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Edifício e estrutura Edifício Cultural e recreativo Casa de espetáculos Cine-teatro
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Descrição
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| CINEMA: Volume único, ocupa um lote rectangular do qual um dos lados maiores, N., é a sua fachada principal. O remate murário do edifício oculta a sua cobertura diferenciada em telhado a 3 águas (sala) e em terraço (caixa de palco). O alçado principal articula-se com os alçados E. (Av. Almirante Reis) e O. mediante elementos verticais boleados e coroados por esferas armilares em ferro forjado. O acesso à sala efectua-se num recesso da fachada N., após um lanço de escadas, ao qual sucede um grande envidraçado, num 2º registo que marca a totalidade da altura da sala. No interior, correspondem-lhe 3 pisos de corredores de circulação que envolvem e servem a sala de espectáculos (dotada de plateia, 1º e 2º balcões), cujos proscénio e caixa de palco se encontram no topo O do edifício. No foyer do balcão do 1.º piso encontra-se na entrada para a sala um painel de azulejos de João Fragoso. Uma 2ª e mais pequena sala foi entretanto adaptada, a partir do bar do 2º balcão, com acesso próprio a partir da cota mais baixa, no alçado E.; no piso térreo deste situa-se um restaurante-pastelaria que completava o conjunto e apresenta ainda um painel cerâmico de Jorge Barradas (1894 - 1971). CAFÉ: trata-se de um espaço de configuração quadrangular, articulado em dois pavimentos: o primeiro, desenvolvido ao nível da cota de entrada, é formado por uma galeria definida em "L", suspensa por longos pilotis revestidos a mosaico de vidro, que arrancam do pavimento inferior culminando no tecto; o segundo pavimento, sittuado a uma cota inferior, é acessível mediante uma extensa escadaria, definindo um espaço amplo, cujo pavimento desenha um padrão de enormes losangos brancos, ocres, cinzentos e avermelhados. |
Acessos
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| Alameda D. Afonso Henriques, n.º 35 - 35-C; Avenida Almirante Reis, n.º 205 - 205-E; Rua Quirino da Fonseca, n.º 28 - 28-B |
Protecção
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| Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 2/96, DR, 1.ª série-B, n.º 56 de 06 março 1996 *1 / Incluído na Zona Especial de Proteção da Igreja do Convento de Arroios (v. IPA.00003187) |
Enquadramento
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| Urbano, destacado, adossado |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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| Cultural e recreativa: cine-teatro |
Utilização Actual
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| Religiosa: igreja protestante / Comercial: estabelecimento de restauração |
Propriedade
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| Privada: pessoa colectiva |
Afectação
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| Sem afectação |
Época Construção
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| Séc. 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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| ARQUITECTOS: Cassiano Viriato Branco; António Varela, Frederico George; Raul Chorão Ramalho (restaurante); CONSTRUTOR: Herculano José Pinheiro. ESCULTOR: Joaquim Martins Correia (restaurante); PINTOR AZULEJOS: João Fragoso; PINTOR: Luís Dourdil (restaurante e cinema) e Frederico George. |
Cronologia
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| 1945 - a Sociedade Cinematográfica Império, Lda. encomenda o projeto ao arquiteto de Cassiano Viriato Branco (1897-1970) ; o projeto, que virá a ser chumbado, é apresentado nesse ano e compreendia uma dotação de 908 lugares na plateia e 1418 lugares nos dois balcões, conjugados com um sistema de fácil circulação entre os buffets e o grande salão de festas, situado entre o primeiro e o segundo balcão, um bar-dancing na subcave, e as aberturas para a Av. Almirante Reis;1947 - licenciamento camarário da 2ª versão do projecto; novas exigências da Inspeçao dos Espetáculos levam Cassiano a abandonar o projeto, tendo a empresa chamado o arquiteto António Varela para finalizar essas alterações (a entrada principal com escadaria para a Alameda e no corpo com fachada para a Almirante Reis o projeto de um restaurante);1948 - início da obra; 1951 - novas exigências levam ao abandono do projeto de António Varela tendo a obra sido entregue a Frederico Georges e Raul Chorão Ramalho; 1952, 24 de Maio - inauguração da sala de cinema; 1953 - licenciamento definitivo; 1955 - projeto de adaptação do Café Império da autoria de Raul Chorão Ramalho (1914-2002); esta adaptação constou da supressão dos acessos diretos do café aos foyers do cinema, por indicação da Empresa Cinematográfica Império; contemplou ainda a organização e ampliação dos serviços de cozinha e copa, a supressão de um corredor previsto ao longo da parede sul da cave e modificações determinadas pela introdução das soluções decorativas da autoria de Martins Correia (grupo escultórico) e Luís Dourdil [pintura mural]; 1958, janeiro - realiza-se no cinema o primeiro festival da canção; 1964, 30 de outubro - abertura de uma sala-estúdio, projeto de Frederico George no topo do edifício no espaço que tinha sido pensado para restaurante, e destinado ao cinema de autor; 1981 - projeto não realizado do atelier Paiva Lopes - Gabinete de Arquitetura e Urbanismo para aumento da volumetria do edifício com vista a integrar galeria comercial e duas pequenas salas de exibição; 1983, 31 de dezembro - fim da exploração como sala de cinema; 1992 - é comprado pela Igreja brasileira IURD - Igreja Universal do Reino de Deus - que aí instala a sua sede e local de culto; 1996 - o edifício é classificado como IIP; 2006 - reabertura do Restaurante "Café Império"; 2024, dezembro - a Academia Portuguesa de Cinema promove uma petição pública em defesa da preservação do edifício face à alteração de usos de espaço cultural para espaço religioso que a Câmara Municipal aprovou, a par da regularização de alterações nos interiores feitas sem apresentação e autorização na década de 1990, a subscrição da petição por cerca de 14 mil pessoas em poucos dias terá feito a Câmara Municipal alterar a sua intenção na modificação do uso, informando que se encontram em curso obras de alteração e ampliação, aprovadas pelo Património Cultural, I.P. em abril de 2023 sob condição da reversibilidade das intervenções. |
Dados Técnicos
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| Estrutura autónoma. |
Materiais
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| CINEMA: Betão armado, alvenaria de tijolo, placagem em cantaria de calcário e de mármore, ferro, vidro. CAFÉ IMPÉRIO: MOSAICO DE VIDRO no revestimento dos pilotis de sustentação da galeria superior; TIJOLEIRA VIDRADA e ripado vertical em MADEIRA no revestimento das paredes; tecto em ESTAFE; embutidos em MÁRMORE e LIOZ no pavimento do vestíbulo e da galeria superior. |
Bibliografia
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| Cine-teatro Império, in A Construção Civil, 1948; PORTAS, Nuno, A Evolução da Arquitectura Moderna em Portugal, in ZEVI, Bruno, História da Arquitectura Moderna, Vol. II, Lisboa, 1973; FRANÇA, José Augusto, A Arte em Portugal no Século XX, 2ª ed., Lisboa, 1985; FERREIRA, Raul Hestnes, SILVA, Fernando Gomes da, Cassiano Branco. Catálogo, Lisboa, 1986; ACCIAIUOLI, Margarida, Os Cinemas de Lisboa, Lisboa, Universidade Nova de Lisboa (tese de Mestrado); BONNEVILLE, Maria do Rosário e OUTROS, (coord. de), Cassiano Branco. Uma Obra Para o Futuro. Catálogo, Lisboa, 1991; MAIA, Maria Augusta Adrego, Cassiano Branco: Um Tempo, Uma Obra. 1897-1970, Lisboa, Universidade Nova de Lisboa (tese de Mestrado); FERNANDES, José Manuel, Arquitectura Modernista em Portugal, Lisboa, 1993; PEDREIRINHO, José Manuel, Dicionário de arquitectos activos em Portugal do Séc. I à actualidade, Porto, Edições Afrontamento, 1994; AAVV, Exposição Raul Chorão Ramalho Arquitecto, Almada, 1997; Arquitectura Moderna Portuguesa. 1920-1970, Lisboa, MC-IPPAR, 2004; ACCIAIUOLI, Margarida, Os Cinemas de Lisboa - Um fenómeno urbano do século XX, 2.ª edição, Bizâncio, 2013, pp.193-200, p.284 e p.300; "Moedas volta atrás e quer manter possível uso do Império como equipamento cultural", Jornal Público, 17 dezembro de 2024. |
Documentação Gráfica
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| IHRU: DGEMN/ Arquivo Pessoal de Frederico George, DGEMN/Arquivo Pessoal Raul Chorão Ramalho |
Documentação Fotográfica
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| IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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| IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DSARH; CML: Arquivo de Obras, Proc. nº 3506; IGESPAR: IPPAR, Proc. nº 89/3 (76) |
Intervenção Realizada
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| 1954 - 55 - obras de alterações do Café Império, tornando-o independente da sala de espectáculos; 1956 - alteração da cobertura da caixa de palco; 1960 - alteração da escada de acesso ao 1º balcão; 1962 - alteração das bilheteiras, do foyer e da escada O.; 1964 - alteração do poço do elevador; 1967 - obras de manutenção geral; 1969 - reparação de cantaria da fachada danificada pelo terramoto deste ano; 1969 - 72 obras de transformação do foyer do 2º balcão em sala-estúdio; 1992 - limpeza das fachadas |
Observações
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| *1 - DOF: Cinema Império, também denominado «Cine-Teatro Império», incluindo todas as obras de arte que integram os seus interiores. |
Autor e Data
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| Teresa Vale e Carlos Gomes 1993 |
Actualização
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