Convento de São José / Igreja de São José / Câmara Municipal de São Pedro do Sul

IPA.00002461
Portugal, Viseu, São Pedro do Sul, União das freguesias de São Pedro do Sul, Várzea e Baiões
 
Convento franciscano capucho, de que subsiste a igreja, parte do núcleo conventual, implantado no lado direito da igreja, maneirista, barroca e rococó, bastante alterado por obras sucessivas nos sécs. 19 e 20, permitindo adaptar a estrutura às suas novas funções administrativas e políticas, com a igreja a seguir o esquema assimilado pela Província da Conceição no final do séc. 18, com empena de perfil bastante elaborado e óculo em forma de leque, com moldura recortada, constituindo o exemplar onde se criou o modelo que viria a servir os imóveis construídos ou reformados posteriormente pela Província. A igreja é de planta retangular composta por nave antecedida por galilé, e capela-mor mais estreita, possuindo coberturas internas diferenciadas em falsas abóbadas de berço, iluminada pelos vãos da fachada principal e os laterais. Fachadas com cunhais apilastrados, os da fachada principal com silhares almofadados, rematados por pináculos. Fachada principal com remate em empena contracurva, datável do final do séc. 18, seguindo os esquemas barrocos finais dos conventos de Arcos de Valdevez, Caminha, Monção, Mosteiró, Moncorvo, Vila Real, Melgaço e Fraga; ao centro, galilé em arco abatido, tendo no interior o portal axial, rectilíneo, e as portas da Portaria e Capela do Senhor dos Passos. Sobre o arco da galilé, janelão de perfil recortado, ladeado por dois nichos com imaginária e óculo em forma de leque. No lado direito, campanário de dois registos separados por cornija, o inferior com janelas rectilíneas e o superior com uma sineira em arco de volta perfeita e remate em empena com sineira de pequenas dimensões e encimada por pináculo. Interior com pavimento de lajeado e coro-alto em arco abatido, assente em mísulas recortadas e com pingentes, possuindo guarda de madeira ripada, interrompida, no lado do Evangelho por um órgão barroco composto por três castelos, gémeo do de Vila Cova de Alva. Possui seis confessionários confrontantes, com acesso pelo claustro e pela espessura do muro. No lado da Epístola, o púlpito quadrangular, assente em mísula e com guarda plena de talha policroma com marmoreados fingidos e acesso por porta em arco de verga recta com sanefa de talha. A capela lateral possui acesso por arco de volta perfeita tendo frontal a porta de acesso ao templo. Arco triunfal de volta perfeita assente em pilastras toscanas, com vestígios de policromia, com motives vegetalistas e as armas seráficas, encimado por um Calvário e ladeado por retábulos de talha policroma, de estilo barroco joanino. Capela-mor com retábulo de talha barroca joanina, de planta convexa e três eixos, o central com ampla tribuna e sacrário em forma de globo, ladeado por mísulas com imaginária. Dá acesso à Via Sacra, sacristia, com os armários dos cálices e amitos e arcaz com espaldar pintado com cenas hagiográficas e tecto em caixotões com gramática decorativa, e casa do lavabo, possuindo lavabo com espaldar simples e taça rectilinear, com as bicas orladas por almofadas negativas. O convento desenvolve-se em torno de claustro com quatro arcadas no primeiro piso e com vãos arquitravados no segundo, todos assentes em colunas toscanas. Possui uma estrutura neoclássica, com fachadas simétricas, rematadas em frontões triangulares com brasões, e platibandas plenas, rasgado por vãos em arco abatido, destacando-se as sacadas corridas centrais. Interior com vestíbulo, de onde sai escadaria de três lanços, os superiors divergentes, que ligam ao salão nobre.
Número IPA Antigo: PT021816140005
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Convento masculino  Ordem de São Francisco - Franciscanos Capuchos (Real Província da Conceição)

Descrição

Conjunto conventual composto por igreja e a zona regral adossada ao lado direito, actualmente ocupada pela Câmara Municipal. IGREJA com planta longitudinal, composta por nave, antecedida por galilé, e por capela-mor mais estreita, de volumes articulados e coberturas diferenciadas em telhados de duas águas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, a principal com cunhais em cantaria almofadada, criando um aspecto rústico, encimados por pináculos piramidais com fogaréus, e rematadas por cornija e beirada simples. Fachada principal virada a N., rematada em empena contracurva, encimada por fragmentos de cornija e por cruz latina de hastes florenciadas no vértice. É rasgada pelo arco da galilé, de perfil abatido, assente em pilastras toscanas, encimado pelo janelão do coro-alto, com moldura recortada e remate em cornija curva, ladeado por nichos de volta perfeita, com molduras recortadas e remate em cornija angular, onde se integram as imagens em terracota pintada de São Francisco e São Pedro de Alcântara. Sobre o janelão, um óculo em forma de leque, com moldura recortada. O interior da galilé, protegido por grades metálicas pintadas de verde, encontra-se rebocado e pintado de branco, com cobertura em abóbada de aresta e pavimento em lajeado de granito, formando sepulturas. O portal axial é de verga recta com moldura recortada, encimado por almofadados, botão e cornija simples, encontrando-se pintado com marmoreados fingidos; está protegido por duas folhas de madeira almofadada. No lado esquerdo, um nicho rectilíneo, correspondente à Capela do Senhor dos Passos, fronteiro a um vão semelhante,formando o antigo acesso à portaria. Fachada lateral esquerda rasgada por portal em arco de volta perfeita, assente em impostas salientes, de acesso ao templo, e por três janelas rectilíneas em capialço, a do lado direito de menores dimensões e tapada por elementos de madeira; tem, ainda, três pequenas frestas que iluminavam os antigos confessionários; no corpo da capela-mor, duas janelas rectilíneas em capialço. Fachada lateral direita parcialmente adossada ao complexo conventual, sendo visível uma janela rasgada no corpo da capela-mor, semelhante às da fachada oposta. Fachada posterior em empena, com cruz latina no vértice e pequena fresta, actualmente entaipada. A fachada principal tem, no lado direito, campanário de dois registos, o inferior com dois vãos rectilíneos, o superior jacente, surgindo, no segundo registo, sineira em arco de volta perfeita, assente em impostas salientes, encimado por empena com pináculo no vértice, onde se rasga uma segunda sineira em arco de volta perfeita. INTERIOR da nave com paredes rebocadas e pintadas de branco, percorridas por lambril de madeira, com pavimento em lajeado de granito e cobertura em falsa abóbada de berço de madeira, assente em cornijas *2. Coro-alto em arco abatido, assente em mísulas de cantaria recortadas e terminando em pingente, com guarda de madeira ripada, com acesso por porta de verga recta, no lado da Epístola. Junto ao coro-alto, no lado do Evangelho, um órgão assente em mísula bolbosa. O portal axial encontra-se protegido por guarda-vento de madeira almofadada. Confrontantes, seis confessionários em arcos de volta perfeita e molduras simples, com ralos quadrangulares, os do lado do Evangelho com acesso por porta de verga recta e corredor rasgado na espessura do muro, tendo os opostos acesso pelo claustro, através do corredor dos confessionários. No lado da Epístola, o púlpito quadrangular, assente em mísula com vestígios de pinturas murais com marmoreados fingidos, com guarda de talha policroma e dourada, de perfil galbado, rematando em cornija, ornada por pinturas de marmoreados fingidos, florões, festões e concheados dourados; tem acesso por porta de verga recta e moldura simples, encimada por sanefa de perfil recortado com fragmentos de cornija e lambrequins vazados. No mesmo lado, a capela lateral com vão em arco de volta perfeita assente em pilastras toscanas, totalmente revestido a pinturas vegetalistas, sendo dedicada a Nossa Senhora das Dores. Arco triunfal de volta perfeita, assente em pilastras toscanas, revestido a pinturas florais e, no arco, as armas seráficas, ladeado por retábulos colaterais dedicados a São José e a Santa Teresinha. Capela-mor elevada por um degrau, rebocada e pintada de branco, com cobertura em falsa abóbada de berço, também rebocada e pintada de branco, assente em cornija com pinturas de marmoreados fingidos e pavimento lajeado. Sobre supedâneo de cantaria, o retábulo-mor de talha dourada e planta côncava, de três eixos, definidos por quatro colunas torsas, percorridas por espira fitomórfica e assentes em consolas, com anjos atlantes, que sustentam friso, cornija e fragmentos de frontão, onde surgem anjos de vulto. Ao centro, ampla tribuna de volta perfeita, com o fundo pintado e contendo uma glória de querubins e resplendor. Os eixos laterais possuem nichos de volta perfeita, encimados por baldaquino com lambrequins, que protegem mísulas em forma de cornucópias, onde assenta imaginária. A estrutura remata em sanefa, vários fragmentos de frontão e anjos, surgindo, no topo, as armas seráficas apresentadas por anjos tenentes. A mesa de altar é em forma de urna, com cartela contendo símbolos eucarísticos (o cálice e a hóstia), envolvidos por resplendores, flanqueados pelas portas de acesso à tribuna, decoradas por apainelados com florões e encimadas por sobreporta, com concheados, festões e asas de morcego. Sobre esta, um sacrário em forma de globo, rodeado por querubins e anjos, dois deles tenentes, sustentando um drapeado que envolve a estrutura. Lateralmente, vestígios do primitivo cadeiral, compondo quatro conjuntos de três cadeiras, em madeira de castanho, com assentos amovíveis e braços volutados. No lado do Evangelho, porta de verga recta, de acesso à sacristia. CONVENTO de planta rectangular simples, desenvolvido em torno de um claustro, de volumes articulados e coberturas diferenciadas em telhados de uma e duas águas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por soco de cantaria, com cunhais apilastrados e remates em friso, cornija e beirada simples; evoluem em dois pisos e são rasgadas por vãos em arco abatido com molduras simples em cantaria. Fachada principal virada a N., com remate central em frontão triangular ornado pelas armas de Portugal, estando dividida em três panos por pilastras toscanas colossais, formando um esquema simétrico. No pano central tem uma porta, ladeada por duas janelas de peitoril e encimada por sacada corrida, com bacia de cantaria e falsa mísula terminando em pingente, com guarda metálica vazada, para onde abrem três portas janelas; os panos laterais têm três janelas de peitoril em cada piso, as superiores com caixilharias de guilhotina. Fachada lateral esquerda adossada à igreja, tendo, na oposta, o mesmo esquema da anterior, com três panos divididos por pilastras, os laterais rematados por platibanda plena de cantaria e o central com frontão triangular, ornado pelas armas municipais, flanqueadas por dois amplos enrolamentos. No centro, portal com fecho saliente, ladeado por duas meias lunetas e duas janelas de peitoril, estando encimado por sacada de perfil convexo, com bacia de cantaria assente em cinco mísulas, para onde abrem três portas janelas, ladeada por duas janelas de peitoril. Cada um dos panos laterais têm três janelas de peitoril por piso. Fachada posterior de dois panos, o do lado direito formando uma reentrância em ângulo recto. O pano do lado esquerdo tem porta no piso inferior e quatro janelas de peitoril, surgindo, no segundo piso, cinco janelas de peitoril. O pano do lado direito possui três portas e duas janelas no piso inferior e cinco de peitoril no superior; a face do ângulo possui duas janelas de peitoril em cada um dos pisos. INTERIOR com claustro quadrangular, de dois pisos, o inferior composto por quatro arcos de volta perfeita assentes em colunas toscanas com fuste em entasis, e muretes, aberto nos arcos centrais, para acesso à quadra; o segundo piso possui vãos arquitravados, sustentados por pilares biselados e colunas toscanas, actualmente sem guardas. Nos ângulos, pilares robustos marcados por gárgulas. As alas têm pavimentos em lajeado e tectos de madeira, sendo a quadra lajeada, marcada por canos que transportavam as águas pluviais até ao chafariz central, substituído por uma árvore. Para as quadras, abrem vãos rectilíneos, os do piso inferior entaipados, aparecendo um em arco de volta perfeita e moldura recortada, talvez correspondente ao acesso à primitiva Casa do Capítulo. O acesso interno é feito pela fachada lateral direita, onde surge um vestíbulo com escadas frontais, com lanço central, que bifurcam em dois lanços divergentes, dando acesso ao piso superior, onde se situa o salão nobre, fronteiro à escadaria. As alas laterais possuem gabinetes vários, os do piso inferior de atendimento ao público e os superiores destinados aos funcionários. A sacristia, na ala posterior, possui cobertura em caixotões de carácter decorativo, com molduras pintadas de vermelho, tendo em cada painel decoração de cartelas e concheados, alguns já algo delidos. Confrontantes, os armários dos cálices executado em madeira de carvalho e o dos amitos, com marchetados de pau-santo, rematado por espaldar, tendo pequenas gavetas, armário de apainelados e três gavetões, semelhantes aos do arcaz. Este é de madeira de castanho, com quinze gavetões e puxadores em metal recortado, sobre o qual surge um espaldar de talha dourada, dividido em apainelados por pilastras e estípides ornadas por acantos, tendo, ao centro, nicho com o fundo pintado de vermelho e folhas douradas, a imitar o lacado, encimado por sanefa e drapeados a abrir em boca de cena, estofados. No lado esquerdo, subsistem três painéis pintados, um formando a ilharga, sucedendo-se São Domingos, os Mártires de Marrocos e São Francisco em oração, surgindo, no lado oposto, São Boaventura, a Virgem a doar o Menino a Santo António e São Francisco a receber os estigmas. Casa do lavabo com exemplar em cantaria de granito, com espaldar e bicas enquadradas por almofada negativa quadrada e com os cantos chanfrados, que vertem para taça rectilínea *3.

Acessos

Praça da República.

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 32 973, DG, 1.ª série n.º 175 de 18 agosto 1943 *1

Enquadramento

Urbano, isolado e destacado, implantado no topo de uma zona de forte declive, com acentuada inclinação para S. e E., envolvido por um amplo largo, parcialmente arborizado. O acesso processa-se por amplo escadório, em cantaria de granito, de um lanço e terreiro pavimentado a lajeado de granito, com guardas plenas rebocadas e pintadas de branco, capeadas a cantaria, que, no terreiro, são substituídas por balaustradas, encimadas por pináculos de bola e fusiformes; na base do escadório, surge um cruzeiro, sobre plataforma circular de três degraus escalonados, onde assentam alto plinto paralelepipédico, coluna toscana e uma cruz de hastes florenciadas. As fachadas são circundadas por vias públicas, pavimentadas a cubos de granito, com casas de habitação e estacionamentos automóveis a N., O. e S., e jardim a E.; na fachada posterior, situa-se o cemitério.

Descrição Complementar

No frontão do portal principal a inscrição: "HAEC PORTA DNI. IUSTII. INTRBUNT IN EAM". Órgão no lado do Evangelho, junto ao coro-alto, sobre mísula facetada sustentada por um atlante menino, com as faces pintadas por marmoreados fingidos, sobre a qual surge o suporte, ornado por painéis almofadados e molduras douradas, decorados por elementos fitomórficos entrelaçados; sobre este, um castelo central, mais elevado e rematado por dois anjos músicas, que flanqueiam a figura de David a tocar harpa; são ladeados por nichos, divididos por estípides com o fuste ornado por motivos florais, rematando em cornija e, exteriormente, em vasos floridos. As flautas estão em disposição cormática em tecto, no castelo, e diatónica nos nichos, ambos com gelosias vazadas em talha dourada, reproduzindo elementos fitomórficos, as centrais em cortina e as laterais em harpa, tendo, na base, as palhetas. Capela lateral com retábulo de planta convexa e um eixo, definido por quatro colunas de fuste liso, marcado por elemento concheado, com capitéis coríntios e assentes em plintos galbados, que sustentam frontão interrompido por espaldar decorado por rocalhas e encimado por baldaquino com lambrequins. Ao centro, nicho contracurvo, tendo, na base, um sacrário com a porta ornada por cruz e mesa de altar em forma de urna, pintada com marmoreados fingidos. Os retábulos colaterais são semelhantes, de talha dourada e planta convexa, definida por duas pilastras com os fustes decorados por acantos e por dois quarteirões de enrolamentos, acantos e encanastrados, na base dos quais surgem duas mísulas, as primeiras assentes em consolas e os quarteirões em plintos paralelepipédicos com as faces ornadas por folhas e querubins. No centro, nichos de volta perfeita, com as bocas das tribunas rendilhadas, o único elemento que aponta para uma execução mais tardia, com os fundos pintados por flores, onde surgem, sobre peanhas, as imagens dos oragos. As estruturas rematam em fragmentos de frontão, encimados por anjos de vulto encarnados, que centram pequeno espaldar decorado por festões, concheados e querubins. Na base das tribunas, enormes sacrários, com as portas ornadas por cruzes. São sobrepujadas por sanefas recortadas, com lambrequins e contendo, ao centro, cartela com símbolos marianos, o Sol no lado do Evangelho, e a Lua, no lado oposto.

Utilização Inicial

Religiosa: convento masculino

Utilização Actual

Funerária: capela mortuária / Política e administrativa: câmara municipal

Propriedade

Privada: Igreja Católica / Pública: municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ENGENHEIRO: Arthur Kopke de Calheiros Sôlo (1870). ENTALHADOR: João Correia Monteiro (atr., 1755). ORGANEIROS: António Simões (1996); António Xavier Machado e Cerveira (1788). PEDREIROS: Manuel Fernandes (atr., 1760-1770); Manuel António (1778-1779).

Cronologia

1705, 24 Abril - nascimento da Real Província da Conceição *4, por Breve de Clemente XI; 1725, 16 de Novembro - o cabido da Sé de Viseu, em sede vacante, concedeu licença a Frei Carlos do Desterro, Ministro da Província Capucha da Imaculada Conceição, para fundar um Hospício e Casa de Convalescença, para religiosos doentes, que frequentavam as Termas; construção do edifício num terreno doado por Maria Josefa de Almeida, no lugar de Fermil, sendo o padroado do convento concedido a Luís de Figueiredo, abade de Bordonhos, e à sua irmã, que pagavam 12$500 para a fábrica da capela-mor; 1755 - os primeiros religiosos instalam-se em São Pedro do Sul, mas as obras ainda não estão concluídas; feitura do retábulo-mor, atribuível a João Correia Monteiro *5; 1760-1770 - obras de construção do edifício, sendo as obras atribuíveis ao mestre Manuel Fernandes de Reirigo, concelho de Coura; 1778, 21 Agosto - contrato entre o síndico do convento, Xavier Cardoso, abade de Pindô, com o pedreiro Manuel António, de Fataunços, para a feitura da escadaria e respectivo cruzeiro, segundo planta fornecida e importando em 250$000, extraindo-se a pedra da cerca do Convento, cabendo ao Síndico os carretos de cal e a escavação dos alicerces; pintura das modinaturas dos vãos com elementos fitomórficos; 1788 - construção do órgão por António Xavier Machado e Cerveira, sendo o seu opus 17; 1789 - douramento do órgão por ordem de Frei José do Menino Jesus, bispo de Viseu; séc. 19 - pintura do arco triunfal; 1834 - decorrente da extinção das Ordens Religiosas, foram inventariados todos os bens móveis e imóveis do Convento *6, avaliado em 8:380$000; a igreja e os objectos de culto foram entregues ao Reverendo António Homem Freire de Figueiredo, encomendado da freguesia de São Pedro do Sul; 11 Agosto - a Câmara solicita o terreno ao lado da igreja para construção do Cemitério; 1835, 9 Junho - a Câmara reitera o pedido, pedindo a totalidade do imóvel, para casa do pároco, escola, câmara e hospital; 1836, 17 Fevereiro - cedência de parte de um terreno para a construção da fonte pública; 1838, 23 Janeiro - novo pedido da Câmara, sendo-lhe cedida a nascente da água para a construção da fonte; 3 Março - cerca pedida para construção do Cemitério; 1840, 22 Fevereiro - novo pedido de doação da cerca, mata e edifício; 1842, 10 Novembro - após insistentes pedidos da Câmara Municipal, foi-lhe concedido todo o convento e a sua mata; a igreja começou a degradar-se; 22 Outubro - cedência à Câmara do edifício e cerca, onde a edilidade mandou fazer a Estrada Real; 1870 - reforma da ala S. do convento, adaptando-a a dependências da Câmara, por Arthur Kopke de Calheiros Sôlo; 1886 - a Câmara, usufrutuária dos bens eclesiásticos do convento, requereu absolvição ao Núncio Apostólico e autorização para continuar a possuir e administrar esses bens, o que foi concedido em troca da contribuição de 20 réis para o conserto do órgão e fábrica da igreja, para sua conservação e manutenção do culto divino e construção do cemitério público; séc. 20 - a capela lateral foi trocada de local, tendo sido colocada na antiga porta de acesso ao claustro, servindo a zona da capela para se rasgar uma porta de acesso ao templo; 1950 - o Claustro esteve a servir de arrecadação de mobiliário proveniente de escolas, de ferramentas e materiais de obras e de canil; 1967 - o edifício sofreu um violento incêndio, que danificou toda a zona conventual, procedendo a Câmara ao restauro integral do mesmo, adaptando-o às suas necessidades e destruindo irremediavelmente o espaço conventual, introduzindo novas fachadas, gabinetes, escadarias, bar, salas de reunião e espaços de atendimento ao público; 1996 - conclusão do arranjo do claustro; 24 Novembro - inauguração do órgão, após restauro por António Simões; 2007, 22 novembro - proposta da DRCoimbra de fixação da Zona Especial de Proteção conjunta do Convento e do Palácio de Reriz (v. PT021816140009); parecer favorável do Conselho Consultivo do IGESPAR.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria de granito e betão, rebocada e pintada; colunas, pilastras, soco, pavimentos, sacadas, púlpito, arcos, modinaturas, mísulas, escadas, cornijas, platibandas, lavabo, cruzes em cantaria de granito; pavimentos, forros, retábulos, órgão, cadeiral, arcaz, armários, guardas, portas em madeira, grades metálicas; janelas com vidro simples e caixilhos de madeira; esculturas em terracota; coberturas em telha.

Bibliografia

ALMEIDA, Fortunato de, História da Igreja em Portugal, vols. I e II, Porto, Livraria Civilização Editora, 1968; ALMEIDA, José António Ferreira de (dir.), Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, 1976; ARAÚJO, António de Sousa (Frei), Antoninhos da Conceição - dicionário de capuchos franciscanos, Braga, Editorial Franciscana, 1996; ALVES, Alexandre, O Convento Franciscano de São José da Vila de São Pedro do Sul, Viseu, 1997; ALVES, Alexandre, Artistas e Artífices nas Dioceses de Lamego e Viseu, vols. I e II, Viseu, 2001.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; DGARQ/ADV: Fundo do Governo Civil de Viseu, Planta das obras a fazer no extinto Convento de São Pedro do Sul, 1870, cx. 2950, n.º 5; CMSPS

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DSARH; DGARQ/TT: AHMF, Conventos extintos, Convento de São José de São Pedro do Sul, cx. 2250, DGARQ/ADV: Fundo do Governo Civil de Viseu, Obras no Convento de São Pedro do Sul, cx. 2950, n.º 5; CMSPS

Intervenção Realizada

CMSPS: 1978 / 1982 - a Câmara procedeu a obras de reparação da igreja, a nível de estruturas, revestimentos e coberturas, com o apoio técnico da DGEMN; 1996 - reparação e consolidação do órgão, por António Simões, mestre organeiro; reparação dos soalhos; obras de beneficiação e adaptação do claustro, respeitando-se a traça primitiva.

Observações

*1 - DOF: Convento dos Franciscanos (São José), constituído pela Igreja, Sacristia e Claustro. *2 - a zona do cruzeiro de São Pedro do Sul era protegida por grades-confessionários, visíveis em fotografias recolhidas antes da obra de reforma do espaço da igreja, na década de 40 do séc. 20, executadas em madeira, formada por balaústres, tendo, no topo, os típicos confessionários, de madeira, rematados em cornija contracurva, datáveis de finais do séc. 18 ou início do 19. *3 - pouco se conhece relativamente à cerca, que teria sido executada na mesma data do Convento, no séc. 18, sendo de pequenas dimensões com uma pequena área de lavradio e uma horta, surgindo, ainda, dividida por um caminho público, mas com acesso através de um túnel, uma mata de castanheiros, carvalhos e sobreiros, dispostos de forma aleatória. No perímetro cercado, existia uma pequena casa térrea, que servia de palheiro e de alambique, um coberto em telha, certamente para guardar a lenha, e uma estrutura destinada aos porcos; a comunidade recebia a água a partir da mata, de onde vinha encanada para um grande tanque de pedra, para as sacristia e cozinha. *4 - fazem parte da Província os seguintes Conventos: Santa Maria de Mosteiró (v. PT011608030013), Santa Maria da Ínsua (v. PT011602120133), São Francisco de Viana (v. PT011609310047), Santo António de Ponte de Lima (v. PT011607350252), Santo António de Viana (v. PT011609310048), Santo António de Caminha (v. PT011602070044) São Bento de Arcos de Valdevez (v. PT011601340059), São Bento e Nossa Senhora da Glória de Monção (v. PT011604170011), Nossa Senhora da Conceição de Melgaço (v. PT011603180044), Santo António do Porto (v. PT011312120035), São Francisco de Lamego (v. PT011805010074), São Francisco de Orgens (v. PT021823190031), São Francisco de Moncorvo (v. PT010409160053), São Francisco de Vila Real (v. PT011714240091), Santo António de Serém (v. PT020101120131), Santo António de Viseu (v. PT021823240358), Santo António de Viana, Santo António de Vila Cova de Alva (v. PT020601180012), Santo António de Pinhel (v. PT020910170012), São José de São Pedro do Sul, Convento do Senhor da Fraga (v. PT021817040031), Colégio de Santo António de Coimbra (v. PT020603020036 e PT020603020163) e o desaparecido Hospício de Lisboa. *5 - segundo Alexandre Alves, o retábulo de São Pedro do Sul seria anterior, pois afirma que o retábulo poderá ter sido dourado, em 1733, pelo pintor-dourador, José de Miranda Pereira, chamado para a obra do Convento (ALVES, vol. II, 2001, p. 390), o que não pode ser correcto visto o Convento ter sido fundado posteriormente, em meados do séc. 18. *6 - no Inventário, é referenciada a existência de uma maquineta sobre a guarda do coro-alto, com crucifixo pintado e dourado, possuindo um Menino Jesus, tendo as imagens resplendores de prata; neste espaço existiam duas estantes de madeira e um candeeiro das Trevas; na Via Sacra, surgiam três imagens antigas, não identificadas e, na sacristia uma sineta que servia para a chamada para as missas e para a marcação dos passos litúrgicos, e dois Sudários; o refeitório tinha mesas formadas por cinco tábuas de castanho, com a largura de dois palmos e meio, espaço iluminado por dois candeeiros, um de quatro e outro de três lumes, sendo o espaço decorado por uma pintura com a "Última Ceia"; a despensa possuía duas pias de pedra para colocação do azeite, uma de dez almudes e outra de doze, ao lado da qual ficava uma tulha e o armazém, a primeira com duas arcas de madeira de pinho, uma que comportava 150 alqueires e outra 50, surgindo, no armazém, uma em madeira de castanho, desconhecendo-se as suas dimensões; nas escadas regrais, existia um nicho protegido por vidraça, onde surgiam as imagens de uma Sagrada Família, que partilhavam uma peanha comum, provenientes do Convento de São Francisco de Orgens e actualmente desaparecidas; os corredores dos dormitórios eram iluminados um lampião de lata, pintado de azul e com quatro vidros; a enfermaria tinha um altar com a imagem de Santa Bárbara, um Menino Jesus pequeno, um Crucificado de chumbo e um relicário em forma de custódia, executado em madeira de buxo, contendo um pedaço do Santo Lenho; tinha quatro cubículos com as respectivas camas, formada pela cabeceira e os bancos, tudo pintado de azul claro, surgindo, aos pés das mesmas, quatro bancos de madeira de pinho; na dependência, existiam, ainda, dois armários, um grande com quatro portas e três gavetas e um pequeno de duas portas, o primeiro pintado de várias cores e este de azul claro; a hospedaria era composta por duas camas, com as cabeceiras pintadas de azul, com uma mesa de castanho e dois tamboretes e iluminada por dois candeeiros de latão, tendo na rouparia três arcas, uma de menores dimensões, todas de madeira de pinho, uma com a capacidade para sessenta alqueires e outra para doze; no campanário existiam dois sinos, um com dezasseis arrobas e outro de sete, talvez o correspondente ao relógio.

Autor e Data

Madeira Portugal 1992 / Lina Marques 1998 / Paula Figueiredo 2009

Actualização

 
 
 
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