Hospital Militar de Valença / Museu do Bombeiro Manuel Valdez Sobral

IPA.00023840
Portugal, Viana do Castelo, Valença, União das freguesias de Valença, Cristelo Covo e Arão
 
Hospital militar de campanha, fundado na segunda metade do séc. 17 por determinação régia e administrado pela Ordem de São João de Deus, integrado na rede hospitalar e assistencial criada ao longo da raia, durante as Guerras da Aclamação. Foi instalado num primeiro edifício, junto à cadeia, e só no séc. 18 nas imediações da Porta do Sol, sendo o edifício adaptado a Quartel de Bombeiros na primeira metade do séc. 20. Do antigo hospital é possível que conserve apenas a sua volumetria, com fachadas de dois pisos, a que se acrescentou um corpo mais estreito e saliente e se conferiu algumas características da chamada "casa portuguesa", nomeadamente nos remates individualizados dos dois corpos da fachada principal, com espaldar contracurvado e empena, de cornija e beirada, na colocação de beirais sobre as janelas do segundo piso da fachada principal e portal do corpo estreito. A fachada principal tem corpo principal com a zona central alteada, formando falso espaldar contracurvado, albergando o brasão dos Bombeiros. A largura e ritmo dos vãos foi alterado nas obras do séc. 20, bem como a organização espacial interior.
Número IPA Antigo: PT011608150129
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial coletivo      

Descrição

Planta retangular composta por dois corpos retangulares, um bastante amplo e outro mais estreito, mas sensivelmente saliente, com coberturas diferenciadas em telhados de quatro águas, rematadas em beirada simples. As fachadas, de dois pisos, são rebocadas e pintadas de branco, com soco de cantaria, rasgadas por vãos retilíneos, igualmente moldurados a cantaria, com caixilharia de madeira integrando bandeira e terminam em cornija moldurada. Fachada principal virada a sul com corpo principal rasgado no primeiro piso por amplo vão central, de verga reta encimada pela inscrição relevada "MANUEL VALDES SOBRAL", enquadrado por duas janelas de peitoril de cada lado, a do topo direito transformada em porta e interligada à construção do largo por passadiço de vidro; no segundo piso, com zona central alteada, formando falso espaldar contracurvo também terminado em cornija e beiral, rasgam-se ao centro duas janelas de sacada comum, assente em três mísulas volutadas, com guarda em balaustrada de cantaria e acrotérios de ângulo e ao centro, decorados por almofadas geométricas sobrepostas, sobre o qual surge afixado o mastro da bandeira, em ferro, ladeadas por duas mísulas em cantaria e encimadas pela inscrição em ferro relevada "MUSEU DO BOMBEIRO" sobreposto por brasão dos bombeiros, policromo; lateralmente, sobre os vãos do piso térreo, abrem-se janelas de peitoril, encimadas por beiral. O pano esquerdo, mais saliente e terminado em empena suave de ângulos horizontalizantes, é rasgado no primeiro piso por portal de verga reta com moldura superiormente alteada e curva encimada por beiral do mesmo perfil, e no segundo por janela igual às do pano anterior. A fachada lateral esquerda é cega e a lateral direita é rasgada, em cada um dos pisos, por três janelas de peitoril com moldura encimada por beiral, tendo a central do piso superior inferiormente duas vaseiras de cantaria. Fachada posterior do pano estreito recuado e cego e a do pano maior com silhares de cantaria aparentes relevando antigos vãos no primeiro piso e o segundo rasgado por quatro janelas de peitoril com molduras simples. INTERIOR com paredes rebocadas e pintadas de branco e pavimento cerâmico, expondo-se no primeiro piso várias viaturas dos Bombeiros e outros elementos importantes na história da Corporação.

Acessos

Valença, Rua Dr. Ilídio do Vale

Protecção

Incluído na Zona Especial de Proteção das Fortificações da Praça de Valença do Minho (v. IPA.00003527)

Enquadramento

Urbano, isolado, no interior da Praça de Valença, nas imediações das Portas do Sol, no limite exterior do antigo burgo medieval muralhado, mas na proximidade da antiga principal porta de acesso. Fronteiro, possui largo pavimentado a cantaria e com canteiros relvados, onde se ergueu construção de planta retangular, revestida a cantaria, cobertura plana e com vãos retilíneos no topo, que encobre parcialmente a fachada principal e se interliga ao edifício por passadiço envidraçado. Junto à fachada posterior, ergue-se imóvel datado de 183? e à lateral esquerda o edifício da Câmara Municipal de Valença (v. IPA.00009009).

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Saúde: hospital de ordem militar

Utilização Actual

Cultural e recreativa: museu

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1646 - 1647 - Fundação do Real Hospital Militar de Valença, com invocação de São João de Deus, implantando-se num edifício junto à Cadeia (v. IPA.00009010); 1668 - extinção do hospital ((BORGES: 158); séc. 18 - construção de um novo Hospital Militar; 1790 - segundo o Marquês de Alorna, "O Hospital não está em mau estado (fl. 23 v)"; diz que o edifício é novo e está em bom estado, tendo quatro enfermarias e os quartos precisos, devendo-se-lhe apenas renovar a prisão que, por estar na entrada da porta principal, causa incómodo aos doentes e mais habitantes; quanto às roupas, não tem faltas; de momento é administrado por um prior religioso da Ordem de São João de Deus e dois outros padres que conservam tudo em boa ordem; tem um fiel, que corre com as despesas (fl.76); 1805 - promulgado o "Regulamento para os hospitais militares de sua Alteza o Príncipe Regente Nosso Senhor, tanto em tempo de paz como em tempo de guerra"; 1834, 28 maio - decreto de extinção das Ordens Religiosas, tendo os Irmãos Hospitaleiros de São João de Deus de deixar a administração e as atividades de enfermeiros nos Reais Hospitais Militares, que passa a ser exercida por militares; 1854 - esboço do edifício que serve de hospital, a cargo do 3.º Regimento de Artilharia; séc. 19 - um outro projeto do Hospital Militar representa um edifício de planta retangular simples e cobertura de quatro águas, com fachada principal terminada em empena reta, rasgado por três vãos retilíneos, sendo no piso térreo as janelas centrais geminadas e as do segundo piso tendo pano de peito; o acesso ao interior era feito na fachada lateral direita, tendo escada direta para o segundo piso; 1910 - um grupo de jovens valencianos realiza no Teatro Valenciano um sarau musical a favor da criação dos Bombeiros; 1912, Janeiro - a bomba de material de incêndios foi mudada para o antigo mercado do peixe; 1913, setembro - Comissão Municipal Administrativa decide incluir no próximo orçamento verba para adquirir um carro de material de incêndio; 1915, julho - comunicação do Ministério de Guerra à Câmara Municipal da cedência por 400$000 do prédio da Principal e do largo da hospedaria militar para ajardinamento; 1916, fevereiro - Câmara decide ajardinar o largo da Hospedaria Militar; 1917 - um incêndio num prédio com ourivesaria da R. Direita, atual Mouzinho de Albuquerque, onde morrem duas pessoas, fez renascer o interesse pela criação dos Bombeiros; agosto - encontrava-se disponível a verba para se ultimarem as obras no prédio da Hospedaria militar, as quais já duravam há 10 anos por entraves burocráticos; 1918, fevereiro - posta a concurso a arrematação da empreitada de carpintaria da obra de e construção do edifício, sob a base de licitação de 799$21; dezembro - a instâncias do ex-Governador da Praça de Valença, José Pires, o Governo da República autoriza o dispêndio de 1.300$00 para se iniciar a adaptação do antigo edifício de hospedaria militar em cadeias militares; 1919 - grande incêndio nas cocheiras de Manuel Correia torna-se determinante na criação da associação dos Bombeiros; junho - reunião da população, no Teatro Valenciano, nomeando-se uma Comissão organizadora para a criação dos Bombeiros Voluntários; 27 julho - Assembleia-Geral, presidida pelo juiz do Supremo Tribunal de Justiça, o Dr. José Maria Pestana de Vasconcelos, aprova os Estatutos; artigo em "A Plebe" anuncia a instalação da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Valença; reunião no Teatro Valenciano para aprovação dos Estatutos; 1920, fevereiro - aprovação dos Estatutos; abril - Câmara decide solicitar a cedência do prédio da Hospedaria Militar para quartel da Guarda Republicana e posto de Bombeiros Municipais e a cedência de material de incêndios; 09 maio - eleição da primeira direção da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Valença reunida no Teatro Valenciano; no final da sessão propõe-se começar a inscrição de sócios, que foram 43; setembro - a Associação recebe do Porto o seu material de socorros a incêndio, que é instalado numa casa cedida pelo Ministério de Guerra, no Lg. do Eirado, onde funcionou o refeitório dos soldados do 8º grupo de metralhadoras; compra de bandeira por 270$000, paga com o produto de uma subscrição pública; 20 setembro - arrendamento do prédio à Câmara por 3 anos, por 5 escudos/mês, com a condição de ser utilizado apenas para instalação de um posto de bombeiros e quartel da Guarda Republicana; a Câmara fica obrigada a ceder os baixos do edifício, ala nascente, para ali ser instalada a casa da guarda; 1925, janeiro - o Dr. Pestana de Vasconcelos, antigo desembargador do Supremo Tribunal de Justiça, manda entregar à direção dos Bombeiros 6.122$30, correspondente à base de licitação do edifício da antiga Hospedaria Militar, mandada pôr em hasta pública pelo Ministério de Guerra, e que aquela corporação desejava adquirir para a construção de casa própria e parque de viaturas; 21 abril - escritura de venda do prédio pelo Ministério da Guerra à Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Valença, tendo como procurador Augusto Fontes Lopes da Silva, no valor de 6.124$00, realizada pelo notário Virgílio Mário Sobral; 1928, abril - festa em honra dos Bombeiros Voluntários no Teatro Valenciano, cuja receita orçou em 1.680$00; 1930, maio - oferta de um automóvel Ford, de modelo antigo, pelo benemérito Ribeiro Figueiredo e Castro, professor das Escolas Centrais de Valença; 1990, década - obras de conservação e adaptação do edifício do antigo Hospital Militar para instalação do Museu do Bombeiro.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura rebocada e pintada; molduras dos vãos, frisos, sacada da janela e outros elementos em cantaria de granito; vidros simples; porta do vão central em alumínio e as restantes e caixilharia em madeira; cobertura e beirais de telha.

Bibliografia

BORGES, Augusto Moutinho - Os Reais Hospitais Militares em Portugal, administrados e fundados pelos Irmãos Hospitaleiros de S. João de Deus, 1640-1834. Lisboa: Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa, Universidade Nova de Lisboa, 2007; ROCHA, J. Marques - Valença. Porto: 1991; NEVES, Manuel, Augusto Pinto - Valença. Das origens aos nossos dias. Valença: 1997; NEVES, Manuel, Augusto Pinto - Valença entre a História e o Sonho. Valença: 2003..

Documentação Gráfica

Direção de Infraestruturas do Exército: GEAEM, 2850-2A-24-34, 2871-2A-24-34; Câmara Municipal de Valença

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

1990, década - obras de adaptação a Museu do Bombeiro, com alteamento de todas as janelas, colocando-lhe caixilharia de duas folhas e bandeira, alteração e regularização do ritmo dos vãos e postas, e outras.

Observações

*1 - Inicialmente, os Bombeiros instalaram-se no prédio militar "Antigo Armazém de Material", no Largo do Eirado, onde posteriormente se construiu a estação de correios, sendo Governador da praça militar o major Inácio Severino de Melo Bandeira. O edifício do Hospital Militar era de planta retangular e tinha dois pisos, rasgados regularmente, no primeiro piso, por três portas de verga reta e janelas de peitoril, e, no segundo, por janelas também de peitoril, com caixilharia de guilhotina. *2 - O Museu resultou do esforço e dedicação do valenciano Manuel Valdez Sobral, voluntário da associação entre 1944 e 1981, e na qual desempenhou alguns cargos de direção, tal como nos Bombeiros Voluntários de Viana do Castelo. A maioria das peças que compõem o Museu foram recolhidas e oferecidas pelo mesmo.

Autor e Data

Paula Noé 2006

Actualização

 
 
 
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