estrutura em betão armado e alvenaria de tijolo, rebocada e pintada; coberturas em telhado de telha tipo românico sobre estrutura de madeira formada por escoramentos apoiados no teto de betão, socos, revestimentos, degraus e pavimentos em cantaria de calcário; caixilharias em madeira, vidro e metal; pavimentos interiores em madeira; lambris e pavimentos dos espaços comuns em ladrilho hidráulico.

Bibliografia

ALEGRE, Alexandra; HEITOR, Teresa (coord.) - Liceus, Escolas Técnicas e Secundárias. Lisboa: Parque Escolar, EPE/Argumentum - Edições, Estudos e Realizações, 2010; ALEGRE, Maria Alexandra de Lacerda Nave - A Arquitectura Escolar: O Edifício Liceu em Portugal (1882-1978). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian/Fundação para a Ciência e Tecnologia, 2012 (Textos Universitários de Ciências Sociais e Humanas); HEITOR, Teresa (coord.); AA.VV. - Parque Escolar 2007-2011: Intervenção em 106 Escolas. Lisboa: Parque Escolar, EPE/Argumentum - Edições, Estudos e Realizações, 2011; MARQUES, Fernando Moreira - Os liceus do Estado Novo. Arquitectura, currículo e poder. Lisboa: EDUCA, 2003; Relatório da Actividade do Ministério no Triénio de 1947 a 1949. Lisboa: MOP/JCETS, 1950; Relatório da Actividade do Ministério no Ano de 1951. Lisboa: MOP/JCETS, 1952; Relatório da Actividade do Ministério no Ano de 1952. Lisboa: MOP/JCETS, 1953; Relatório da Actividade do Ministério no Ano de 1959. Lisboa: MOP/JCETS, 1960, vol. 1; www.parque-escolar.pt [acedido em junho 2014].

Documentação Gráfica

DGEMN:DSARH/DOC.00040024

Documentação Fotográfica

IHRU:SIPA/DOC.00067126

Documentação Administrativa

PT/MESG-05-ESJE

Intervenção Realizada

DGEMN: 1959 / 1961 - obras de ampliação;

Observações

*1 Compunham os espaços relativos ao grupo dos serviços escolares do 1.º ciclo (1.º ao 3.º ano) - sala de aula normal, sala de desenho, sala de trabalhos manuais, anfiteatro, recreio coberto e recreio ao ar livre; e dos 2.º e 3.º ciclos (4.ºao 6.º ano e curso complementar) - sala de aula normal, laboratórios, anfiteatro, sala de ciências geográfico-naturais, recreio coberto e recreio ao ar livre; *2 De acordo com o Estudo da Composição dos Vários Tipos de Liceus, elaborado pela JCETS, a dimensão dos liceus poderia variar em liceus para 24, 20, 16 e 9 turmas, a sala de aula normal, para uma turma, tinha capacidade para 35 alunos; *3 Decreto n.º 24802, de 21 de dezembro de 1934.

Autor e Data

Paula Tereno 2014

Actualização

 
 
 
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