Fonte da Vila em Valença

IPA.00022997
Portugal, Viana do Castelo, Valença, União das freguesias de Valença, Cristelo Covo e Arão
 
Fonte de mergulho de construção medieval, provavelmente quatrocentista, considerada a principal da povoação e representada no exterior da vila muralhada, por Duarte de Armas, reformulada na época de seiscentos ou setecentos. A fonte abobadada foi reformada durante o reforço militar da fortaleza na época de seiscentos ou setecentos, possivelmente por um engenheiro militar, altura em que se procurou criar numa das faces laterais um espaldar, ainda que de grande simplicidade, com duas bicas, marcado por uma cornija central, e se colocou o brasão real entre aletas, conservando lateralmente um tanque e as escadas de acesso à mina. Os dois tanques juntos, devem ser posteriores, especialmente o lavadouro, sendo ambos alimentados por caleiras abertas dispostas ao longo do muro do reparo exterior.
Número IPA Antigo: PT011608150122
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Estrutura  Hidráulica de elevação, extração e distribuição  Chafariz / Fonte  Chafariz / Fonte  Tipo espaldar

Descrição

Fonte constituída por caixa de água de planta retangular, formando exteriormente amplo maciço retangular irregular, adaptado ao declive do terreno, em aparelho de fiadas irregulares. Fachada principal virada a noroeste, inferiormente formando soco avançado e tendo ao centro do maciço a marcação de falso espaldar com cornija reta moldurada, encimada por friso suportando brasão nacional, coroado, ladeado por aletas; inferiormente, ao centro do soco, dispõem-se duas bicas tipo florão, de onde a água cai para pequeno e baixo tanque frontal, retangular. Fachada virada a nordeste com vão de arco abatido, de aduelas marcadas assente nos pés-direitos, interiormente com tanque retangular coberto por abóbada de berço; lateralmente, abre-se porta de verga reta acedendo a degraus dispostos em L até à mina, mas todos eles cobertos de água. As duas outras fachadas são simples. Uma caleira aberta desenvolve-se desde a fonte até ao tanque retangular, encostado ao paramento de sustentação de terras, e do qual parte caleira, igualmente aberta, junto ao muro que contorna, até ao tanque lavadouro; este dispõe-se no meio do recinto, tendo planta retangular, com paramento de lajes de granito, sobre o qual assenta os lavadouros: três em cada um dos lados maiores do retângulo e um ao centro da face menor.

Acessos

Valença, Travessa da Fonte da Vila; Rua dos Inválidos. WGS84 (graus decimais) lat.: 42,030719, long.: -8,645736

Protecção

Incluído na Zona de Proteção da Fortificação da Praça de Valença (v. IPA.00003527)

Enquadramento

Peri-urbano, isolado, no fosso da fortaleza de Valença, do lado poente, entre os baluartes da Lapa e de São João, protegida a poente pelo revelim designado da Fonte da Vila, sendo acedida mais facilmente por poterna rasgada na cortina entre os dois baluartes (v. IPA.00003527). A fonte e os dois tanques, acedidos por caminho lajeado, inserem-se num recinto retangular irregular, protegido por muro alto de alvenaria, que simultaneamente sustenta as terras do terreno declivoso.

Descrição Complementar

Como muitas outras estruturas hidráulicos de extração e distribuição de água em meio rural, a Fonte da Vila de Valença tem os seus elementos escalonados em três espaços funcionais distintos, de montante para jusante: ponto de abastecimento de água para consumo humano, por bicas e tanque de mergulho, tanque bebedouro de animais e tanque de lavagem de roupa, sendo que a água sobrante no primeiro espaço, é canalizada para os outros e, muito provavelmente, seria, após utilização, encaminhada para aproveitamento na agricultura.

Utilização Inicial

Hidráulica: chafariz

Utilização Actual

Cultural e recreativa: marco histórico-cultural

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 15 / 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Séc. 15, final - Provável construção da fonte; 1506, cerca - desenhos do castelo de Valença por Duarte D'Armas, mostrando as muralhas e torres com muitos estragos e representando já a Fonte da Vila, de planta rectangular e corpo terminado em arco, rasgada frontalmente por arco de volta perfeita; 1713 - planta da Praça de Valença feita por Manuel Pinto de Vilalobos em que propõe a construção de revelim fronteiro à fonte da vila; séc. 17 / 18 - provável reforma da fonte; 1758, 23 abril - segundo o relato do Pe. António Lourenço Lages nas Memórias Paroquiais, esta fonte era a única existente fora das muralhas, e deitava água de duas bicas, uma delas com água de bom gosto e a outra sabendo a "lodo"; fornecia bastante água para a vila, visto não existir dentro da fortaleza nenhuma outra, mas apenas o poço do Bom Jesus, junto à capela do mesmo nome (v. PT011608150014), na Coroada, feito com grandeza e boa cantaria, e que também nunca secava; o padre refere a existência de uma outra fonte, com água durante parte do ano, mas de "pouca estimação" e, ao que parecia "propensa à criação piolhosa", mas não a identifica, e outras "fontinhas" à roda da praça, pelo exterior, mas que davam água apenas no Inverno e durante pouco tempo do ano; 1796, abril - encontrava-se quase concluído a reedificação do cano que cercava a muralha e que conduzia a água ao tanque; 1812 - construção de novo revelim da Fonte da Vila com a pedra do entulho de 24 casas demolidas no perímetro da esplanada da praça, empregando-se na obra 100 pessoas, 40 das quais eram pedreiros; construção da contra-escarpa desde o baluarte de São José, na Coroada, até ao revelim da Fonte; 1817 - documentos referem a existência de três fontes nos fossos: a das Tripas, hoje na vertente do talude sobre a Av. de Espanha, a de Cristelo e a Fonte da Vila, e uma outra na explanada de Faro, designada Fonte das Barracas; 1858, 14 agosto - acordou-se em sessão de Câmara que para, resolver a falta de água que então se fazia sentir nas fontes públicas da vila devido ao rigor da estação, se continuasse com obra de encanamento da água da mina que abastecia a fonte da Vila, prolongando-o pelo centro do fosso, seguindo pelo lameiro e fosso das Portas do Meio; para a execução da obra, acordou-se afixarem-se editais nos lugares públicos do concelho costumeiros, a convidar os mestres pedreiros e mineiros, que quisessem, a fornecer a pedra necessária ou a tomá-la de empreitada; 1951 - o lavadouro ainda era utilizado pela população; documentação no Tombo da Fortaleza de Valença refere a fonte como sendo do Estado; 1952 - a fonte e respectivo tanque não são referidos nos verbetes do Tombo da Fortaleza de Valença da Direcção de Engenharia do Exército.

Dados Técnicos

Estrutura autoportante

Materiais

Estrutura de alvenaria de granito; elementos estruturais, brasão e tanques em cantaria de granito.

Bibliografia

CASTRO, Alberto Pereira de, A Praça Forte de Valença do Minho, Valença, 1994; CAPELA, José Viriato, Valença nas Memórias Paroquiais de 1758, Valença, 2003; NEVES, Manuel Augusto Pinto, Valença entre a História e o Sonho, Valença, 2003

Documentação Gráfica

Gabinete de Estudos Arqueológicos de Engenharia Militar: Fortaleza de Valença, Tenente Coronel Serra, 24 Fevereiro 1813, 2775 2ª/24/34

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID, SIPA

Documentação Administrativa

Direcção dos Serviços de Engenharia do Exército Português: Repartição do Património Fortaleza de Valença - Tombo dos Prédios Militares. Prédio nº 1 (p); AHM: Fortaleza de Valença, 3ª Divisão, 9ª Secção, Caixa 9, 10, 11; IAN/TT: Dicionário Geográfico, vol. 38, Memória 83, pp. 461 - 469

Intervenção Realizada

Observações

Autor e Data

Paula Noé 2006

Actualização

João Almeida (Contribuinte externo) 2018
 
 
 
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