Casa da Porta da Vila

IPA.00024822
Portugal, Vila Real, Vila Real, Vila Real
 
Arquitectura residencial, setecentista e manuelina. Solar de planta rectangular irregular, com fachadas de dois pisos, tendo adossado muro terminado em ameias decorativas, com porta carral, de verga recta. Fachada principal rebocada e pintada de branco, de três panos, definidos por pilastras toscanas, e terminado em friso e cornija; nos panos laterais abrem-se portal encimado por dois óculos facetados enquadrando brasão de família, e no pano intermédio porta central enquadrado por janelas de peitoril e janelos e, no andar nobre, janela de sacada sobre mísulas nos extremos e janelas de peitoril com caixilharia de guilhotina ao centro. Interior com vestíbulo colocado lateralmente, de onde parte escada de cantaria, com coluna de arranque e coluna no ângulo, de acesso ao andar nobre, onde as salas possuem janelas conversadeiras, silhar de azulejos de tapete e alguns tectos de apainelados de madeira. Ao solar adossa-se fachada manuelina da antiga casa, em cantaria aparente, e de dois pisos, rasgados no piso térreo por portais de verga recta sobre impostas ou em arco, com chanfro, e no segundo por janelas de peitoril com falso canoupo central.
Número IPA Antigo: PT011714230182
 
Registo visualizado 350 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre  Casa nobre  Tipo planta retangular

Descrição

Solar com edifício principal de planta rectangular, irregular, com recorte a S., tendo adossado à fachada lateral direita corpo do lagar, e à posterior pequeno corpo rectangular, disposto perpendicularmente, ambos mais tardios, tendo ainda no alinhamento da fachada principal, à direita, pano de muro com porta carral para a quinta, e à esquerda, fachada da antiga casa manuelina. EDIFÍCIO PRINCIPAL de massa simples com cobertura homogénea em telhado de quatro águas e o adossado posteriormente de meia água, com placa revestida a chapa. Fachadas de dois pisos, terminadas em friso e cornija sobreposta por beirada simples e rasgadas por vãos rectilíneos de molduras simples. Fachada principal virada a NO., rebocada e pintada de branco, com embasamento em cimento encarapinhado, de três panos definidos por pilastras toscanas, os laterais mais estreitos e rasgados por portal de verga recta, encimado por brasão de família entre dois óculos facetados e ovalados, gradeados. O pano central é rasgado, no piso térreo, por porta central e duas janelas quadrangulares laterais, intercalados por janelos rectangulares, com moldura de capialço; no segundo piso, abrem-se duas janelas de sacada, assente em três mísulas volutadas, com guarda em ferro, colocadas nos extremos, e cinco janelas de peitoril, com caixilharia de guilhotina. Fachada lateral esquerda terminada em beirada simples, tendo adossado paralelamente, pano de alvenaria de pedra, aparente, sensivelmente mais baixo, pertencendo ao edifício que se lhe adossava; o corpo adossado perpendicularmente, com pano mais recuado, é rasgado por porta de verga recta, acedida por escada com guarda de ferro. Fachada lateral direita rebocada e pintada, rasgada no piso térreo por porta de verga recta e no segundo por janela de peitoril. A esta fachada adossa-se parcialmente corpo do lagar, mais baixo, em alvenaria de pedra. Fachada posterior em alvenaria de pedra aparente, terminada em beirada simples, rasgada no primeiro piso por portas de verga recta e janelas de peitoril, alternadas, e no segundo por janelas de peitoril, dispostas num ritmo mais irregular, tendo duas delas pano de peito em lajes de cantaria; num plano intermédio surgem a ritmo regular mísulas de suporte de antigo alpendre. O corpo adossado no extremo direito, apresenta o primeiro piso em tijolo de betão aparente e o segundo rebocado e pintado de branco, tendo varanda, com guarda de ferro e para onde dão porta e janela de alumínio, e janela rasgada, também com caixilharia de alumínio. INTERIOR com paredes rebocadas e pintadas. O piso térreo possui as dependências de diferentes dimensões dispostas em duas fiadas e com pavimento rebaixado. O acesso ao segundo piso processa-se pelo portal do extremo direito, o qual conduz a vestíbulo, com escada de cantaria, de dois lanços, coluna de arranque volutada e tendo no ângulo dos lanços coluna toscana sobre base; a escada é ladeada por silhar de azulejos reaproveitados, com padrão policromo. No topo da escada, porta de verga recta conduz a várias salas, com silhar de azulejos P-43, na sua grande maioria reaproveitados, tendo janelas conversadeiras viradas à rua e à fachada posterior, três delas com tectos de apainelados de madeira, sobre mísulas vegetalistas, estando um pintado de branco. Apesar do espaço estar seccionado por tabiques, destacam-se dois quartos virados à fachada posterior, cada um deles conservando ainda duas alcofas, com porta de verga recta. À fachada lateral direita adossa-se PANO DE MURO, rebocado e pintado, terminado em friso, capeado a cantaria, coroado por ameias decorativas piramidais, com marcação da base e terminadas em botão, o qual é rasgada, no extremo direito, por porta carral de verga recta, moldurado. À esquerda adossa-se fachada da antiga casa, de três panos: o primeiro é rebocado e pintado de branco com embasamento de cimento encarapinhado, e termina em beirada simples, integrando volume relevado. Os dois seguintes são em cantaria aparente, de dois pisos, o terceiro caiado. O segundo pano é rasgado no primeiro piso por dois portais em arco de volta perfeita sobre os pés direitos, com chanfro, um deles mais largo, e no segundo piso, por duas janelas de peitoril e vão mais pequeno, rectilínios com falsos canoupos na moldura. O terceiro pano é rasgado no piso térreo por amplo portal de verga recta sobre imposta, ambos com chanfro, e no segundo piso por duas janelas de peitoril rectilínias com falsos canoupos na moldura e com chanfro. Na face interna, os dois panos têm janelas conversadeiras e, no segundo pano, entre as janelas surge chaminé sobre consolas.

Acessos

São Dinis, Rua Camilo Castelo Branco n.º 2 a 12. WGS84: 41º17'38.96''N., 7º44'45.39''O.

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, flanqueado, a N. da antiga vila muralhada e formando frente de rua que partia de uma das suas portas. Em frente, ergue-se o antigo hospital da Divina Providência, actual Câmara Municipal (v. PT011714230142), e lateralmente adossam-se casas com interesse arquitectónico (v. PT011714230194 e PT011714230196). Junto à fachada posterior desenvolve-se vasta propriedade que desce abruptamente até ao rio Corgo e se prolonga ainda um pouco para lá do rio.

Descrição Complementar

O brasão sobre o portal do extremo direito representa os apelidos de José Constantino Lobo Tavares de S. Paio: esquartelado, tendo no I quartel as armas dos Teixeiras, de azul, com cruz de ouro potenteia e vazia; no II as dos Pimentéis, de verde, com cinco vieiras de prata, postas em sautor; no III as armas dos Morais, partido, tendo o primeiro de vermelho, com uma torre de prata, aberta, iluminada e lavrada de negro, assente sobre um rio, e o segundo de prata, com uma amoreira arrancada de verde; e no IV quartel as armas dos Sarmentos, de vermelho, com treze besantes de ouro, postos 3, 3, 3, 3 e 1. O brasão sobre o portal do extremo direito representa os apelidos de sua mulher, D. Maria Joaquina Teixeira de Buytrão de Morais Sarmento: esquartelado, tendo no I quartel as armas dos Lobo, de prata, com cinco lobos passantes de negro, armados e lampassados de vermelho, postos em sautor; no II as dos Sousas, esquartelado, tendo no primeiro e no quarto cinco escudetes de azul postos em cruz, cada escudete carregado de cinco besantes do primeiro esmalte, postos em sautor, e o segundo e terceiro de vermelho, com uma caderna de crescentes de prata; no III quartel tem as armas de S. Paio; e no quarto quartel as armas dos Pintos, de prata, com cinco crescentes de vermelho, postos em sautor.

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Residencial: casa

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Séc. 13 / 14 - construção das muralha circundando a vila, segundo a tradição, com as pedras vindas de Panóias; séc. 14 - visto não serem cumpridas as regalias que os isentavam do serviço militar e do pagamento de certos impostos, os moradores abandonaram a vila intramuros e começaram a construir as suas casas extra-muros, próximo da estrada real e onde abundava mais a água; a origem da Casa deu-se com Fernão Lobo, natural de Évora, fidalgo, escudeiro da Casa dos Marqueses de Vila Real e Coudel de Vila Real, que casou na vila com D. Maria Lourenço, viúva; seu filho e herdeiro Jerónimo Lobo Barbosa casou com D. Alda de Ervedoza, que tiveram como sucessor António Lobo Barbosa, que viria a casar com D. Beatriz de Contreiras; séc. 16 - construção de uma primeira casa no exterior das muralhas e no alinhamento da porta disposta a N.; 1527 - no Cadastro do Reino mandado realizar por D. João III, sabe-se que a vila era do marquês de Vila Real; existia uma boa cerca no interior da qual e no arrabalde viviam 478 famílias; 1571, 12 abril - alvará de foro passado a seu filho Jerónimo Lobo Barbosa; este casou com D. Filipa de Barros Correia; foi seu herdeiro o filho Luís Lobo Barbosa, instituidor do vínculo das Penelas; 1600, 14 Maio - casamento de Luís Lobo Barbosa com sua prima D. Dameana Lobo; foi seu filho e herdeiro Jerónimo Lobo Barbosa; 1633 - casamento de D. Isabel Pereira de S. Paio com Dionísio Lobo Tavares, filho natural, reconhecido e herdeiro de Constantino Lobo Tavares, Senhor da Casa da Porta da Vila e administrador das capelas do Ecce Homo e das mais Desamparadas Almas do Purgatório na Igreja da Misericórdia de Vila Real; 1635, 1 janeiro - data de casamento de Jerónimo com D. Maria de Andrade Mont' Arroio, tendo como primogénita Marta Lobo de Lacerda; 1657, 1 outubro - data de casamento do seu filho e herdeiro Constantino Lobo Tavares de S. Paio com sua prima D. Marta Lobo de Lacerda; sucedeu-lhe sua filha D. Emmereciana Lobo Tavares Pereira de S. Paio, que herdou a Casa da Porta da Vila e os vínculos de seus pais, tendo casado com Jacinto da Mesquita Botelho Pimentel; 1705, 4 fevereiro - nascimento do filho e herdeiro José Constantino Lobo Tavares de S. Paio, o Velho, Sargento-Mor das Ordenanças de Vila Real, Senhor da Casa da Porta da Vila e dos Prazos das Carvas e da Azinheira; casou com D. Maria Joaquina Teixeira de Buytrão de Morais Sarmento; séc. 18 - construção da actual casa da Porta da Vila por José Constantino Lobo Tavares de S. Paio; 1749, 9 Maio - nascimento de Francisco António Teixeira Lobo de Morais Sarmento, Senhor da Casa da Porta da Vila e de todos os vínculos de seus pais, tenente-coronel de Cavalaria, Comandante da 3ª Brigada Luso-britânica durante as Campanhas da Guerra Peninsular; 1758, 3 março - segundo o relato do pároco José Francisco Esteves de Carvalho, nas Memórias Paroquiais da freguesia de São Dinis, os muros da vila velha estavam na sua maior parte reduzidos a ruínas, só se conservando um grande pano com uma porta para S. e O., e para o N. um outro pano com uma torre e um "fortim"; o que circundava a dita vila velha só mostrava vestígios do que fora, supridos com paredões toscos para O. e para E. com paredes de hortas e outros pedaços arruinados; dentro dos muros viviam apenas 25 a 30 vizinhos ou moradores, crescendo a vila para o exterior dos muros, para N.; 1783, 27 outubro - data do casamento de Francisco com sua prima D. Ana Gertrudes Rita de Sousa Sotto Mayor de Azevedo Cam; 1812, 14 outubro - data da morte de Francisco António Teixeira Lobo de Morais Sarmento; foi seu filho e Senhor da Casa da Porta da Vila e dos Morgadios de Sabrosa, das Penelas, de Galafura, de S. Bartolomeu de Rabal e de Santa Marta de Bornes, Sebastião Teixeira Lobo Tavares de S. Paio, o qual casou D. Maria Efigénia da Gama Lobo; o seu filho Francisco Teixeira Lobo Tavares de S. Paio foi o herdeiro e Senhor da Casa da Porta da Vila e de Capela de Sabrosa, tendo casado com D. Maria Angelina Pinto Pizarro Pimentel e Castro; 1817, março - início da construção do edifício do hospital da Misericórdia, para o que se demoliu uma das torres que defendia a principal porta da muralha; 1861, 1 Maio - data do nascimento de seu filho Sebastião Teixeira Lobo Pizarro, Senhor da Casa da Porta da Vila, que casou com D. Maria da Purificação de Castro Pereira da Mesquita; 1884, 6 janeiro - nascimento de seu filho, Manuel de Castro Pereira Teixeira Lobo Pizarro, Senhor da Casa da Porta da Vila e da Quinta de Lobazim; séc. 19, finais / séc. 20 - construção do lagar adossado à fachada lateral direita; 1905, 2 Outubro - data do casamento do Dr. Manuel com D. Corina de Vilhena de Moura Carvalhais Pegado; 1906, 26 agosto - data do nascimento do seu filho e Senhor da Casa da Porta da Vila e da Quinta do Lobazim, António Pegado de Castro Pereira da Gama Lobo Pinto Pizarro Teixeira Lobo; 1939, 20 maio - data do seu casamento com D. Guilhermina Pinto de Lemos Sampaio e Melo de Noronha.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura de cantaria aparente ou rebocada e pintada; pilastras, frisos, cornijas, brasões, e outros elementos em cantaria de granito; silhar de azulejos; tectos de madeira; pavimentos de madeira; portas e caixilharia de madeira ou de alumínio; vãos com vidros simples; divisórias de tabique; placa de betão; chapa metálica; cobertura de telha; algerozes metálicos.

Bibliografia

BORGES, Júlio António, Monografia do Concelho de Vila Real, Maia, 2006; CAPELA, José Viriato, BORRALHEIRO, Rogério, MATOS, Henrique, As Freguesias do Distrito de Vila Real nas Memórias Paroquiais de 1758. Memórias, História e Património, Braga, 2006; SIMÕES, J. M. dos Santos, OLIVEIRA, Emílio Guerra de, Azulejaria em Portugal no século XVII, tomo I, Lisboa, 1997; TEIXEIRA, J. A., Fidalgos e Morgados de Vila Real e seu termo, Vila Real, vol. 2, 1949 e vol. 3, 1952.

Documentação Gráfica

Proprietário

Documentação Fotográfica

DGEMN:DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

Autor e Data

Paula Noé 2008

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login