Anta pintada de Antelas

IPA.00002437
Portugal, Viseu, Oliveira de Frades, Pinheiro
 
Megálito com algumas particularidades de carácter regional, mas de características típicas dos monumentos do Norte e Centro do país: câmara funerária de dimensões médias, corredor curto, diferenciado em planta e alçado, mamoa envolvente. As insculturas e representações pictóricas semelhantes às de Antelas surgem em raros dólmens de regiões montanhosas do Norte do país: Cota, Orca dos Juncais, Val de Junco, Penedo da Serpe, Forno dos Mouros, Eiró linhas serpentiformes, dentes de lobo, estilizações da figura humana. Quanto ao estrangeiro podem relacionar-se com Antelas a Pedra Coberta (labirinto), Obispo e Las Figuras (Sol e Lua) em Espanha; e alguns exemplos em Inglaterra, Escócia e Irlanda.
Número IPA Antigo: PT021810050003
 
Registo visualizado 719 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Estrutura  Funerário  Anta    

Descrição

Anta orientada NE 80ºW, envolvida por mamoa de terra e pedras com 20 m de diâmetro e 2,5 m de altura. Câmara poligonal irregular de 2,6 m de largura, 2,4 m de comprimento e 2,2 m de altura, formada por 8 esteios sucessivamente sobrepostos e apoiados na pedra-mestra da cabeceira e com uma inclinação crescente em direcção à entrada, estreita pelo posicionamento do esteio 7. O Esteio 8 está truncado. A cobertura da câmara e do corredor é composta por lintéis graníticos em substituição do chapéu e lajes originais destruídas. A E. corredor curto, diferenciado, de 3,4 m de comp., 1,1 m de largura e 0,9 a 1,3 de altura, constituído por 9 esteios: 5 a N., imbricados, e 4 a S., a topo, calçados e reforçados exteriormente com esteios suplementares. Apresenta estreitamento à entrada motivado pela colocação do 1¼ esteio S.. No prolongamento do corredor para o exterior hn uma pré-galeria ou corredor intratumular de 5,4 m de comprimento, arqueado a E., com 7 lajes a S. e 9 a N., algumas fragmentadas, inclinadas para o exterior e apoiadas em pequenas pedras. Segue-se um átrio de planta ovalada de 2,2 m de comprimento e 1,1 de largura, com grandes lajes, e uma estrutura de condenação em terra com 0,7m de espessura, delimitada por pedras e grandes lajes. Pavimento de pequenas lajes graníticas. No interior da câmara todos os esteios possuem pinturas e alguns pequenas insculturas, com representações geométricas, abstractas e figurativas a preto e vermelho de 2 tons (cor de sangue e zarcão) identificadas como representações dos sepultados, símbolos de purificação, deuses, figuras astrais e elementos da natureza, constituindo a pedra de cabeceira o centro da composição pictórica.

Acessos

Sítio do Bouço, EM Sobreiro / Santa Cruz, à entrada de Antelas, cortada à direita

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto n.º 29/90, DR, 1.ª série, n.º 163 de 17 junho 1990

Enquadramento

Rural, na vertente SE. da Serra das Talhadas, em área plana e ampla, sobre leve ondulação de relevo, harmonizada com o meio, isolada, circundada por eucaliptos a N. e pinheiros a S., com depósito de água destoante a 50 m E.. Na freguesia, surgem, ainda, várias mamoas, como as de Vale do Cardo e Ladeira da Santa, em Pereiras.

Descrição Complementar

Pinturas da face interna dos esteios da câmara: Esteio 1 (cabeceira) Figura trapezoidal à esquerda, encimada por pente de tipo egípcio, e figura antropomórfica esquematizada, à direita sobre signo de fertilidade, circundadas por linhas zigue-zague, dentes de lobo e círculos. Superiormente uma inscultura de figura humana estilizada, sem pintura. Esteio 3 N. Lua e Sol entre linhas onduladas, zigue-zagues e dentes de lobo. Esteio 5 Labirinto, símbolo da vida no além. Esteio 7 (ombreira)- Labirinto delimitado à esquerda por linhas ondulantes. Esteio 2- Superiormente linhas ondulantes e dentes de lobo na vertical rematados por pequenas espirais; inferiormente figura humana vestida, com cinto e correia, de braços e pernas truncadas e cabeça circular diminuta, sobre denteados, 1 traço curvo e parte circular dum signo da fertilidade. Esteio 4 Ñ Pequena linha ondulada entre 2 linhas serpentiformes e dentes de lobo. Esteio 6 - 2 linhas serpentiformes unidas inferiormente ladeadas por dentes de lobo. Esteio 8 (ombreira) - Labirinto e fragmento de linha zigue-zague. Na execução das pinturas foram utilizados os dedos, espátulas, penas e pincéis de crinas ou fibras vegetais. A cor negra obteve-se do negro de fumo e da moenda de carvão de madeira e o vermelho de substâncias minerais ferrosas ou sangue.

Utilização Inicial

Funerária: anta

Utilização Actual

Cultural e recreativa: marco histórico-cultural

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Época Construção

Megalítico

Arquitecto / Construtor / Autor

Cronologia

4000 a.C. - 3700 a.C. - balizas cronológicas da construção obtidas através da análise pelo método de Carbono 14, em amostras recolhidas na área do átrio; 3600 a.C. - 3300 a.C.- Execução das pinturas ou reavivamento das mesmas; 1921 - 1ª notícia da existência do dólmen e das suas pinturas por Amorim GIRÃO; 1956 - 1957 - primeiras pesquisas arqueológicas da Anta por uma equipa dos Serviços Geológicos de Portugal, Luís Albuquerque e CASTRO, Abel VIANA e Octávio da Veiga FERREIRA, após o que o dólmen foi novamente enterrado para protecção das pinturas, assim permanecendo 35 anos; 1989 - Encontra-se abandonado e foi construído um depósito de água particular sobre a mamoa; 1991 - A Câmara Municipal de Oliveira de Frades solicita intervenção da DGEMN para a execução de um projecto de recuperação e divulgação da anta; 1992 - 1993 - A pedido da Câmara Municipal de Oliveira de Frades o Professor Doutor Domingos Cruz do Instituto de Arqueologia da Faculdade de Letras de Coimbra redige um parecer técnico-científico sobre uma possível intervenção arqueológica e conservação do monumento; 1995 - as pinturas foram datadas pelo método de C14 com acelerador de partículas, através de material orgânico do pigmento negro, no Laboratório de Carbono 14 da Universidade de Oxford, com apoio financeiro do IPPAR e da Câmara Municipal de Oliveira de Frades, tendo sido feita a análise de 3 outras amostras no Laboratório de Carbono 14 da Universidade de Griningen, Holanda, com vista à datação da construção e funcionamento do dólmen; 1993, 30 novembro - Decreto de retificação da designação oficial de "Anta pinta de Antela" para "Anta pintada de Antelas" e a freguesia de Antela para Pinheiro de Lafões, em Decreto n.º 45/93, DR, 1.ª série-B, n.º 280.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Granito

Bibliografia

CD Portugal Séc. XXI - Distrito de Viseu, CD 1, Matosinhos, 2001; http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/70456 [consultado em 28 dezembro 2016].

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID

Intervenção Realizada

1993 - Trabalhos de pesquisa arqueológica e de restauro dirigidos pelo Professor Doutor Domingos CRUZ do Instituto de Arqueologia da faculdade de Letras de Coimbra e financiados pela Câmara Municipal de Oliveira de Frades, sendo definidas as estruturas existentes à entrada do dólmen, área onde decorreriam os rituais e cerimónias religiosas; 1ª campanha de trabalhos arqueológicos: limpeza e quadriculagem do terreno; decapagem superficial da mamoa; abertura de valas de sondagem; reescavação e esvasiamento da câmara e corredor; protecção das pinturas; escavação da área envolvente da câmara e corredor; limpeza da superfície dos esteios com água; cobertura do espaço dolménico e do corredor com materiais alóctones: lintéis de granito; consolidação e contrafortagem dos esteios; colocação de saibro e pequenas lajes graníticas no pavimento; isolamento da cobertura com polivinilo enrugado sobre o qual se dispôs saibro e uma tela de alumínio impregnada de alcatrão; reconstituição da mamoa com terra e pedras; colocação de uma porta de ferro na entrada do corredor; limpeza da superfície interna dos esteios com substâncias não reagentes à água; realização de registos fotográficos das pinturas incluindo infravermelhos e levantamentos por decalque em polivinilo; escavação da área fronteira ao corredor, com vala de sondagem; 1994 - 2ª campanha : decapagem do quadrante NE.; prolongamento da vala de sondagem fronteira ao corredor até à periferia da mamoa; desenho das estruturas identificadas; conclusão da limpeza dos esteios e decalque das pinturas; regularização da mamoa; 1995 - desmantelamento de um depósito de água parcialmente implantado sobre o monumento; conclusão dos trabalhos de escavação arqueológica e restauro;

Observações

Nas pesquisas de 1956-1957 foram encontrados 11 micrólitos trapezoidais, de sílex; 4 segmentos de círculo, de sílex; 1 triângulo de quartzo hialino; 1 lâmina de quartzo leitoso de secção trapezoidal; 1 lâmina de sílex de secção trapezoidal; 3 machados de xisto anfibolito; 1 fragmento de polidor de quartzito negro; restos de pilões; mós de gneisse e de anfibolito; blocos de pedras e porções de terras corantes (limonites); terra queimada; carvão vegetal; lascas de xistos luzentes. Este espólio encontra-se no Museu dos Serviços Geológicos de Portugal. Nas campanhas de 1993 a 1994 foram recolhidos uma mó manual que servia de calço ao 1º esteio S. do corredor; 1 micrólito, de quartzo; 2 lascas residuais, de sílex; 2 fragmentos de vaso cerâmico; 2 fragmentos de ocre; 1 machado de pedra polida, de anfibolito; fragmentos de pequeno vaso cerâmico; fragmentos de xisto luzente; 3 lâminas de sílex. Quase todos nas áreas do corredor intratumular, átrio e estrutura de condenação. A conservação e restauro dos materiais estão a ser executados no Museu Regional de Arqueologia D. Diogo de Sousa. Na freguesia, existem, ainda, as Mamoas de Vale do Cardo e da Ladeira da Santa, em Pereiras.

Autor e Data

Lina Marques 1996

Actualização

 
 
 
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