Convento de Santa Maria de Almoster / Igreja Paroquial de Almoster / Igreja de Santa Maria

IPA.00002440
Portugal, Santarém, Santarém, Almoster
 
Mosteiro cisterciense feminino, com planimetria e volumetria inserida na arquitectura gótica cisterciense. Elementos ulteriores: o coro baixo maneirista na transição para o barroco. Pinturas em tábua de finais do séc. 16, azulejos seiscentistas e setecentistas e retábulo de talha dourada barroca. O Claustro apresenta paralelos com o do Mosteiro de Celas (060318005) e com o desaparecido do Convento de Santa Maria de Aguiar (090403005). As dependências conventuais, com a Hospedaria a O. a a portaria a S., apresentavam uma disposição semelhante à de outros conventos cirtercienses femeninos como Odivelas (110710001), Celas, Tabosa (181802010), Portalegre (121408008 e 121408003). Primitivamente a nave central tinha cobertura em abóbada; saliente-se o valioso acervo pictórico quinhentista em parte atribuído a Diogo Teixeira.
Número IPA Antigo: PT031416060017
 
Registo visualizado 2772 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Mosteiro feminino  Ordem de Cister - Cistercienses

Descrição

Planta longitudinal, orientada, de 3 naves de 5 tramos cada; volumes escalonados da cabeceira, de 3 capelas rectangulares, e das naves; coberturas diferenciada em telhado de 4 águas na capela-mor, de 2 águas na nave central e capelas absidais, de uma água nas laterais; junto à capela absidial S., e com o muro lateral da sua fachada adossado ao muro da nave lateral S., uma pequena capela quadrada, com telhado de 4 águas. Fachada O. de 3 panos divididos por contrafortes reflectindo as 3 naves de diferentes alturas; pano central de dois registos abrindo-se no superior a rosácea. Fachada S. rasgada por 3 estreitas frestas e por grande pórtico em arco quebrado de arquivoltas e colunelos reentrantes, inserido em gablete; a meia altura corre cachorrada de pedra e por baixo dela uma arcada de 9 vãos em arcos de volta perfeita, de tijolo e alvenaria, sobre largos pilares de cantaria. Na fachada N. adossa-se o claustro rectangular e a sala capitular. Na fachada E. óculo na capela-mor e frestas nas absidais sendo estas rasgadas, nos muros laterais externos, por janelas quadrangulares. INTERIOR: arcos quebrados sobre colunas facetadas adossadas a pilares; ocupando o último tramo das naves o baixo coro abrindo em asa de cesto para a nave central e em arco de volta perfeita para as laterais; o muro O. do coro é rematado por arquitrave em forma de flor-de-lis e ao centro por janelão quadrado com frontão circular interrompido; cobertura das naves em madeira; capela-mor de 2 tramos com coberturas em ábobada de ogivas com pinturas de grotescos; capelas absidais de tramo único, com cobertura em abóbada de berço quebrado, abrindo para as naves colaterais por arcos quebrados em ressalto de moldura facetada. CLAUSTRO *2: restam dois lanços e a fonte da crasta: as alas maiores possuiam 4 tramos tendo os dois primeiros 4 vãos e os restantes 5, de arcos quebrados geminados sobre colunas emparelhadas dispostas transversalmente aos muros; capitéis de decoração geométrica, antropomórfica e com motivos heráldicos; restos de pinturas murais e várias lápides entre as quais a de D. Violante Gomes, professa no convento, mãe de D. António Prior do Crato; Sala do Capítulo revestida de azulejos azuis e brancos e várias lajes sepulcrais. Existência de presépio em terracota.

Acessos

Largo do Convento

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto n.º 6 644, DG, 1.ª série, n.º 109 de 27 maio 1920 *1

Enquadramento

Urbano. À entrada do recinto conventual, junto da estrada, uma fonte e um campanário. Casario afrontando as fachadas O. e N.; estrada e adro da terra batida no correr da fachada S..

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: mosteiro feminino

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 13 / 14 / 16 / 17 / 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

CARPINTEIRO: Mestre Abrahão (1289). MESTRE-DE-OBRAS: Bernardo Anes (1525). PINTORES: Diogo de Contreiras (1540-1542); Diogo Teixeira (atr., séc. 16); Gregório Lopes (séc. 16).

Cronologia

1289 - fundação do Convento de Freiras Bernardas por D. Berengária Aires, aia da Rainha Santa Isabel e mulher de D. Rodrigo Garcia; ao morrer antes de o terminar, recomendou a continuação da sua construção à rainha D. Isabel, que viria a patrocinar a construção do claustro e enfermaria, deixando, ao falecer, a quantia de mil libras; nas obras, trabalha o carpinteiro judeu Abrahão; 1292 - data no sino; 1305 - contrato com um carpinteiro judeu de nome Abraão para este madeirar e assobradar os paços de D. Berengária; 1310 - morte de D. Berengária estando ainda por concluir o Convento; D. Isabel manda fazer o claustro e a enfermaria; 1314 - a Rainha Santa Isabel contempla o Mosteiro no seu primeiro testamento; 1327 - segundo testamento de Santa Isabel, contemplando o Mosteiro; séc. 16 - petição da abadessa D. Catarina da Cunha a D. João III esta refere que efectuou abertura de portas, empreitada da quadra e varandas do claustro, do alpendre, campanário e casa de lavagens; fez 2 lagares de azeite, e de vinho, azenhas, uma casa para o trigo, bem como estruturas de escoamento de águas; feitura de um refeitório, de uma câmara para a abadessa, dormitório térreo, reparações na botica e colocação de tirantes de ferro no corredor do dormitório; D. Pedro de Meneses doa madeira para as obras; 1520, 29 Setembro - carta do bispo de Titopoli dando parte ao rei das necessidades do Convento; 1525 - contrato de Bernardo Anes pedreiro como mestre de obras do convento; construção do coro; 1540-1542 - execução de pinturas por Diogo de Contreiras, provavelmente para o retábulo da capela de D. Gil Eanes da Costa; 1542 - lápide de Gil Eanes da Costa e mulher na capela-mor; 1625 - fonte da crasta; 1625 - fonte monumental do claustro; 1629 - plantação de um cepa; 1686 - colocação de uma porta de madeira do pórtico S.; séc. 17 - colocação dos azulejos de revestimento das naves, capela-mor e tímpano; séc. 17 - 18 - execução das pinturas murais do claustro; séc. 18 - colocação de azulejos na capela colateral N., na Sala Capitular, e feitura da talha do retábulo-mor, dos retábulos da capela ábside N. e do altar de São João Baptista, fronteiro à porta lateral S.; execução do presépio; 1887, Novembro - falecimento da última freira do mosteiro; 1910, 05 Outubro - a igreja é vandalizada e roubada tendo desaparecidos azulejos, quadros, um pórtico que existia na Casa do Capítulo, picadas pinturas murais, etc.; 1940 - edifício anexo à igreja já se encontra transformado em vacaria; 1949 - já apeados o órgão e a pedra de armas sobre o pórtico principal da igreja; existia, ainda, a cepa seiscentista; 1956, cerca - levadas da igreja as pinturas sobre tábua atribuídas a Gregório Lopes *3 ; séc. 20, década 40 - o Convento está afecto à Estação Zootécnica da Fonte Boa; 1946 - 1957 - substituição da cobertura da nave central em abóbada por tecto madeira de três águas; 1980 - a cerca do convento está afecta ao Instituto Nacional de Veterinária; 1995, 29 Dezembro - a Assembleia Municipal de Santarém aprova o Plano de Pormenor da área envolvente do edifício.

Dados Técnicos

Materiais

Estruturas: alvenaria, cantaria, tijolo. Coberturas: telha portuguesa. Revestimentos: azulejo, reboco a cal, pinturas murais, talha, mármores. Pavimentos: cantaria, e tijoleira cerâmica.

Bibliografia

ALMEIDA, António Ferreira de, Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, 1981; BRAZ, José Campos, Santarém raízes e memórias - páginas da minha agenda, Santarém, Santa Casa da Misericórdia de Santarém, 2000; DIAS, Pedro, História da Arte em Portugal - O Gótico, vol. 4, Lisboa, 1986; DIONÍSIO, Sant'Anna, Guia de Portugal, vol.2, Lisboa, 1927; FLOR, Pedro, A autoria do Retábulo de Santa Maria de Almoster por Diogo de Contreiras (1540-1542), in ARTIS, Lisboa, Instituto de História da Arte da Faculdade de Letras de Lisboa, 2004, n.º 3, pp. 335-341; MIGUEL, Ruy, Painéis do Mestre de Abrantes, Diário do Ribatejo, nº 1439-1441, 31 de agosto, 1972; Monumentos, n.º 9 e n.º 11, Lisboa, DGEMN, 1998-1999; PAIS, Alexandre Manuel Nobre da Silva, Presépios Portugueses Monumentais do século XVIII em Terracota [ dissertação de Mestrado na Universidade Nova de Lisboa ], Lisboa, 1998. SANTOS, Reynaldo dos, A escultura em Portugal, Lisboa, 1984; SEQUEIRA, Gustavo de Matos, Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Santarém, vol. 3, Lisboa, 1949; VITERBO, Sousa, Diccionario Historico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portuguezes ou a serviço de Portugal, Lisboa, Imprensa Nacional, 1904, vol. I.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID; DGARQ/TT: Corpo Cronológico (Parte II, maço 91, doc. 153)

Intervenção Realizada

DGEMN: 1942, Julho - início das obras; 1942, Dezembro - interrupção obras; 1943 - as obras são retomadas; apeamento e reconstrução dos arcos claustros; 1944 / 1945 - continuação das obras no claustro incluindo reboco paredes, lajeamento de cantaria e remoção de entulhos; 1946 - lajeamento das naves, construção e montagem de três arcos de cantaria incluindo a construção de capitéis; reparação telhados Casa do Capítulo; 1947 - obras de adaptação a asilo-escola de artes e ofícios; apeamento de dois altares, restauro e assentamento no mesmo local; restauro e assentamento da teia da capela-mor; 1954 - restauro da talha do altar-mor incluindo apeamento geral e reconstrução; consolidação da talha do absidíolo esquerdo; construção da porta de ligação ao claustro; recuperação da rosácea de acordo com os elementos existentes; recuperação do telhado e tecto da Sala Capítulo; arranjo do telhado da sacristia; colocação de vitrais; demolição de anexos e desaterro do terreno junto à fachada principal; arranjo do pórtico principal; demolição da escada em frente da igreja e da Torre do Relógio; obras de adaptação de capela externa a Baptistério; 1955 - levantamento e reposição do lajedo em cota mais elevada frente à igreja; fornecer e assentar azulejos no Baptistério; 1956 - consolidação do altar da capela esquerda, incluindo apeamento e restauro com substituição de peças de talha deterioradas e douramento a ouro de imitação; 1963 - vedação da cerca; reparação do arcaz da sacristia; caiações e pinturas; limpeza e reparação de telhados; 1970 - pintura de caixilhos e portas; caiação de paredes e tectos; reparação do arcaz da sacristia; 1979 - limpeza e reparação de telhados; instalação eléctrica; restauro de azulejos; 1980 / 1981 - reparação instalação eléctrica; obras de recuperação e valorização; 1984 - reparação dos estragos provocados pelas inundações; reparação cobertura e revestimentos capela-mor; 1986 / 1987 - obras de beneficiação e recuperação de azulejos; 1998 - recuperação das coberturas e rebocos interiores; IPPAR: 1998 - recuperação das talhas; DGEMN: 1999 - recuperação dos rebocos exteriores.

Observações

*1 - DOF: Igreja de Almoster e as ruínas do respectivo claustro / Convento de Santa Maria de Almoster. *2 - O claustro é conhecido por claustro da Rainha Santa. *3 - As pinturas figuravam "Descida do Espírito Santo", "São Bento e São Bernardo", "Natividade" e "Ressurreição" (MIGUEL, 1972); foram posteriormente restauradas no atelier particular de Manuel Reys Santos; nas obras de 1947 - 1956, quatro dos vários altares então restaurados foram cedidos encontrando-se, pelo menos desde 1979, colocados dois na Igreja Paroquial de Alhos Vedros (150601003), cedidos em Agosto de 1950, e dois no Asilo de Nossa Senhora da Graça - Fundação Lopes Tavares em Nisa, cedidos em 1948.

Autor e Data

Rosário Gordalina 1990

Actualização

Rosário Gordalina 1998
 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login