Colégio de São Paulo

IPA.00025125
Portugal, Évora, Évora, União das freguesias de Évora (São Mamede, Sé, São Pedro e Santo Antão)
 
Arquitectura religiosa educativa, seiscentista, barroca, neoclássica. Antigo colégio paulista que mantém a forma seiscentista dos fundamentos. Capela com cobertura em abóbada decorada por pinturas murais de gosto pompeiano, de meados do séc. 18, de características semelhantes às que se encontram no Antigo Colégio do Espírito Santo (v. PT040705210023), executadas em 1776 aquando da instalação no imóvel da Ordem Terceira de São Francisco. Azulejos barrocos.
Número IPA Antigo: PT040705050201
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Educativo  Colégio religioso    

Descrição

Planta rectangular regular composta por dois volumes articulados, a Portaria e a Capela principal. As massas dispostas, maioritariamente, na horizontal com cobertura diferenciada em telhado de duas águas no edifício do Colégio, em terraço na Portaria e na Capela principal, neste caso rematado por lanterna octogonal encimada por urna. Fachadas rebocadas e integralmente pintadas a branco, excepto a fachada principal e lateral S. que têm o soco, os cunhais e as molduras das portas e janelas, excepto as que são em cantaria de granito, pintadas a amarelo. A fachada principal é de pano único rasgado a três níveis por vários tipos de aberturas. O primeiro nível apresenta duas portas em ogiva, uma delas cega, e três janelas gradeadas. No segundo nível existem duas janelas de peito com sistema de guilhotina, uma delas com gradeamento, e três janelas, com bandeira, de sacada. O terceiro nível tem sete janelas de peito. O ingresso ao interior é antecedido por alpendre de planta quadrangular acessível por seis degraus em granito. Este espaço apresenta balaustrada em ferro fundido, três arcos plenos, dois deles partilhando a mesma coluna granítica, alizar de azulejos azuis e brancos e cobertura em abóbada de berço. Este espaço é rematado superiormente, nas extremidades, por plintos encimados por bolas e terraço. A fachada lateral esquerda apresenta quatro aberturas, descentradas, em dois níveis. No primeiro existe uma porta, de acesso ao terraço sobre a capela principal, e uma janela de peito. O segundo tem janelas mais pequenas que comunicam com o desvão do edifício. Adossado ao edifício subsiste a capela principal cuja fachada apresenta dois panos, cada um rasgado por porta em granito, sendo o primeiro recuado em relação ao segundo. A fachada é rematada por duas volutas que ladeiam um pedestal central onde estaria colocada uma figura, actualmente deslocada. A fachada lateral direita é rasgada a três níveis por várias aberturas. No primeiro nível existe porta ladeada por duas janelas de guilhotina. O segundo é composto por janela de guilhotina com moldura em granito, uma janela de sacada e duas aberturas mais pequenas, rectangulares, que aparentam ter sido recentemente rasgadas. O terceiro nível, separado do segundo por cornija, apresenta nove aberturas diferenciadas, a primeira é uma janela simples, a segunda é uma varanda assente em dois cachorros com gradeamento, a terceira, quarta e quinta são janelas circulares de dimensão diferenciada colocadas, duas delas sobrepujantes à varanda e a terceira imediatamente colocada abaixo, as quatro finais são rectangulares, de pequena dimensão, e aparentam ser obra relativamente recente. Adossada a esta fachada existe Torre*1 de formato quadrangular, considerada das mais sólidas da cerca velha, muito atingida por explosão*2. A fachada posterior caracteriza-se pela varanda e pelas quatro janelas graníticas em arco quebrado. INTERIOR: O piso inferior do edifício é acessível por portal granítico, em arco quebrado, que abre para sala rectangular, zona do antigo refeitório, decorada em três das paredes e a um terço da altura por alizar de azulejos azuis e brancos e banco corrido, sendo a quarta parede decorada igualmente por alizar, ainda que mais baixo. Este espaço é igualmente valorizado com três aberturas em arco quebrado, sendo duas delas cegas, e uma porta de moldura granítica. A cobertura é em abóbada de berço decorada com caixotões rematados por artesões. Na sala seguinte, de planta em T, o destaque vai para o lavabo marmóreo e para os três pilares, de secção quadrangular, graníticos que servem de ponto de descarga central para os cinco tramos abobadados do espaço, que se apoiam, igualmente, em mísulas e pilares integrados nas paredes. As abóbadas são de aresta apresentando, três dos tramos, pequenos elementos triangulares pintados a negro. Esta parte do edifício é composta ainda por corredor que permite acesso a quatro salas abobadadas, uma delas com janela em arco quebrado e, por fim, a porta que dá acesso ao quintal de planta rectangular. No segundo piso distingue-se a Portaria, espaço de planta quadrada, decorado com alizar de azulejos *3 azuis e brancos, de albarradas e pássaros, com moldura de ornatos estilizados; cobertura é em abóbada de barrete de clérigo completamente decorada por pinturas murais em tons policromos. Segue corredor com pavimento composto por placas de xisto, paredes decoradas com lambril de azulejos *4, até um terço da sua altura, e cobertura abobadada; o corredor tem seis portas emolduradas a granito, uma delas com cornija, que davam acesso às antigas celas, que actualmente se encontram ligadas formando um amplo espaço comum, e uma sétima que dá acesso à janela de sacada do primeiro piso. Na ampla sala, que se segue às portas atrás mencionadas, destacam-se dois vãos, em arco quebrado, graníticos e a cobertura abobadada. No terceiro piso corredor, com abóbada em arco pleno, que abre para seis salas simples e janela com vista para o quintal; deste piso desce um lanço de escada em direcção ao rés-do-chão, espaço onde estava localizada a capela principal do edifício; esta, de planta rectangular, mantém o lambril original de azulejos (amarelos, azuis e brancos) que cobrem c. de metade do pé direito, sendo apenas interrompido por três portas em granito; cobertura em abóbada de canhão, iluminada por lanternim octogonal, e decorada por pinturas murais, de carácter ilusionista, de arquitecturas perspectivadas, repleta de colunas, entablamentos, pequenas varandas com balaustradas, vazadas, através das quais se vêm outras abóbadas perspectivadas, em jogos de planos onde a cor vai perdendo a exuberância; paleta de cores variada, em tons fortes de verde, vermelho, roxo e ocre. Existem ainda dois oratórios.

Acessos

Praça de Sertório, nºs 15 - 17. VWGS84 (graus decimais) lat. 38,572575 long. -7,910182.

Protecção

Incluído no Centro Histórico da cidade de Évora (v. PT040705050070) / Incluído na Zona de Protecção do Convento do Salvador (v. PT040705210041), do Aqueduto da Prata (v. PT040705210026) e das Muralhas de Évora (v. PT040705210040)

Enquadramento

Urbano, intramuros, em pleno Centro Histórico no limite N. da Pr. de Sertório, acompanhando o declive que se forma nesta zona em direcção à Porta Nova. Adossado a S. por edifício de grande porte e limitado a N. por quintal delimitado a O. por uma das torre das Muralhas de Évora (v. PT040705210040) e a E. por um cano do Aqueduto da Prata (v. PT040705210026) com casario comum incorporado nos arcos. Abre a fachada para o Antigo Convento e Igreja do Salvador (v. PT040705050041) e uma fachada lateral adossada ao Edifício da Caixa-Geral de Depósitos (v. PT040705050191) . A NE. o edifício da Câmara Municipal (v. PT040705050148).

Descrição Complementar

AZULEJARIA: Na capela principal subsiste o silhar primitivo de azulejos policromos, em desenho largo, de folhagem envolvida por cartelas barrocas, conjunto invulgar de cerâmica artística: a barra, de campânulas em ligação contínua, é encimada por corrente de elementos ovais. É trabalho oficinal de Lisboa, da 1ª metade do século 17, estando ainda dentro das características da arte renascentista temporã; A Portaria foi decorada, recentemente, no rodapé, por guarnição de azulejaria monocroma, floral, recolhida de uma construção local pela DGEMN. A sala é envolvida por alisares de azulejos azuis e brancos em desenho de albarradas e pássaros, com moldura barroca de ornatos estilizados, datáveis de cerca de 1700; O corredor anexo, que comunicava com as antigas celas do andar nobre, é adornado por lambril de azulejos dos fins do século 17, em desenho de albarradas e querubins conduzindo açafates de frutos e verduras, a cor azul sobre fundo branco; O Refeitório conserva a barra de azulejos azuis e brancos, de dois tipos distintos: figura avulsa, no revestimento dos assentos de alvenaria, destinados ao corpo escolar (século 18) e de padrão idêntico ao do corredor acima referido, ornado de anjos, cariátides e açafates, no forro da parede, em forma de espaldar, datáveis da época de D. Pedro II. EPIGRAFIA: no tecto da Capela Principal a data de 1776 e no da Portaria a data de 1689 e a inscrição FRANCE ESVRIENT PANEM TVVM ISAI; Os quatro medalhões elípticos representando Santo Agostinho, São Jerónimo, São Paulo e Santo Antão têm as seguintes inscrições: S. AVGVSTINIVS / DEXTERA FERT LIBRVM, / COR RITE SINISTRA REPORTAT; / LIBER MENTIS, COR NECTAR / AMORIS HABET., S. HIERONYMUS / QVID LAPIS IN DEXTRA? / SAXO QVID PECTORA TVNDIT? / CONCIPIER FLAMMAM FOMITE / CORDIS AMAT., PAVLVS EREMITARVM / AVCTOR ET MAGISTER / DANS TEGIMEN MEMBRIS / PORTENDIT PALMA TRIVMPHOS; / SED QVAE TESTAMENTVR? SILVANE? / PALMA SATIS. e S. ANTONIVS / ABBAS / APPERIT HIC SILVAM MVNDO / CAMPANVLA DVCIT: / HIC STANS AD VALVAS, / MONTIBVS ILLA SONANS.; no centro da abóbada: "FRANCE ESVRIENT / PANEM TVVM ISAI. (Cap. 58)". PINTURA MURAL: na abóbada da portaria pinturas de carácter alegórico da ordem contemplativa eremitiana, com figuração de brutescos, aves canoras, vieiras, atributos naturalistas e cartelas tipicamente barrocas; quatro medalhões circulares em cada uma das arestas da abóbada, encerram outras tantas paisagens campestre e marinhas, sendo cada um deles envolvido por exuberante decoração de flores, folhas de acanto, cartelas vazadas, e um mascarão a suspender todo este conjunto; entre cada dois destes medalhões, e ao meio de cada um dos panos da abóbada, composição de forma elíptica com a representação de Santo Agostinho, São Jerónimo, São Paulo e Santo Antão; cada uma destas composições, com moldura simples, é ladeada por dois querubins que superiormente seguram legenda alusiva ao santo, e cujo texto continua noutra moldura em baixo, iniciado por cabídulas góticas floreadas; no centro da abóbada emblema da Ordem (duas mãos segurando o simbólico pão do corvo) emoldurado por cartela azulada, suportado e ladeado por quatro querubins, dois empunhando palmas de martírio e outros dois pisando leões estantes, igualmente emblemáticos, e suportando escudetes de Portugal; em filactera sotoposta a data de 1689 e uma inscrição latina; predominam os tons ocre, nas molduras e cartelas vazadas e o azul acinzentado nos elementos florais.

Utilização Inicial

Educativa: colégio religioso

Utilização Actual

Política e administrativa: repartições públicas

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido

Cronologia

1578 - fundação do Colégio de São Paulo sob protecção e assistência económica do Cardeal-Rei D. Henrique; 1579 - solicitado ao Rei D. Sebastião o acesso a anel de água do Aqueduto da Prata, tendo o pedido sido recusado; 1594 - concedido à comunidade, por D. Filipe II, anel de água do Aqueduto da Prata; 1689 - data nas pinturas murais da Portaria; 1700, c. de - azulejos do interior da Portaria; Séc. 18, meados - data provável de execução das pinturas murais da capela; 1836 - funcionava como Cadeia Estadual; Séc. 20, finais - Séc. 21 - colocação de rodapé de azulejos na Portaria, recolhidos pela DGEMN e provenientes de uma construção local; 2000, março - Inventariado no Plano de Urbanização de Évora com o n.º 18.

Dados Técnicos

Estrutura mista reforçada com cunhais de silharia. Pintura a fresco e a seco.

Materiais

Alvenaria mista, rebocada e pintada de branco; granito nas colunas do rés-do-chão, nas molduras da maior parte das janelas e portas e nas escadas de acesso ao segundo piso do edifício; mármore no lavabo do piso térreo; xisto a forrar o chão do segundo piso; ladrilho cerâmico a forrar o chão do primeiro piso; painéis de azulejo tradicional cobrem o lambril de algumas dependências do edifício; telha cerâmica na cobertura

Bibliografia

ESPANCA, Túlio, Subsídios para a história do antigo Colégio de S. Paulo, A Cidade de Évora, 31-32, Janeiro - Junho, 1953, pp. 183 - 186; FRANCO, Pe. António, Évora Ilustrada, pp. 354 - 355; ESPANCA, Túlio, Inventário Artístico de Portugal: Concelho de Évora, vol.1, Lisboa, Academia Nacional de Belas-Artes, 1966; MONTEIRO, Maria Filomena Mourato, O Aqueduto da Água da Prata em Évora. Bases para uma Proposta de Recuperação e Valorização, Dissertação de Mestrado em Recuperação do Património Arquitectónico e Paisagístico, Universidade de Évora, 1995; LIMA, Miguel Pedroso de, Muralhas e Fortificações de Évora, Lisboa, 2004.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; CME: DPOP - Processo de Obras n.º 1771

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Biblioteca Pública de Évora: Cód. CIX - 2 - 15 (nº 38); CME: Núcleo de Documentação

Intervenção Realizada

LCJM: Cons. Ldª: 2006, Outubro - obras de recuperação total dos telhados.

Observações

*1 - Onde, segundo Túlio Espanca, esteve guardado o tesouro do Infante D. Luís; *2 - em 1650 uma pavorosa explosão de pólvoras armazenadas em casas vizinhas, seguida de incêndio destruidor, atingiu seriamente a torre e provocou-lhe estragos consideráveis (ESPANCA, 1966); *3 - os azulejos, recolhidos de outro edifício, foram colocados pela DGEMN nos anos 60; *4 - segundo Espanca "....do séc. XVII, em desenho de albarradas e querubins conduzindo açafates de frutos e verduras, a cor azul sobre fundo branco" (Espanca, 1966).

Autor e Data

Joaquim Caetano 2005 / João Santos (CME) 2007 (no âmbito da parceria IHRU/CMÉvora) / Rosário Gordalina 2007

Actualização

 
 
 
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