Forte Jalali

IPA.00024609
Omã, Masqat (G), Mascate, Mascate
 
Arquitetura militar, quinhentista e seiscentista. Forte construído pelos portugueses no início do séc. 16 e reformado na 2ª metade da mesma centúria, com planta irregular adaptada à morfologia do terreno, composta por muralhas e torres circulares tipo tambores, quadrangulares e uma trapezoidal, com paramentos aprumados, terminados em parapeito liso ou de ameias e rasgadas por pequenos vãos retilíneos ou em arco.
Número IPA Antigo: OM930600000001
 
Registo visualizado 365 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Militar  Forte    

Descrição

Planta irregular adaptada à morfologia do terreno, composta por duas torres circulares, tipo tambores, uma a N. e outra a SE., uma trapezoidal a SO. que volumetricamente possui os topos curvos, e duas outras quadrangulares, dispostas a S., mas em níveis diferentes, e por muralhas de perfil reto. Apresenta paramentos aprumados, terminados em parapeitos lisos ou de ameias, de remate piramidal, e, em alguns troços, sem parapeito. As torres, marcadas por vários anéis, são rasgadas por vãos em arco ou retilíneos, em diferentes níveis e de dimensões distintas. Na torre implantada a meio da encosta S. estaria instalada a casa do guarda; a torre trapezoidal implantada no plano mais elevado possui integrado nos ângulos guaritas cilíndricas cobertas por domo. A muralha virada à baía e que une esta torre trapezoidal e a torre N. é rasgada por oito eixos de amplos vãos, em arco, os do registo inferior mais apontado, formando uma esplanada central, para onde dão as casas da guarnição. INTERIOR: o forte possui porta de madeira com picos de ferro. Conserva recinto cavernoso que serviu como edifício de defesa contra o ataque por via marítima e de onde se visiona todo o porto. Apresenta um pátio com vários níveis, atravessado por um canal de água, e com árvores Bedam e Sidr. Do pátio acede-se a várias salas e recintos construídos em diferentes níveis, possuindo múltiplas escadas de ligação.

Acessos

Mascate, Golfo de Omã

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Isolado, no cimo de um afloramento rochoso, em posição dominante sobre a baía de Mascate e a SE. da mesma, junto ao porto. O forte tem acesso apenas pelo lado do porto, por escada íngreme, com degraus talhados na rocha, existindo atualmente um teleférico que facilita a transferência de homens e material até ao mesmo. No lado oposto da baía, ergue-se o forte de Mirani (v. OM930600000002), também sobre escarpa rochosa.

Descrição Complementar

No sopé das escadas existe lápide de grandes dimensões, com inscrição em árabe, informando: "FORTE DE AL-JALADI ERGUIDO EM 1587". O museu no forte Al Jalali possui um rico espólio do património e da cultura de Omã, como canhões, munições de canhão, armas cerimoniais, mosquetes, cordões e instrumentos utilizados para acionar os mosquetes; nas paredes expõem-se mapas, um deles com o mapa de ventos e correntes de água na baía de Mascate; ilustrações, uma delas retratando possessões portuguesas em Mascate; representações da tomada do porto de Mombaça, de antigas possessões de Omã no leste da África; uma sala possui um teto suspenso em palma e inscrições nas paredes; no forte destaca-se uma sala de jantar com vista para o pátio, conservando no teto um sistema de ventilação manual, e onde até seis pessoas podem jantar, em torno de uma enorme e mesa árabe esculpida; no cimo na praça central, uma sala é ricamente decorado com vasos de Bahla, tapeçaria de Ibri, e metais de Muttrah, Nizwa Rustaq, colares Omani, pingentes e brincos, além de uma série de utensílios domésticos tradicionais, queimadores de incenso e cafeteiras.

Utilização Inicial

Militar: forte

Utilização Actual

Cultural e recreativa: museu

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Época Construção

Séc. 16 / 17

Arquitecto / Construtor / Autor

ENGENHEIRO: Inofre de Carvalho (conjetural, 1559 / 1560); Manuel Homem de Pina (1633). MESTRE: Belchior Calaça (1588).

Cronologia

1507, 2 setembro - data da conquista da cidade de Mascate, então sob o domínio do reino de Ormuz, por Afonso de Albuquerque, Governador do Estado Português da Índia, comandando uma frota de sete navios e de uma força de quinhentos homens; Brás de Albuquerque descreve a cidade como grande, muito bem povoada, cercada da banda do sertão por serras muito altas e da banda do mar batida pelas águas do mar; era um lugar muito gracioso, de casas muito boas, sendo a cidade de Mascate do reino de Ormuz e o sertão do rei Benjabar; perto tinha poços de água doce, pomares, hortas, palmeiras, com poços para regar, sendo a água tirada por engenho de bois; o porto era pequeno, em ferradura, abrigado dos ventos, sendo uma "escapulo" antiga de carregamento de cavalos e de tâmaras; 1517 - ataque à cidade por Suleiman Pasha; 1526 - submissão de Mascate por Lopo Vaz de Sampaio, Vice-rei da Índia; 1550 - ataque à cidade por Piri Reis; 1551 / 1552 - conquista de Mascate aos portugueses pelo almirante otomano e cartógrafo Piri Reis, acabando no entanto por abandoná-la; 1552 - melhoramento e modernização da fortificação sob o comando do capitão João de Lisboa; 1559 / 1560, entre - deve ter trabalhado na fortificação o engenheiro Inofre de Carvalho; 1580 - ataque à cidade por Ali Bek; 1588 - alteração da fortificação de Mascate por ordem do vice rei D. Duarte de Meneses e sendo governador Manuel de Sousa Coutinho; o mestre encarregado foi Belchior Calaça que, para o efeito se deslocou de Ormuz; segundo Pedro Dias, a reforma deve ter sido projetada por Giovanni Baptista Cairato; D. Duarte de Meneses manda construir o forte de Jalali, inicialmente denominado de São João; 1622, 3 maio - após a queda do Forte de Ormuz perante os Persas e seus aliados ingleses, a sua guarnição e a população portuguesa, cerca de 2000 pessoas, são enviadas para Mascate; 1633, 3 agosto - o Conselho do Estado da Índia determina mandar a Mascate o engenheiro Manuel Homem de Pina para melhorar as fortificações, compostas por um sistema complexo; decide-se que o ponto nevrálgico da fortificação seria o forte padrastro do boqueirão, como então era chamado o forte de São João, onde devia ficar a casa do capitão e, por cima dele, se deviam fazer os armazéns para as munições e mantimentos; na couraça que estava na ponta do baluarte de Santo António deveria ser feita outra, da parte de fora, desde o alicerce que já estava feito, ocupando todo o espaço disponível para poder ser dotado de uma bateria, e que se fizesse por dentro do dito forte a serventia para a fortaleza velha, até ao varadouro dos navios; na fortaleza velha devia ser feita, no lugar da cisterna e da ermida, uma esplanada onde fosse colocada a artilharia, fazendo-se parapeitos muito fortes, à prova de tiro inimigo; a serventia, ou caminho, que existia na fortaleza velha para a parte do Levadim, deveria ser desmanchada, tornando-se o local inacessível para impossibilitar o ataque desse lado; no alto, onde ficaria a esplanada, levantar-se-ia um pano de muralha com travesses, ao longo do cume da elevação onde estava assente, de modo a que a comunicação se fizesse pela escada que servia a couraça, e na base desta devia-se fazer uma parede para cobrir a gente que subisse para essa parte da fortaleza; na praia de Mocala far-se-ia uma cisterna suficientemente grande para abastecer em caso de assédio e na serra onde ficavam os lascarins, junto da torre de vigia, entrando pela barra dentro, do lado esquerdo e em frente do forte de Santo António, construir-se-ia outra cisterna, para ser usada no caso da perda da povoação e aí se recolherem os habitantes; 1635, cerca - representação das fortificações de Mascate por António Bocarro; a enseada, rodeada por escarpas agrestes, era defendida por dois bastiões do lado direito e uma torre tradicional do lado oposto; o reduto mais forte ficava no alto, à direita, com quatro baluartes redondos de ângulo e respetivas cortinas; outra cortina continuava pelo alto do morro, até um outro baluarte redondo, novo e mais forte; a praia era fechada por uma cortina e dois meios baluartes, desenvolvendo-se a cidade a partir daí, sendo fechada por uma nova muralha com seis possantes baluartes, sendo os dos extremos mais desenvolvidos do que os outros; segundo Bocarro subia-se ao forte de São João por uma escada de 80 degraus, a meio das quais existia um revelim onde se fazia a vigia; na plataforma acima do boqueirão havia uma cisterna escavada na rocha e daí se avistava um orelhão que era como um pequeno baluarte com três peças de artilharia apontadas na direção de Qurayat; na parte esquerda deste baluarte existia uma porta de acesso ao mar; 1637, novembro - as obras do baluarte padastro ou de São João já estavam paradas por falta de dinheiro; 1648, agosto - cerco de Mascate pelos árabes; 31 de outubro - celebração de tratado entre os árabes e os portugueses; 1650, 26 janeiro - até à queda da cidade nas mãos dos árabes, Mascate foi um importante entreposto comercial e a principal cidade da costa de Omã; após a captura da cidade, o forte recebe a designação de Al-Jalali, nome de um dos comandantes das forças persas na altura; posteriormente foi sendo gradualmente reconstruído e reforçado, até alcançar a forma atual; 1653 - perda definitiva de Mascate por parte dos portugueses; 1909 / 1912 - aquando da visita de Mariano Saldanha à cidade, a cerca ainda tinha as duas portas que surgem nos desenhos seiscentistas de Pedro Barreto de Resende; 1970 - após a subida do Sultão Qaboos bin Said Al Said ao poder, procedeu-se a extensa campanha de restauro e adaptação do forte de El Jalali a museu histórico; 1983 - demolição total das muralhas portuguesas da cerca que envolviam o primitivo perímetro urbano e construção de novas muralhas.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Bibliografia

DIAS, Pedro, Arte de Portugal no Mundo. África Oriental e Golfo Pérsico, Lisboa, Público - Comunicação Social, S.A., 2008; MATTOSO, Dir. José, África. Mar Vermelho. Golfo Pérsico. Património de Origem Portuguesa no Mundo. Arquitectura e Urbanismo, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 2010; http://pt.wikipedia.org/wiki/Forte_de_Al-Jalali, março 2012; http://www.nizwa.net/oman/jalali.html, março 2012.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Wimpwy Alawi Company: 1982 - obras de restauro do forte.

Observações

EM ESTUDO.

Autor e Data

Sofia Diniz 2006 / Paula Noé 2012

Actualização

 
 
 
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