Fortaleza de Quíloa / Forte de Quíloa

IPA.00024508
Tanzânia, Lindi, Kilwa, Kilwa
 
Arquitectura militar, quinhentista. Forte de planta rectangular com paramentos aprumados e integrando em alguns ângulos torres, a virado ao mar cilíndrica, com taludes pronunciados, construção semelhante à que se encontra em Ormuz e nas praças complementares levantadas no Golfo, como Keshm e Larak. Segue a tipologia comum das fortificações de início do séc. 16. O Forte tinha como função principal proporcionar abrigo aos passageiros das naus da carreira da Índia que demandavam aquele porto e, apenas secundariamente, a de defesa contra eventuais inimigos.
Número IPA Antigo: TZ910802000001
 
Registo visualizado 345 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Militar  Forte    

Descrição

Planta rectangular, com muralhas aprumadas, com mais de oito metros de altura, integrando nos ângulos duas torres e um baluarte circular em talude. Remates em parapeito liso, rasgado por frestas ou em parapeito com ameias. Portal de grandes dimensões, em arco abatido, acessível por ponte, integrando portal mais baixo de verga reta, decorada com elementos fitomórficos. Interiormente, as torres comunicam por um adarve.

Acessos

Kilwa Kisiwani

Protecção

Património Mundial - UNESCO, 1981

Enquadramento

Marítimo, isolado, numa pequena ilha, à entrada de uma baía da costa sueste da Tanzânia. Enquadramento harmonioso, quebrando a linha rasa da costa, tendo por pano de fundo o arvoredo da mata que se aproxima da praia.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Militar: forte

Utilização Actual

Cultural e recreativa: marco histórico-cultural

Propriedade

Pública: estado da Tanzânia

Afectação

Época Construção

Séc. 16

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: Tomás Fernandes (1505). ENCARREGADO DAS OBRAS: Fernando Gomes (1506).

Cronologia

Séc. 09 - época provável da ocupação da ilha Kilwa Kisiwani, Quíloa, na História de Portugal, provavelmente por populações swahili; nessa época, um chefe da ilha de Kilwa Kisiwani vendeu-a a um mercador árabe chamado Ali bin Al-Hasan, fundador da Dinastia Shiraz; séc. 11 / 15, entre - os seus descendentes ali estabeleceram o mais poderoso centro comercial da África Oriental; 1331 - visita da ilha Kilwa pelo geógrafo marroquino Ibn Batuta, dando-a depois a conhecer ao mundo ocidental através dos seus escritos *1; 1500 - a caminho da Índia, o português Pedro Álvares Cabral visitou Kilwa e referiu-se às belas casas de coral e seus terraços, pertencentes a "mouros negros", o que atraiu a atenção dos portugueses; 1502 - Vasco da Gama, na sua segunda viagem à Índia atraca no porto de Quíloa e tomou a ilha, tornando-a tributária de Portugal; 1505 - na sequência do sultão ter deixado de pagar o tributo, as forças de D. Francisco de Almeida, primeiro Vice-rei da Índia, conquistaram a ilha e iniciaram a construção do forte, a primeira fortificação portuguesa de pedra e cal na África Oriental; Tomás Fernandes, o mestre construtor que acompanhava o vice-rei, traçava os planos e dava início aos trabalhos, deixando ficar um subalterno, quando partia para outra missão num ponto de apoio à carreira da Índia; 25 Julho - quando o Vice-rei partiu, o forte já tinha o circuito dos muros fechado e construíam-se as ameias, celebrando-se por isso missa solene no dia de São Tiago; ali ficou como capitão Pedro Ferreira Fogaça; 1506, 14 Agosto - pagamento de 500 reais ao mestre encarregado das obras do forte, Fernando Gomes, por trabalhos que fizera nas paredes; 1512 - devido à manutenção dispendiosa e à concentração dos esforços militares e comerciais em Sofala e Moçambique, o forte foi abandonado pelos portugueses, sendo posteriormente ocupado por uma força árabe, voltando a ser uma cidade-estado swahili; posteriormente as suas instalações viriam a ser utilizadas como prisão denominando-a, por isso, de "Gereza", expressão em swahili que significa prisão; 1748 - gravura de Didot incluída na Histoire Generale des Voyage; 1784 - quando se tornou num protectorado de Omã, voltou a perder o seu poderio; 1843 - até esta data permaneceu no forte uma guarnição militar, que então o abandona aquando da extinção do Sultanato e Zamzibar e Pemba; 1930, década - realização de diversas campanhas arqueológicas por alemães e britânicos, que também recuperaram alguns edifícios; entre os edifícios mais importantes estão a Grande Mesquita, a maior de África aquando da sua construção, o palácio Husuni Kubwa, com cem compartimentos, a Pequena Mesquita, o edifício mais bem preservado na ilha, o Palácio Makutani, o pequeno Husuni Ndogo e o Forte; 1981 - inscrição do forte na lista dos locais que constituem Património da Humanidade, pela UNESCO; 2004 - inscrição na Lista do Património Mundial em Perigo.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria de pedra.

Bibliografia

DIAS, Pedro, CASTRO, Joaquim Magalhães de, 27 Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo, s.l., Printer Portuguesa, 2009; LIZARDO, João, A identificação do forte português de Quíloa, ou como uma escavação arqueológica pode proporcionar resultados opostos às conclusões do seu autor in al-madan, adenda electrónica, IIª série (13), Julho 2005; http://pt.wikipedia.org/wiki/Ruínas_de_Kilwa_Kisiwani, Abril 2011.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

EM ESTUDO. *1 - O geógrafo marroquino Ibn Batuta descreve Kilwa pela "beleza da grande cidade, com edifícios construídos de pedra de coral, normalmente com um único piso e pequenos compartimentos separados por maciças paredes e com telhados formados de placas da mesma pedra, suportados pelas paredes e por estacas de mangal." Mas também refere "estruturas formidáveis de vários pisos e algumas belamente ornamentadas com pedra esculpida nas entradas, tapeçarias e nichos cobrindo as paredes e o chão com carpetes... Claro que estas eram as casas dos ricos, porque os pobres viviam em casas de palha, vestiam-se apenas com um pano sobre as ancas e comiam apenas papas de milho (...)".

Autor e Data

Sofia Diniz 2006

Actualização

Manuel Freitas (Contribuinte externo) 2011
 
 
 
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