Igreja Paroquial de Carnaxide / Igreja de São Romão

IPA.00002344
Portugal, Lisboa, Oeiras, União das freguesias de Carnaxide e Queijas
 
Arquitectura religiosa, barroca. Igreja paroquial. A nave conserva o revestimento azulejar de origem, que cobre a totalidade das paredes, constituíndo um notável exemplo de padronagem, em monocromia, azul em fundo branco, característico do período de transição séc. 17-18, e da policromia para a monocromia. No corredor de acesso à sacristia: conjunto raro de episódios da mitologia greco-romana representados em azulejo num espaço religioso, destacando-se "Narciso mirando-se na água", "Teseu e Ariana", "Apolo chorando a morte de Jacinto".
Número IPA Antigo: PT031110030016
 
Registo visualizado 438 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

De planta rectangular, o edifício apresenta volumetria paralelepipédica, sendo a cobertura efectuada por telhados a 2 águas e em coruchéu com revestimento de azulejo. Apresenta alçado principal delimitado por cunhais em cantaria, composto por 3 corpos em reboco pintado separados por pilastras, também em cantaria: ladeado por torres de secção quadrada, com ventana sineira, rematada por coruchéu com plintos com bola, o corpo principal exibe porta a eixo, num plano sobrelevado e servida por escadaria bifurcante, contígua ao alçado; a porta de verga recta, inscreve-se num portal definido por colunas com fuste parcialmente canelado assente sobre pedestais ornados com baixos relevos, que sustentam frontão interrompido precedido de entablamento com friso ritmado por métopas e triglífos: com empenas angulares coroadas por fogaréus, o tímpano é decorado por cartela relevada com a representação do orago da igreja, São Romão (*1), circunscrita lateralmente por consolas e encimada por janela de peito coroada por ática segmentar. O conjunto é ladeado por módulos em cantaria compostos por nicho a albergar figurações escultóricas de Santo António e São Vicente de Paula, sobrepujado por janela de peito de verga recta destacada e avental relevado. O corpo é superiormente rematado por pano de muro triangular coroado por moldura saliente e cruz sobre plinto ao centro. INTERIOR: Nave única com paredes totalmente revestidas de azulejo de padrão monocromo, azul e branco, de finais do séc. 17, formado tapetes organizados em três registos sobrepostos, todos eles com padrões diferentes. Cobertura em abóbada de berço, vazada lateralmente por capela e portas de verga recta, exibe clerestório definido por 2 janelas de cada lado, e púlpito de planta rectangular com base marmórea esculpida e avental em balaustrada de cantaria, do lado da epístola, a intercalar os vãos. Sob o coro-alto, adossado à face interna da fachada e guarnecido superiormente de balaustrada em cantaria, parede revestida de azulejos de composição figurativa, em monocromia, azul em fundo branco, representando os apóstolos São Pedro e São Paulo. Antecede a capela-mor, arco triunfal ladeado por 2 altares em talha dourada inscritos em arcos de volta perfeita. Capela-mor, de planta quadrada e cobertura em abóbada de aresta ornada com pintura decorativa. Paredes nas quais se abrem portas encimadas por janelas de peito rectangular; revestimento de azulejos de composição figurativa representando uma cena galante (à direita) e um mendigo (à esquerda). Painéis de 13 x 13 azulejos. Altar-mor precedido na cabeceira por camarim com trono. Corredor de acesso à sacristia: azulejos de composição figurativa formando silhares representando figuras da mitologia greco-romana. Parede do baptistério revestida de azulejos de composição figurativa representando o baptismo de Cristo, painel de cerca de 1740-50. Motivos ornamentais rocaille.

Acessos

Rua Manuel dos Santos Mónica; Largo da Pátria Nova. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,725587; long.: -9,246662

Protecção

Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público, Portaria n.º 740-BQ/2012, DR, 2.ª série, n.º 248 de 24 dezembro 2012

Enquadramento

Urbano, destacado, isolado por adro e em posição altimétrica dominante.

Descrição Complementar

AZULEJO: A nave constitui um interessante exemplar de azulejaria de padrão de transição séc. 17-19, com três padrões diferentes em monocromia, azul e branco, formando tapetes e, revestindo a totalidade das paredes e enxalços das janelas. No corredor de acesso à sacristia silhar de azulejos de composição figurativa, de 11 azulejos de altura, barra de 2 azulejos incluída, monocromia, azul em fundo branco, ilustrando diferentes episódios das Metamorfoses de Ovídio, reprodução de gravuras seiscentistas holandesas. À entrada, parede fundeira sob o coro: do lado da epístola: São Pedro representado com as chaves na mão; do lado do evangelho: São Paulo representado com a espada. São painéis setecentistas, recortados, com motivos ornamentais rococó.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Lisboa)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Cronologia

1642 - a primitiva ermida de São Romão encontrava-se muito arruinada; 1662 - os visitadores da igreja propõem a sua demolição (e total reedificação), tendo em conta o estado de conservação do edifício; 1676 - visita do arcebispo de Lisboa à ermida de São Romão, e início das obras de edificação de um novo templo para substituição da primitiva ermida; 1683 - após interrupção temporária das obras as mesmas são retomadas e conclui-se a nave, permanecendo a antiga capela-mor, onde ainda se celebrava missa; Séc. 17, final - demolição da primitiva capela-mor e edificação de nova, de acordo com a restante obra; 1688 - construção da torre do lado O., onde se incorpora o relógio de sol (datado de 1588), proveniente da antiga ermida; 1694 - conclusão da sacristia, segundo notas do visitador do arcebispo D. Luís de Sousa; 1755 - grandes danos causados pelo terramoto; Séc. 18, 3º quartel - obras de reconstrução; séc. 19, início - campanha de restauro da capela-mor, com a colaboração do pintor Pedro Alexandrino de Carvalho e do mestre carpinteiro António Pedroso; 2007, 09 maio - Despacho de abertura do processo de classificação pela sub-diretora do IGESPAR; 2011, 30 setembro - proposta da DRCLVTejo de classificação do edifício como Monumento de Interesse Público; 23 novembro - parecer favorável do Conselho Nacional de Cultura; 2012, 15 março - publicação do projeto de decisão de classificação do edifício como Monumento de Interesse Público, em Anúncio 5791/2012, DR, 2.º série, n.º 54.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário e de lioz, estuque, ferro forjado, madeira, azulejos (sécs. 17 e 18)

Bibliografia

FIGUEIRA, Pe. Francisco da Silva, Os Primeiros Trabalhos Litterarios, Lisboa, 1865; LEAL, Pinho, Portugal Antigo e Moderno, Vol. II, Lisboa, 1874; COSTA, Américo, Dicionário Corográfico, Vol. IV, Vila do Conde, 1934; COSTA, Pe. Francisco dos Santos, O Santuário da Rocha Coração de Carnaxide, Oeiras, 1972; SIMÕES, João Miguel dos Santos, Azulejaria Portuguesa no séc. XVIII, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1979. MECO, José, Azulejaria Portuguesa, Lisboa, 1986; CRISPIM, Mário Núncio, LOBO, Pedro Vasconcelos, (coord. de), Retratos de Oeiras, Oeiras, 1994; ROCHA, Filomena Isabel, Oeiras. O Património. A História, Oeiras, 1996; Boletim Informativo da Junta de Freguesia de Carnaxide, Ano II, Nº 2, Jan. 1997

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; IGESPAR; DRCLisboa e Vale doTejo; CMOeiras

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; IGESPAR; DRCLisboa e Vale doTejo; CMOeiras

Documentação Administrativa

IGESPAR; DRCLisboa e Vale doTejo; CMOeiras

Intervenção Realizada

1970 - conclusão da torre E.

Observações

*1 - padroeiro dos lavradores.

Autor e Data

Teresa Vale e Maria Ferreira 1998 / Paula Correia 2006

Actualização

 
 
 
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