Sítio arqueológico do Bahrain / Fortaleza Portuguesa do Bahrain / Qal'at al-Bahrain

IPA.00024404
Bahrain, Capital, Al Manamah, Al Manamah
 
Arquitetura militar, quinhentista. Fortaleza de traçado abaluartado, de planta pentagonal irregular, com quatro baluartes, três dispostos nos ângulos e um na face virada a terra, desiguais e de tamanhos diferentes, sendo três de planta pentagonal, com oralhão reto nos flancos e casamatas interiores, criando dois níveis de tiro, e o disposto a SE. alongado e de tipo barbeta, com paramentos em talude rematados em parapeito com merlões e canhoneiras. É circundada por largo fosso com ponte levadiça lançada sobre ele a preceder o único portal de acesso ao interior, rasgado em arco de volta perfeita na face virada a terra.
Número IPA Antigo: BH930101000001
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Militar  Fortaleza    

Descrição

Planta pentagonal irregular, com cortina paralela ao mar com cerca de 120 m, quebrando-se sucessivamente, no sentido dos ponteiros do relógio, em troços de 70, 130, 90 e 120 m até fechar o pentágono. Apresenta paramentos em talude, com alguns troços das cortinas rematados em parapeito com canhoneiras, integrando quatro baluartes desiguais e de diferentes tamanhos, igualmente com paramentos em talude, rematados por canhoneiras. Os baluartes dispostos a S. e nos ângulos SO. e NO., este último mais pequeno, possuem orelhão nos flancos de ambos os lados e duas casamatas abobadadas e uma câmara de segurança, rasgadas por canhoneiras retangulares e orifícios para escoamento de fumos, tipo frestas, resultando em dois níveis de tiro sobrepostos (um das casamatas e outro das plataformas dos baluartes). No baluarte SO. as casamatas são cobertas por uma abóbada de berço, sustentada por dois arcos. Os baluartes são acessíveis por escadas; das câmaras interiores desenvolve-se escada de dez degraus até uma plataforma de acesso à fortaleza e ao caminho de ronda, existindo um corredor de circulação percorrendo a muralha exterior. A meio da cortina S., entre o baluarte SO. e o do S. e comunicando com estes por de um corredor de circulação, dispõe-se possante "torre-esporão", de planta semicircular, avançando sobre as cortinas, com 20 metros de altura, sendo o ponto mais elevado da fortificação. Apresenta os paramentos aprumados terminados em parapeito de merlões e canhoneiras, possuindo num dos ângulos guartita cilíndrica, coberta por cúpula assente em cordão; esta torre é acedida por porta de verga reta. No ângulo SE., desenvolve-se baluarte de planta elíptica, mais baixo, tipo barbeta e sem casamatas. O acesso ao interior processa-se junto a este último baluarte, virada a S., por portal em arco de volta perfeita precedido por ponte de cantaria lançada sobre o fosso. Toda a fortificação é rodeada por largo fosso. No INTERIOR possui vestígios de muitas construções, nomeadamente de um espaço retangular acedido por arco de volta perfeita sobre pilastras, correspondendo possivelmente a uma capela. Nas imediações existem ainda vestígios das fundações da primitiva fortificação, inscrita no conjunto classificado. Os vestígios denotam uma estrutura de planta quadrangular irregular, com cerca de 51,5 metros de lado, com torres circulares a meio de cada pano da muralha. Na muralha E. abria-se a porta principal, estreita e protegida por cubelos, dando para pequeno pátio. As muralhas tinham seteiras e um postigo virado ao mar.

Acessos

Al Manamah

Protecção

Património Mundial - UNESCO, 2005

Enquadramento

Marítimo, isolado na costa N. da ilha do golfo Pérsico, no ponto mais ocidental de um abismo aberto próximo à cidade de Manama, capital do país. Implanta-se no topo do monte com cerca de 12 m altura, em posição estratégica sobre os canais entre a ilha do Barhain e a ilha Muharraq. Próximo existe o Aeroporto Internacional do Bahrain.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Militar: fortaleza

Utilização Actual

Cultural e recreativa: marco histórico-cultural

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Época Construção

Séc. 16

Arquitecto / Construtor / Autor

MESTRE-DE-OBRAS: Inofre de Carvalho (1561).

Cronologia

2300 a.C., cerca - data da primitiva ocupação humana do sítio, remontando a uma elevação artificial, um "tell"; séc. 03 - época provável da construção de uma primitiva fortificação nas imediações da atual; séc. 05 - utilização da fortificação até esta época; séc. 13 - restauro das ruínas da fortificação primitiva, embora seja definitivamente abandonada devido à erosão e à alteração da linha da costa; séc. 14, finais / 15, início - construção de uma segunda fortificação a pouca distância da Fortaleza da Costa, como então é denominada a primitiva, e mais para o interior; séc. 16 - ocupação sucessiva da região até esta data; entre outras funções, serviu como capital dos Dilmun, uma das mais importantes civilizações da região; 1521 - conquista da fortificação pelos portugueses a Migrin ibn Zamil; na sequência, o governador local Badr al Din, possivelmente sob a influência portuguesa, manda adaptar a fortificação às novas necessidades da artilharia; manda construirr a cortina à distância de três a seis metros da muralha, estrutura de quatro a cinco metros mais baixa, formando um anel à volta da fortificação, onde as esplanadas permitiam a circulaçção e o uso de artilharia pesada; o vasto recinto triangular a O.; colocação da porta na extremidade S.; construção do donjão de planta quadrangular encostada à muralha S., com diversos pavimentos, em substituição da torre de menagem; e ampliação do bastião que protegia a entrada da cisterna; 1528, abril - Nuno da Cunha parte para a Índia com o objectivo de ir ao Golfo Pérsico e apossar-se da ilha do Barém; 1529, 19 maio - Nuno da Cunha está em Mascate e vai a Ormuz, de onde manda Simão da Cunha, seu irmão cumprir o regimento real e tentar controlar a rebelião de Bard al Din, deixando no seu lugar Mir Aberuz, pessoa da sua confiança; 8 setembro - parte de Ormuz Simão da Cunha com uma frota de cinco navios e 400 homens; 20 setembro - data da sua chegada ao Barém após ter passado algumas dificuldades de navegação; depois de ter chegado mais artilharia e munições que pedira para Ormuz, Simão da Cunha desembarca na ilha, conseguindo derrubar parte da muralha virada a S., mas a peste acaba por o matar, bem como a muitos das suas tropas; descrição da nova fortificação pelo cronista João de Barros como fortificação num "teso" (elevação) sobre o porto que tinha por abrigo uma ilhota em que se recolhiam pescadores, sendo em pedra e cal e tendo no seu perímetro 17 cubelos e uma barbacã cercada de um fosso e toda fornecida de troneiras; tinha uma torre de menagem muito formosa e num dos cubelos estava a porta muito bem fortificada, a barbacã era torneada por uma grande cava com ponte levadiça; esta descrição já refere as alterações introduzidas pelo governador local Badr al Din; séc. 16, década 50 - todo o golfo volta a ser palco das investidas dos turcos, que disputam com os portugueses a supremacia daquelas águas; 1559, outubro - reconquista da fortificação por tropas portuguesas sob o comando de D. Antão de Noronha, então capitão de Ormuz; 1561 - início das obras de ampliação e reforma da fortificação sob direcção do mestre Inofre de Carvalho, com pedra vinda da ilha de Jidda; Inofre de Carvalho manda alargar e elevar as esplanadas, reforçar as muralhas, acrescentar os vários baluartes, que são acoplados às antigas torres, construir a grande torre-esporão sobre a muralha S., alargar o fosso até 10 m e na contra escarpa construir um muro de reforço em toda a sua extensão; 1568 - conclusão das obras; 1602 - expulsão dos portugueses do Bahrain, pelas forças do xá Shah Abbas I; 1610 - carta do vice-rei Rui de Távora testemunhando o relatório de A. Pinto da Fonseca revelando que o forte era completamente inútil por se encontrar longe do mar (à distância de um tiro de canhão) e cercado de baixios que impossibilitavam a aproximação das naus, permitindo apenas o acostar de pequenas embarcações e, ainda assim, só na maré alta; por essa razão existia um canal que facilitava a aproximação dos navios à costa; 1614 - D. Garcia da Silva e Figueiroa, embaixador do rei de Portugal e Espanha, desloca-se à corte do xá com o objetivo de celebrar um tratado de comércio entre os portugueses e os persas, que acabou por não se realizar perante a exigência da fortificação do Barém ser devolvida à coroa portuguesa; 1646 - representação da Fortaleza da Costa, por Pedro Barreto de Resende no "Livro do Estado da Índia Oriental", conservado no British Museum; o autor representa-o a ponteado, possivelmente como forma de indicar o arranque das estruturas então só existentes apenas ao nível da fundação; 1800 - terá sido ocupado pelos Omanis aquando da sua breve presença no Bahrein; 1909 / 1912, entre - Mariano Saldanha informa que a fortificação estava muito delapidada e quase reduzida a escombros, já que as populações utilizavam a pedra noutras construções; 2005 - classificação da fortificação como Património da Humanidade pela UNESCO Critérios: (II) (III) (IV).

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria ou cantaria de pedra.

Bibliografia

DIAS, Pedro, Arte de Portugal no Mundo. África Oriental e Golfo Pérsico, Lisboa, Público - Comunicação Social, S.A., 2008; LIZARDO, João, Aspectos da Expansão Portuguesa à Luz de alguns dos seus vestígios arquitectónicos, in Revista Islenha, n.º 23, Julho - Dezembro 1998, pp. 113-121; IDEM, Técnicas e gostos indígenas na arquitectura portuguesa da época dos Descobrimentos. Os casos das fortalezas de Ormuz e Barém in Revista Islenha, n.º 31, Julho - Dezembro 2002, pp. 145-155; MATTOSO, Dir. José, África. Mar Vermelho. Golfo Pérsico. Património de Origem Portuguesa no Mundo. Arquitectura e Urbanismo, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 2010; MOREIRA, Rafael, Inofre de Carvalho. A Renaissance architecture in the Gulf, in Bahrein in the 16th Century. An impregnable Island, Bahrain, 1988; O "Livro das Plantas de todas as fortalezas, cidades e povoaçoens do Estado da Índia Oriental" da Biblioteca Pública e Arquivo Distrital de Évora de António Bocarro e Pedro Barreto de Resende, Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda; RESENDE, Pedro Barreto de, "ilha de Barem", no "Livro das Plantas das Fortalezas"; KERVAN, M., Bahrain in the 16th Century. An impregnable Island, Bahrain, 1988; http://pt.wikipedia.org/wiki/Qal'at_al-Bahrain, março 2012.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

1954 / 1970, entre - escavações arqueológicas orientadas por equipas dinamarquesas; 1977 / 1987, entre - escavações arqueológicas por equipas francesas sob a direção de Monik Kervan; 1987 - início das obras de consolidação e restauro da fortaleza pelo governo local; 1989, depois - escavações arqueológicas sob a direção de Pierre Lombard e das autoridades baranis; as escavações revelaram estruturas de diferentes tipos: residenciais, públicas, comerciais, religiosas e militares, testemunhando a importância do porto comercial, ao longo dos séculos; Fundação Calouste Gulbenkian: 1997 - escavações arqueológicas; posteriormente procedeu-se à iluminação noturna da fortificação.

Observações

EM ESTUDO. *1 - A fortificação deu o nome ao local, visto que "qal'a", significa forte.

Autor e Data

Sofia Diniz 2006 / Paula Noé 2012

Actualização

 
 
 
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