Estação Ferroviária de Monção / Casa da Música / Sede da Banda Musical de Monção

IPA.00024218
Portugal, Viana do Castelo, Monção, União das freguesias de Monção e Troviscoso
 
Estação ferroviária do Ramal de Monção, que constituía o prolongamento da Linha do Minho a partir de Valença, construída no início do séc. 20, e que ainda conserva o edifício de passageiros (EP), as instalações sanitárias públicas (WC), a nascente, o cais coberto (CC) e descoberto, a poente, todos com implantação lateral, paralela às linhas férreas, apresentando ainda como vestígios complementares da paisagem ferroviária, as plataformas de embarque e um depósito de água aéreo. O edifício de passageiros, como terminal da linha, apresenta maiores dimensões e linguagem clássica mais cuidada, sendo valorizado pela organização hierarquizada, recurso a frisos e cornijas a separar os pisos e a rematar as fachadas, aí associados a platibanda plena, e pela uniformidade da modinatura dos vãos. Tem planta retangular e volumes escalonados, com cobertura em telhados de quatro águas. As fachadas evoluem em dois pisos, o térreo destinado à área pública, e o superior a habitação, tendo os corpos laterais aproveitados para lampistaria e instalações sanitárias, ao nível do segundo piso, o qual é acedido por escadas exteriores. As fachadas são rebocadas e pintadas de branco, percorridas por soco de cantaria, com cunhais apilastrados, remates em friso, ritmado por argolas de ferro, cornija e platibanda plena, e rasgadas por vãos em arco de volta perfeita, com molduras ligeiramente côncavas, de chave saliente e com caixilharia a formar bandeira. A fachada principal, virada a norte, é formada por três corpos, dispostos em planos sucessivamente mais recuados, rasgadas por vãos, correspondendo no piso térreo a portas e, no piso superior, a janelas, com pequena guarda de peito, em ferro. Ao centro da platibanda do remate surge mastro da bandeira e, num plano recuado, existe trapeira da água-furtada, rematada em cornija curva. Nas fachadas laterais, rasga-se, no piso térreo, porta de acesso à pequena lampistaria e, no superior, acedido diretamente por escadas com três lanços divergentes e guarda em cantaria, abre-se porta para as antigas instalações sanitárias e uma outra para o piso, protegidas por alpendre, com arquitrave suportada por coluna; ladeando o alpendre, surge ainda a toponímia da estação, em painéis de azulejos. A fachada posterior, que se virava à linha, possui desenvolvimento linear, com cinco eixos de vãos, percorrida por pala ou marquise metálica, apoiada em seis amplas mísulas, decoradas com motivos geométricos. No interior, o espaço organizava-se em salas de espera e áreas de serviço, no piso térreo, e em zona habitacional no pavimento superior, albergando atualmente áreas de utilização pública e administrativa, bar, instalações sanitárias, arrecadação e sala de ensaio geral e, superiormente, salas de ensaio individualizado e a sala de "ensemble". O edifício das instalações sanitárias públicas tem planta retangular, dividido interiormente em dois cubículos sanitários por sexo, com acessos em fachadas opostas, e zona de urinóis central, protegido por anteparo, iluminados por vãos jacentes com adufas. Possui cobertura homogénea, em telhado de quatro águas, rematadas em beirada simples, e as fachadas rebocadas e pintadas de branco, com soco e cunhais de cantaria, superiormente com friso de cantaria, janelas jacentes com adufas, pintadas de branco, rematando em friso e cornija de massa, pintados de ocre. Quer o edifício de passageiros, quer o das instalações sanitárias, foram valorizadas posteriormente com silhar de azulejos de padrão vegetalista, no entanto, apenas se conserva parte do silhar nas instalações sanitárias. O cais coberto apresenta planta retangular, com cobertura em telhados de duas águas, terminadas em longas abas corridas, sobre estrutura de madeira, e fachadas em cantaria. Era servido por cais descoberto alteado de ambos os lados, para as cargas e descargas de mercadorias, para onde se abriam porta larga, encimada por vão em arco abatido, gradeado, e porta estreita. Na fachada inicialmente virada à linha, abrem-se as típicas portas de correr e três janelas retilíneas jacentes, gradeadas. O antigo cais descoberto disposto a poente conservava, ainda em 2005, amplo alpendre, com estrutura de madeira, apoiada em vigas de ferro. O depósito de água aéreo tem corpo cilíndrico, apoiado em estrutura de ferro. A estação contemplava ainda um gabarit fixo e uma báscula de 30 toneladas na linha IV, uma grua, uma placa giratória e outras estruturas.
Número IPA Antigo: PT011604170148
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Transportes  Apeadeiro / Estação  Estação ferroviária  

Descrição

Acessos

Monção, Largo da Estação; EN 101; EN 13; Ramal de Monção - Ponto quilométrico 146,217 (PK). WGS84 (graus decimais) lat.: 42,076999; long.: -8,482600

Protecção

Incluído na Zona Geral de Proteção do Castelo de Monção / Fortaleza de Monção (v. IPA.00002377)

Enquadramento

Urbano, isolado e destacado. Implanta-se no local onde se desenvolvia uma cortina da muralha seiscentista da Fortaleza de Monção (v. IPA.00002377), demolida e terraplenada aquando da construção da linha férrea, entre o baluarte da Terra Nova, a noroeste e o baluarte da Cova do Cão, a sul. A norte possui um largo empedrado, onde confluem vários arruamentos e a sul o espaço anteriormente ocupado pela plataforma e linhas férreas, hoje inexistentes, estando a área terraplenada e pavimentada dando acesso a automóveis. Na proximidade, a noroeste, localizam-se a antiga Escola Primária, hoje Biblioteca Municipal de Monção (v. IPA.00032848) e o Cine-teatro João Verde (v. IPA.00010531), e, a norte, o Tribunal Judicial de Monção (v. IPA.00015944).

Descrição Complementar

Nas fachadas laterais existe painel de azulejos com toponímia: "MONÇÃO" e nas instalações sanitárias a inscrição relevada indicando, a poente "SENHORAS" e, a nascente "HOMENS". Na fachada nascente do cais coberto, conserva-se igualmente placa com toponímica.

Utilização Inicial

Transportes: estação ferroviária

Utilização Actual

Cultural e recreativa: casa de música

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Infraestruturas de Portugal (conforme do artigo 6º, nº 2 e 5, e artigo 11º, n.º 1, ambos do DL 91/2015, e com a regras definidas pelo regime jurídico do Domínio Público Ferroviário que constam do DL 276/2003)

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1909, outubro - aprovação do contrato da última empreitada de construção do caminho de ferro de Valença a Monção; 1911, 01 maio - publicação de portaria com a aprovação do projeto e orçamento para a estação de Monção, no Caminho de Ferro do Minho e Douro (ALVES: 2015, p. 144); 1915 - inauguração da segunda fase da linha do Minho, atual Ramal de Monção, desenvolvido em bitola ibérica ou em via larga, com uma extensão de 16 km, tendo entre Lapela e a estação terminal 6 km; 1926 - a estação de Monção tem um movimento importante de passageiros e mercadorias, devido à estância de banhos termais da vila e às águas minerais do Pêso, de Melgaço, bem como o tráfego para a Galiza, que muito se abastecia de géneros portugueses; expedia anualmente cerca de 94 toneladas em g.v. e 4.450 em p.v. de toros, madeira em bruto e serrada, vinhos e águas minerais, especialmente para o Porto, Viana, São Pedro e Valença, e recebia 460 toneladas em g.v. e 4.150 em p.v. de sal, louça, peixe, materiais de construção e géneros de praça provindas de Lisboa, Porto, Guimarães, Braga, etc.; regulava cerca de 34.000 o número de passageiros em geral para Lisboa, Porto, Âncora, Viana, etc; 1928 - Relatório sobre as Linhas do Minho & Douro e Sul & Sueste; estimava-se que, onde se estimava que, no prazo de um ano se deveriam proceder aos seguintes trabalhos, no valor global de 120 contos: renovação das duas linhas, empregando-se no troço de Valença a Monção (de 16,4 Km) material de 36 Kg; a renovação das vias e aparelhos de via (orçadas em 60 contos); ampliação do cais (22 contos) e do armazém (16); colocação de vedação (10), bem como trabalhos diversos (12); sugeria-se também a instalação de tratamento de águas na estação; 1942, agosto - planta do edifício de passageiros, instalações sanitárias públicas e casa; 1977 - durante este ano, vendem-se na estação de Monção 69.780 bilhetes; 1977 - 1979 - o valor global de mercadorias expedidas e recebidas na estação cresce cerca de 50%; 1978 - vendem-se 75.120 bilhetes; 1979 - venda de 79.080 bilhetes; 1990, 01 janeiro - encerramento da linha de caminho de ferro entre Valença e Monção; 2001, dezembro - assinatura do protocolo entre a REFER e as Câmaras Municipais de Valença e de Monção, para requalificação da via desativada e construção de Ecopista (ALVES: 2015, p. 152); 2004, 14 novembro - inauguração da Ecopista "Rio Minho", de Valença a Monção, estabelecida junto ao rio e aproveitando a antiga linha de caminho de ferro, com extensão de 13 Km, empreendimento orçado em 448 mil euros no troço de Valença (de 9 Km) e 367 mil euros no de Monção (de 4 Km); 2006, setembro - apresentação pública do projeto de requalificação do imóvel, da empresa Acanto, que prevê a sua ampliação e uma vocação turística, com construção de parque de estacionamento subterrâneo e zonas comerciais, com um restaurante no antigo Armazém da CP; 2009, 25 novembro - atribuição do 4.º lugar na categoria de Desenvolvimento Sustentável e Turismo, do Prémio Europeu das Vias Verdes, à Ecopista do Rio Minho, no ex-Ramal de Monção (ALVES: 2015, p. 155); 2017, 25 abril - inauguração da Casa da Música / Sede da Banda Musical de Monção no edifício de passageiros, pelo Ministro da Educação Tiago Brandão Rodrigues.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portante.

Materiais

Estrutura rebocada e pintada ou em cantaria de granito aparente, no cais coberto; silhar e painel de azulejos policromos; molduras dos vãos, pilastras, frisos, cornijas, colunas, guarda e platibanda em cantaria de granito; portas e caixilharia em alumínio, no edifício de passageiros e de madeira no cais coberto; janelas e portas com vidros simples; adufas em alvenaria nas instalações sanitárias públicas; estrutura de suporte da cobertura do cais coberto em madeira; cobertura de telha.

Bibliografia

ALVES, Rui Manuel Vaz - Arquitetura, Cidade e Caminho de Ferro. Tese de doutoramento em Arquitetura. Coimbra: Universidade de Coimbra, 2015, vol. 2; «Estudo prévio de requalificação da antiga estação da CP de Monção preserva memória e rentabiliza espaços». In Caminhense. 29 setembro 2006; NEVES, Manuel, Augusto Pinto - Valença. Das origens aos nossos dias. Valença: 1997; NEVES, Augusto Pinto - Valença entre a História e o Sonho. Valença: 2003; Monografia das Estações e esboço Corográfico da Zona atravessada pelos caminhos de Ferro do Minho e Douro. Lisboa: 1926; ROCHA, J. Marques - Monção. Uma monografia. Monção: 1988; ROCHA, J. Marques - Valença. Porto: 1991; «Troços de linhas férreas portuguesas abertas à exploração desde 1856, e a sua extensão». In Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 outubro 1956, n.º 69, p. 529; www.cm-moncao.pt

Documentação Gráfica

Arquivo Técnico da IP-Infraestruturas de Portugal (solicitação através do site www.infraestruturasdeportugal.pt)

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID, SIPA; Arquivo Técnico da IP-Infraestruturas de Portugal (solicitação através do site www.infraestruturasdeportugal.pt)

Documentação Administrativa

Arquivo Técnico da IP-Infraestruturas de Portugal (solicitação através do site www.infraestruturasdeportugal.pt); CMLisboa: Hemeroteca Digital

Intervenção Realizada

Câmara Municipal de Monção: 2015 / 2016 / 2017 - reabilitação e remodelação do edificado de passageiros, com vista a adaptação a Casa da Música e Sede da Banda Musical de Monção, mantendo traça arquitetónica original e a memória ferroviária de outrora, através de elementos identificativos e da marquise na fachada posterior; o custo total ascendeu a cerca de 400 mil euros, com participação de fundos comunitários na ordem dos 85%.

Observações

Autor e Data

João Almeida (Contribuinte externo) e Paula Noé 2020

Actualização

Armando Oliveira 2021 (no âmbito do Acordo de colaboração DGPC / Infraestruturas de Portugal)
 
 
 
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