Fortaleza de Arzila
| IPA.00024409 |
| Marrocos, Tanger-Tétouan, Tanger-Asilah (P), Tanger-Asilah (P) |
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| Arquitectura militar, de transição. Castelo e cerca urbana de planta rectangular irregular, ampliada e reforçada a partir de 1509 com traçado de Diogo Boitaca, que reconstruiu a alcáçova e a cerca, combinando elementos arquitectónicos de tradição medieval, como a torre de menagem e a couraça, com outros mais evoluídos, como os baluartes tipo tambores, com canhoneiras em mais de um nível de tiro, ameias de corpo largo e talude nas várias estruturas, com elementos já modernos, como o baluarte poligonal da pata da aranha. A torre de menagem apresenta modinatura dos vãos interiores e exteriores manuelinos. | |
| Número IPA Antigo: MA911504000001 |
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| Registo visualizado 287 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Militar Castelo e cerca urbana
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Descrição
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| Fortificação de planta irregular, composta por castelo, cerca urbana e fosso. Paramentos em alvenaria de pedra aparente, aprumados ou em talude pouco pronunciado, terminados predominantemente em parapeito liso, reforçados por torres e cubelos de diferente planimetria. Do lado E., que confina com a praia, ficam o baluarte da praia e o de Santa Cruz, ambos de origem árabe, o último, tipo tambor, já a defender o início da cortina seca do castelo, com canhoneiras em dois níveis de tiro, as superiores muito largas. A cortina que o ligava ao baluarte da praia foi aberta por porta moderna. O baluarte da praia tem planta ultra-semicircular, e permite apenas tiro alto. Dele parte uma cortina quase recta em direcção à porta do mar ou da ribeira, reforçada por duas torres rectangulares. Aí entronca com a porta principal virada a N., com entrada em cotovelo e com defesa alta a partir do adarve, que corre o alcácer, e da torre de menagem. Esta está integrada no alinhamento das cortinas, no ângulo das de N. e de E., e possui planta quadrangular e tês pisos, com paramentos formando talude inferior, a partir do qual surgem rebocados e pintados de branco, com cunhais de cantaria, terminados em parapeito com ameias, possuindo nos ângulos balcões cilíndricos sobre mísulas escalonadas do mesmo formato, e, ao centro, balcão ameado, sobre mísulas e com frestas centrais. É rasgada no piso térreo por frestas e nos outros pisos por amplas janelas, viradas à vila, molduradas, uma delas mainelada, de perfil curvo, inserido em moldura rectilínea; a do lado do mar é cega. Tem cobertura de quatro águas bastante inclinada, recente e, no interior, a comunicação entre os pisos é feita por escada de caracol. A seguir à porta do mar, desenvolve-se cortina perpendicular, reforçada por torre, rectangular e pouco saliente, denominada do miradouro, a partir da qual evolui o baluarte da perna de aranha, poligonal e muito amplo, avançado sobre o mar, permitindo flanquear a cortina noroeste que aí arranca. Esta face virada ao mar apresenta perfil ligeiramente curvo, adaptado ao relevo, sendo reforçada sensivelmente a meio, pelo baluarte de São Francisco, formando uma pequena couraça terminada em torre circular, com talude. No ângulo NO. desenvolve-se couraça avançada no mar e, perpendicularmente, surge o baluarte da couraça, curvo. No ângulo SO., dispõe-se o baluarte do tambalalão, ultra-semi-circular, com pequenas troneiras e parapeito com ameias de corpo largo. Este troço da muralha actualmente já não tem o fosso que a circundava. A partir deste baluarte desenvolve-se muralha, virada a S. e ao campo, com talude pouco pronunciado, reforçada pelo baluarte de António Fonseca, rectilíneo, o baluarte da vila, curvo, junto ao qual se rasga a porta da vila, encimada pelo brasão de armas de Portugal e primitivamente precedida por ponte levadiça, e pelo baluarte de Pite João, também rectilíneo. Ao longo desta muralha conservam-se alguns trechos do grande fosso que a circundava. |
Acessos
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| Azilah, Rue Ibn Batouta, Avenue Imam Assil, Paciyo |
Protecção
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| Inexistente |
Enquadramento
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| Marítima, adossado. Asilah, Assilah ou Asila, implanta-se no litoral Norte, a uns 50 km ao sul-sudoeste de Tanger, e um pouco a N. de Larache e da foz do Rio de Lucos, na cerca da boca da Ouled o-Helou (Wadi o-Hulw). Adapta-se ao declive e morfologia do terreno, possuindo adossado construções. |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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| Militar: castelo e cerca urbana |
Utilização Actual
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| Cultural e recreativa: marco histórico-cultural |
Propriedade
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| Pública: estatal |
Afectação
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Época Construção
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| Séc. 16 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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| ARQUITECTO: Diogo Boitaca (1509, 1514); João Campos (1988); Viana de Lima (1988). CARPINTARIA: Carpintaria do Norte e Asturiana de Minas (1988). CARPINTEIRO: Dinis Afonso (1510). CONSTRUTOR: Sociedade Construtora Lamini (1988). EMPREITEIROS: Cristóvão Martins (1510); Cristóvão Rodrigues (1510); João Gonçalves de Zamora (1510). ENGENHEIRO: Eduardo Marques (1988). MESTRE: Francisco Danzilho (1514); Sebastião Luís (1514). PEDREIROS: Álvaro Anes de Évora (1510); João Gonçalves (1510); Pêro Fernandes (1510); Sebastião Fernandes (1510). PROVEDOR DAS OBRAS: Simão Correia (1509). VEDOR DAS OBRAS: Baltasar de Novais (1530). |
Cronologia
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| 1471, 24 Agosto - tomada da praça por D. Afonso V, com uma armada composta por 477 navios e 30.000 homens, na mesma expedição em que também seriam conquistadas as praças de Tânger e Alcácer Ceguer; Azila possuía um importante reduto muralhado, provavelmente com os paramentos em barro ou taipa, com 5 portas e mais de uma dezena de torres; na sequência, opta-se por diminuir o perímetro dos muros, deixando metade da primitiva vila fora deles; 1508 - importante cerco à praça, mas a cidadela resistiu; 1509 - presença do arquitecto Diogo Boitaca nas obras da fortificação de Arzila; passa a provedor das obras Simão Correia, o alcaide de Castro Marim; 1510, 9 Janeiro - carta de Boitaca informando o rei que trabalhava sob a supervisão do governador, o conde de Borba, nas muralhas, outras obras militares e em casas para os moradores; faltavam porém materiais para as obras, nomeadamente tijolos e telhas; a principal preocupação era a abertura da cava, que o governador dera de empreitada; entre os pedreiros que trabalhavam nas obras constam Álvaro Anes de Évora, Pêro Fernandes, Sebastião Fernandes e João Gonçalves; como empreiteiros trabalharam Cristóvão Martins e os castelhanos Cristóvão Rodrigues e João Gonçalves de Zamora, todos encarregados de retirar terra da cava; como carpinteiro distinguiu-se Dinis Afonso; 1514, 28 Julho - Boitaca regressado a Marrocos, na companhia do mestre Sebastião Luís, inicia a medição dos trabalhos já realizados em Arzila, os quais eram dirigidos por Francisco Danzilho; 1530 - D. João III manda a Azrila Baltasar de Novais, como feitor e vedor das obras, para construir estrebarias onde coubessem 2000 cavalos; 1541 - Pedro Lourenço refere a necessidade de se enviar do Reino cal e tabuado para as obras da fortificação; carta do conde de Redondo a D. João III referindo a necessidade de fazer obras urgentes, visto as tropas inimigas rondarem a vila; refere que dois dos baluartes estavam no chão sem poder disparar a artilharia, nem das casamatas, nem da esplanada, já que as abóbadas haviam ruído; 1542, 1 Março - carta de D. Manuel Mascarenhas pedindo a reparação do baluarte e do muro que continuava na mesma; 1547 - o capitão Juan de Loiasa propõe a construção de um porto junto ao baluarte de são Francisco, obra com duas couraças, que parece ter sido ele mesmo que desenhou, lamentando que D. João III não lhe dera ouvidos; 1548 - carta do capitão da vila D. Francisco Coutinho refere o estado deplorável da fortificação e solicita ao monarca o envio de cal de Ceuta; 1549, 19 Junho - D. João III pede a D. Afonso de Noronha que envie para Arzila os carpinteiros que estavam em Alcácer-Ceguer, e que já não eram necessários; 1549, 30 Junho - carta de D. João III aos fidalgos, cavaleiros e moradores de Arzila, informando que resolvera evacuar a cidade e que desejaria que eles o continuassem a servir, mas a partir daí em Tânger; 1550 - evacuação da cidade, concentrando-se as forças militares em Tânger e Ceuta; 1572 - data da gravura de Braunio, feita a partir de um desenho do início da centúria, representa Arzila antes das grandes reformas manuelinas, composta por dois rectângulos muralhados, unidos pela torre de menagem; 1577 - regresso da praça ao domínio português, devido à cedência da cidade ao rei D. Sebastião pelo príncipe e pretendente Muhammad a o-Mashluk, em troca da ajuda portuguesa; 1578, 4 Agosto - saída da frota portuguesa para enfrentar a frota muçulmana inimiga, sendo D. Sebastião derrotado em Alcácer-Quibir, na denominada batalha dos três reis; com a sua morte, a coroa portuguesa passou para o rei espanhol Felipe II e as possessões portuguesas a N. de Marrocos passam a constituir território espanhol; 1589 - Filipe I restituiu a cidade ao sultão Almançor; 1860 - bombardeamento da cidade e fortificação pela marinha espanhola durante a guerra entre Espanha e Marrocos; 1906 - foi uma das sedes da governação do paxà Raisuli; 1912 - ocupada pelos espanhóis para a incorporar na zona do seu protectorado; 1988 - apresentação do projecto de recuperação da torre de menagem pelo arquitecto Viana de Lima, ao serviço da Fundação Gulbenkian. |
Dados Técnicos
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| Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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| Estrutura em alvenaria de pedra; molduras em cantaria. |
Bibliografia
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| AMENDOEIRA, Rui, Arzila in Dicionário de História dos Descobrimentos, dir. Luís de Albuquerque, vol. I, Lisboa, Circulo de Leitores, 1994, p. 93; Arzila: Torre de Menagem / Le donjon d´Asilah, Lisboa, FCG, 1995; DIAS, Pedro, Arte de Portugal no Mundo. Norte de África, Lisboa, Público - Comunicação Social, SA., 2008; LOPES, David, História de Arzila Durante o Domínio Português (1471-1550 e 1577-1589), Coimbra, Imprensa da Universidade, 1924; MOREIRA, Rafael. Le Donjon d'Asilah; http://pt.wikilingue.com/ca/Asilah, Abril 2011; http://pt.wikipedia.org/wiki/Arzila_(Marrocos), Abril 2011. |
Documentação Gráfica
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Documentação Fotográfica
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Documentação Administrativa
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Intervenção Realizada
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| FCG: 1988 / 1989 / 1990 / 1991 / 1992 / 1993 - obras de recuperação da torre de menagem. |
Observações
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| EM ESTUDO. *1 - A conquista de Arzila pelo rei D. Afonso V é representada em três das famosas tapeçarias de Prastana. |
Autor e Data
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| Sofia Diniz 2006 |
Actualização
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| Manuel Freitas (Contribuinte externo) 2011 |
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