Estação Ferroviária de Vila Viçosa / Museu do Mármore

IPA.00024852
Portugal, Évora, Vila Viçosa, Nossa Senhora da Conceição e São Bartolomeu
 
Arquitetura de transportes, do séc. 20. Antiga estação ferroviária terminal do Ramal de Vila Viçosa (ex Linha de Évora), ao PK 191,600, onde ainda permanecem o edifício de passageiros, cais coberto e descoberto, cocheira, fosso da placa giratória e algumas outras construções devolutas. O edifício de passageiros tem planta retangular composta por três corpos, o central de dois pisos e os laterais de apenas um. Volumes escalonados com cobertura diferenciada em telhados de quatro águas no corpo central e de três nos laterais. Corpos laterais simétricos. O corpo a N. era ocupado por 3 quartos e cozinha destinados ao pessoal em serviço na estação, o corpo a S. por uma sala de espera para passageiros de 1 e 2 classe e a zona central ocupada pelos serviços de bilheteira, gabinete telefónico, despacho de bagagens, vestíbulo de passageiros e escada de acesso ao piso superior, estes dois últimos corpos com ligação interna. Do piso superior constavam cozinha, quatro quartos, retrete, corredor e escada de acesso ao piso térreo. O cais coberto tem planta retangular de um único volume (simples), alinhado com o edifício de passageiros. Servido por linha de carga/descarga de mercadorias e por cais descoberto.
Número IPA Antigo: PT040714030047
 
Registo visualizado 179 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Transportes  Apeadeiro / Estação  Estação ferroviária  

Descrição

Planta composta pelo edifício de passageiros com alpendre, edifício das instalações sanitárias e lampistaria (arrecadação de lampiões), plataforma de embarque e linhas férreas, cais coberto e cais descoberto, antiga cocheira, fosso da placa giratória, reservatório de água, poço e várias casas de apoio ao pessoal; na restante área pontuam elementos caraterísticos da paisagem ferroviária. EDIFÍCIO DE PASSAGEIROS (EP): planta retangular composta por três corpos, dispostos paralelamente, de nível com a antiga linha e do seu lado esquerdo, o central de dois pisos e os laterais de apenas um. Volumes escalonados com cobertura diferenciada em telhados de quatro águas no corpo central e de três nos laterais, com revestimento em telha de barro vermelho. Duas chaminés nas abas N. dos telhados. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com soco em mármore rosa e remate em cornija pétrea, platibanda ligeiramente reentrante rematada por idêntica cornija; panos e platibandas delimitados por cunhais apilastrados e acabamento a reboco pintado de cinzento claro; no intervalo dos vãos, painéis de azulejos de composição figurativa em azul e branco. Fachada principal, a O., virada às linhas, de três corpos, dois laterais, mais baixos e o central, ligeiramente avançado, de dois registos definidos por cornija; inferiormente, nos três corpos, sete portas, com duas folhas e bandeira, molduras de cantaria e verga em arco abatido; superiormente, no corpo central; três vãos axiais de janela, retangulares munidos de molduras e caixilharia idênticas às das portas do piso inferior, com peitoris ultrapassando ligeiramente a largura dos vãos. Alpendre a todo o comprimento desta fachada, com estrutura em ferro fundido, constituída por perfis transversais e longitudinais e pilares ornamentados com mísulas; cobertura em duas águas de diferente dimensão, apoiada na cornija inferior da fachada. Fachadas S. e N.: placas toponímicas em mármore rosa colocadas ao centro, sob a cornija inferior com o nome da estação Villa Viçoza gravado a preto; candeeiros de iluminação pública sobre estas placas. Fachada E. virada ao largo da estação de três corpos, dois laterais, mais baixos e o central, ligeiramente avançado, de dois registos definidos por cornija; inferiormente, nos três corpos, sete portas, com duas folhas e bandeira, molduras de cantaria e verga em arco abatido; superiormente, no corpo central: três vãos axiais de janela, retangulares munidos de molduras e caixilharia idênticas às das portas do piso inferior, com peitoris ultrapassando ligeiramente a largura dos vãos. Todas as caixilharias dos vãos de janela e porta das quatro fachadas estão pintadas de branco e cinzento claro. INTERIOR: teve adaptação às antigas instalações do Museu do Mármore, com interligação dos dois pisos, contando com salas de exposições e de reuniões, entretanto desativadas. Divisórias, pavimentos e rodapés em madeira envernizada e tetos em tábuas de madeira pintada de branco. Guarda de escada em balaustres pintados de branco. EDIFÍCIO DAS INSTALAÇÕES SANITÁRIAS E LAMPISTARIA: planta retangular simples, de corpo único, um só piso e telhado de quatro águas, localizado a N. do EP. Fachadas rebocadas e pintadas de branco acima dos lambris de azulejos de padrão, colocados sobre embasamento, até meio dos vãos de porta e janela; embasamento, cornija e panos delimitados por cunhais apilastrados com acabamento a reboco pintado de cinzento claro. Fachadas S. e O.: vãos de porta, janelas e óculos entaipados; faixas de azulejos azuis e brancos para sinalização do acesso às IS. Fachadas N. e E. portas com folha dupla e bandeiras em arco; na fachada E. óculos de ventilação com folha fixa em reixa pintada de cinza claro. CAIS COBERTO: planta retangular simples, de corpo único e um só piso, localizado a N. do EP. Cobertura homogénea em telhado de duas águas com estrutura em asnas de madeira e revestimento em telha de barro vermelho. Fachadas em alvenaria de pedra rebocadas e pintadas de branco. Fachadas O. e E. ambas rasgadas por três portões com soleiras em mármore rosa. Fachadas N. e S com remate em empena; portão na fachada S., de acesso pelo grande cais descoberto. Os cais eram acedidos por linha de topo a O. COCHEIRA: planta poligonal irregular de um único volume (simples), a O. da antiga linha, do seu lado direito. Cobertura em duas águas de grandes dimensões, com cumeeira sobrelevada para ventilação. Fachadas O. e E. com remate em empena. Fachada S.: duplo vão para acesso de composições através de duas linhas férreas; fosso da antiga placa giratória, para inversão de locomotivas, com 16m de diâmetro. RESERVATÓRIO DE ÁGUA: depósito de água de planta circular, massas simples, cilíndricas, dispostas em dois níveis: o inferior em alvenaria rebocada e pintada de branco e o superior sobrelevado, de menor diâmetro, com revestimento em chapa metálica e nome da estação pintado; depósito com capacidade para 150m3 de água; arrecadação no volume inferior, escada exterior de acesso ao depósito; o abastecimento de água às locomotivas era feito diretamente a partir desta construção. CASAS do pessoal: várias casas de planta retangular, dispostas paralelamente, de nível com a antiga linha e de ambos os lados, junto aos muretes de delimitação do terreno do caminho-de-ferro. Fachadas de pano e registo únicos, rebocadas e pintadas de branco, rasgadas por vãos de porta e janela, alguns atualmente entaipados. ARRANJOS EXTERIORES: Pavimento da plataforma do EP em cubos de vidraço branco e preto, com o nome da estação em vidraço preto. Pavimentação do largo em cubos de granito. Restantes áreas: terra batida, pedra e lajes de cimento, vedações de delimitação dos domínios ferroviários em cimento armado desenhadas pelo arquiteto Cottinelli Telmo e outras, em pedra rústica; vários candeeiros de iluminação pública.

Acessos

Largo da Estação dos Caminhos de Ferro

Protecção

Parcialmente incluído na Zona Especial de Proteção Conjunta dos imóveis classificados e em vias de classificação do centro histórico de Vila Viçosa (v. PT040714030042)

Enquadramento

Peri-urbano, a uma cota de c. de 407m

Descrição Complementar

EDIFÍCIO DE PASSAGEIROS: no intervalo dos vãos, surgem painéis de azulejos azuis e brancos, de composição figurativa, alusivos ao Duque de Bragança, a cenas campestres e albarradas, envolvidos por molduras recortadas, exibindo enrolamentos, flores, volutas e conchas. INTERIOR: Lambris de azulejos com três tipos de padrão, de cores azul, branco, amarelo e manganês, no piso térreo. Originalmente, no piso térreo encontravam-se os serviços de venda de bilhetes, despacho de bagagens, gabinete telefónico, sala de espera de 1ª e 2ª classes, arrecadação e instalações sociais para o pessoal ferroviário (quartos e cozinha); o piso superior estava igualmente ocupado com quartos, cozinha e instalações sanitárias. CASAS: Devido ao fecho dos vãos, só através dos elementos desenhados existentes nos arquivos da REFER se conhece as compartimentações originais das casas, constituídas essencialmente por quartos, cozinha, casa de jantar e despensas.

Utilização Inicial

Transportes: estação ferroviária

Utilização Actual

Cultural e recreativa: museu

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Concessão à Câmara Municipal de Vila Viçosa (edifício de passageiros e das instalações sanitárias)

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETO: Não determinado; Cottinelli Telmo (vedações); CONSTRUTOR: Não determinado; PINTOR DE AZULEJOS: Gilberto Renda, da Fábrica Sant’Anna, Lisboa.

Cronologia

1863, 14 de setembro - abertura do troço Casa Branca-Évora, da Linha de Évora; 1871, 05 de setembro - abertura do troço Évora-Vale do Pereiro, da Linha de Évora; 1873, 10 de março - abertura do troço Vale do Pereiro-Venda do Duque, da Linha de Évora; 1873, 22 de dezembro - abertura do troço Venda do Duque-Estremoz; 1902, 15 de Outubro (ou Novembro) - data da planta geral da estação, assinada pelo Eng. Justino Teixeira, na qual figuram 2 linhas férreas, armazém, cais, edifício da estação, retretes, cais de carvão, tanque, grua e placa giratória da qual partem 4 linhas férreas; 1903, 16 de fevereiro - notícia na Gazeta dos caminhos-de-ferro dando conta do projeto elaborado para o traçado entre a estação de Estremoz e Vila Viçosa, prevendo um apeadeiro, uma estação em Borba e uma em Vila Viçosa; o custo do troço foi orçado em 299.000$00 réis, 13.000$00 por quilómetro; 1904, 26 de Novembro - ofício do presidente da câmara municipal de Vila Viçosa ao Eng. Diretor dos Caminhos de Ferro do Sul e Sueste, informando que, tendo já concorrido com a verba de 10.000$000 rs destinados ao pagamento de expropriações de terrenos para a construção da linha férrea, a autarquia não possui meios financeiros para pagar as expropriações de terrenos necessárias para a construção da estação e sua dependências; 1904 - construção da estação; 1905, 22 de Junho - termo de contrato de expropriação do terreno, de semeadura e oliveira, pertencente a António Maria Lobo Vidigal Salgado e sua mulher Maria Vitória Ruiva Lobo, para a conclusão da gare da estação, pelo valor de 337680rs; o terreno com 159 oliveiras, tinha uma área de 5.806m2 e localizava-se a montante, no termine da linha de ferro de Estremoz a Vila Viçosa; confrontava com os terrenos pertencentes, a E. a José Maria Trindade Borrego, a O. a Veríssimo António Lapa e Padre António Ribeiro, a N. à Casa de Bragança e Joaquim de Matos Rosário e a S. ao Padre António Ribeiro e com a estrada de Bencatel; 1905, 01 de agosto - abertura do troço Estremoz-Vila Viçosa, da Linha de Évora; 1990, 01 de janeiro - encerramento do serviço de passageiros no Ramal de Vila Viçosa; 2000, outubro - inauguração do Museu do Mármore e instalação no edifício de passageiros; 2013, 11 de setembro - transferência do Museu do Mármore Raquel de Castro para as novas instalações, na pedreira da Gradinha.

Dados Técnicos

Materiais

Bibliografia

Documentação Gráfica

Arquivo Histórico da DGTT: Caminhos de Ferro do Estado / Construção, Caixa nº 503

Documentação Fotográfica

IHRU: SIPA, DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Arquivo Histórico da DGTT: Caminhos de Ferro do Estado / Construção, Caixa nº 503

Intervenção Realizada

Observações

EM ESTUDO

Autor e Data

Rosário Gordalina 2006 / Paula Azevedo (REFER) 2014 (no âmbito da parceria IHRU/REFER)

Actualização

 
 
 
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