Muralhas da cidade da Covilhã

IPA.00002530
Portugal, Castelo Branco, Covilhã, União das freguesias de Covilhã e Canhoso
 
Fortificação com alguma importância na defesa do vale do Zêzere, composta por castelo, construído na zona mais alta da encosta, e pela cerca da vila, de boas dimensões, rasgada por 5 portas, cada uma delas primitivamente flanqueada por duas torres ou cubelos quadrangulares, e por vários postigos. As muralhas, actualmente de perímetro incompleto, têm aparelho irregular, revelando distintas intervenções, com alguns troços em risco, e em grande parte tendo adossado pela face interna casas de habitação, desenvolvidas em altura. As muralhas são de traçado irregular de tendência poligonal, construídas parcialmente sobre o afloramento rochoso, desprovidas de remate e rasgadas por várias portas e postigos, perceptíveis apenas no traçado urbano. No topo N. conserva alguns vestígios relativos ao castelo da vila, nomeadamente alguns troços de muralhas e uma das torres, descrita nas Memórias Paroquiais como sendo a de menagem. Esta destaca-se, pela sua planta octogonal, ainda que muito alterada por ter sido adaptada a depósito de água. Da antiga barbacã medieval subsiste apenas a sua memória na toponímica local e uma representação parcial da mesma, da segunda metade do séc. 18.
Número IPA Antigo: PT020503170010
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Militar  Cerca urbana    

Descrição

Muralhas da vila de planta irregular de tendência poligonal, com o perímetro actualmente incompleto e, por vezes, perceptível apenas no traçado urbano. Os troços de muralha têm aparelho vittatum sem remate, nem merlões. Sensivelmente a O., na zona da antiga Porta do Castelo, no topo da Rua Capitão João de Almeida, ocupada por instalações fabris, apresenta alguns troços interrompidos e a antiga torre de menagem, reaproveitada para depósito de água, de planta octogonal, massa simples, parcialmente revestida a cimento, com faixa em cimento encarapinhado e reforçada a gatos de ferro; a O. é rasgada por dois pequenos vãos jacentes, a S. e a E. por apenas um e a N. por porta de verga recta, com porta de ferro, e óculo em losango. Para N. existe um troço ao longo da Calçada de Santa Cruz, com uma zona em ruína, sensivelmente a meio, e interrompido no local do antigo postigo da Pousa pela Rua Pedro Álvares Cabral. Entre o local da Porta do Castelo e o do Postigo da Pousa existem, incrustados em diversas habitações e quintais, três troços desconexos mas concêntricos, localizados entre a Calçada de Santa Cruz e as escadas do Castelo que poderão relacionar-se com o núcleo do castelo ou a evolução do sistema defensivo e o sucessivo alargamento da cerca, atendendo aos diferentes tipos de aparelho e às marcações que persistiram no traçado urbanístico. Na fachada posterior de uma casa do Beco do Castelo, abre-se uma seteira, actualmente transformada em janela. Entre a Rua Pedro Álvares Cabral e o início da Rua da Senhora da Paciência, onde se implantava a antiga Porta de Altravelho ou Caravelho, não existe qualquer vestígio das muralhas. A partir daí, desenvolve-se um troço de muralha, construído parcialmente sobre o afloramento rochoso, e a que se adossaram na face interna construções; a muralha tem a cantaria aparente ou rebocada e pintada, rasgada por vários vãos, dispostos em dois registos, tendo sido alteada por um outro piso, construído em alvenaria de pedra, tijolo ou tabique. No topo NE., a muralha tem perfil curvo e é interrompida na Travessa do Postiguinho, local onde ficava o Postigo do Terreiro de D. Teresa. A partir daí, existe troço de muralha actualmente integrada no embasamento das duas casas com a fachada principal virada à Rua dos Bombeiros Voluntários, nº 46 e 32 (v. PT020503170222 e PT020503170221). Junto à fachada posterior do Edifício da Câmara Municipal (v. PT020503200033), onde ficava a Porta da Vila, a muralha é interrompida, para ter continuidade um pouco mais à frente, atrás do Edifício dos Correios (v. PT020503200079), integrada em quintais particulares e sobreposta por várias casas de habitação. No ângulo SE. identifica-se o local da antiga Porta do Sol, disposta numa cota muito elevada; para O. e ao longo da Rua António Augusto de Aguiar existe troço de muralha igualmente construída numa cota muito elevada, com acesso por escada de pedra que vence o desnível acentuado. Nesta zona, a muralha possui esbarro e é reforçada inferiormente em cantaria com aparelho irregular, tendo algumas zonas construídas sobre o afloramento rochoso e várias construções alteando-a. Na Rua de Olivença, local onde se implantava a antiga Porta de São Vicente, as muralhas são interrompidas, possuindo cunhais boleados e, numa das faces internas, pequeno nicho em arco de volta perfeita. Ainda que com uma interrupção, a muralha tem continuidade numa pequena quelha paralela à Rua D. Cristóvão de Castro, apresentando o aparelho com várias irregularidades e sendo alteada por construções adossadas na face interna. Depois de longo troço interrompido, a muralha tem continuidade ao longo da Rua Capitão João de Almeida, virada a O., encimada por muro de alvenaria irregular, até à zona do castelo.

Acessos

Calçada de Santa Cruz, Rua do Norte, Rua António Augusto de Aguiar, Rua João de Almeida. WGS84: 40º16'45.02''N., 7º30'16.51''O.

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 1/86, DR n.º 02 de 03 janeiro 1986

Enquadramento

Urbano, a meia encosta na vertente SE. da Serra da Estrela, a cerca de 680 m. de altitude, delimitado pelas Ribeiras da Degoldra e da Carpinteira, sobranceiro ao vale do Zêzere. Os troços das muralhas encontram-se isolados, com vários imóveis adossados ou parcialmente integrados em construções, adaptados ao declive acentuado do terreno.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Militar: cerca urbana

Utilização Actual

Cultural e recreativa: marco histórico-cultural

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 13 / 14 / 16

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

711 - a população do assentamento castrejo, ameaçada pelas permanentes incursões muçulmanas, refugia-se no seu interior e reforça e refaz as muralhas; ocupação árabe destrói as muralhas mais de uma vez; posteriormente, constrói-se um castelo e, provavelmente, outras muralhas; recuo da ocupação do vale para a proximidade do castelo e, segundo Moura Quintela, desenvolve-se a área a S. da zona fortificada, "junto aos pomares da ladeira de Martin Collo"; 1055 - segundo Maria José Ferro TAVARES, é provável Fernando Magno ter chegado à Covilhã e mandar reconstruir a povoação e o castelo, numa das ladeiras; 1186, Setembro - concessão de carta de foral por D. Sancho I, seguindo o modelo de Ávila / Évora; 1186 - segundo Moura Quintela, foi naquele lugar que D. Sancho I mandou proceder à reedificação da vila, que depois se estendeu para a zona superior da encosta; terá também mandado edificar as muralhas; Covilhã tinha o privilégio de ser sempre realenga; 1188 - D. Sancho I deixa em testamento uma quantia para a construção das muralhas; 1199 - D. Sancho I deu Covilhã a Raimundo Pais, como recompensa de serviços prestados; 1209 - quando as obras defensivas ainda não estavam concluídas, a povoação foi tomada e saqueada pelos mouros; 1210 - reconquistada por D. Sancho I, este mandou reparar ou reconstruir rapidamente as muralhas; 1217, Outubro - D. Afonso II concedeu-lhe foral; 1253, 2 Dezembro - D. Afonso III declara na sua provisão que a Covilhã é uma das principais povoações da Beira; 1300 - renovação das muralhas por ordem de D. Dinis: construção de novas torres e alargamento da cerca muralhada, que possuía três portas defendidas por torres (Porta do Sol, Porta de São Vicente e Porta de Vale de Caravelho) e três postigos (Postigos de D. Isaura, do Rosário e do S.); séc. 14 - o alcaide-mor Álvaro Vasques de Castelo Branco sucedeu a Vasco Pais de Castelo Branco; 1367 / 1383, entre - alguns moradores da cerca queixam-se a D. Fernando que esta "era de dentro toda despovoada e que a povoação era n'ella muito necessaria e se não podia povoar", sem a concessão de alguns privilégios aos que no seu interior fossem morar; D. Fernando concede aos moradores intramuros o privilégio de não pagarem fintas, nem "talho, e que servissem os officios honrados da Villa, e os não servissem os moradores do arrabalde"; pela sua resposta, percebe-se que a cerca da vila era maior do que o necessário, existia um arrabalde que, concorria, em importância e densidade, com a vila intramuros; é possível ter ocorrido algumas obras de reparação no reinado de D. Fernando; 1384 - o mestre de Avis doa os foros e direitos dos judeus da Covilhã ao alcaide Afonso Gomes da Silva; 1411, 17 Abril - doação da povoação a D. Henrique; 1422 - no Rol dos Besteiros, é referida a existência de 6390 habitantes; 1459 - provisão de D. Afonso V ordenando a reparação das muralhas; 1468 - procuradores queixam-se a D. Afonso V da judiaria estar "na metade do lugar" e ter 10 portas, que abriam para a cristandade e algumas delas para os adros de igrejas, pedindo assim ao rei que limitasse o número de portas do bairro dos judeus, não tendo mais do que 5 portas, devendo as que abrissem para os adros ser encerradas; 1471, 30 Junho - por morte do anterior, a povoação passa para a posse de D. Diogo; 1489 - a povoação foi doada a D. Manuel, futuro monarca; 1490 - referência à judaria da Covilhã estar situada "no muro da dicta vila contra o arravalde"; 1496 - nas Inquirições, é referida a existência de 2371 habitantes; 1497 - era alcaide-mor da Covilhã e fidalgo do conselho do rei D. Rodrigo de Castro, a quem D. Manuel mantinha a tença de 42.5000 reais, pagas pelas sisas da Covilhã "do corpo da vila"; 1498, 21 Fevereiro - D. Manuel I diz na sua provisão que Covilhã é a principal vila no centro das outras vilas do reino; 1510 - concessão de Foral Novo por D. Manuel, que terá mandado alargar a cintura muralhada; 1527 - concessão do senhorio da vila ao Infante D. Luís, Duque de Beja; no Numeramento, é referida a existência de 4040 habitantes; 1570, 6 Julho - provisão de D. Sebastião referindo que a vila da Covilhã fez sempre grandes serviços à Coroa, daí lhe conferir o título de "notável"; 1580 - data que estaria gravada junto ao castelo (Memórias Paroquiais); 1614 - construção dos novos paços do concelho sobre uma antiga construção quinhentista e sobre o pano nascente da muralha medieval, integrando na fachada a antiga Porta da Vila; 1641 - os capítulos das Cortes referem que alguns troços das muralhas se encontravam desbaratados, sendo ordenada a sua reparação e mencionam a existência do Poço de El-Rei; 1734 - descrição das muralhas pelo Padre Cabral de Pina, prior de São Silvestre *1; tinha cinco portas - a E., a da Vila (Antigo Arco da Cadeia) e a do S., a N. a Porta de Vale de Carvalho; a S., a de São Vicente; a O., a Porta do Castelo, junto à torre onde vivia o alcaide-mor, Visconde de Barbacena; as muralhas encontravam-se bem conservadas, mas começaram a ser demolidas; 1755, 1 Novembro - o terramoto provocou grandes danos no castelo e no interior das muralhas; 1758 - as Memórias Paroquiais referem a que vila tinha muros de pedra de cantaria lavrada, com 5 portas grandes, com seus torreões, 2 para E., chamadas da Vila e do Sol, a 3ª para S. denominada de São Vicente, a 4ª para N. chamada de Altravelho, a 5ª chamada do castelo, junto à qual, em sítio mais elevado, está uma eminente torre, chamada de menagem, de 5 quinas; possui ainda 4 postigos: o da Pouza, o do Rosário, o da Barbacã e o do Terreiro de d. Teresa; as muralhas circundavam uma área com cerca de 9 ha; 1769, 12 Maio - carta régia autorizando o aproveitamento de "pedraria dos muros arruínados" na construção da Real Fábrica de Panos, nas margens da ribeira de Goldra, por iniciativa do Marquês de Pombal; séc. 18, 2ª metade - desenho parcial das Muralhas da Covilhã, da autoria de José Monteiro de Carvalho, retratando uma das portas da vila, muito possivelmente a de São Vicente, entre duas torres quadradas e parte da barbacã, com merlões; 1870, 20 Outubro - a vila da Covilhã foi elevada a cidade; 1874 - segundo Pinho Leal, na parte alta da cidade ficava um castelo antiquíssimo, com duas torres e cuja fundação era atribuída a D. Sancho I; a cidade era cercada de muralhas, com três portas: a de Val-de-Caravelho, a do Sol e São Vicente, e todas as suas obras de defesa estavam em ruína; séc. 20 - demolição da Porta de São Vicente; 1949 - demolição do edifício filipino dos Paços do Concelho integrado na muralha e da torre que defendia a Porta da Vila e Arco da Cadeia; achou-se a cisterna, preservada pela Associação Cava Juliana; 1999, 30 Dezembro - derrocada parcial da muralha, na zona das Portas do Sol, junto ao Mercado Municipal; 2001 - nova derrocada de alguns blocos da muralha; 2002 - analisadas as condições de estabilidade e as medidas de estabilização a tomar pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em cantaria de granito; reboco em cimento; gatos e porta em ferro na torre octogonal.

Bibliografia

ALMEIDA, João de, Roteiro dos Monumentos Militares Portugueses, Lisboa, 1948; ALMEIDA, José António Ferreira de, dir., Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, 1980; BARBOSA, Inácio de Vilhena, As Cidades e Vilas da Monarchia Portugueza, Lisboa, 1860; Covilhã, percursos de uma história secular, Paços de Ferreira, Néstia Editores, 2003; DIAS, L. F. Carvalho, História dos Lanifícios (1750 / 1834) - Documentos, Lisboa, 1958; DIONÍSIO, Sant'Ana, Guia de Portugal, Lisboa, 1984; Do Foral à Covilhã do século XII, Covilhã, Associação de Defesa do Património Histórico-cultural da Covilhã, 1988; FERNANDES, Adelino Pais, Concelho da Covilhã e Memórias Paroquiais de 1758, Covilhã, 2000; GOMES, Rita Costa, Castelos da Raia. Beira, vol. I, Lisboa, 1997; GONÇALVES, Luís Jorge Rodrigues, Os castelos da Beira interior na defesa de Portugal (séc. XII - XVI), [dissertação de mestrado], Lisboa, Faculdade de Letras de Lisboa, 1995; LEAL, Pinho, Portugal Antigo e Moderno, vol. 2, Lisboa, 1874; Monumentos, n.º 21, 24, Lisboa, DGEMN, 2004, 2006; Muralhas da Covilhã, um monumento a preservar, Notícias da Covilhã, 12 Setembro, 1980; PEREIRA, Daniela, A estrutura urbanística da Covilhã entre a Idade Média e a Idade Moderna, in Revista Monumentos, nº 29, Lisboa Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana, 2009, pp. 16-23; PIRES, António João, Estado Actual das Antigas Muralhas da Covilhã in Comunicações das 1ªs Jornadas Regionais sobre Monumentos Militares, Penamacor, 1983, pp. 9 - 11; QUINTELLA, Arthur de Moura, Subsídios para a Monographia da Covilhan, Covilhã, Typographia d'O Rebate, 1899; RODRIGUES, José Miguel, Covilhã: evolução urbana da cidade, in Monumentos, nº 29, Lisboa, Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana, 2009, pp. 6-15; SALVADO, António, Elementos para um Inventário Artístico do Distrito de Castelo Branco, Castelo Branco, 1976; SANTOS, José Mendes dos, Breve História Cronológica da Covilhã, Covilhã, 1994; SILVA, José Aires da, História da Covilhã, Edição do Autor, 1970; TAVARES, Maria José Ferro, A Judiaria da Covilhã, in Revista Monumentos, nº 29, Lisboa, Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana, 2009, pp. 24-29.

Documentação Gráfica

CMCovilhã

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, IHRU: SIPA; CMCovilhã

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, IHRU: SIPA; CMCovilhã; IGESPAR: IPAAR; BNP: Secção Iconografia (D. 159 R.)

Intervenção Realizada

DGEMN/ CMCovilhã: 2000 - reconstrução e consolidação do pano de muralha que sofreu uma derrocada na zona da Porta do Sol; consolidação do edifício existente sobre a muralha; 2002 - limpeza da vegetação do talude, consolidação dos blocos soltos; reforço da fundação da muralha; LNEC / DGEMN / CMCovilhã: 2004 / 2005 / 2006 - consolidação das muralhas entre a Porta do Sol e a Porta de São Vicente, com limpeza de vegetação, consolidação dos alicerces, instalação de sistemas de drenagem; iluminação cénica das muralhas.

Observações

*1 - Segundo a descrição do Padre Pina, em 1734, a vila era murada, em cantaria tosca, fechada e lavrada, com cerca de 30 palmos de altura. Num troço de muralha pertencendo ao Sr. José Espiga, à Senhora do Rosário, integrava grandes pedras, com 15 ou 18 palmos de comprimento. Os muros estavam bastante arruinados, e com muitas quebradas, algumas chegando até ao meio da parede e outras até ao chão. Possuía três postigos: um a Nascente, chamado de D. Joana, outro para S., e outro para O., chamado postigo do Rosário, por estar ao pé da Igreja da Senhora do Rosário. Tinha quatro portas principais: a primeira, designada de Vale de Caravelho, para N., com duas torres quadradas e bem feitas, avançadas do muro, e pouco mais altas que ele, uma das quais estava inteira e a outra demolida até meio. A segunda é a porta do Sol, disposta a Nascente, com duas torres semelhantes às já referidas, uma das quais estava inteira e a outra demolida até ao chão. A terceira é a porta de São Vicente, a Poente, com duas torres, como as outras, ambas inteiras e uma tendo alguma abertura e barriga, ainda que não muito grande; a outra, porém tinha uma grande abertura e ameaçava ruína. A quarta é a porta do Castelo, por estar no cimo do mesmo castelo, situada entre o Poente e N., e tinha duas torres, uma das quais era como as acima, e a outra tinha cinco quinas e quase cem palmos de altura, sendo terra própria do castelo da Vila. Esta torre facetada, da parte de dentro do castelo tinha uma porta pequena por onde se entrava, quinze palmos acima do alicerce e para esta havia um balcão com escadas, que se demoliu. A torre por dentro já não tem madeiramento algum. Tem três aberturas pequenas, uma das quais ameaça alguma ruína. O castelo da vila é murado por todas as partes e para o lado da serra serve-lhe o muro de parede na qual está a dita torre grande. Tem para Nascente dois fortes ao jeito de torres saídas fora da parede, um dos quais está demolido numa esquina até ao meio. Dentro do castelo estão umas casas do Visconde de Barbacena, alcaide-mor da vila. Sobre a porta do castelo, tal como na parede dos muros por baixo do mesmo, existe para O. inscrição com a data 1580. *2 - Segundo Arthur de Moura QUINTELA, no séc. 19, "Um dos castelos dos muros da villa, se não a propria alcaçova, serviu até 1536 de prisão de criminosos para por provisão de 9 d'outubro d'esse ano, passado em Moura pelo infante D. Luiz, então Senhor da Covilhan, se mandou transferir os presos do castello para a cadeia nova. Ignoramos onde ella existiu. A actual foi mandada edificar por Philippe II, e concluída em 1614, junto da muralha e de uma das suas antigas portas, aproveitando-se uma das torres d'esta, a do Sul, para o relogio e sino da ronda onde ainda se acham".

Autor e Data

Margarida Conceição 1994 / Paula Noé 2009

Actualização

 
 
 
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