Ponte Medieval da Ribeira de Meimoa e Nicho do Senhor dos Aflitos

IPA.00002449
Portugal, Castelo Branco, Penamacor, Meimoa
 
Ponte quinhensita, de arco e de tabuleiro rampante, com arcos plenos, talhamares e parapeito em cantaria. Aparelho isódomo, com as aduelas dos arcos dispostas irregularmente. Arcadas da ponte com dimensões desiguais e guardas simples de cantaria, sem qualquer decoração. Apresenta várias datas inscritas. Nos silhares é visível a marca da reconstrução.
Número IPA Antigo: PT020507080003
 
Registo visualizado 2337 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Estrutura  Transportes  Ponte / Viaduto  Ponte pedonal / rodoviária  Tipo arco

Descrição

Ponte de tabuleiro rampante, sustentada por nove arcos de volta perfeita, apresentando diâmetros diferenciados, cuja dimensão decresce nos topos, situação mais acentuada no lado N.. Aparelho isódomo, tendo as aduelas disposição irregular. Dotada de seis talhamares altos a montante. Guardas simples, em cantaria e pavimento em calçada irregular de granito, parcialmente cimentado. O tabuleiro tem c. de 70 m. de comprimento e 3,7 m. de largura. Integra duas inscrições romanas, reaproveitadas de outras estruturas. Num dos talhamares, surgem três datas: "31-3-952", "3-11-955" e "96-1-8".

Acessos

EN 233, ao km. 48; ramal em direcção a Benquerença. WGS84 (graus decimais) lat.: 40,226291, long.: -7,187977

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 39 175, DG n.º 77 de 17 abril 1953 (ponte)

Enquadramento

Urbano, na periferia de aglomerado, ligando as margens relativamente planas e baixas da Ribeira de Meimoa, que corre paralelamente à povoação; lateralmente observam-se ruínas em betão e estrada interrompida. Junto, situa-se o Nicho do Senhor dos Aflitos. A zona envolvente encontra-se em bom estado de conservação.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Transportes: ponte

Utilização Actual

Transportes: ponte

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 14 / 16 (conjectural)

Arquitecto / Construtor / Autor

CANTEIRO: Gonçalo Sanches (1607).

Cronologia

Séc. 14 - 16 - hipotética construção da ponte, provavelmente sobre uma anterior *1, construída no período romano e totalmente derrubada durante o processo da Reconquista, integrada numa via militar secundária, que ligava Salgueiro a Meimoa, entroncando na Via Lata; 1607 - alvará de D. Filipe II entrega a empreitada da construção da ponte a Gonçalo Sanches, mestre de cantaria, residente em Castelo Branco, por 4750 cruzados, para cujo pagamento contribuiram as cidades da Guarda, Viseu, Lamego, Porto, Guimarães, Viana do Castelo e Torre de Moncorvo; 1758 - referida nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo vigário Frei Lourenço Fernandes de Nazaré, como sendo de cantaria e passando por ela a ligação da Beira Alta para a Beira Baixa; 1952, 31 março - obras prováveis, conforme data inscrita num talhamar; 1955, 03 novembro - obras prováveis, conforme data inscrita num talhamar; 1970- alargamento e beneficiação com construção de um tabuleiro de betão armado sobre a ponte em alvenaria existente e que permitiu o alargamento da plataforma de 4,47 m para 9,20 m e obras diversas de beneficiação geral, projeto e direção do Eng.º António Cardoso;1996, 08 janeiro - data num talhamar, revelando a reconstrução de uma guarda.

Dados Técnicos

Estrutura mista.

Materiais

Granito; cantaria; aparelho isódomo.

Bibliografia

BENTO, Mário Pires, Apontamentos sobre Monumentos Militares do Norte do Concelho de Penamacor, in Comunicações das 1ªs. Jornadas Regionais sobre Monumentos Militares, Castelo Branco, 1983; JOLON, Novo Roteiro do Concelho de Penamacor, Penamacor, 1988; Pontes Romanas de Portugal, Obras Públicas concluídas em 1970, Anexo nº21 ao Boletim do Comissariado do Desempregro, Lisboa, Mininstério das Obras Públicas, 1971, p.36: [dir. PINTO, Paulo Mendes], Lisboa, 1998; LANDEIRO, José Manuel, O Concelho de Penamacor na História, na Tradição e na Lenda, Penamacor, 1938; PIRES, Edmundo A. [dir.], I Colóquio de Arqueologia e História do Concelho de Penamacor, Penamacor, 1979; PROENÇA, Raul; DIONÍSIO, Sant'Ana, Guia de Portugal, Beira II - Beira Baixa e Beira Alta, Lisboa, 1984; RIBEIRO, Aníbal Soares, Pontes Antigas Classificadas, Lisboa, 1998; SILVA, Júlio Rodrigues e Silva, A Ponte de Meimoa, no termo do Concelho de Penamacor, in Estudos de Castelo Branco, Castelo Branco, nº 34, 1970; SILVA, Joaquim Candeias da, Subsídio para o estudo da viação romana no SW. do antigo território penamacorense, in Actas e Memórias do 1.º Colóquio de Arqueologia e História de Penamacor, 5 a 7 de Outubro de 1979, Penamacor, 1982, pp. 37-50; VITERBO, Sousa, Diccionario Historico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portuguezes ou a serviço de Portugal, Lisboa, Imprensa Nacional, 1904, vol. III; http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/73255 [consultado em 14 outubro 2016].

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DSARH; DGAN/TT: Memórias Paroquiais (1758)

Intervenção Realizada

Séc. 20, 1ª metade - pavimentação com revestimento betuminoso; DGEMN: 1953 - levantamento e assentamento das guardas da ponte; 1954 / 1956 - obras de consolidação; apeamento e reassentamento de silhares de cantaria nos arcos; recalcamento de um quebra-mar; CMP: 1980 / 1981 - obras de consolidação das fundações; enchimento parcial do parapeito com betão ciclópico; DGEMN: 1984 - obras de consolidação e restauro; substituição do parapeito de betão por cantaria no alçado E.; remoção do pavimento betuminoso; recuperação de silhares caídos no leito da ribeira; 1985 - obras de consolidação e restauro; assentamento de silhares em cantaria no parapeito; consolidação de três talha-mares; abertura de caixa para novo pavimento com calçada irregular de granito; 1986 - obras de consolidação e restauro; conclusão da reconstrução do parapeito; consolidação e limpeza dos talha-mares, com desmontagem e posterior montagem dos elementos estruturais; limpeza, tratamento e refechamento das juntas; aplicação de lajes de granito irregular no pavimento.

Observações

*1 - segundo a tradição, no local existia uma ponte romana, que terá sido destruída durante o período da Reconquista, integrada, segundo alguns autores, na estrada que ligava Mérida a Viseu e que atravessava, no distrito de Castelo Branco, as povoação de Idanha-a-Velha, Medelim, Bemposta, Mata, Torre dos Namorados, Meimoa e Capinha.

Autor e Data

Margarida Conceição 1993

Actualização

Margarida Alçada 2003
 
 
 
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