Igreja Paroquial de Alvaiázere / Igreja Paroquial de Santa Maria Madalena

IPA.00024142
Portugal, Leiria, Alvaiázere, Alvaiázere
 
Arquitectura religiosa, renascentista, barroca, neoclássica e século 20. Igreja paroquial de planta longitudinal de três nave de cinco tramos e capela-mor mais estreita, apenas visível no interior. Fachada principal com portal rematado por frontão apresentando a Cruz Templária e a data de 1819. Padroada pela Ordem dos Templários, foi posteriormente pertença do mestrado da Ordem de Cristo. Considerada a igreja que maior reputação tem dentro desta Ordem. A igreja tem um relógio de grandes dimensões, provavelmente colocado durante o regime filipino, com a seguinte inscrição"Quem me desmanchar, repare bem nos pontos, não me bote a perder - 1639". No interior destacam-se as suas 3 naves de cinco tramos divididos por arcos de volta perfeita e capela-mor gótica com retábulo do barroco nacional com painel de pintura a representar a Última Ceia tendo no sotobanco o sacrário ladeado por dois nichos com mísulas sustentando esculturas.
Número IPA Antigo: PT021002020015
 
Registo visualizado 657 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta longitudinal composta por dois rectângulos justapostos, correspondentes às três naves e capela-mor mais baixa, com sacristia de planta rectangular adossada à capela-mor, a S., casa paroquial de planta rectangular adossada à nave lateral N. e torre sineira de planta quadrada adossada à fachada S. e à face da principal. Volumes articulados com disposição horizontalista das massas e com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas na nave, capela-mor e com prolongamento para o corpo da casa paroquial e de uma água nos corpos das naves laterais e sacristia. Torre sineira em cúpula bolbosa. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por embasamento e flanqueadas por cunhais em cantaria com remate em beiral duplo nas laterais e em empena lisa na principal e posterior. Fachada principal voltada a O., com três panos delimitados por pilastras; pano lateral esquerdo cego, lateral direito pertence à torre sineira e pano central rasgado por portal rectangular de moldura simples em cantaria rematado por friso sobreposto por frontão triangular contendo no tímpano a Cruz de Cristo e encimado por janelão de iluminação do coro alto decorada com vitrais, de moldura rectangular com remate em friso e cornija saliente; acede-se à soleira do portal por um degrau em cantaria. Remate em empena simples truncada no vértice onde assenta edícula com a imagem do Salvador, ladeado por dois anjos. Torre sineira de 2 registos definidos por friso, o primeiro cego e o segundo rasgado por duas ventanas geminadas em arco de volta perfeita, na face voltada a O. e as restantes abertas por uma ventana cada, também em arco de volta perfeita; sobre o segundo registo rematado por cornija e pináculos firmando os cunhais eleva-se o tambor cego, hexagonal, com friso saliente, e a cúpula da cobertura aberta por pequena porta que dá acesso ao zimbório com guarda em ferro; no tambor insere-se um relógio com pequeno frontão rasgando a linha do tambor; cúpula com estrutura em ferro suportando pequeno sino e cata-vento. Fachada S. de 2 registos no corpo da nave, rasgada no primeiro por porta travessa de moldura e lintel recto rematada por friso e cornija saliente e no segundo três janelas rectangulares de moldura simples decoradas com vitrais; corpo da sacristia aberto por porta de lintel recto e moldura simples, ladeada por janela simples, quadrangular, tendo integrado contraforte na zona da capela-mor, onde se abre uma fresta e janela quadrangular com moldura em cantaria e capialço. Fachada N. dividido em dois registos no corpo da nave, o primeiro com porta de lintel recto e moldura chanfrada com remate em friso e cornija saliente e o segundo registo rasgado a eixo por três janelas de moldura rectangular e decoradas com vitrais; corpo correspondente à casa paroquial , de dois pisos rasgado no primeiro por duas portas que ladeiam uma janela de guilhotina e no segundo, colocadas a eixo três janelas de guilhotina; todods os vãos têm molduras rectangulares simples. Alçado E. de três panos, à esquerda, o correspondente à sacristia cego, o central da capela-mor rasgado a nível do embasamento por óculo circular com capialço e à direita, corpo da casa paroquial apresenta a nível do r/chão porta com moldura rectangular encimada por janela quadrangular de guilhotina. As portas travessas têm acesso ao interior por dois degraus descendente. INTERIOR rebocado e pintado de branco percorrido por silhar de azulejo padrão de produção industrial, com três naves separadas por quatro arcos torais de volta inteira, assentes em colunas toscanas, sendo a nave central mais elevada do que as laterais com cobertura de madeira de três planos e as laterais de um pano. Coro-alto em madeira, ocupando apenas a nave central, com guarda balaustrada, sob o qual surge o guarda-vento de madeira com portas principais e parte superior decoradas com vidros coloridos e tendo, no sub-coro, cobertura em caixotões pintados com desenhos vegetalistas, policromos. Capela baptismal inserida no primeiro piso da torre sineira que avança sobre o primeiro tramo da nave lateral do lado da epístola, tendo acesso através de arco pleno protegido com meia porta em madeira. A pia baptismal é em forma de cálice com a superfície lisa, encontrando-se embutida na parede. Da capela baptismal faz-se o acesso à torre sineira e ao coro alto. Dois altares laterais e dois colaterais com retábulos em talha policroma, dourada e beje. Púlpito adossado à coluna do quarto tramo do lado do evangelho, em cantaria com guarda plena, cilíndrica e base concheada apoiada em coluna. Arco triunfal de volta inteira assente em pilastras toscanas, ladeado por retábulos colaterais. Capela-mor elevada por dois degraus, parcialmente rebocada e pintada de branco, com parte dos paramentos revestidos por silhar de azulejos iguais aos da nave; cobertura em abóbada artesoada, deixando ver nervuras e cinco bocetes nos fechos das abóbadas em pedra; porta de acerssoa sacristia do lado da epístola e janela com capialço. Retábulo em talha policromo com marmoreados, de planta cõncava e um eixo definido por duas colunas torsas e duas pilastras com os fustes decorados, todas assentes em plintos paralelepipédicos, as quais se prolongam em três arquivoltas unidas no sentido do raio, formando o ático ; ao centro, uma pintura com a representação da Última Ceia de Cristo integrada em arco de volta perfeita com decoração em rendilhado; na base surge o sacrário.

Acessos

Largo da Igreja; Rua Conselheiro Furtado dos Santos.

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, isolado, destacado. Implanta-se no centro da vila em plataforma elevada relativamente à via pública, com acesso por escadas colocadas em esquina e em terreno com ligeiro declive, tendo lateralmente um pequeno muro encimado por gradeamento. A plataforma cria um largo pavimentado a calçada à portuguesa, tendo frente ao portal principal a Cruz de Cristo em calcário vermelho inserta em moldura preta. Frente à fachada principal, integrado no adro, ergue-se o Coreto (v. PT021002020022); do lado N. a Escola Conde Ferreira (v. PT021002020020) e o edifício da Câmara Municipal de Alvaiázere. Fachada posterior apresenta ligeiro pendor vencido pelo largo com pequeno jardim que se desenvolve em socalco apresentando bancos e outro mobiliário urbano; fachada lateral direita é voltada à avenida que desemboca na artéria principal da vila, onde se destacam algumas casas de habitação de valor arquitectónico.

Descrição Complementar

INSCRIÇÕES: Placa epigrafada colocada entre o arco triunfal e o altar colateral da lado da epístola "ESTA IGRESIA / TEN DE OBRI/GACAON MISS/A QVOTIDIA/NA AO POVO / E PELO POVO / TIRANDO VN / DIA NA SEM/ANA". No pavimento da igreja à esquerda de quem entra pela porta principal uma pedra tumular com o epitáfio " AA / S D MANA / PACHECA E / DE SEV MAR/IDO IOAM / ANTVNES / E SEVS ER/DEIROS".

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Coimbra)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 16

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETO: João de Castilho (atr., séc. 16).

Cronologia

1216 - documenta-se o exercício jurisdicional diocesano coimbrão sobre a Igreja de Santa Maria de Alvaiázere, estabelecendo-se entre a Colegiada de São João de Almedina de Coimbra e o Reitor da matriz um acordo relativo à percepção das dízimas; 1306 - foi padroado da Ordem dos Templários concedido por D. Dinis; 1321 - a matriz de Alvaiázere tinha rendimentos estimados em 120 libras anuais; 1435, 11 janeiro - Alvaiázere é integrada no património da Casa das Rainhas por doação de D. Duarte a sua esposa Dª. Leonor de Aragão; 1439 - carta do Papa Eugénio IV, ordenando o abade de Alcobaça, Visitador da Ordem de Cristo, que indague (...) e conveniência do emprazamento dos imóveis ditos Sete Vales e Sete Fontes - no vale de Riba Fria, feita por Frei Afonso, Prior da Igreja de Alvaiázere da Ordem de Cristo, ao médico leigo (...) e sua mulher (...), e seus sucessores com licença do Infante D. Henrique(...); 1504 - a visitação efectuada à antiga Igreja Matriz, situada fora da Vila, descrevia-a como em bom estado de conservação, não sendo particularmente rica não tinha grandes carências, sendo algumas das alfaias usadas nos ofícios religiosos propriedade do Concelho. Os seus rendimentos provinham dos dízimos eclesiásticos e do arrendamento das suas propriedades; 25 outubro - é feito o "Tombo das Propriedades da Igreja da Vila de Alvaiázere"; 1536, 20 junho - a visitação realizada pelo Reverendo Padre António de Lisboa, Governador e Reformador do Convento da Ordem de Cristo, refere expressamente que a Igreja Matriz estava situada fora do centro da vila; 1553 - porque a Igreja Matriz se situava afastada da Vila, o bispo de Coimbra decidiu transferi-la para o interior da povoação, conforme consta numa carta do Doutor João Álvares, contador da Ordem de Cristo, dirigida a D. João III (RODRIGUES, 2006: 64); tinha sido dado início à construção do actual templo, dentro da Vila, sob a direcção de João de Castilho, segundo a opinião de alguns investigadores; 1574 - a igreja pertence ao padroado real e integra a Diocese de Coimbra; 1639 - colocação de um relógio durante o período filipino; 1708 - referida na Corographia Portugueza (...) (*1); 1747 - notícia sobre Alvaiázere extraída do Dicionário Geográfico, do Padre Luís Cardoso (*2); 1756, 12 maio - resposta do Pároco de Santa Maria Madalena de Alvaiázere ao inquérito sobre os efeitos do Terramoto de 1755, (*3); 1810 - a última invasão francesa, comandada por Massena causou estragos irreversíveis em todo o território nacional, tendo a igreja de Alvaiázere também sofrido com estas hordas invasoras; 1811, 25 março - a diocese de Coimbra enviou às igrejas da sua circunscrição um aviso solicitando informações sobre os efeitos das invasões francesas em cada paróquia (*4); 1819 - data existente na fachada principal, provavelmente coincidente com as obras de restauro que sofreu depois das invasões francesas.

Dados Técnicos

Estrutura autoportante (capela-mor) / paredes portantes

Materiais

Bibliografia

SEQUEIRA, Gustavo de Matos, Inventário Artístico de Portugal, Distrito de Leiria, Lisboa, 1955; NUNES, Jacinto M. G., Alvaiázere, Parte do Meu Contributo para a sua Monografia, s. l., 2001; NUNES, Jacinto M. G., Alvaiázere e Areias, Duas Igrejas, Duas Ordens Religiosas, Um Convento, s.l., 2003; NUNES, Jacinto M. G., Alvaiázere, Nobreza e seus Brasões, s.l., 2004; RODRIGUES, Mário Rui Simões, Viagens pela História de Alvaiázere, Alvaiázere, 2006; RODRIGUES, Mário Rui Simões, GOMES, Saul António, Notícias e Memórias Paroquiais setecentistas, 5, Alvaiázere, Coimbra, 2007; Igreja Matriz de Alvaiázere. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2008. [Consult. 2008-08-14]. Disponível na www: ; SERRÃO, Joaquim Veríssimo - Livro das Igrejas e Capelas do Padroado dos Reis de Portugal - 1574. Paris: Fundação Calouste Gulbenkian Centro Cultural Português, 1971.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: séc. 19 / 20 - obras de restauro e remodelação: recuperação do telhado da capela-mor, tendo sido retiradas as gárgulas do telhado; construção de um anexo ficando tapadas em parte os contrafortes de suporte da abóbada da capela-mor; substituição das frestas por janelões; encerramento de vãos; demolição da escada exterior que dava acesso ao coro alto e torre sineira; construção da escada na capela baptismal; 1963, depois de - obras no interior da igreja (substituição dos azulejos; remodelação do corpo lateral direito); CMA: 2005 - Iluminação exterior; arranjo da envolvente.

Observações

: *1 - "(...) Consta a Villa de hua Paroquia da invocação de Santa Maria Magdalena, Priorado da Ordem de Christo, & o primeiro no rendimento.(...)" (RODRIGUES, GOMES, 2007: p. 92). *2 - "(...) A Igreja Paroquial de tres naves, e quatro columnas por banda, tudo com boa proporçaõ, está fundada dentro da mesma Villa, e he seu Orago Santqa Maria Magdalena: tem cinco Altares, o da Santa Padroeira, o do Senhor Jesus, o de Nossa Senhora do Rosário, o das Almas, e outro particular de Santa Maria Magdalena. Ha nesta Igreja tres Irmandades; a do Santissimo Sacramento, cujo Sacrario está collocado no Altar mór; a do Espirito Santo; e a de Nossa Senhora do Rosario.(...)" .(...)" (RODRIGUES, GOMES, 2007: p. 111). *3 - "(...) A igreja Parochial desta Freguezia na parede da Naue que esta para a parte do sul, tem tres rachas piquenas, e na frontaria tem tres rachas das quaes nenhuma mostra perigo."( (RODRIGUES, 2006: p. 358) *4 - " (...) Serviu o Templo de cavallariça ás tropas commandadas por Junot, durante os dias que alli estacionaram, ficando muito damnificado e privado de muitas alfaias, objectos de culto e de importantes documentos do archivo parochial. (...)". *5 - Antiga Igreja Matriz, desaparecida no final do séc. 16 foi descrita em 1536, quando da visitação que lhe foi feita, da seguinte forma: "Com [uma só nave] o corpo da igreja media de comprimento cinco braças e um palmo. De largura, tinha três braças e três palmos. O chão era todo ladrilhado e o tecto madeirado de castanho, tendo um forro junto do arco cruzeiro com a largura de uma braça. O arco cruzeiro era lavrado em pedra e em cima tinha um crucifixo com São João e Santa Maria, todo de vulto. Além do altar-mor, havia dois altares no corpo da igreja, ambos forrados de azulejo: um de Santa Ana e de Santo Antão; outro de São Brás e de Santa Margarida. Todas as quatro imagens eram pequenas, de vulto. À entrada de porta principal, à mão direita, existia uma pia de água benta, feita em pedra. À mão esquerda estava uma pia baptismal, também em pedra, bem lavrada. Sobre esta porta existia um campanário, com dois pequenos sinos. A capela mor era bem ladrilhada e forrada de castanho. As paredes eram revestidas de azulejos. Tinha o comprimento de duas braças e dois palmos, e de largura duas braças e sete palmos. No seu interior havia um degrau novo, de parede a parede. Sob o arco cruzeiro, à entrada da capela-mor, estava outro degrau semelhante àquele. No altar-mor venerava-se uma imagem de Santa Maria Madalena, pequena, de vulto, com um guarda-pó pintado, já muito velho e com muito mau aspecto. A porta principal da igreja era antecedida por um alpendre bem madeirado, com um peitoril novo. Media três braças e dois palmos por uma braça e meio, e assentava sobre pilares de pedra bem lavrados. Na porta lateral, que dava para nascente, existia outro alpendre, coberto e madeirado, muito velho, sem peitoril. Os seus esteios de alvenaria, encontravam-se nesse ano de 1536, quase caídos." (RODRIGUES, 2006: pp. 67-68).

Autor e Data

Cecília Matias 2008

Actualização

 
 
 
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