Escola Primária António França Borges / Escola Primária do Nadadouro / Escola Básica do 1.º Ciclo do Nadadouro
| IPA.00023476 |
Portugal, Leiria, Caldas da Rainha, Nadadouro |
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Escola primária, projetada e construída na primeira década do séc. 20, por iniciativa do comerciante e industrial Francisco de Almeida Grandella, insere-se num grupo de dezoito escolas mandadas erguer por este benemérito em locais onde detinha interesses económicos, procurando, assim, dotar os seus trabalhadores de escolas laicas, gratuitas e com boas condições pedagógicas e higiénicas. Apresentam características afins com as expostas no capítulo 4 das "Instruções sobre a fundação de escolas de adultos, creação de novas cadeiras de francez e de inglez, construção de casas para escolas primárias...", publicadas pelo Governo em 1866 (DL 23 jul. 1866, n.º 163), como forma de tornar viável o legado do conde de Ferreira. De entre estas destacam-se: a sua localização em local aprazível e de fácil acesso, reservando alguma distância dos demais edifícios, numa área de terreno murada nunca inferior a 600-900 m2; a escola deve conter uma ou mais salas de aula (consoante o número de alunos), com uma superfície de 50 a 115 m2 e um pé-direito do 4 metros, a sua iluminação natural será efetuada pela existência de janelas, situadas maioritariamente do lado esquerdo dos alunos; contígua à sala de aula ficará uma outra, mais pequena, destinada a apresentações públicas, recepção e biblioteca escolar; é ainda contemplada a existência de um ou dois vestíbulos, consoante a escola seja para um ou para os dois sexos. A orientação das escolas segundo este primeiro regulamento de construções escolares, deveria ser a SO. (considerada a ideal para Portugal), o que poderia ser alterado de acordo com as condicionantes de cada caso. A ventilação e o aquecimento são igualmente regulamentados, assim como é exigida a existência de espaço para a realização de jogos ao ar livre. É na fachada principal que reside a sua particularidade, a entrada principal é precedida pela existência de escadas e de um alpendre (a toda a largura da fachada, ou apenas na entrada), com colunas, encimadas por frontão triangular, normalmente decorado com símbolos maçónicos |
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Número IPA Antigo: PT031006080049 |
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Registo visualizado 107 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Educativo Escola Escola primária
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Descrição
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Planta quadrangular composta por portaria, duas salas de aula, duas salas de arrumos, duas secções de instalações sanitárias e duas áreas cobertas na continuação da parte posterior do imóvel. O telhado do corpo principal é de quatro águas, prolongando-se por mais uma na fachada posterior. A fachada principal desenvolve-se a partir de um acesso composto por sete degraus. A porta principal do edifício encontra-se ao centro, ladeada por quatro vãos de janela de peitoril (duas para cada lado). O pórtico e as primeiras duas janelas encontram-se protegidos por um corpo saliente apoiado em quatro colunas jónicas em pedra e sobrepujado por um frontão triangular. Este é decorado em massa, com uma sanca simples em três registos de secção quadrangular (resultantes das obras de 1981); o tímpano do frontão é subdividido por frisos que definem, ao centro, um circulo e no qual se inscreve uma estrela pentagonal. A fachada apresenta uma guarda que esconde o beiral e um sistema de caleira para drenagem de águas. As restantes fachadas apresentam cimalha e beiral simples em telha lusa. Os vãos são guarnecidos com cantarias rectas simples em pedra calcária. A porta principal é de duas folhas com bandeira envidraçada. Os vãos das janelas apresentam vidraças de duas folhas e bandeira envidraçada, sendo a sua aplicação, tal como a porta, datável das obras de 1981. Os embasamento é ressaltado e pintado com a cor creme, contrastando com a tinta branca da superfície lisa das paredes. Ao estremo direito da fachada encontra-se um mastro metálico para colocação de bandeira.INTERIOR Cada sala de aula é iluminada por cinco janelas de peitoril (duas dando para a fachada principal e três para a fachada lateral), comunicando por portas com as restantes divisões. Às áreas cobertas construídas em 1981, acede-se apenas pelo exterior e a sua função resume-se a resguardo de bens ou alunos da escola em momentos de recreio; cada um dos espaços tem duas janelas com guarnições em mármore branco e apenas com vidraças. A estrutura assume uma repetição modular, sendo primitivamete destinada a discriminar as crianças pelo sexo. O interior foi completamente reformulado nas obras de 1981, tendo sido mantidas apenas as paredes divisórias originais. |
Acessos
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Rua Engenheiro Luís Paiva e Sousa; Rua da Escola |
Protecção
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Inexistente |
Enquadramento
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Urbano. Isolado. O acesso é feito por um portão gradeado em ferro, voltado à Rua Engenheiro Luís Paiva e Sousa, que transpõe o perímetro murado frente à fachada principal e por um portão de maiores dimensões que abre lateralmente para a Rua da Escola. |
Descrição Complementar
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Na fachada do edifício, ao lado esquerdo da porta principal de acesso) existe um registo de azulejo (com 30 unidades) retratando o jornalista republicano António França Borges, a quem Francisco de Almeida Grandella quis homenagear com a construção da escola. Apresenta, por baixo da janela no extremo direito da fachada, uma lápide em mármore branco com a seguinte inscrição "ESCOLA RECONSTRUIDA PELA C.M.C.R.EM 1981". |
Utilização Inicial
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Educativa: escola primária |
Utilização Actual
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Educativa: escola básica |
Propriedade
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Pública: municipal |
Afectação
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Ministério da Educação e Ciência |
Época Construção
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Séc. 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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CONSTRUTOR: João Pedro Santos |
Cronologia
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1853, 23 junho - nasce, em Aveiras de Cima, na freguesia de Nossa Senhora da Purificação, Francisco de Almeida Grandella (1853-1934), filho do médico Francisco Maria de Almeida Grandella e de D. Mathilde Dorothea; 1863 - Francisco Grandella parte para Lisboa onde inicia a sua atividade como empregado de comércio; 1866, 24 de março - morre, no Porto, Joaquim Ferreira dos Santos (1782-1866), o primeiro conde de Ferreira, comerciante e filantropo que havia feito fortuna no Brasil e em África; reconhecendo a necessidade da instrução primária e a precariedade das instalações em que esta funcionava, o conde de Ferreira deixa no seu testamento um legado destinado à edificação de 120 escolas em todo o país, as quais deveriam obedecer a um programa construtivo próprio; 1866, 23 julho - é publicado no Diário de Lisboa o primeiro programa para a construção de escolas primárias públicas em Portugal, as "Instruções sobre a fundação de escolas de adultos, creação de novas cadeiras de francez e de inglez, construção de casas para escolas primárias...", como forma de tornar viável o legado do conde de Ferreira; 1879 - Francisco Grandella abre o seu primeiro estabelecimento comercial em Lisboa, a que se sucedem, dois anos mais tarde, os Armazéns Grandella, no Chiado, dando assim início a uma carreira de sucesso como comerciante e industrial; filiado no Partido Repúblicano, Grandella cedo abraçou causas sociais, procurando dotar os seus empregados e operários de melhores condições de vida, custeou a construção de villas operárias e de escolas nas povoações onde detinha interesses económicos; a laicização do ensino era um tema caro aos republicanos, tendo assim sido um forte insentivo para a construção de escolas com boas condições pedagógicas e de salubridade a espenças particulares; 1909 - Francisco de Almeida Grandella faz construir uma escola primária na Foz do Arelho, estância de veraneio que costumava frequentar e onde, de resto, erguera uma vivenda apalaçada, que seria a sua última morada; a escola, mobilada, pronta a funcionar seria doada à autarquia para integrar a rede de escolas públicas; 1981 - conclusão das obras de recuperação do imóvel efetuadas pela autarquia; 2014 - atualmente mantém-se em atividade sendo parte integrante do Agrupamento de Escolas Raul Proença, juntamente com a escola sede, a secundária Raul Proença, a Básica dos 2.º e 3.º Ciclos de Santo Onofre e as básicas do 1.º ciclo da Foz do Arelho (v. IPA.00023475), do Bairro dos Arneiros, de Santo Onofre, do parque e do Bairro da Ponte. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Estrutura de alvenaria de pedra e alvenaria de tijolo, cantaria em guarnições de vãos exteriores (à excepção dos acrescentos posteriores); pavimentos em tijoleira, lajes de aglomerado de pedra, e betonilha; azulejos (instalações sanitárias); rebocos de cimento; cobertura com estrutura do em madeira, laje e revestimento a telha. |
Bibliografia
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BEJA, Filomena; SERRA, Júlia; MACHÁS, Estella; SALDANHA, Isabel - Muitos Anos de Escolas. Edifícios para o Ensino Infantil e Primário até 1941. Lisboa: DGEE, 1985, 1.ª parte, vol. 1; www.cm-caldas da rainha.pt [acedido em dezembro 2014] |
Documentação Gráfica
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CMCaldas da Rainha |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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CMCaldas da Rainha |
Intervenção Realizada
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PROPRIETÁRIO: 1981 - restauro da estrutura, recuperação de rebocos, construção de duas áreas cobertas contíguas à parte posterior do imóvel. Construção de um ringue desportivo (descoberto) em terreno anexo ao edifício, reintegração dos muros de vedação continuando-os até ao extremo da propriedade; colocação de uma vedação em rede e de um portão no extremo posterior do edifício (abrindo para a Rua da Escola). |
Observações
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Autor e Data
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Sérgio Gorjão 2004 |
Actualização
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Paula Tereno 2014 |
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