Club Thomarense / Edifício do Café Paraíso

IPA.00024212
Portugal, Santarém, Tomar, União das freguesias de Tomar (São João Baptista) e Santa Maria dos Olivais
 
Edifício construído no séc. 19, com vãos em arcos apontados de características neogóticas, onde se instalou um clube, com porta principal de acesso ao clube e ao café que se instalou no piso inferior, facultando aos sócios uma condição privilegiada de acesso ao serviço de cafetaria existente no centenário café. O café foi remodelado em meados do séc. 20, recebendo portas e montras com carácter modernista e uma nova decoração e mobiliário interior.
Número IPA Antigo: PT031418120080
 
Registo visualizado 104 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Cultural e recreativo  Associação cultural e recreativa    

Descrição

Edifício de planta retangular simples, de massa simples e cobertura homogénea em telhado de três águas. O edifício evolui em dois pisos, com as fachadas rebocadas e pintadas de branco, divididas em dois registos por ampla barra de cantaria, percorridas por socos em cantaria, flanqueadas por cunhais em aparelho "bugnato", e rematadas por entablamente e platibanda plena interrompida por acrotérios em forma de pináculos prismáticos. Fachada principal voltada a norte, com três panos divididos por duas ordens de pilastras, rasgados por janelas em arcos apontados e molduras salientes, em cantaria, exceto na área correspondente ao Café, mais moderna, com vãos retilíneos. O pano central é rasgado no seu eixo por portal com a bandeira protegida por gradeamento decorado com flores, encimado por janela de sacada, com bacia em cantaria de perfil contracurvado, assente em duas consolas e guarda vazada, em metal. No piso inferior, surge, no lado esquerdo, a porta de acesso ao Café Paraíso, com dupla moldura curvilínea convexa e côncava, em cantaria, encimada por bandeira, seccionada por três frisos horizontais, criando três lumes, ladeada por duas amplas montras com caixilharias metálicas e vidro simples. No lado direito cinco portas com bandeiras protegidas por gradeamento floral, correspondendo a acessos a lojas ou montras. O piso superior é simétrico, surgindo, em cada um dos lados da janela de sacada, três janelas de varandim com guarda em metal e duas de peitoril. Fachada lateral esquerda adossada a edifício. Fachada lateral direita com porta central e quatro montras no piso térreo, semelhantes às da fachada principal, em arco apontado, com bandeira e moldura saliente, a que correspondem cinco janelas de peitoril no piso superior. Fachada posterior marcada por um pequeno ressalto, cego, tendo na face lateral esquerda do piso superior pequena janela retilínea, com moldura em cantaria. O piso inferior é marcado por arrecadações adossadas, ladeadas por portas em arco apontado. No piso superior, o lado esquerdo possui três janelas de peitoril, semelhantes às anteriores, e, no lado direito, varanda corrida com guarda em ferro, a que se adossa escada de acesso ao logradouro, em betão armado, de dois lanços, com patamar intermédio, tendo guarda e corrimão em ferro. INTERIOR com o portal a dar acesso a vestíbulo com duas portas laterais, antigo acesso ao café paraíso e à sala de jogo do club, hoje loja, e um arco de volta perfeita, assente em pilastras, protegido por porta de madeira com bandeira, de duas folhas, ostentando ornato no espelho da fechadura, que liga a uma escada em madeira com guarda e corrimão também em madeira, de dois lanços opostos, com patamar intermédio, de acesso às divisões do Club. O Café é constituído por salão dividido por quatro grandes colunas de ferro, revestidas de massa a imitar mármore, com as paredes revestidas a madeira e espelhos, teto falso em gesso decorativo e pavimento forrado a mármore. No lado direito, balcão corrido em madeira, surgindo, na zona posterior, a área de serviços, cozinha e dois sanitários antecedidos por pequena dependência.

Acessos

Tomar, Rua Serpa Pinto, n.º 127 a 139; Travessa de São João. Wgs84 (graus decimais): lat.: 39,603887; long.: -8,414031

Protecção

Abrangido pela Zona Especial de Proteção da Igreja Paroquial de São João Baptista (v. IPA.00006538)

Enquadramento

Urbano, adossado a edifícios residencial e comercial, com cérceas semelhantes, tendo pequeno logradouro na fachada posterior, com acesso própria a partir da Travessa de São João, protegido por duas folhas de madeira, ladeado por panos de muro, que fecham o lote. Está integrado na malha urbana, em amplo quarteirão, de lotes regulares, no Centro Histórico (v. IPA.00006271). A fachada principal abre para a antiga Rua da Corredoura, uma das principais artérias de Tomar, atualmente fechada ao trânsito e pavimentada a calçada, e a lateral direita para pequena travessa, para onde está virada a fachada posterior da Igreja de São João Baptista. Nas imediações, situa-se o Edifício na Rua Serpa Pinto, n.º 150 a 156 (v. IPA.00036130).

Descrição Complementar

Sobre a MONTRA do Café, inscreve-se, em amplas iniciais metálicas "Café Paraíso". Sobre os VÃOS do segundo piso do pano central, a inscrição relevada: "CLUB THOMARENSE".

Utilização Inicial

Cultural e recreativa: associação cultural e recreativa

Utilização Actual

Comercial: estabelecimento de restauração / Devoluto

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 19

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETOS: Francisco Fernandes Granja (1945 -1946); Nuno Madureira (2000).

Cronologia

Séc. 19 - construção do edifício; 1883, maio - o Clube Thomarense adquire um piano para animar as reuniões mensais que se fazem no local (A Verdade); 1896, 23 janeiro - fundação formal do Club Thomarense com 39 acionistas; 1908, 17 dezembro - pedido de autorização da Empresa Cinematográfivca para abrir duas portas no quintal da casa de Manuel Mendes Godinho, então proprietário do edifício, pela Rua de São João para dar livre acesso à casa de espetáculos que ali vai ser estabelecida (ROSA, IX, 172); 1909, 14 janeiro - autorização da Câmara para que no quintal seja construído um barracão para espetáculos por um ano, findo o qual, as portas deveriam ser tapadas e o muro reposto (ROSA, IX, 175); 1911 - a empresa do Paraizo de Thomar constituída por José de Sousa Soares, Manuel Cândido da Mota, Mário Magalhães, Manuel José Rosa e Jesuíno Hermenegildo decide abrir um café na zona inferior do edifício (FERREIRA, 17); 24 abril - concedida autorização à Empreza Paraízo de Thomar para colocação de um tapume no prédio para obras (ROSA, IX, 249); 07 maio - iniciam-se as obras do Café (FERREIRA, 16); 20 de Maio - Inauguração do Café Paraíso (ROSA, IX, 254); 1912 - Manuel Cândido da Mota compra as ações e torna-se o único proprietário do café, aproveitando a verba obtida com a venda da sua mercearia, situada na atual Casa do Arquiteto Costa Rosa (FERREIRA, 17); o interior tinha as paredes "forradas a papel de fantasia, com motivos amarelos sobre fundo castanho, com o espaço dividido por quatro colunas de ferro no topo das quais havia, em cada, uma gambiarra de três braços; entre elas, havia uma mesa de bilhar e, entre a entrada e as primeiras colunas, uma segunda, com mesas à volta; ao fundo, à esquerda, um pequeno escritório envidraçado "(...) No topo do escritório, que era aberto ao alto, fileiras de garrafas (...) logo à direita do escritório, em frente da janela, uma mesa sobre a qual se via uma balança e onde se contavam os jornais (...) Logo um balcão ao lado da mesa, atrás do qual se encontrava um vasto armário que continha as bebidas a servir aos clientes (...) No balcão, uma "torneira" curva para cerveja a copo (...) Ali se encontava igualmente uma máquina rudimentar de fazer café (...) Depois do balcão, e ainda à direita, como actualmente, a porta que dava acesso ao pátio e, naquele tempo, ao animatógrafo. No recanto onde hoje funciona um lavabo, existia uma porta de entrada para o salão contíguo - então também pertença do Café (actualmente as instalações da Robbialac). Neste salão, arrendado pelo dono do Paraíso a uma sociedade de que faziam parte José Luís (Alfaiate do Casão), Jerónimo de Oliveira (o Teodósio), José de Sousa (do restaurante Bela Vista) e Manuel da Póvoa, funcionou uma sala de tavolagem, onde nem sequer faltava a roleta (...)" (FERREIRA, 19); 1921 - Manuel Mendes Godinho resolve retirar o cinema do seu logradouro; 1944 - obras de remodelação do café (COSTA ROSA, 113); 1945 - 1946 - obras de remodelação do Café Paraíso, conforme projeto do arquiteto Francisco Fernandes Granja; 2000 - obras de conservação e restauro, com projeto do arquiteto Nuno Madureira.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria rebocada e pintada; socos, modinaturas, pilastras, cunhais, barras, acrotérios e cornijas em cantaria de calcário; pavimento do interior do café, colunas e rodapé em mármore; portas, escadaria, janelas e caixilhos de madeira; janelas e portas de acesso com caixilharias de madeira e vidros simples; nas decorações das bandeiras das janelas do piso térreo, guardas da varanda da fachada principal e escadas da fachada posterior em ferro; cobertura em telha cerâmica.

Bibliografia

«Club Thomarense» in A Verdade. Tomar: 06 maio 1883; FERREIRA, Fernando -«O Paraíso um Café que eu conheci» in Boletim Cultural e Informativo da Câmara Municipal de Tomar. Tomar: Câmara Municipal, 1982, n.º 3, 01 março 1982, pp. 11-32; FRANÇA, José-Augusto - Tomar. Lisboa: Editorial Presença, 1994; ROSA, Alberto de Sousa Amorim - Anais do Município de Tomar… Tomar: Câmara Municipal, 1974, vol. IX; ROSA, José Inacio da Costa - «Evolução da fisionomia urbana, arquitetónica e construtiva de Tomar». In Tomar - Perspectivas. Tomar: Festa dos Tabuleiros, 1991, pp. 57-135.

Documentação Gráfica

CMTomar: DAU

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID, SIPA; CMTomar

Documentação Administrativa

CMTomar: DAU

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 2000 - remodelação das coberturas; restauro do interior do Café.

Observações

Autor e Data

Paula Figueiredo 2019

Actualização

 
 
 
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