Edifício e Igreja da Santa Casa da Misericórdia do Fundão

IPA.00002500
Portugal, Castelo Branco, Fundão, União das freguesias de Fundão, Valverde, Donas, Aldeia de Joanes e Aldeia Nova do Cabo
 
Igreja da Misericórdia seiscentista de planta rectangular simples, com portal com arco em asa de cesto ladeado por pilastras molduradas e impostas salientes. Púlpito exterior assente sobre coluna abalaustrada, com base circular e balcão poligonal com as faces almofadadas. Campanário com sineiras em arco abatido e pilastras caneladas e rematado por volutas e pinhas laterais. Retábulo em talha dourada com influências do estilo nacional, apresentando, nos recortes superiores, indícios de ter sido reaproveitado de outro espaço mais amplo *4. Imagens sacras em madeira estofada e alfaias litúrgicas em prata da época barroca. Pintura barroca setecentista. Cobertura de madeira em masseira.
Número IPA Antigo: PT020504170009
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Edifício de Confraria / Irmandade  Edifício, igreja e hospital  Misericórdia

Descrição

Planta longitudinal simples com sacristia adossada ao lado NO.. Cobertura homogénea a duas águas. Fachada principal voltada a SO., com remate em empena baixa, encimada por campanário com duas sineiras em arco abatido, separadas por pilastras caneladas e rematado por volutas e fogaréus laterais. Portal definido por arco em asa de cesto com a data de 1892 na aduela de fecho e a inscrição MISERICÓRDIA no intradorso da arquivolta, ladeado por pilastras molduradas e impostas salientes. Sobre este, óculo circular. Alçados laterais e posterior parcialmente adossados. Púlpito *2 exterior assente sobre coluna em balaústre, com base circular e balcão poligonal com as faces almofadadas. INTERIOR de espaço único iluminado por óculo SO. e janela NO., existindo uma janela simétrica entaipada e portas de lintel recto laterais de acesso ao edifício contíguo e à sacristia. Coro-alto de madeira. Silhar de azulejos padrão de feitura moderna percorre a nave. Púlpito de balcão em talha dourada e com bacia quadrada em cantaria colocado no lado NO.. Pavimento em tijoleira cerâmica e cobertura de madeira em masseira, com clarabóia central. Imagem do Ecce Homo integrada em altar em talha dourada no lado NO.. Altar do Senhor dos Passos sobre esquife com o Senhor Morto no lado SE.. Retábulo do altar-mor em talha dourada composto por três eixos, o central reentrante, possuindo tribuna com intradorso em caixotões, contendo um trono com a imagem do orago. Nos panos laterais, surgem dois nichos integrando imagens de roca, e duas mísulas delimitadas por pilastras, com esculturas de madeira. Os panos são divididos por colunas espiraladas, decoradas com acantos e sobrepujadas por arquivoltas torsas. A decoração completa-se com acantos dourados sobre policromia azul.

Acessos

Rua da Misericórdia. WGS84 (graus decimais) lat.: 40,137296, long.: -7,498941

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 95 /78, DR n.º 210 de 12 setembro 1978

Enquadramento

Urbano, situa-se em terreno plano, adossado lateralmente à Capela de São Miguel, com fachada principal em empena, rasgada por portal de verga recta, encimado por frontão triangular, tendo entre ambas uma gárgula de canhão *1. No lado direito, a construção oitocentista do antigo edifício do Hospital da Misericórdia, com fachada principal simétrica, sobre embasamento, enquadrada por cunhais apilastrados e evoluindo em dois pisos, cada um deles rasgado por sete vãos, com eixo central composto por portal abatido e janela de sacada. Fronteira a fachada lateral da Igreja Matriz, datada do séc.18 (v. PT020504170070).

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: edifício de confraria / irmandade

Utilização Actual

Religiosa: edifício de confraria / irmandade

Propriedade

Privada: Misericórdia

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

José da Cunha Taborda ( pintor ).

Cronologia

1580 - já surge referida a Irmandade da Misericórdia, a funcionar, provavelmente, na Capela do Espírito Santo; Outubro - Heitor Lopes e a esposa fazem-se sepultar na Misericórdia, talvez na primitiva capela na R. da Fonte Grande; 1582, 30 Julho - alvará de Filipe I autorizando Jerónima de Sousa a vender à Misericórdia uma vara do terreno do seu quintal, contíguo à parede da capela, para que fizessem obras para evitar infiltrações; 1595, 17 Outubro - alvará régio autoriza o compromisso da Misericórdia do Fundão; séc. 17 - datação atribuída ao crucifixo-relicário existente na sacristia; 1613 - petição do Padre Manuel Leitão para que o rei verificasse a legitimidade dos provedores da Misericórdia que eram sempre da mesma família; 1613, 22 Maio - Filipe II emite um alvará, ordenando que o Provedor da Comarca da Guarda assistisse às eleições; 1615 - existência da Igreja da Misericórdia e respectiva Irmandade, documentada no Tombo dos Bens do Concelho da Covilhã; a primitiva Capela da Misericórdia seria constituída por pequeno templo de porta em arco quebrado, conhecido como Misericórdia Velha; 1618, 19 Maio - novo compromisso, autorizado por Filipe II; 1619, 5 de Junho - concessão de privilégios à Misericórdia por bula do Papa Paulo V; 1631 - construção da nova igreja, conforme datação na fachada; os frades de Nossa Senhora do Seixo doaram o retábulo-mor; 1633, 5 Dezembro - bula de Urbano VIIIa conceder indulgências aos irmãos; 1634, 12 Outubro - criação da Irmandade dos Passos, com obrigação anual da procissão de Santa Cruz, a partir da Capela do Espírito Santo; 1656 - aquisição da imagem de Ecce Homo, pelo provedor Bartolomeu Mendes de Carvalho, por 40$000 réis, com a condição de nunca ser mudada de capela; 1669 / 1687 - elaboração de novos compromissos da Misericórdia; 1675, 13 Junho - transferência dos restos mortais de Domingos da Cunha, benemérito doador, sepultado na Ermida de São sebastião de Alpedrinha, para a Misericórdia, a pedido do provedor; 1683, 26 Maio - falecimento de D. Brites *3, mulher de Domingos da Cunha, que se faz sepultar na Misericórdia, deixando os seus bens à instituição; 1684 - alteração do percurso da procissão dos Passos, organizada pela Misericórdia; 1685 - novo compromisso; 1697 - douramento do retábulo recentemente feito; 1705, 2 de Maio - concessão régia de vários privilégios aos Irmãos, nomeadamente isenção de encargos e do serviço militar; 1706 - referência documental ao retábulo do altar-mor; 1712 - o Padre Carvalho da Costa refere a existência da Misericórdia e hospital; 1726 - compilação dos estatutos; 1728, 23 Fevereiro - confirmação das isenções concedidas em 1705; 1742 - extinção da Irmandade dos Passos; 1742 - 1743 - pagamento de 12$000 ao pintor que executou a bandeira; pagamento de 440$000 ao ourives que consertou a relíquia e fez a lâmpada do Calvário; compra de madeira para as obras da sacristia, por $980, importando os jornais dos carpinteiros em 4$490; 1758 - a actual igreja encontrava-se em construção ou renovação, absorvendo a maior parte dos rendimentos da Misericórdia; 1778 - execução do retábulo do Ecce Homo, pago através de subscrição entre os Irmãos; 1790, 22 Outubro - concedida autorização para a redução do número de missas, por falta de rendimentos da Irmandade; 1793 - Luís Fernandes de Oliveira Barreiros de Castelo Novo, deixa à Misericórdia 1.031$000 réis; 1796 - 1797 - execução da tela existente na nave pelo pintor José da Cunha Taborda; 1797, 17 Dezembro - autorização para o provedor Fernando Tudela, assistir aos actos litúrgicos a partir de uma tribuna no lado do Evangelho; 1806, 18 Outubro - confirmação dos estatutos; 1807 - espólio saqueado na sequência da invasão das tropas francesas; 15 Novembro - na sequência do saque, são enviadas para o Seminário da Guarda uma coroa e dois resplendores de prata; 1817 - Sebastião da Cunha Machado Freire, capitão-mor do Fundão deixa à Misericórdia 2.992$600 réis; 1831 - encomenda da actual imagem do Senhor dos Passos, no Porto, pela quantia de 41$500 réis; 1834 - referência a uma custódia de prata com a relíquia de São Brás; 13 Setembro - a Misericórdia recebeu o retábulo-mor do Convento de Santo António; 1845 - ampliação do hospital; 1847-1848 - despesa de 744$275 com o pavimento e forro da igreja, novas portas da sacristia e púlpito, execução de novo púlpito, conserto do altar-mor e frontispício da igreja, com a construção de três janelas para dar luz ao templo; 1855 - Rodrigo António de Ataíde Themudo, de Aldeia Nova, deixa à Misericórdia, 4.432$440 réis; 1860 - Manuel Alves Norte, de Castelejo doa à Misericórdia, 2.010$000 réis; 1861, 15 Agosto - lançamento da primeira pedra do novo hospital; 1869 - Ana Leopoldina Xavier Pinto da Fonseca deixa à Misericórdia 4.444$094; 1870 - as obras do interior do hospital ainda não estão concluídas; escavação do adro em frente aos edifícios, pois o terreno estava em cota superior; 1892 - conclusão da reconstrução da igreja; séc. 19 - datação do sacrário e da mesa de altar; séc. 20, início - a fachada principal possuia três janelas rectangulares com moldura de cantaria, a central de maiores dimensões.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Granito, cantaria e alvenaria, aparelho isódomo; revestimento inexistente; madeira; telha de aba e canudo.

Bibliografia

COSTA, António Carvalho da, Corographia Portugueza, Lisboa, 1706 / 1712; CUNHA, Daniel da Silva Pereira e, Anais do Município do Fundão, Fundão, c. 1854 ( manuscrito da Câmara Municipal do Fundão ); CUNHA, José Germano da, Apontamentos para a História do Concelho do Fundão, Lisboa, 1892; CUNHA, José Germano da, O Fundão, Lisboa, 1898; CUNHA, Alfredo da, A Santa Casa da Misericórdia do Fundão, Porto, 1925; idem, Achegas para a História do Fundão in Subsídios para a História Regional da Beira Baixa, tomo III, vol. I, Lisboa, 1940 - 1943; CORREIA, Manuel Antunes, Subsídios para a História da Santa Casa da Misericórdia do Fundão (séc. XVI, XVII e XVIII), Coimbra, 1971; SALVADO, António, Elementos para um Inventário Artístico do Distrito de Castelo Branco, Castelo Branco, 1976; ALMEIDA, José António Ferreira de, dir., Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, 1980; DIONÍSIO, Sant'Ana, Guia de Portugal, Lisboa, 1984; http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/74887 [consultado em 14 outubro 2016].

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID; ASCMFundão

Intervenção Realizada

Séc. 20, 1.ª metade - construção do óculo da fachada principal, em substituição das três janelas; séc. 20, 2ª metade - trabalhos de conservação no interior; colocação de lambril de azulejos.

Observações

*1- a tradição refere que se tratará da anterior Igreja da Misericórdia, facto que não parece verosímil, pois a Capela de São Miguel situava-se na R. da Misericórdia Velha e foi demolida em meados do séc. 20. *2 - actualmente o púlpito ainda é usado durante a procissão do Senhor dos Passos e nas cerimónias da Semana Santa. *3 - esta, após enviuvar, em 5 de Março de 1671, tomou o hábito da Ordem Terceira de São Francisco. *4 - este indício poderá ser complementado pela informação de que os frades do Convento de Santo António, em data indeterminada, ofereceram o retábulo-mor à Misericórdia do Fundão (v. PT020504170016).

Autor e Data

Margarida Conceição 1994

Actualização

 
 
 
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