Tapada de Mafra
| IPA.00023129 |
Portugal, Lisboa, Mafra, Mafra |
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Espaço verde de produção; espaço verde de desporto. Espaço limitado por muro maioritariamente florestado, em que o incentivo ao favorecimento da biodiversidade vegetal é direcionado para a promoção dos ecossistemas favoráveis à criação da caça. Contém também campos agrícolas, hortas, pomares, mata. Tapada de origem setecentista de relevo muito acidentado com numerosos vales encaixados, densamente florestada, mantendo maioritariamente as espécies vegetais da sua origem. Apresenta dois jardins de Oitocentos, um de caráter paisagista, localizado no centro da tapada, mais precisamente na zona do Celebredo, e o Jardim do Cerco, situado na proximidade do mosteiro, construído em parterres, de conceção formal afirmada nos seus eixos que se cruzam, quer na zona do jardim, quer na zona da pequena mata que integra. |
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Número IPA Antigo: PT031109090107 |
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Registo visualizado 4794 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Espaço verde Espaço de cultivo Viveiro
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Descrição
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A Tapada de Mafra encontra-se cercada por muro com 21 Km de extensão. É dividida por outro muro que separa uma parte civil de outra militar. Está dividida em três parcelas, duas pertencentes à tapada nacional (antigas Segunda Tapada e Terceira Tapada ou Tapada de Dentro) e outra constituinte da Tapada Militar (antiga Primeira Tapada ou Tapada de Fora). A Tapada Nacional encontra-se separada por muro da Tapada Militar onde se insere, também murado, o Jardim do Cerco. É circunscrita por muro rasgado por oito portas: Porta de Mafra, dá para terreiro do Convento, próximo da fachada norte; Porta da Paz, junto ao sítio da Paz, a norte da vila, que dá para um caminho que cruza a estrada Mafra-Ericeira; Porta da Murgeira, no limite nordeste da tapada; Porta do Codaçal, na estada que liga Mafra a Gradil; Porta da Barroca, do Telhadouro ou do Gradil, junto ao canto do muro do lado nordeste, ligada por caminho à estrada Mafra-Gradil; Porta do Vale da Guarda, junto ao extremo leste da tapada, ligada por um caminho à estrada Malveira-Torres Vedras; Porta do Valério, próximo do canto do Valério; Porta da Abrunheira, no extremo sul, a ocidente da Porta do Valério; Porta Vermelha, no limite sul perto do lugar da Carapinheira, que dá para a estrada da Malveira. O património edificado intramuros é formado fundamentalmente pelo conjunto de edificações do Celebredo; por nove casas de guardas florestais dispersas, oito delas situadas junto ao perímetro da tapada, na proximidade dos portões; por dois fortes pertencentes às Linhas de Torres, o Forte da Milhariça e o Forte do Sonível; azerves; pontes, edificações ligadas à engenharia hidráulica, como minas, tanques e um curto aqueduto, parte integrante do sistema que conduz a água através da tapada, até um enorme reservatório situado no Jardim do Cerco; palanques de caça; um forno de cal; fornos; armazéns; pocilgas e pela "Casa do Mel" (com função apícula). Na zona do Celebredo encontra-se um antigo Pavilhão de Caça (o único que ainda se mantem inalterado), um edifício do picadeiro e cavalariças (convertido em espaço para a realização de eventos), a Casa de Campo (transformada em alojamento local), um pavilhão para a exposição permanente de carruagens, a Casa da Tojeira (convertida em museu da biodiversidade), núcleo expositivo de atividade cinegética e jardim romântico ladeado por canal de água, desenvolvido em três patamares, onde predominam espécies exóticas; tapada militar: a norte e nordeste do palácio; Centro Militar de Educação Física e Desportos, núcleo urbano onde se situam as estruturas de comando, administrativas, de instrução e de ensino, alojamentos, infraestruturas de preparação física militar e desportiva; Jardim do Cerco, de estilo formal, onde se encontra o "Jogo da Bola", o aqueduto, a nora, o tanque, que inclui parque infantil e parque de merendas. A abundância de vegetação arbórea reduz o sistema de vistas, porém, o relevo acidentado permite que dos pontos altos se observe a tapada e a sua envolvente. Na tapada militar e no Jardim do Cerco domina um relevo suave, ao invés do que sucede na tapada nacional onde se encontram sobretudo os declives acentuados predominando nas suas vertentes a exposição a ocidente e onde a rede de caminhos, em, terra batida, saibro ou tout-venant, acompanha de modo geral as curvas de nível. A tapada, na sua totalidade, é abrangida por quatro bacias hidrográficas: a bacia do Gradil, que se estende sobre uma pequena parcela da tapada junto à Porta da Barroca; a ribeira do Sobral, que desce fora da tapada, entrando nela junto à Porta do Vale da Guarda, estendendo-se pelo vale da Guarda, Celebredo e Cercado, saindo junto à Porta do Codaçal; a bacia do rio Cuco, que se insere na tapada militar, iniciando-se perto da Carreira de Tiro e terminando junto à Porta da Paz; a bacia da Vidigueira inicia-se também na tapada militar, perto da Porta Vermelha, abandonando-a na Horta dos Frades. Os cursos de água são de regime torrencial, com seca no verão e outono e caudal apreciável no inverno. Quanto à flora, ao nível do estrato arbóreo encontramos na tapada uma grande diversidade de espécies com uma vasta área de pinheiro-manso (Pinus pinea). O pinheiro-bravo (Pinus pinaster) ocupa uma área significativa, para além do carvalho cerquinho (Quercus faginea) e o sobreiro (Quercus suber), árvores emblemáticas da Tapada Nacional de Mafra. Aqui encontra-se provavelmente o maior sobreiro do mundo ainda com a cortiça virgem. O sobreiro associa-se em vários casos ao pinheiro-manso e este ao pinheiro-bravo. Associam-se também plátanos, nogueiras (Juglans sp) e outras folhosas ou matas mistas de folhosas e resinosas. Noutros casos, as folhosas associam-se a sub-bosque denso. O eucalipto (Eucalyptus globulos) ocupa menos de 10% da área total da tapada. Outras espécies importantes são ainda o zambujeiro e, na área ripícola o choupo (Populus sp), plátano (Platanus sp), salgueiro (Salix sp) e freixo (Fraxinus sp). Quanto ao estrato arbustivo, no seu aspeto geral, a tapada constitui um habitat degradado, com predomínio quase exclusivo das urzes (Erica scoparia e Erica lusitanica), que ocupam mais de 80% da sua área total. É também frequente encontrarem-se tojos (Ulex parviflorus e Ulex minor). Além destas espécies, poderemos ainda encontrar a aroeira (Pistacia lentiscus), o carrasco (Quercus coccifera), o trovisco (Daphne gnidium), o pilreteiro (Crataegus monogyna), o pitósporo (Pittosporum undulatum) e a murta (Myrtus communis). No estrato herbáceo são muito representativas as pastagens (30 ha), que constituem um suplemento nutritivo para gamos e veados. Existem também áreas significativas onde a presença de fetos (Pterydium aquilinum) é representativa. O braquipódio (Brachypodium phoenicoides) aparece associado a zonas húmidas. No jardim, além do braquipódio que aparece no canal, alguns taludes encontram-se revestidos por agapantos (Agapanthus africanus). Quanto à Fauna, esta apresenta-se muito rica e diversificada encontrando-se, entre os mamíferos, os veados, os gamos, os javalis, as raposas, os texugos, os ginetos, as doninhas e os coelhos. De entre as aves destacam-se as rapinas, sendo conhecida na tapada a existência de águias de Bonelli, águia de asa redonda, peneireiro vulgar, açor, gavião, coruja de mato, coruja das torres, mocho galego, mocho de orelhas e bufo pequeno. Para além das aves de rapina existem na tapada muitas outras espécies de aves de caça como por exemplo perdizes, pombos torcazes, rolas, galinholas, tordeiras, tordos, melros, etc. |
Acessos
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Sítio Portão Codaçal, estrada de Mafra para Gradil |
Protecção
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Em vias de classificação *1 / Parcialmente incluído na Zona Especial de Proteção do Convento de Mafra (v. IPA.00006381) |
Enquadramento
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Inserido na superfície de abrasão marítima onde aflorou o Complexo Vulcânico Lisboa-Mafra. Situada entre os paralelos 38º56' e 38º58', de latitude norte, e os meridianos 9º15' e 9º20', de longitude oeste, referida em relação ao meridiano internacional. Em zona predominantemente agroflorestal, estabelece relações com as freguesias de Mafra, a União das Freguesias de Enxara do Bispo, Gradil e Vila Franca do Rosário e União das Freguesias de Malveira e São Miguel de Alcainça. O conjunto da Tapada, Palácio/Convento e Cerca (v. IPA.00007002), onde se localiza o aqueduto (v. IPA.00033904), constitui o Monumento de Mafra. Extramuros, o palácio e o convento apresentam uma volumetria uniforme, da qual se destaca a basílica (v. IPA.00006381). |
Descrição Complementar
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Além de mattas silvestres de pinheiros e loireiros, alguns pomares de laranjeiras e limoeiros e dois ou três canteiros ajardinados (...) (Beckford, 1787, in SIMÕES, 1988); (…) A Tapada se achava grande parte semeada de trigo e cevada pelos creados, a quem S.A.R. a tinha mandado dar, e com mais de mil árvores plantadas e a sementeiro de pinhal (...). Que era este o estado Tapada de Fora, e que a de Dentro tinha muita caça, para o que os pastos eram poucos (João Diogo Carvalhosa, in CARVALHO, 1939); (…) O pinheiro-bravo cobre já cabeços escalvados, bordando os caminhos castanheiros, carvalhos e azinheiras (…) (HERCULANO, 1843); (…) Supomos que a Tapada tenha sido toda construída ainda antes de 1747, no tempo do seu fundador, e que tenha sido nessa altura que os primeiros casais de caça grossa lá tenham sido espalhados (…) (GUIMARÃES, 1977); (…) Cerca pela ponte nascente uma famosa Tapada, que compreende o círculo de três léguas cercada por muro de quinze palmos de alto e quatro de largo no alicerce e acabando em dois; está povoada de muitas rezes, veados, corças, gamos e porcos, de que está bem provida, por ser terra natural não só para criar estas rezes mas também para produzir lebres, coelhos e perdizes de que é abundante (...) (Arquivo de Santa Eufémia, DGRF, in GUIMARÃES, 1977); (…) Tendo S.M. El Rey ordenado que na Real Tapada de Mafra seja preferencialmente adoptada uma cultura florestal assaz desenvolvida, às explorações pecuárias ultimamente ali tentadas (…) (D. Fernando, in CARVALHO, 1939); (…) A ocupação humana (...) do território, onde foi criada a Tapada Nacional de Mafra, é milenar, havendo vestígios pré-históricos dispersos por toda a região. Na Tapada (...) só é conhecido um achado, no alto da vela, consistindo de "vários objectos de sílex neolíticos, um fragmento cerâmico pertencente a uma queijeira, bem como três enigmáticos instrumentos polidos, em fibrolite (…) (GRANDA, 1994); (…) Sofrendo modificações e adaptações ao longo dos tempos a Tapada mantém a sua essência e grande parte das suas características, nomeadamente a biodiversidade e a singularidade dos espaços em complementaridade com os seus ecossistemas. A conjugação física entre a orografia, hidrografia, geo-morfologia dos solos e condições micro-climáticas favoráveis, permite uma multiplicidade de ecossistemas resultante numa variada conjungação de cores, movimentos e sons. Os sobreiros não descortiçados, os ramos e troncos cobertos de líquenes, a diversidade das copas e folhagens quer em altura quer em forma resultam numa composição paisagística ímpar. Na Tapada encontra-se provavelmente o maior sobreiro do mundo ainda com a cortiça virgem; Na zona do Alto da Vela foram encontrados "vários objetos de sílex neolíticos, um fragmento cerâmico pertencente a uma queijeira, bem como três enigmáticos instrumentos polidos, em fibrolite (…) (GANDRA, 1994). |
Utilização Inicial
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Produtiva: tapada; Desportiva: couto de caça |
Utilização Actual
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Produtiva: tapada; Desportiva: couto de caça |
Propriedade
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Pública: Estatal |
Afectação
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Tapada Nacional: DGPC *2; Tapada Militar: Centro Militar de Educação Física e Desportos e Escola Prática de Infantaria |
Época Construção
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Séc. 18 / 19 / 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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EMPREITEIROS: Gregório Coelho e Felício Nunes - construção do muro; JARDINEIRO: Bonard - Jardim da Cerco e jardim na Tapada Nacional junto às lagoas. |
Cronologia
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1717 - lançamento da primeira pedra do Convento*2 1744, 29 julho - D. João V publica decreto que manda demarcar os terrenos para a tapada*3; 07 agosto - é lavrada escritura para feitura do muro de pedra e cal que vedará a tapada por Gregório Coelho e Felício Nunes; 1747 - o tabelião Martinho Roussado, de Mafra, lavra trinta e três escrituras relativas às expropriações do terreno ocupado pelo convento, pela cerca e pela tapada; 1748 - fim das expropriações e compra de terrenos destinados à tapada; 1750 - com a morte de D. João V dá-se por oficialmente concluída a construção do convento; 1750, 05 e 06 de outubro - primeiras caçadas reais de que há notícia na tapada, com a participação de D. José I; 1755 - terramoto que assola, principalmente, a cidade de Lisboa; 1787 - William Beckford visita a tapada; Séc. 18, fim, Séc. 19, início - divisão da tapada, por muro, em duas parcelas; construção da Casa de Campo na zona do Celebredo; 1808 - a tapada é incluída na segunda das Linhas de Torres, tendo aí se construído quatro fortes de defesa; 1834 - nomeado administrador da tapada o major Rossado Gorjão. 1837 - substituição do major Gorjão por José da Costa Fortinho, na administração da tapada; 1840 - D. Fernando II transforma a tapada em granja real, iniciando a diversificação das atividades aqui desenvolvidas: início da criação de potros de Alter, introdução do zebu; 1847 - D. Maria II institui o serviço de guardas da Real Tapada; passa para o Intendente das Reais Cavalariças a administração da tapada; 1848 - criação do Real Colégio Militar em Mafra, início da influência dos militares na administração da tapada; 1853 - começa um novo período de abandono da tapada; 1855 - transferência de gamos e javalis, criados por D. Fernando II, da Pena para a Tapada de Mafra; 1859 - A Real Coudelaria de Mafra é extinta por decreto real; 1860 - reflorestação da tapada por influência de D. Femando II; 1869 - 1880 - D. Fernando II manda traçar, pelo jardineiro francês Bonard, o Jardim do Cerco e um outro jardim junto às lagoas da tapada; 1871 - estabelecida a carreira de tiro; 1874 - 1876 - extinção do javali; administração pelo diretor dos trabalhos agrícola-pecuários: João António da Silva; 1887 - instalação da Escola Prática de Cavalaria e Infantaria; entrega das cavalariças e parte dos edifícios de Mafra ao Ministério da Guerra; 1889 - exercícios militares, esta presença no campo foi aproveitada para diversas atividades, nomeadamente, um levantamento de plantas; principiou-se a construção de um troço de caminho-de-ferro no terreno paralelo e contíguo à carreira de tiro; 1890 - cedência ao Exército da Tapada de Fora; 1897 - o engenheiro Alberto Monteiro propõe obras que aumentem a eficiência de transporte das condutas das tapadas; 1899 - introdução do javali; 1908 - a administração da Tapada de Fora fica a cargo do Depósito da Remota; 1911 - primeiro parecer favorável sobre a conveniência da entrega da tapada aos Serviços Florestais; grandes cortes de arvoredo; criação do depósito de remonta e garanhões, utilizando terrenos e instalações da Tapada Nacional de Mafra, anexa ao Convento de Mafra; 1920 - extinção das populações de veado e javali, redução da população de gamos; 1922 - a tapada é submetida por decreto ao regime florestal de simples policiamento; 1936 - nova fase de reconstrução com a administração de D. Fernando Pereira Coutinho; 1939 - introdução de veados a partir da Quinta da Torre Bela; 1940 - administração de Segismundo Saldanha; crescimento desordenado das populações de cervídeos; 1941 - são entregues, por decreto, a segunda e a terceira tapadas à administração dos Serviços Florestais; criação do Parque Nacional de Caça; 1950 - o Comando da Escola Prática de Infantaria manda colocar, sobre o canal de telha das condutas tubo Lusalite, com vista à minimização das perdas de água; o Depósito de Remonta passou a designar-se Escola Militar de Equitação; 1951 - há notícias do derrube do muro de separação das últimas duas parcelas, alguns anos antes; 1969 - início dos estudos sobre a fauna e a flora da tapada, por técnicos do Serviço de Inspeção da Caça e Pesca, por incentivo do Prof. Baeta Neves; 1974, 25 de abril - fim das caçadas presidenciais; intensificação dos estudos realizados por alunos dos cursos de Biologia e Silvicultura; realização de estudos botânicos, cortes de matos e fogos controlados; 1975 - a tapada é aberta ao público; 1976 - novo impulso no ordenamento da tapada; 1981 - a tapada é fechada ao público, na sequência de uma série de incêndios de origem criminosa; 1982 - início dos abates seletivos de gamos; 1985 - transformação da tapada em Zona de Caça Condicionada, caça de espera aos javalis e de troféus aos gamos; 1987 - a Tapada de Mafra é considerada biótopo Corine; 1989 - criada a Zona de Caça Nacional da Tapada Nacional de Mafra; 1993 - aprovado em Concelho de Ministros a concessão da tapada à Empresa Nacional de Desenvolvimento Agrícola e Cinegético (ENDAC), SA; 1994 - criada a Escola Nacional de Falcoaria, na Tojeira; é instalado o Hospital dos Solípedes; 1996, fevereiro - o governo decidiu extinguir a ENDAC, criada pelo anterior governo para desenvolver a caça em algumas áreas do Estado; a tapada passa a ser gerida por uma comissão liquidatária (sendo sócio maioritário a Estação Florestal Nacional - 51%); 1998, setembro - passa para supervisão da Régie Cooperativa (Tapada Nacional de Mafra - Centro Turístico, Cinegético e de Educação Ambiental) que atualmente é presidida por Paula Cristina Cabaço Simões; 2002 - candidatura da Tapada Militar ao Prémio "Defesa Nacional e Ambiente"; 2018, 28 março - é publicado o Anúncio n.º 42/2018 (DR, 2.ª série, n.º 62) abrindo o processo de classificação do Real Edifício de Mafra - Palácio, Basílica, Convento, Jardim do
Cerco e Tapada. |
Dados Técnicos
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Na tapada, água captada em nascentes e transportada por aquedutos de telha de meio canal, assentes em muros de alvenaria enterrados ou sobrelevados contornando relevo acidentado. A água desloca-se por gravidade até tanques, fontes e cisternas ou fica retida em poços. A sua canalização termina no Jardim do Cerco. Toalha freática essencialmente superficial devido à existência de um imperme rochoso a pequena profundidade; algumas condutas entubadas com vista à minimização das perdas de água. |
Materiais
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INERTES: pavimentos em Tout-Venant, saibro e terra batida; ponte e mobiliário em madeira; aqueduto em pedra; muros em alvenaria de pedra. VEGETAL: árvores - carvalho cerquinho (Quercus faginea), choupo (Populus sp), eucalipto (Eucalyptus globulos), freixo (Fraxinus sp), nogueira (Juglans sp), pinheiro bravo (Pinus pinaster), pinheiro manso (Pinus pinea), plátano (Platanus sp), salgueiro (Salix sp), sobreiro (Quercus suber), zambujeiro (Olea europea var. sylvestris): arbustos - urzes (Erica scoparia e Erica lusitanica), tojos (Ulex parviflorus e Ulex minor), aroeira (Pistacia lentiscus), carrasco (Quercus coccifera), trovisco (Daphne gnidium), pilriteiro (Crataegus monogyna), Árvore-do-Incenso (Pittosporum undulatum), murta (Myrtus communis); herbáceas - agapantos (Agapanthus africanus), braquipódio (Brachypodium phoenicoides), fetos (Pterydium aquilinum). |
Bibliografia
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BRAGA, A.F. - “Aproveitamento das águas da Tapada de Mafra”. Azimute, Revista Militar da Escola Prática de Infantaria, 1991; BRAGO, A.F. - “Aproveitamento das águas da Tapada de Mafra”. Azimute, 1991; BREYNER, T. M. - Memórias do Professor Thomaz de Mello Breyner, 4.º Conde de Mafra - 1369 a 1880. Lisboa, 1930, vols. I e II; CARVALHO, Ayres - Obra Mafrense. Mafra: Câmara Municipal de Mafra, 1992; CARVALHO, J.M. de - Relatório Acerca da Tapada de Mafra, 1939 texto policopiado,; CASTEL-BRANCO, Cristina - Projecto de Recuperação do Jardim do Cerco em Mafra - Evolução Histórica e Actividades. Lisboa: ISA-SAAP, 1995; FERREIRA, S. - O Monumento de Mafra - Guia Ilustrado, 1906; 2004; GARCIA, H.P. - A Reconstituição da Tapada de Mafra. Lisboa, 1940, vol. X; GRANDA, Caetano, M.A. - “Subsídios para a carta arqueológica do concelho de Mafra”. Boletim Cultural. Mafra: Câmara Municipal de Mafra, 1994; “A Granja Real de Mafra”. Opúsculos, vol. 7, 1843; Guia de Portugal. I Generalidades, Lisboa e Arredores. 2.ª ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1988; GUIMARÃES, M.T.P. de C. - Algumas Considerações para o Estudo da Perdiz-Comum (Alectoris rufa (L., na Tapada Nacional de Mafra. Lisboa: s.n., 1977, relatório de estágio do Curso de Engenheiro Silvicultor apresentado ao ISA, texto policopiado; HERCULANO, Alexandre - Opúsculos, Questões Públicas - A Granja Real de Mafra, 1943, t. VII; JACAL - “Jardim do Cerco - horta e tapada”. O Carrilhão, 1990; PEREIRA, M. e S.V. - Plano Interpretativo da Tapada de Mafra. Lisboa: s.n., 1979, relatório de atividade do curso de engenheiro silvicultor; SANTOS, R.C. - A Tapada de Mafra, Alguns Subsídios para o seu Estudo, 1936, relatório de estágio de curso de engenheiro silvicultor, apresentado ao ISA, texto policopiado; SIMÕES, Gaspar - Diário de William Beckford em Portugal e Espanha, série Portugal e os Estrangeiros. 3.ª ed. Lisboa: Biblioteca Nacional, 1988; VASCO, I.B.P.C. - Tapada Nacional de Mafra - Avaliação da Paisagem e Paisagem Virtual. Lisboa: s.n., 2003, relatório de fim de curso em Arquitetura Paisagista apresentado ao ISA, texto policopiado; XAVIER, S.O. - Mafra e Chambord - Contribuições para uma Germinação no Âmbito do Restauro do Jardim do Cerco. Lisboa: s.n., 1997, relatório de fim de curso de Arquitetura Paisagista apresentado ao ISA, texto policopiado; www.tapadademafra.pt, 2005; www.cm-mafra.pt/patrimonio/tapada.asp.; . |
Documentação Gráfica
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DGPC: DGEMN/DSID |
Documentação Fotográfica
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DGPC: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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Intervenção Realizada
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séc. 18 - lançamento da primeira pedra do convento e fim das expropriações e compra de terrenos destinados à tapada; séc. 19 - divisão da tapada, por muro, em duas parcelas, construção da Casa de Campo na zona do Celebredo. A tapada é incluída na segunda das linhas de torres, onde se construíram quatro fortes de defesa; séc. 19, meados - D. Fernando II transforma a tapada em Granja Real. Reflorestação da tapada. Projeto do Jardim da Cerca e do jardim romântico junto às lagoas da Tapada Nacional por Bonard; séc. 19, finais - o engenheiro Alberto Monteiro propõe obras que aumentem a eficiência de transporte das condutas das tapadas; séc. 20, anos 80 - restauro das condutas de água da tapada; 1995 - campanha na Tapada Nacional de Mafra para a erradicação do eucalipto; recuperação do Jardim do Cerco: projeto-piloto de valorização cultural e turística - Ministério do Comércio e Turismo, a cargo da Secção Autónoma de Arquitetura Paisagista do Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa. |
Observações
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*1 - DOF: Real Edifício de Mafra - Palácio, Basílica, Convento, Jardim do Cerco e Tapada -; *2 - A gestão da Tapada Nacional de Mafra é assegurada por uma Cooperativa de Interesse Público de Responsabilidade Limitada, criada em setembro de 1998 pela resolução de Conselho de Ministros n.º 7/98. Desta fazem parte: a Direção Regional de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo, a Câmara Municipal de Mafra, o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, IP, a Associação dos Agricultores do Concelho de Mafra, o Clube Português de Monteiros, A Fundação Alter Real, a Liga dos Amigos de Mafra e a Federação dos Arqueiros e Besteiros de Portugal; *2 - foi dedicada a Santo António; *3 - A tapada surge na sequência da edificação do Convento de Mafra, adjacente ao mesmo, servindo de logradouro para o fornecimento de lenhas e outros produtos e, ao mesmo tempo, de local de caça e lazer; tal como em todo o país se verifica, a tapada tem sido, em toda a sua história, alvo de incêndios; (…) Em menos de uma hora e um quarto achamo-nos ao pé de um grosso muro que corta audazmente seus montes e fecha a Coutada de Mafra. (...) Real Coutada, fortemente tisnada pelo fogo que há um mês consumiu grande parte do seu arvoredo e verdura (…). (Beckford, 1787, in CARVALHO, 1939); Elementos Geomorfológicos: declives - na tapada militar e no Jardim do Cerco dominam os declives inferiores a 8% o que se traduz num relevo suave. Na tapada nacional predomina o declive superior a 30%; Relevo - muito acidentado, desenvolvendo-se entre as cotas 80 e 358 metros, o que corresponde a um desnível de 287 metros; Altimetria: na tapada militar e no Jardim do Cerco a maioria da superfície situa-se entre os 200 e os 250 metros (acima do nível das águas do mar), sendo exceção: Espaldão/Sonível (320 metros), Juncal (317 metros), Baracio (299 metros) e o Alto da Vela (274 metros); Geologia: englobada na superfície de abrasão marítima onde aflorou o complexo vulcânico de Lisboa-Mafra com representação, por ordem decrescente de importância, das seguintes eras geológicas: secundária, terciária e quaternária. A maior parte dos terrenos da tapada assentam no substrato da era secundária, nomeadamente das séries superior e inferior do Cretácico, tendo bastante representação o Hauteriviano e Valangeniano, o Aptiano, o Urgoniano e o Albiano. Existem ainda alguns afloramentos e filões eruptivos de basalto e pequenas manchas quaternárias de Aluvião. Solos: pela análise da carta de solos verificou-se que na tapada aparecem representadas quatro classes de solos, nomeadamente - solos incipientes, solos litólicos, solos calcários e barros; Elementos climatéricos: clima temperado, moderado, húmido, moderadamente chuvoso. Zona sujeita à influência marítima, devido à proximidade a que se encontra da costa (10 quilómetros), e também à existência de um relevo significativo. Esta influência faz-se sentir sobretudo na Tapada Militar uma vez que a tapada nacional se encontra mais afastada da costa. Existência de nebulosidade devido à proximidade do mar. A temperatura média do ar, um dos mais importantes efeitos da radiação solar, varia regularmente ao longo do ano, com um valor médio de 15.2ºC, apresentando um máximo de 20.6ºC, em agosto, e um mínimo de 9.8ºC, em janeiro. Os valores da amplitude mensal, da variação diurna da temperatura do ar oscilam, com regularidade ao longo do ano, com um máximo de 11.5ºC, em setembro e um mínimo de 8.5ºC, em janeiro, ocorrendo os valores mais baixos de novembro a abril, inferiores a 10.0ºC. Em ambiente florestal a temperatura do ar é mais moderada e sujeita a menores flutuações. A humidade relativa média do ar sofre uma variação diurna inversa à da temperatura, com os seus valores médios mensais variando, com regularidade, durante todo o ano, atingindo um máximo de 83% em janeiro, e um mínimo de 70% em julho. A precipitação total, sob a forma de chuva, varia regularmente ao longo do ano, apresentando um total anual de 797.6 milímetros, com um máximo de 134.6 milímetros em dezembro, e um mínimo de 3.4 milímetros em agosto. Na mata, o ciclo da água é retardado, melhorando, assim, as condições locais de humidade. A precipitação, que sem cobertura vegetal era rapidamente dispersa pelo escorrimento superficial, fica retida no solo e é gradualmente utilizada pelas plantas, mantendo um constante caudal de água nas ribeiras e em geral em todas as linhas de água, fator de extrema importância no nosso caso. Ocorrem geadas durante 231 dias. Os nevoeiros são frequentes, como é natural, dada a proximidade do mar (têm lugar 91.1 dias por ano), e distribuem-se por todos os meses ao longo do ano. Os ventos mais frequentes sopram de noroeste, durante todo o ano, atingindo a sua maior frequência em julho e agosto. Apenas sopram ventos fortes 12,6 dias no ano, nunca se verificando ventos muito fortes. Fauna cinegética: de acordo com um censo realizado em 1996, existiam quatrocentos gamos, cinquenta veados e mais de cem javalis. |
Autor e Data
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Luísa Estadão e Pereira de Lima 2005, Teresa Camara 2017 |
Actualização
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