Mosteiro de São Paulo / Mosteiro de Nossa Senhora do Amparo / Fábrica de São Paulo

IPA.00024834
Portugal, Évora, Vila Viçosa, Nossa Senhora da Conceição e São Bartolomeu
 
Arquitectura religiosa, quinhentista e setecentista. Convento paulista de fundação quinhentista adaptado a fábrica de refinação de azeites no séc. 20. O convento era composto por igreja, igual à posterior Igreja do Convento dos Agostinhos (v. PT040714030005), de planta em cruz latina, de nave única com capelas inter-comunicantes, tendo como modelo as igrejas eborenses do Espírito Santo (v. PT040705210023) e de Santo Antão (v. PT040705050057); capela-mor de planta rectangular, dotada de deambulatório, com cobertura em abóbada de berço; o cruzeiro possuía capelas nos topos, uma das quais com sacristia; a S. da Igreja situavam-se a sacristia e o claustro, e do qual permanece completo apenas o braço N., o braço voltado a O. incompleto, bem como mísulas embutidas na parede E., e, que era semelhante ao do Convento da Serra d' Ossa (v. PT040710020006), que teve como modelo o Convento do Monte do Calvário (v. PT040705100028). A igreja conserva os volumes exteriores e a fachada principal, voltada a E., quase intacta, correspondendo ao casario utilitário, onde se localizava a livraria dos Paulistas também chamada Casa da Catacumba (ESPANCA, 1970). A igreja possuía coro-alto, que teria tido como modelo o da igreja de São Francisco de Évora (v. PT040705210017). A nave sofreu alterações internas devido à instalação da fábrica, passando a ser dividida em dois andares. No claustro setecentista, a sala do capítulo passou a integrar a estrutura do Asilo, instalado no séc. 20, transformando-se em capela. A Igreja dos Agostinhos é quase uma cópia fiel da Igreja do Convento de São Paulo cuja edificação teve lugar 45 anos antes. A capela-mor foi durante o séc. 17 panteão da Casa de Bragança, com tribuna privada, tendo O Duque D. Teodósio II determinado que o seu corpo (assim como os dos descendentes da Casa de Bragança, em linha directa) aí fossem depositados, bem como os descendentes em linha transversal, que teriam sepultura no cruzeiro; a Casa de Bragança assegurou assim em Vila Viçosa, até 1638, dois panteões. Após a extinção do convento o imóvel serviu de autêntico "armazém" de cantarias, mármores trabalhados, talhas etc. reutilizados noutros templos da vila de que subsistem inúmeros vestígios, destacando-se o adro da Igreja Matriz, ou de Nossa Senhora da Conceição (v. PT040714030007) e, a Ponte do Ratinho, localizada na estrada de acesso à povoação de São Romão, cuja estrutura integra fragmento da arcaria do claustro do antigo convento.
Número IPA Antigo: PT040714050029
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Mosteiro masculino  Ordem dos Eremitas de São Paulo - Paulistas

Descrição

Planta composta por igreja de cruz latina de nave única com capelas intercomunicantes, transepto saliente, capela-mor com deambulatório, sacristia e claustro a S.. Volumes articulados, massas de dominante horizontal, com coberturas diferenciada em telhados de uma, duas, três e quatro águas, destacando-se duas chaminés cerâmicas bastante elevadas. Fachadas rebocadas e pintadas de amarelo, de dois e três pisos, com alguns segmentos rematados por cornija de cantaria e beirada, por vezes formando empena, e alguns cunhais com silhares de cantaria aparente. Fachada principal terminada por cornija recta de cantaria que, à direita, é sobrepujada por frontão triangular, cujo tímpano é rebocado e pintado de amarelo; ostenta silhares de cantaria no cunhal da direita e é percorrida por embasamento apresentando vestígios de pintura a cal branca e azul; encontra-se adossada do lado esquerdo, a outro corpo, rebocado e pintado de branco, percorrida por embasamento pintado de cor azul. Ao nível da cobertura, à direita, torre de planta quadrangular, rematada por cornija de cantaria de mármore, sobrepujada por cobertura em coruchéu, coroado por pináculo, apresentando as suas faces rasgadas por duas frestas cada, enquadradas por vão curvo. O pano da fachada é rasgado por dois janelões de verga abatida, apresentando moldura de cantaria de mármore igualmente abatida. A fachada lateral direita, composta por diversos corpos, de três e quatro pisos, adossados ao corpo principal, mais elevado e rematado por cornija, friso e beirada, é terminada, nalguns segmentos, por cornija de cantaria de mármore, sobrepondo-se beirada. O pano da fachada é rasgado por vãos rectos e abatidos, ostentando molduras de cantaria, recortadas lateralmente, apresentando fecho central, para o segundo caso, alguns dos quais entaipados, que, segundo o esquema de abertura definem quatro eixos verticais. À esquerda, eixo terminado por cornija de cantaria de mármore, que se prolonga ao longo do segundo eixo e, que, no extremo esquerdo, é encimada por torre, e a restante sobrepujada por beirada. A parede apresenta, ao nível do primeiro piso, a inclusão de uma arcaria de cantaria de mármore, composta por dois arcos de volta perfeita suportados por pilares de base rectangular, rematados por cornija, assentes em plintos. Os quais enquadram duas janelas jacentes rectangulares gradeadas e são encimados por janela rectangular vertical, igualmente gradeada. À direita, segundo eixo, de três pisos, rasgados, no primeiro por duas janelas rectangulares horizontais, gradeadas, encimadas por janelas de verga abatida, restando da esquerda apenas a moldura e, apresentando a da direita gradeamento. No terceiro piso, sobre estas, duas janelas de peitoril, rectangulares. À direita, terceiro eixo vertical, mais elevado que o anterior, de quatro pisos, sendo os três primeiros rasgados por um vão cada, seguindo o mesmo modelo do eixo anterior e, o quarto piso, rasgado por três janelas de peitoril de verga abatida. Adossado à direita, quarto eixo, terminado em empena, de quatro pisos, rasgados nos três primeiros pisos por vãos de verga abatida, correspondendo, no primeiro piso a duas janelas de peitoril, e, no segundo e terceiro pisos, a dois janelões cada. No quarto piso rasga-se janela de verga recta. Entre o segundo e o terceiro pisos, painel de azulejo, em azul e branco, de grandes dimensões, onde se pode ler: " FÁBRICA DE SÃO PAULO" e onde se exibe a sigla da fábrica. A este corpo adossa-se, outro de planta rectangular, também adossado ao corpo principal, inclusivamente na fachada posterior, terminado por cornija de cantaria de mármore e beirada, de três pisos rasgados por vãos rectos, no primeiro piso, e abatidos nos restantes. No primeiro piso, quatro janelas quadrangulares, gradeadas, encimadas, no segundo piso, por quatro janelões, igualmente gradeados, seguidos, no terceiro piso, por três janelões idênticos e, à direita, uma janela de sacada, com guarda conjugando cantaria e elementos cerâmicos que se prolonga para a fachada posterior. O corpo principal é rasgado, à esquerda por duas janelas de verga recta. A fachada posterior apresenta, adossado ao corpo principal, mais elevado, rebocado pintado de branco, terminado em empena, corpo, de dois pisos, rematado por cornija de cantaria, sobrepondo-se beirada, e ostentando pilastras de cantaria no cunhal da esquerda e, no pano da fachada, constituindo três panos, rasgados por vãos de verga abatida, possuindo moldura de cantaria recortada lateralmente, decorada com fecho. No primeiro piso, rasgam-se três vãos abatidos, correspondendo a duas janelas, gradeadas, à esquerda, e, a uma porta, à direita. Os quais são encimados por uma janela de sacada, e duas de peitoril respectivamente, além de vão abatido integrado numa varanda, com guarda conjugando cantaria e elementos cerâmicos, assegurando o acesso ao segundo piso, sendo acedida por escada simples, cuja guarda se insere no muro que limita o terreno e onde se inserem paredes de outras estruturas, existentes no interior do perímetro murado, além de uma zona de acesso dotada de portão metálico recente. Adossado a este corpo, num plano mais recuado surge outro de massa horizontal, apresentando planta rectangular, de dois pisos, ostentando pilastra de cantaria de mármore no cunhal da direita e cobertura em telhado de duas águas revestido a telha. No primeiro piso, à direita, subsistem, dois vãos de verga abatida com molduras de cantaria envolvidos por uma segunda moldura composta por elementos cerâmicos, correspondendo a duas portas. No segundo piso, rasgam-se sete janelas de verga abatida, ostentando vestígios de molduras pintadas. INTERIOR: a antiga igreja encontra-se subdividida em dois andares distintos, servindo as necessidades da indústria de refinação de azeite e preparação de cereais instalada no convento. *1

Acessos

Largo Dom João IV

Protecção

Categoria: MIM - Monumento de Interesse Municipal, Edital n.º 661/2015, DR, 2.ª série, n.º 139 de 20 julho 2015 / Incluído na Zona Especial de Proteção Conjunta dos imóveis classificados e em vias de classificação do centro histórico de Vila Viçosa (v. PT040714030042)

Enquadramento

Urbano, isolado, no limite do centro histórico, no extremo S. da vila, implantado numa zona de terreno de declive ligeiramente acentuado. A fachada N. encontra-se voltada para o Lg. D. João IV, calcetado, rodeado por canteiros de flores e árvores; no topo E., do largo, o Mercado Municipal. Fachada O. voltada para a Rua do Convento, onde existe uma urbanização recente.

Descrição Complementar

AZULEJARIA: Na fachada principal, painel de azulejo, em azul e branco, possuindo cartela recortada e decorada com motivos vegetalistas onde surge a sigla da fábrica: "SOFAL VILA VIÇOSA", referindo: "FÁBRICA DE SÃO PAULO".

Utilização Inicial

Religiosa: mosteiro masculino

Utilização Actual

Devoluto

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 17 / 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ENTALHADOR: Santos Pacheco (1724 - 1725); OURIVES: Filipe Valejo (1650)

Cronologia

1416, 20 Outubro - licença de D. João I, autorizando a fundação da Congregação dos Monges da Serra d' Ossa, em Vila Viçosa, detentora de eremitério na Provença de Valbom; 1439 - aprovação do mosteiro regular, pela comunidade; 1450, 10 Março - o rei D. Duarte confirma o acto de aprovação do mosteiro regular; 1585 - Capítulo Geral, celebrado em Vale de Infante, ficando determinado que Nossa Senhora do Amparo seria sua patrona e, seu primeiro reitor Fr. Aleixo de São Paulo; 1590 - início da construção do convento; 1596 - Fr. Martinho de São Paulo, com esmolas e licença do donatário da Vila, conseguiu obter terrenos localizados no extremo S. da povoação, junto à muralha quinhentista iniciada por D. Jaime e terminada por D. Teodósio *2; 1597, 28 Abril - cerimónia do início da edificação da igreja, presidida pelo Duque D. Teodósio II, envolvendo a participação da capela de música ducal, da nobreza, do clero e do povo da vila, seguiu-se o aforamento da capela-mor e do cruzeiro, passando, o Duque, a possuir tribuna e jazigo para a sua família, além dos príncipes da Casa de Bragança que não tivessem lugar na capela-mor de Santo Agostinho e outros parentes que seriam sepultados no corpo do cruzeiro, no valor de 100.000rs anuais, dezoito alqueires de azeite e um trono de cera, ou o equivalente em dinheiro; 1612 - data no arco triunfal; 1613 - depois de um período de obras, em que o Fr. Luís da Ressurreição assumiu protagonismo, inaugura-se a Igreja, sendo reitor Fr. Pedro de Jesus, ficando as capelas laterais por concluir; 1614, 1 Outubro - falecimento de Fr. Martinho de São Paulo, sepultado no cruzeiro, próximo da porta da sacristia; 1620 - conclusão da construção da igreja; 1623, 25 Dezembro - falecimento de Brites Vicente, sepultada na nave; 1630, 29 Novembro - cerimónias fúnebres do Duque D. Teodósio II, sendo o seu corpo depositado na capela-mor da igreja; 1634 - instituição da capela lateral do lado da Epístola, consagrada a São Cristóvão, pelo comendador e tesoureiro da Casa de Bragança, Francisco Soares Moreno e sua mulher D. Maria de Monterroio; 1642 - fundação da capela lateral, no lado da Epístola, dedicada à rainha Santa Isabel, a expensas de Fernão Duarte e de sua mulher Luísa Mendes; 1647 - falecimento de Nicolau Rodrigues, sepultado na nave; séc. 17, 2ª metade - fundação da capela de São Brás, no lado do Evangelho, posteriormente designada de São Gregório Magno, a cargo do Padre Manuel Vieira e da capela do Santíssimo Sacramento, no lado da Epístola; 1661 - data do portal da igreja em mármore branco; 1673 - instituição da capela do Santíssima Trindade, do lado do Evangelho, pelo tesoureiro-mor da Capela Real, Manuel Homem Pessoa; 1677 - transladação das ossadas do Duque D. Teodósio II, para os Agostinhos, sendo reitor P. Mestre Simeão da Cruz; instituição da capela de Nossa Senhora do Rosário, no lado do Evangelho, também conhecida como capela das Baptistas, a expensas das irmãs Beatriz de torres e Jerónima da Costa Baptista *3; séc. 18, 1º quartel - o reitor Fr. João dos Reis procede a obras no corpo S., incluindo a construção da sacristia e do claustro e melhoramentos no coro-alto e portaria a expensas do Fr. Luís Gralho, filho de Cristóvão Machado Gralho e proprietário de morgado; o seu objectivo inicial era intervir na capela-mor e cruzeiro da igreja, mas tal não foi autorizado pela Casa de Bragança; 1716 - colocação de uma fonte, em mármore branco raiado de azul, no claustro; 1724 / 1725 - execução do cadeiral do coro-alto em Lisboa, orçado em 38$400 rs (oitenta moedas de oiro), sob risco do mestre entalhador Santos Pacheco, que recebeu 4$800 rs pelo trabalho, seguindo as determinações de Fr. Luís da Anunciada, pagamento de 4$000 rs para o transporte das peças que compunham o cadeiral, efectuado de barco até Aldeia Galega e depois de carreta até Vila Viçosa; 1729 - execução do órgão para o coro-alto, em Lisboa, a expensas do mestre geral da Ordem; 1733 - conclusão do claustro; 1740 - conclusão da decoração interior da sacristia e do seu retábulo de mármore branco polido; 1747 - data num dos sinos; 1754, c. de - atendendo ao voto de sua irmã soror Antónia da Encarnação, religiosa de Santa Cruz, em Vila Viçosa, o Padre Fr. Francisco da Encarnação mandou executar uma imagem para o nicho do altar de talha dourada, a expensas de João Cosme de Macedo e sua mulher D. Ana de Almeida, existente no ante-coro, consagrado ao Santo Cristo; séc. 18, final - substituição do primitivo altar de talha da capela-mor, que se encontrava arruinado, por altar de estuques fingindo cantaria; retábulo da capela do Asilo; deposição do corpo de João Francisco de Sousa Câmara; séc. 19 - remoção do cruzeiro do Rossio para o Largo da Matriz; 1834 / 1835 - devido à extinção das ordens religiosas passou a servir de instalações para um teatro popular e para um aquartelamento, do Regimento de Infantaria 4, este último, mantido por mais um ano; 1841, 6 Março - durante a reunião do Conselho Municipal, por iniciativa do vereador Manuel José da Nóbrega Camisão, efectua-se a renovação do pedido às Cortes para instalar o Hospital do Espírito Santo e a Igreja do Colégio de São João Evangelista, no convento de São Paulo; obteve-se apenas autorização da Casa de Bragança para instalar a igreja do referido colégio, que passaria a Matriz da paróquia de São Bartolomeu; 1864 - profanação da igreja, incluindo a anulação dos textos de lápides funerárias *4, para enriquecer a igreja do Colégio e poder integrar a matriz da paróquia; 1867 - cedência do edifício pelo Governo à Câmara Municipal de Vila Viçosa, para lhe anexar o cemitério público e assegurar o serviço religioso da ermida municipal de São Sebastião, na igreja do antigo convento, uma vez que a cobertura da ermida ruíra em 1858; 1870 - levantamento do pavimento do claustro e, consequente, reaproveitamento do mármore branco raiado a azul no adro da Igreja de Nossa Senhora da Conceição; 1885 - venda da cerca do convento por 1.010 rs a António Lobo Vidigal Salgado, para a angariação de verbas imprescindíveis à construção do novo cemitério próximo da Igreja Matriz; 1890, década - remoção da campa de pedra do Duque D. Teodósio II e descoberta de peças de armadura que, por ordem do Dr. Caetano da Câmara foram cedidas pela edilidade ao Museu Arqueológico de Évora; 1892 - a portaria do convento mantinha-se intacta e servia como estação municipal de cobrança do terrado das feiras, e o resto do edifício estava arruinado; as varandas superiores do claustro estavam descobertas; séc. 20, inícios - demolição do claustro e reaproveitamento dos seus arcos para a Ponte do Ratinho, na estrada de São Romão, e a face N., parte da face O. e algumas mísulas a E., foram integradas na estrutura industrial; 1921 - venda do convento arruinado e da igreja, à Sociedade Fabril Alentejana (SOFAL), que procedeu a obras estruturais para satisfazer as necessidades do ramo industrial da refinação de azeites e moagem de farinha; 1936 - constituição do Asilo de Inválidos António Reixa Lobo, administrado pela Santa Casa da Misericórdia de Vila Viçosa, no lado oriental abrangendo a horta dos frades, doada pelos descendentes do proprietário; 1970 - ainda era visível a sineta de bronze na fachada principal da igreja *5, o portal da igreja, com inscrição na verga recta (ESPANCA, 1970) *6, e o arco triunfal de volta perfeita; 2004, 19 março - Proposta de classificação pela CM de Vila Viçosa; 2009, 22 dezembro - Proposta de encerramento da classificação pela DRCAlentejo, sugerindo a classificação como IM, por não possuir valor nacional; 2010, 11 fevereiro - Despacho de arquivamento da classificação pelo Diretor do IGESPAR; 2015, 01 abril - publicação do Edital n.º 265/2015 tornando público o início ao processo de classificação do Convento de Nossa Senhora do Amparo ou de São Paulo, como MIP - Monumento de Interesse Municipal, em DR, 2.ª série, n.º 64.

Dados Técnicos

Estrutura autoportante

Materiais

Estrutura rebocada e pintada; pilastras nos cunhais em cantaria; azulejo de produção industrial; chaminés cerâmicas; cobertura em telhados de telha; grades de ferro; algerozes metálicos.

Bibliografia

ESPANCA, Padre Joaquim da Rocha, Compêndio de Notícias de Villa Viçosa. Concelho da Província do Alentejo e Reino de Portugal, Redondo, 1892; PESTANA, M. I., O Arquivo da Sereníssima Casa se Bragança, Informação Documental, Rel. I-150, 1949-57; ESPANCA, Túlio, Mosteiros de Vila Viçosa, A Cidade de Évora, Boletim da Comissão Municipal de Turismo de Évora, nº 53-54, Évora, (Janeiro e Dezembro), 1970 - 1971, pp. 13-147; ESPANCA, Túlio, Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Évora, vol. IX, Lisboa, SNBA, 1978; CÂMARA, João de Sousa, Gente de Guimarães em Vila Viçosa, CALLIPOLE: Revista de Cultura, nº 5 / 6, 1997 - 1998, pp. 77-84; ARAÚJO, Maria Marta Lobo, Dar aos pobres e emprestar a Deus: as Misericórdias de Vila Viçosa e Ponte de Lima, (séculos XVI - XVIII), Barcelos, Dezembro de 2000; OLIVEIRA, Marta Maria Peters Arriscado de, Vila Viçosa, Temas de Ordenamento da forma urbana, Callipole: Revista de Cultura, nº 12, 2004, pp. 154-245.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

*1 - A construção do antigo Convento de Nossa Senhora do Amparo, ou de São Paulo, integra-se no movimento de expansão urbana quinhentista de Vila Viçosa, para S., tendo sido implantado num terreno limítrofe; a obra decorreu em duas fases, a primeira entre 1590 e 1620, protagonizada pelo Fr. Martinho de São Paulo, que culminou com a conclusão da igreja, de que resta a estrutura, e a segunda desenvolveu-se durante o primeiro quartel do séc. 18, a expensas do Fr. Luís Gralho, consistindo na edificação da sacristia e do claustro. Na fachada principal, rasgava-se portal ostentando frontão interrompido, em cantaria de mármore branco, integrando a insígnia da ordem, composta por palmeira e corvo estilizados. Além disso na moldura, existia a seguinte inscrição: "1661, PAVLVS EREMITARVM AVTOR ET MAGISTER". No coro-alto, de topo E., rasgado por um janelão, existia um cadeiral de duas ordens, executado em carvalho do norte, encimado por espaldar com pinturas a óleo, representando diversos santos paulistas, e um órgão de duplo fole (ESPANCA, 1892), em talha policromada, do lado do Evangelho, existia, ainda, uma grande estante coral e um móvel dos antifonários, quadrado e giratório, apoiado num pedestal de mármore. Antes da profanação de 1864, as capelas organizavam-se da seguinte forma: do lado do Evangelho, as da Santíssima Trindade, com quadros sobre tela; de São Gregório Magno, com colaterais de São Brás e de São Gonçalo de Amarante; e a da Senhora do Rosário, com cancelas e credencias de mármore azul polido e colaterais de São Domingos e de São Vicente Ferrer; do lado da Epístola, existiam as capelas de São Cristóvão, com quadros a óleo sobre tela; a dedicada à Rainha Santa Isabel, com dois quadros nas paredes laterais sobre madeira; e a do Santíssimo Sacramento, com grades de madeira e tabernáculo. Nos topos do cruzeiro existiam duas capelas, a do topo N. dedicada a São Crispim, com sacristia própria, partilhada com a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, e a topo S. a Cristo, na qual era igualmente venerada a Nossa Senhora da Piedade. O arco triunfal, de volta perfeita, era decorado por pedra de armas, integrando o escudo ducal brigantino com inscrição: "THEODOZII SECUNDI DUCIS BRIGANTINI ORDINIS D PAULI EREMITAE PROCTETORIS PRIMI EXCELENTIA DONO DEIU ANNO 1612" (ESPANCA, 1978), posteriormente removido. A capela-mor possuía tribuna privativa da Casa de Bragança, deambulatório e era decorada com estuques fingindo cantaria de mármore. Na parede testeira, surgia camarim com imagem de Nossa Senhora do Amparo, ladeada pelas de São Paulo e São José. O pavimento do cruzeiro e da capela-mor era em ladrilho. A sacristia, considerada a mais sumptuosa da vila, e à qual os duques de Bragança tinham acesso privativo, erguia-se a S. da igreja e possuía, no topo, um retábulo de mármore branco, igual ao da portaria, sobre presbitério de três degraus, e uma tela com representação da Árvore de Jessé. Possuía arcaz em carvalho do norte, e dois espelhos de grandes dimensões, lavabo agora integrado na Misericórdia, e, ao centro, uma mesa de madeira hexagonal, actualmente na Matriz. O claustro executado todo em mármore branco, era composto por arcadas suportadas por pilares, rematadas por cornija; num dos pilares de ângulo, junto à casa da portaria, existia a inscrição: "HOC CLAUSTRUM MAGNUS VIR" (ESPANCA, 1970). O pavimento era de mármore com composição axadrezada, branco e raiado a azul, tal como acontecia na portaria, no corredor da sacristia e na tribuna. Ao centro do claustro existia fonte com taça datada de 1716. Depois de 1864, algum do património integrado nestas capelas foi destruído, tal como a cruz relicário, de prata dourada, do ourives Filipe Valejo, datada de c. 1650, resultante de uma encomenda de D. João IV, e que serviu de modelo para a cruz do Santo Lenho de Vila Viçosa, ou mesmo "recolhidos" por particulares. Na igreja de São Bartolomeu existe a grade de madeira da capela do Santíssimo Sacramento, do Convento de São Paulo, e na Igreja Matriz o tabernáculo proveniente da mesma capela; na capela do Santíssimo Sacramento da Matriz, encontram-se as cancelas e as credencias de mármore azul polido da capela da Senhora do Rosário, do Convento de São Paulo. As irmandades, como a do Rosário, juntamente com as capelas laterais, de São Domingos, São Vicente Ferrer, São Paulo e São Braz, e a de São Crispim foram transferidas inicialmente para a Igreja do Espírito Santo e mais tarde para a ermida de Santo António, tendo-se realizado, no dia de Natal, uma procissão de transladação, sendo transportadas várias imagens, nomeadamente a da Senhora do Amparo, de São Paulo (envergando túnica de palma) e a de São José. A antiga sala do capítulo, localizada a E. e correspondente actualmente à capela do Asilo, apresenta planta rectangular, com corpo dividido em três tramos suportados por pilastras de alvenaria chanfrada e possui cobertura em barrete de clérigo (Espanca, 1970). Nesta capela encontra-se um retábulo, datado do final do séc. 17, segundo as técnicas de talha dourada e marmoreada, integrando grande tela pintada com representação da Virgem dos Anjos venerando a Santíssima Trindade. Neste sentido, coloca-se a hipótese deste painel poder ter pertencido à capela da mesma invocação, do convento de São Paulo. *2 - A comunidade seria composta por vinte frades que usufruíam de uma dotação constituída por herdades, vinhas e olivais, justificando-se por isso a existência de uma adega no convento, um lagar de azeite, no porto de Elvas, próximo da horta, desenvolvida entre E. e S., que o Padre Manuel Vieira atribuíra à capela de São Gregório (ESPANCA, 1892). *3 - A confraria de Nossa Senhora do Rosário estava instalada numa capela da igreja da Santa Casa da Misericórdia, e nos conventos das Chagas e de São Paulo. Estas comunidades incluíam escravos negros como era o caso da Misericórdia, porém no convento de São Paulo isso não se verificava tendo em conta a exigência feita às irmãs de deixarem para a confraria uma esmola mínima de mil réis dos seus rendimentos; *4 - Frei Luís Gralho era filho de Cristóvão Machado Gralho e proprietário de morgado, o que lhe permitiu patrocinar as obras do claustro e também alguns melhoramentos na sacristia, no coro-alto e na portaria. O seu objectivo inicial era intervir na capela-mor e cruzeiro da igreja, mas tal não foi autorizado pela Casa de Bragança. *4 - Túlio Espanca refere a inscrição da lápide funerária de D. Teodósio II, na qual se podia ler: "HIH EST DEPOSITUS CATHOLICUS E CHRISTIANISSIMUS DOMINUS D. THEODO SIUS, HUIUS NOMINIS SECUNDUS, ET BRI GANTIAE DUX SEPTIMUS: OBIJT DIE 29 NOVEMBRIS ANNO.1630." (ESPANCA, 1978). No cruzeiro, junto à porta da sacristia encontravam-se sepultados: o fundador da casa, Fr. Martinho de São Paulo (f. 1-10-1614), Manuel Homem da Costa, secretário de D. Teodósio II, sua mulher, D. Ana de Abreu Castelo Branco e sua filha D. Joana Homem. No corpo da Igreja podiam encontrar-se as lápides funerárias de Fr. Simão Roboledo, Nicolau Rodrigues (f. 1647), Padre António Fernandes, capelão de D. Teodósio, sua mulher Brites Vicente (f. 25-12-1623) e sua filha Maria Vicente, o carpinteiro João Lourenço e sua mulher Maria Fernandes. *5 - A sineta possuía a seguinte inscrição: "I M S MARIA IOZE ANNO 1747" *6 - INSCRIÇÃO: "1661", "PAVLVS EREMITARVM AVCTOR ET MAGISTER".

Autor e Data

Marta Ferreira 2006

Actualização

 
 
 
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