Capela de Santo Cristo

IPA.00024166
Portugal, Bragança, Bragança, Outeiro
 
Arquitectura religiosa, tardo-gótica, seiscentista e setecentista. Capela de pequenas dimensões, com planta retangular simples, de provável construção quinhentista, interiormente coberta por abóbada de nervuras estrelada desse período e com iluminação axial e bilateral. O esquema das fachadas, com pilastras toscanas nos cunhais e remates em entablamento, deve corresponder a uma reforma do séc. 17, e o remate da fachada principal, em tabela, com nicho ladeado de aletas e os óculos ovais, a reforma do sec. 18, tal como a modinatura das altas frestas laterais, recortadas nos ângulos. No interior, possui retábulo-mor em talha policroma e dourada de planta recta e três eixos, revivalista.
Número IPA Antigo: PT010402260277
 
Registo visualizado 127 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Capela / Ermida  

Descrição

Planta rectangular, de volume simples e cobertura homogénea em telhado de três águas, rematadas em beirada simples. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por embasamento de cantaria, com pilastras toscanas nos cunhais, coroadas por pináculos tipo pêra, encimados por bola, sobre plintos paralelepipédicos, e terminadas em entablamento. Fachada principal virada a E., terminada em cornija recta encimada por tabela, composta por nicho, interiormente concheado e desnudo, ladeado por pilastras que sustentam frontão semicircular, coroado por cruz latina sobre acrotério, ladeado por aletas. É rasgada por portal de verga reta, com larga moldura, ladeada por pilastras que sustentam entablamento e frontão semicircular; sobre o portal existe inscrição encimada por cartela oval convexa, igualmente inscrita, enquadrada por florões, com vestígios de policromia. Ladeando o portal, abrem-se dois óculos ovais, gradeados, de moldura côncava decorada no remate. Fachadas laterais semelhantes, rasgadas a meio por alta fresta, com moldura em capialço, de cantos recortados; a fachada posterior é cega. INTERIOR com as paredes rebocadas e pintadas de branco, com faixa saliente, pavimento em lajes de cantaria e cobertura em abóbada de nervuras estrelada, com bucetes e fecho decorados com os símbolos da paixão de Cristo e com arranque assente em mísulas nos ângulos. Na parede do lado do Evangelho existe pia de água benta, decorada com elementos fitomórficos e formando nicho, interiormente concheado. Sobre supedâneo de vários degraus, dispõe-se o retábulo-mor, em talha policroma a vermelho, rosa, azul e dourado, de planta recta e três eixos, definidos por quatro colunas torsas, com o terço inferior decorado por cartelas concheadas e espiras fitomórficas, e duas pilastras interiores, ornadas de acantos, todas assentes em plintos paralelepipédicos, decorados; no eixo central, de perfil curvo, alteado, e fundo pintado dom motivos vegetalistas e cruzes, surge mísula com imaginária, tal como nos eixos laterais; ático em tabela, adaptado ao perfil da cobertura, decorado por falso plintos com anjos, sobreposto ao centro por glória de anjos em resplendor, protegido por baldaquino. A parede testeira é enquadrada por apainelado pintado com motivos vegetalistas inseridos em quadrícula, e moldura pintada de vermelho; sotobanco em talha pintada a marmoreados fingidos, formando apainelados e tendo lateralmente anjos atlantes. Altar paralelepipédico em talha policroma a vermelho, com frontal marcado por sanefas e sebastos, decorado por concheados dourados.

Acessos

EN 218

Protecção

Incluído na Zona de Protecção da Igreja de Santo Cristo do Outeiro (v. PT010402260006)

Enquadramento

Urbano, isolado, no interior da povoação, inserido no bairro desenvolvido à volta da Igreja de Santo Cristo do Outeiro, junto à fachada posterior da mesma. A fachada posterior da capela integra-se no limite posterior do adro da igreja, possuindo adossado às fachadas laterais portões de acesso ao adro. Adapta-se ao declive do terreno, sendo contornado na fachada lateral direita e na principal por via estruturante da aldeia, possuindo junto à lateral esquerda plataforma arrelvada.

Descrição Complementar

Inscrições na verga do portal: "NESTA CAPELA SUOU O SANTO CRISTO A 26 DE ABRIL DE 1698 ANOS" e "E SE REDEFICOU ANNO 1755".

Utilização Inicial

Religiosa: capela

Utilização Actual

Religiosa: capela

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Bragança - Miranda)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 (conjectural) / 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Séc. 16 - época provável de construção da primitiva capela, pelos moradores, com invocação da Santa Cruz; segundo as Memórias Paroquiais (1758), a capela erguia-se no local chamado Eiras do Meio e para maior devoção louvarem a Deus, nela colocaram uma imagem de Jesus, de pequena estatura, com pouco mais de três palmos, mas muito perfeita e de muita veneração no lugar, sobretudo na Quaresma e festas de Cristo, onde se celebravam missas e havia concurso de gente, e na Quinta-feira Santa; neste dia saía a imagem em procissão; séc. 17 - segundo o pároco nas Memórias, durante a guerra da Restauração foi-se esquecendo a devoção ao Santo Cristo, de modo que já era preciso fechar a porta da capela para que o gado não entrasse; 1698, 26 Abril - depois da missa, o padre Fr. Luís de São José, religioso de Nossa Senhora do Carmo dos Calçados, assistente na vila com seu irmão, o doutor juiz de fora, viu a imagem do Santo Cristo suar gotas de água, o que também foi visto pelo padre João de Almeida e Filipe de Almeida, da vila; participa-se ao pároco o milagre ocorrido pelas onze horas, e indo com pessoas fidedignas à ermida, e olhando para a imagem, o mesmo vê no braço esquerdo gotas de água; 27 Abril - neste dia, que era domingo, foi visto por muitas pessoas a imagem suar gotas de água em várias partes do corpo; dando-se conhecimento ao reverendo doutor provisor, José de Frias, cónego da Sé de Miranda, veio este pessoalmente à vila indagar e autenticar o prodígio; lança-se o sucesso nos livros do Santo Cristo, passando a concorrer gente da terra e de toda a província de Castela e Galiza, com procissões; os milagres que o Senhor fazia eram tantos que se ofereciam muitas e generosas esmolas, decidindo-se fabricar um grande templo - a igreja de Santo Cristo; 1713, 3 Maio - trasladação da imagem do Senhor para a Igreja de Santo Cristo; 1755 - data inscrita na verga do portal, referente à obra de reedificação; 1758, 18 Maio - segundo o padre Tomás Teixeira nas Memórias Paroquiais da freguesia, a capelinha encontra-se então reedificada novamente e polida no último primor, com abóbada e "cornejada" da mesma cantaria; tem uma imagem da Senhora do Pé da Cruz, advertindo que a imagem do Senhor não consta da memória dos homens fosse encarnada; tem tido sempre obras continuas e quando sucede não haver dinheiro para pagarem aos oficiais, tem vindo ao mesmo tempo esmolas da mesma quantia; séc. 20 - feitura do retábulo, possivelmente reaproveitando elementos do antigo retábulo-mor.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura rebocada e pintada; pilastras, embasamento, frisos, cornijas, molduras dos vãos, pináculos, cruz, supedâneo, pia de água benta e abóbada em cantaria de granito; porta e caixilharia de madeira; vidro simples; retábulo de talha policroma e dourada; cobertura de telha.

Bibliografia

CAPELA, José Viriato, BORRALHEIRO, Rogério, MATOS, Henrique, As Freguesias do Distrito de Bragança nas Memórias Paroquiais de 1758. Memórias, História e Património, Braga, 2007; Rodrigues, Luís Alexandre, "O Santuário transmontano do Santo Cristo do Outeiro: obras e artistas" in Artis, Nº4, Braga, 2005, pp. 311-330.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

1979 - obras de conservação e restauro, nomeadamente com substituição dos rebocos exteriores.

Observações

Autor e Data

Manuel Apóstolo 2011

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login