|
Edifício e estrutura Edifício Religioso Templo Capela / Ermida
|
Descrição
|
Planta longitudinal composta por nave única, capela-mor mais estreita e baixa, com coberturas a duas águas; e sacristia adossada a N., com cobertura a uma água. A N., adossado à fachada lateral, no exterior, dispõem-se escadas de acesso ao púlpito e coro; massa simples disposta horizontalmente; estrutura de cantaria (cunhais da nave e aduelas dos vãos) e alvenaria rebocada e caiada de branco. A fachada, voltada a O., é guarnecida de cunhais em cantaria de almofadado tosco rematado com cimalha; portal de vão rectangular guarnecido por cantaria composta por soco, aduelas lavradas com rebaixo em chanfre e cimalha formada por almofada rectangular longitudinal, ligeiramente abaulada, sobrepujada por registo saliente, também em cantaria; sobre o portal janela de vão rectangular simples, gradeada, guarnecida com aduelas em cantaria lavrada de modo semelhante ao portal. Empena triangular com remate em beiral, encimada por cruz de pedra trilobada. À esquerda da porta registo de azulejo policromo do séc. 17 (cerca 1620-30) representando uma cruz assente em calota e encimada por legenda INRI. A fachada voltada a N. apresenta escadaria em dois lanços, permitindo o acesso ao púlpito e coro. A estrutura da escada é em alvenaria rebocada e caiada, degraus em pedra e balaustrada e corrimão em ferro. Os vão de acesso ao interior da igreja são guarnecidos em cantaria simples. Ainda a Norte encontra-se o volume da sacristia, com portal guarnecido a cantaria simples (este orientado a O.). Todos os volumes são rematados com beiral. A fachada voltada a E. corresponde ao tardoz da capela-mor e sacristia. É totalmente em alvenaria rebocada e caiada a branco, rematada com beiral, manifestando apenas um pequeno vão de respiração para a sacristia. A fachada voltada a S. é composta pelo volume da nave, com cunhais, e capela-mor, em alvenaria rebocada e caiada, rematada com beiral. Na primeira existe uma porta de acesso lateral à qual se acede por três degraus de cantaria dispostos em semicírculo e um degrau integrado no vão rectangular da porta; as aduelas são em cantaria simples, encimado por um registo saliente. No volume da capela-mor existe um vão rectangular de iluminação, gradeado e guarnecido com cantarias simples. |
Acessos
|
Rua da Madre de Deus (N 39º 16' 00,2'' / W 009º 09' 12,7'') |
Protecção
|
Inexistente |
Enquadramento
|
Urbano, integrada no complexo da Quinta das Cerejeiras. O acesso é feito através de um pórtico neo-barroco, com grade de ferro forjado virado à rua *1. Sobre a cantaria, em azulejaria neo-barroca, regista-se a legenda "Capela da Madre de Deus". No lado oposto da mesma rua, encontra-se uma casa oitocentista, bem conservada (onde até há alguns anos funcionou o serviço de Correios). No interior do espaço murado da propriedade, a Capela está enquadrada num jardim, tendo do lado N. a Casa da Quinta das Cerejeiras (v. PT031005010031) |
Descrição Complementar
|
Azulejaria polícroma, de tipo padrão (maçaroca), c. 1620-30, revestindo as paredes interiores e abóbada da capela-mor. As áreas de padronagem são demarcadas por "agaloados" azulejares. Rematando as ilhargas do retábulo encontram-se dois pequenos painéis azulejares com padronagem diferente da descrita anteriormente. O altar da capela-mor apresenta um frontal de azulejos reproduzindo brocados a ouro sobre fundo branco, guarnecida por cantoneira cerâmica decorada em azul imitando renda (final do séc. 18). Este painel será do mesmo período dos azulejos que revestem este espaço. Na nave da capela existe um rodapé azulejar com reproduções de padronagem polícroma do século 17, datado da primeira metade do século 20. O retábulo apresenta uma edícula central em estilo renascentista, séc. 16, em arco de volta perfeita e com a parte superior em meia abóbada sobrepujada por estrelas, símbolo mariano, enquadradas em reservas quadrangulares, grosseiramente policromado, entalhado em madeira, com frisos adornados ao gosto muito divulgado por João de Ruão e bem representado no túmulo de D. João de Noronha em Óbidos (v. 1012040004). Na nave da igreja encontram-se duas edículas simples, em arco de volta perfeita, rematadas com um friso e com a chave do arco decorada com uma cabeça de anjo renascentista, eventualmente da mesma época da edícula da capela-mor e da imagem da padroeira. Outrora estas edículas sobrepujavam altares colateriais em madeira, removidos possivelmente durante os anos 40 ou 50 e substituídos por uma banqueta em pedra calcária da região (tipo vidraço). Um dos altares colaterais hoje está depositado na sacristia e é utilizado para fins diversos. Na capela-mor existe uma sepultura com a seguinte inscrição: "NESTA SEPULTURA ESTÁ SEPULTADO FRUTUOSO HENRIQUES DE MELO E MARIA FREITAS SUA MULHER A QUEM ESTE POVO TROCOU O BAIXO DE TODA A CAPELA PELAS OBRAS QUE FEZ À SUA CUSTA NA DITA IGREJA PARA SI E SEUS HERDEIROS"; Pia baptismal neo-gótica oitavada, executada para a igreja após 1924; Pintura mural no tecto da igreja, arte-nova, representando a Virgem com o Menino |
Utilização Inicial
|
Religiosa: ermida |
Utilização Actual
|
Religiosa: capela |
Propriedade
|
Privada: pessoa colectiva |
Afectação
|
Sem afectação |
Época Construção
|
Séc. 16 / 17 / 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
|
Desconhecido. |
Cronologia
|
1537, 12 Dezembro - pedido dos moradores, à colegiada de Santa Maria de Óbidos, para dizerem missa na ermida de Nossa Senhora com obrigação de a manterem à sua custa; séc. 16, finais - ampliação do templo. 1620 - 1630 - revestimento azulejar da capela-mor; 1911, 20 Abril - após o decreto da Separação do Estado e das Igrejas, a capela passa a integrar o património da Fazenda Pública; 1916, 11 Janeiro - Abel Pereira da Fonseca arrematou-a em hasta pública no Ministério das Finanças por 1051 escudos; 1924 - o templo recebe o culto público após demolição da igreja matriz dedicada ao Salvador do Mundo; 1941 - Elevada à condição de igreja matriz do Bombarral até à inauguração da nova igreja paroquial em 1953. |
Dados Técnicos
|
Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
|
Alvenaria de pedra, rebocos de cal, cantaria de calcário, tijolo, betão, pavimento de pedra, madeira e de tijoleira, telha, caixilharia e portas em madeira, azulejos e talha dourada. |
Bibliografia
|
MATOS, Luís, Bombarral - Datas que Fizeram História, Cadernos Históricos do Concelho do Bombarral, II, Bombarral, Ed. Jornal de Notícias do Bombarral, 1994. PATULEIA, Manuel, O Concelho do Bombarral das Brumas da Pré-História aos finais do século XX, Cadernos de História do Bombarral, Museu Municipal do Bombarral, 1999; SANTOS, Dóris Joana, A Casa de Abel Pereira da Fonseca no Bombarral, Bombarral, 2000 |
Documentação Gráfica
|
CMB: planta topográfica |
Documentação Fotográfica
|
IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
|
Arquivo da Companhia Agrícola do Sanguinhal |
Intervenção Realizada
|
|
Observações
|
*1 - Desenhado pelo arquitecto Norte Júnior, autor do projecto da residência principal da Quinta das Cerejeiras pertencente a Abel Pereira da Fonseca. |
Autor e Data
|
Sérgio Gorjão 2004 |
Actualização
|
|
|
|
|
|
| |