Minas do Lousal

IPA.00025040
Portugal, Setúbal, Grândola, Azinheira dos Barros e São Mamede do Sádão
 
Arquitectura industrial, modernista. O modernismo como expressão da arquitectura da tecnologia do ferro que aparecera ligado aos novos equipamentos de uma nova era industrial, está patente na construção das torres em ferro com o esqueleto metálico a nu e, ainda, nos diversos edifícios ligados directamente à mina; nestes, a moderna tecnologia do ferro permitiu uma construção de linguagem funcionalista de grandes espaços, com coberturas de 2 águas assentes em armações estruturais de ferro abertamente à vista, e o levantamento de fachadas onde se patenteia a armação estrutural em ferro à vista, em esquadrias que enquadram e suportam o aparelho de tijolo, numa expressão plástica tendencialmente geometrizante; também as caixilharias das janelas e as portadas são de ferro.
Número IPA Antigo: PT041505010038
 
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Registo

 
Conjunto arquitetónico  Edifício  Extração, produção e transformação  Mina    

Descrição

São vários os órgãos que estão directamente ligados aos serviços da mina que constituíam as suas infra-estruturas de superfície: 2 malacates erguidos sobre 2 poços de extracção (Poço n.º 1 e Poço n.º 2), com as respectivas casas das máquinas e do guincho; para além destes destacam-se a central a vapor, o armazém central (hoje restaurante), salas de bombagem e filtragem*1, oficinas de carpintaria, de serralharia, de mecânica, armazém do ferro, depósito geral do gasóleo, central eléctrica e de ar comprimido, edifício da geologia e armazém do óleo, casa do ponto, das lanternas e de outros equipamento de trabalho, oficinas mecânicas gerais, edifícios de trituração, oficina de trituração, a secretaria da Mina, o depósito da água, para além de uma linha-férrea local (linha tipo Decauville) para as vagonetas de transporte do minério. Na antiga casa do ponto com diversificação de espaços encontram-se actualmente a recepção, o centro de acolhimento, o auditório, além dos antigos balneários e sala de identificação do pessoal, dos dormitórios, do escritório do apontador, com a reconstituição de um escritório da mina, com peças originais dos antigos gabinetes de trabalho. O Núcleo da Central Eléctrica, hoje musealizado, conserva grande parte do equipamento, tal como, motores, compressores, e outros. A cada um dos 2 poços, correspondem uma torre em estrutura de esqueleto em ferro, verticalizante, com um elevador de acesso às galerias e a respectiva engrenagem, com escadas exteriores até ao topo da torre, que, no poço nº 1 comporta uma estrutura aberta de protecção; o malacate do poço nº 1 era utilizado principalmente para extracção do minério e, eventualmente, fazia o transporte de pessoas; o poço nº 2, mais pequeno, era o utilizado para a entrada e saída dos mineiros*2; nas galerias do subsolo encontravam-se as estruturas geológicas das jazidas. Junto a este conjunto de edificações existe a corta da mina, local escavado, de desmonte da pedra que era carregada para a mina, para entulhamento do espaço, esvaziado do minério retirado; junto da corta há 2 lagoas com agua ácida, a verde ou azul (2,2 de acidez) e a vermelha com águas de acidez mais baixa que aquela; O Paiol ou armazém de explosivos era soterrado. Destacam-se, em alguns dos edifícios o embasamento em declive, em alvenaria de pedra azul (pedra de jazida local, existente abaixo do nível da água).

Acessos

Lousal. WGS84 (graus decimais) lat.: 38.033967, long.: -8.426255

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Periurbano, em plataforma de outeiro, constituindo vários núcleos, cuja construção se desenvolve numa povoação mineira com diversidade de espaços.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Extração, produção e transformação: mina

Utilização Actual

Cultural: museu mineiro/ Cultural: Centro Ciência Viva / Cultural: Galeria Waldemar

Propriedade

Privada: pessoa colectiva

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido

Cronologia

1882 (Agosto) - António Manuel, lavrador da região, requer ao Ministério das Obras Públicas e Minas o diploma de descoberta do jazigo do Lousal, conseguindo o privilégio durante dois anos; 1883 - registo da Mina em nome de António Manuel sendo-lhe atribuída a concessão provisória da mina; 1885 - a concessão é transmitida ao engenheiro de minas Alfredo Masson; 1899 - data do alvará de abandono da concessão; 1900 - nova concessão é dada a Guilherme Ferreira Pinto Basto, início da exploração; 1904 - nova concessão (Lousal Novo); 1910 - Guilherme Pinto Basto transmite o direito de exploração da mina à firma Minas dos Barros, Lda.; 1915 - a concessão passa para a empresa Henrique Burnay & Companhia; 1922 - nova concessão (Lousal nº 2, Lousal nº 3, Sítio do Montado e Cerro dos Arneirões); 1928 - a SAPEC, que pertencia ao mesmo grupo proprietário das minas era um dos consumidores internos das pirites do Lousal, juntamente com a CUF, começa a laborar em Setúbal com uma fábrica de superfosfatos; 1934 - a exploração do Lousal passa para a Société Belgue des Mines d'Aljustrel; 1936 - durante dois anos a exploração tinha sido feita pela mesma empresa que passa então à sociedade belga Mines e Industries S. A. a exploração do Lousal; sendo nesta década que a mina é explorada de forma mais intensa, pois as pirites cupríferas tornam-se de grande importância, do ponto de vista económico, em virtude da procura do ácido sulfúrico; 1945 - após ter terminado a II Guerra Mundial, a SAPEC juntamente com a CUF eram os principais proprietários; séc. 20, anos 50, 60 (inícios) - inicio de estudos para a mecanização das minas do Lousal, depois de estabelecidos contactos com as Minas de Montevechio, na Sardenha; 1962 - o processo de mecanização está praticamente concluído, tendo sido acompanhado da ligação das Minas do Lousal à rede rodoviária nacional; incrementam-se acções de carácter social, como construções de habitações para o pessoal das minas, casa de saúde, farmácia, posto médico, instalações comerciais e salão de festas; 1988 - dada como encerrada a sua actividade extractiva; 1996 - a Associação Portuguesa de Arqueologia Industrial (APAI) é convidada a tomar parte no Programa do Revitalização e desenvolvimento Integrado do Lousal (RELOUSAL) e apresentar as bases para o projecto museológico; o Projecto Relousal, prevê a preservação e reabilitação do espaço com a criação de um pólo dinamizador em várias vertentes, incluindo a recuperação da antiga Central Eléctrica, do Malacate do poço nº 1, entre outros projectos para todo o espaço do Lousal, com a aprovação do Plano Global de Intervenção (PGI) do Centro Rural; existe um Projecto de Musealização da Mina do Lousal com a criação de um Museu Mineiro também contemplado no PGI, com elaboração a cargo da Associação Portuguesa de Arqueologia Industrial; 1997 - a APAI assina um protocolo com a administração do RELOUSAL (Fundação Frédéric de Velge) para o programa geral e a primeira fase do museu; 1998 - a APAI envia os projectos arquitectónicos da Central Eléctrica de Interpretação, da Recepção e do Auditório, o projecto museológico e os desenhos do equipamento para a exposição da central Eléctrica à Fundação, e o programa geral do museu; 2001 - inauguração da 1ª fase do Museu, primeiro museu mineiro no país, integrado num projecto integrado de recuperação das antigas minas do Lousal, resultado de uma parceria entre a Fundação Frédéric de Velge e a Câmara Municipal de Grândola, contando com o apoio de fundos comunitários; 2015, julho - inauguração da Galeria Waldemar.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes, estrutura autoportante

Materiais

Metal: ferro fundido, outros; pedra: pedra azul; cerâmica: tijolo, tijolo burro, telha, ladrilho; vidro: simples; alvenaria: tijolo; betão; madeira.

Bibliografia

STAUSS, G. K., Sobre la geologia de la província del Suroeste de la Península Ibérica y sus yacimientos, en especial sobre la pirita de Lousal (Portugal). Memoria del Instituto geológico y Minero de España, pp. 1.266, 1970; TINOCO, A. (coord), Museu Mineiro do Lousal - Programa Museológico, Lisboa, 1998; Grupo de Trabalho da APAI, Museu Mineiro do Lousal, in Actas do Seminário Arqueologia e Museologia Mineiras, pp. 12-21, Lisboa, 1999; TINOCO, A., A Mina do Lousal. Degradação Social e Ambiental. O Museu Mineiro como instrumento de desenvolvimento, in 1º Simpósio sobre Geologia, médio Ambiente y Sociedad, pp. 102-109, Barcelona, 1999; SANTOS, Maria Luísa F. N., TINOCO, Alfredo, A. D., Transforming the Lousal Mines into a Museum, in Mining Landscapes, pp. 327-330 (10th. Internacional Conference 1997), Atenas, 2000; AA. VV. A Valorização do Património Geológico e Mineral do Lousal, comunicação in Congresso Internacional sobre Património Geológico e Mineiro, Beja, 2001; Mina do Lousal, Planta de identificação, Gabinete Técnico do Lousal, Grândola, 2005.

Documentação Gráfica

DGEMN: DSSID; CMG; SAPEC; Fundação Frédéric de Velge

Documentação Fotográfica

DGEMN: DSSID; CMG; SAPEC; Fundação Frédéric de Velge

Documentação Administrativa

DGEMN: DSSID; CMG; SAPEC; Fundação Frédéric de Velge

Intervenção Realizada

Fundação Frédéric de Velge: 1999 / 2001 - trabalhos na Central Eléctrica para a instalação do museu, com recuperação e valorização do edifício e de todo o conjunto dos motores, compressores e outros equipamentos (conclusão da 1ª fase); 2006 - Projecto de consolidação estrutural, obras de remodelação, obras de reconstrução, infra-estruturas, recuperação e conservação de coberturas, tectos, pavimentos, rebocos, caixilharias, tratamento da envolvência; intervenção arqueológica (em curso).

Observações

*1 - Na casa das bombas, estas trabalhavam durante as 24 h, umas para introduzir o ar na mina e outras para extrair a água que seria escoada do seu interior para a ribeira do Corona (afluente do Sado); *2 -Os mineiros permaneciam no interior durante as 8h do seu turno, ao fim das quais seriam substituídos pelos homens de novo turno; as galerias do subsolo atingiam a temperatura média de 60º.

Autor e Data

Albertina Belo 2006

Actualização

 
 
 
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