Igreja e Hospital da Santa Casa da Misericórdia de Elvas / Museu de Arte Contemporânea de Elvas - MACE

IPA.00022543
Portugal, Portalegre, Elvas, Assunção, Ajuda, Salvador e Santo Ildefonso
 
Arquitectura religiosa, maneirista e tardo-barroca e hospitalar tardo-barroca. Igreja de Misericórdia de planta longitudinal composta de três naves e quatro tramos, separados por arcos de volta perfeita sobre colunas toscanas, e capela-mor, interiormente cobertas por falsa abóbada de berço e em cúpula de pendentes, respectivamente, e iluminada axial e lateralmente, e hospital de planta irregular desenvolvido posteriormente, mas com fachada principal disposta perpendicularmente à da igreja. Igreja com fachada principal terminada em frontão sem retorno, com óculo no tímpano, coroado por cruz, e duas sineiras laterais, de cunhais apilastrados e rasgada por portal de verga recta, entre pilastras almofadadas encimadas por plintos que sustentam cornija, sobrepujada por pináculos e nicho com imagem, e, lateralmente duas janelas rectangulares. No interior, possui coro-alto de madeira, pias de água benta circulares inseridas nas primeiras colunas, púlpito de bacia circular sobre coluna balaústre e dois retábulos colaterais tardo-barrocos, em mármores policromos, de planta côncava e um eixo. Capela-mor com decoração pombalina, tendo a parede testeira côncava, formando a estrutura retabular integrando painel pintado com Visitação. Sacristia com nicho tardo-barroco, lavabo e silhar de azulejos rococós. Hospital com fachada principal de dois pisos, separados por friso, terminada em friso e cornija de massa, com cunhais apilastrados, e rasgada regularmente por vãos sobrepostos de verga abatida, de molduras terminadas em pequena cornija e com pingentes laterais, sendo os do segundo piso janelas de sacada, com guarda de ferro; o eixo principal de vãos, de planta convexa, é composto por portal de arco deprimido, ladeado por estípetes decoradas, suportando plintos galbados que enquadram brasão nacional, sobrepujado, no andar nobre, por almofada e nicho, entre pilastras suportando frontão contracurvado de inspiração borromínica, albergando imagem. Interior de três pisos, com vestíbulo rectangular tendo portais laterais de ligação a salas amplas e a partir do qual se desenvolve escada de lanços divergentes, em mármore, de acesso ao andar nobre, com guardas plenas, almofadadas, e arranques volutados no patamar intermédio, onde existe portal de verga recta, moldurado, encimado por nicho, em mármores vermelho e branco, rococó, com pilastras suportando frontão de lances, enquadrado por concheados recortados, ladeado por dois outros, mais pequenos. No segundo piso, antigas enfermarias de espaço amplo, intercomunicáveis, Consistório rectangular, com silhar de azulejos rococós, de composição figurativa, com temática alusiva à vida de Santa Isabel, e retábulo de mármore azul e branco, de planta convexa e um eixo.
Número IPA Antigo: PT041207030047
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Edifício de Confraria / Irmandade  Edifício, igreja e hospital  Misericórdia

Descrição

Planta poligonal irregular, formada pela igreja, longitudinal composta de três naves, que afunilam do meio para o início, terminando quase só na nave central, e de quatro tramos, e capela-mor, desenvolvendo-se lateralmente do último tramo das naves para E. várias dependências, integrando a S. a ante-sacristia e sacristia, e pelo hospital disposto a E., rectangular irregular, actualmente sem comunicação interior. Massa verticalista, sobretudo na igreja, de volumes articulados e coberturas diferenciadas em telhados de duas águas e quatro águas, em tesoura no hospital, o qual possui em duas águas, olho de boi oval. Fachadas em alvenaria rebocada e pintada de branco, com cunhais apilastrados, as da igreja com faixa pintada de ocre e as do hospital com embasamento de cantaria. IGREJA: fachada principal orientada a O., terminada em frontão sem retorno, de cornijas sublinhadas a ocre, coroado por plinto com cruz latina trevada e resplendor, ladeado por volutas, e duas sineiras laterais, em arco de volta perfeita, albergando sinos, terminadas em empena rematada por pináculo bolboso entre volutas; em plano recuado, surge corpo sobrelevado, terminado em cornija e platibanda plena, com cunhais, cornija e frisos sublinhados a ocre. É rasgada por portal de verga recta, com moldura sublinhada por frisos formando arco abatido, enquadrada por pilastras de fuste almofadado encimadas por plintos que sustentam cornija e pináculos laterais, pintados de ocre; sobre o portal, abre-se por nicho rectangular, moldurado, encimado por cornija e silhar com vieira e elementos fitomórficos, interiormente albergando imagem de Nossa Senhora da Piedade, e, lateralmente duas janelas rectangulares, molduradas, com vitrais; no tímpano surge óculo circular com moldura a ocre. Fachada lateral esquerda da igreja de três panos irregulares e formando ângulo obtuso, com dois panos e meio de três registos marcados por frisos ocres, sendo o primeiro rasgado superiormente por janela rectilínea, moldurada e gradeada, o segundo cego e o terceiro rasgado por quatro janelas de peitoril, com as molduras formando brincos rectos pintadas a ocre, terminando em cornija ocre e platibanda plena pintada de branco; no topo da fachada, surge pano mais elevado e terminado em empena, rasgado por portal abatido de moldura terminada em pequena cornija e pingente lateral e, superiormente, por vãos sobrepostos: uma janela de varandim com o mesmo tipo de moldura, uma janela de peitoril rectilínea, pequeno óculo oval e janela de peitoril de verga abatida, os três últimos vãos com molduras pintadas a ocre, tal como um outro óculo circular que surge entre as janelas de peitoril. Fachada lateral direita irregular, de vários panos definidos por pilastras, apresentando reentrância separadora, tendo os primeiros dois panos, três registos, marcados por frisos pintados a ocre e terminados em platibanda plena, rasgados no último registo por três janelas de peitoril de molduras a ocre; o último pano é seccionado em duas empenas no remate e é rasgado irregularmente por vários vãos rectilíneos ou de verga abatida, maioritariamente com molduras pintadas a ocre, com janelas de peitoril, uma delas com caixilharia de guilhotina, de varandim, com guarda em ferro, e pequenos óculos. INTERIOR: paredes rebocadas e pintadas de branco, naves separadas por arcos de volta perfeita assentes em colunas toscanas de mármore, as primeiras integrando pias de água benta circulares; nas paredes laterais faixa pintada de cinzento e dois registos separados por friso; pavimento em lajes de cantaria, algumas com inscrições e numeradas, e cobertura em falsas abóbadas de berço, de estuque, sobre cornija. Coro-alto de madeira pintada a marmoreados fingidos a azul, assente em colunas e meias colunas iguais, com balaustrada de madeira, tendo órgão de armário recente e órgão portátil e sendo acedido por escada de caracol, em ferro, colocada na nave da Epístola. Tecto do sub-coro decorado com florão de talha dourada, ornado de concheados e elementos fitomórficos. Na nave central, adossa-se à terceira coluna, do lado da Epístola, púlpito com bacia circular sobre coluna balaústre assente em plinto paralelepipédico, ambos em mármore e com guarda em ferro, sem acesso. Na nave do Evangelho, abre-se porta de verga recta que, por corredor coberto em falsa abóbada de berço, conduz a pequeno espaço (a antiga secretaria que comunicava ao hospital) acedido pela fachada lateral esquerda. No lado da Epístola possui confessionário embutido, com vão em arco abatido e porta de acesso a anexo, de verga recta e moldura simples. Nos topos das naves surgem retábulos colaterais, em mármore policromo, de estrutura semelhante, de planta côncava e um eixo; junto a estes, dispõe-se encostado à parede, de cada um dos lados, um cadeiral de três cadeiras, de esteira em couro, cachaço contracurvado, com pregaria pequena e pernas galbadas. Arco triunfal de volta perfeita sobre pilastras toscanas, pintado a marmoreados fingidos beges, encimado por painel de azulejos policromos, com as armas da Misericórdia, inserido em moldura. Capela-mor com paredes pintadas de cinzento claro, rasgadas lateralmente por portas de verga recta e molduras simples de acesso à sacristia e demais dependências, encimadas por tribunas em arco abatido sobre pilastras de fuste almofadado, com decoração em estuque, formando falso espaldar recortado com motivo fitomórfico relevado e possuindo guarda plena ornada de almofadas sobrepostas, também em estuque. Pavimento em losangos brancos e pretos e cobertura em cúpula de pendentes, estes decorados com motivos fitomórficos e concheados em estuque relevado. Parede testeira côncava, formando a estrutura retabular, definida por arco de volta perfeita sobre pilastras, decoradas por florão dourado e motivo fitomórfico, assentes em plintos; ao centro, possui nicho em arco de volta perfeita, com painel pintado representando a Visitação, com moldura em madeira, de perfil curvo, rematando em frontão semicircular com o tímpano ornado de elementos vegetalistas e resplendor, de talha dourada. É flanqueado por dois nichos em arco de volta perfeita envolvidos por decoração fitomórfica em estuque, contendo imaginária, sobre mísulas pétreas ornadas de concheados. Altar paralelepipédico em mármore, com cruz grega em mármore azul. Sacristia com silhar de azulejos monocromos de azul cobalto sobre fundo branco, de representação figurativa, com cenas campestres em cartelas ovais, encimadas por grinaldas, ou apenas com elementos arquitectónicos nos painéis de preenchimento, e guarnição de elementos arquitectónicos; pavimento em mármore, de losangos pretos e vermelhos, e cobertura em falsa abóbada de aresta abatida, com arestas e florão central em estuque, e panos pintados, ornados de motivos florais. Na parede E. tem arcaz de madeira, com gavetas decoradas por elementos vegetalistas, encimado por oratório de mármore, de planta recta e um eixo definido por duas estípetes, ladeadas por volutas, que suportam o frontão entrecortado por espaldar recortado ornado de acantos; ao centro, abre-se nicho de perfil contracurvado, moldurado e envidraçado, albergando imaginária. Na parede N. possui armário embutido com decoração igual à do arcaz, a qual se repete nas portas de acesso e de comunicação com o anexo; esta é ladeada por lavabo de espaldar recortado e definido por concheados, com duas bicas carrancas e bacia achatada e de perfil recortado assente em meia coluna balaústre ornada de acantos. O anexo possui dois pequenos nichos de alfaias quadrangulares embutidos e pia de água-benta cilíndrica envolvida por moldura ovalada formando nicho; pavimento cerâmico policromo e cobertura em falsa abóbada de berço. HOSPITAL com fachada principal virada a N., de dois pisos separados por friso, terminada em friso e cornija de massa, pintados a ocre, sobreposto por beirado simples, com pilastras toscanas nos cunhais, sobrepostas por gárgulas, e rasgada regularmente por vãos sobrepostos de verga abatida, de molduras terminadas em pequena cornija e com pingentes laterais. No primeiro piso, rasgam-se três portas, encimadas por óculos circulares, sem moldura, e três janelas de peitoril e, no segundo, seis janelas de sacada, com guarda de ferro, tendo nos ângulos bolas metálicas, as quais são sobrepostas por molduras de massa fingindo bandeiras, de verga abatida, pintadas a ocre. Apresenta ainda eixo principal de vãos, descentrado, de planta convexa, composto por portal de arco deprimido sobre moldura almofadada com elemento vegetalista saliente, ladeado por estípetes decoradas por óvulos, suportando plintos galbados que enquadram brasão nacional, entre volutas, concheados e açafates, e com coroa fechada; sobre a cornija separadora do piso, surge, entre volutas, almofada e nicho, em arco de volta perfeita, encimado por festão e querubim, enquadrado por pilastras almofadadas e de capitel estriado suportando frontão contracurvado de inspiração borromínica, albergando interiormente imagem pétrea de Nossa Senhora do Amparo. Fachada lateral esquerda parcialmente adossada, igualmente de dois pisos, rasgada por uma janela de peitoril em cada um dos pisos, de esquema igual às da fachada principal. Fachada posterior disposta no seguimento da fachada lateral direita da igreja, de três pisos, separados por cornija, com pilastras nos cunhais, terminada em cornija pintada a ocre e platibanda plena de alvenaria, e rasgada por vãos sobrepostos de verga abatida, com molduras terminadas em pequena cornija. O primeiro piso, revestido a placas de mármore, é rasgado por cinco portais, um deles mais largo e rectilíneo; no segundo piso, abrem-se sete vãos, três de varandim, ainda que apenas um deles tenha guarda de ferro, e as restantes de peitoril, uma delas actualmente entaipada; no último piso rasgam-se cinco janelas de sacada com esquema e molduras iguais às do andar nobre da fachada principal. INTERIOR com paredes rebocadas e pintadas de branco, pavimento de mármore e, nos pisos superiores, em soalho flutuante e coberturas em falsas abóbadas, maioritariamente de berço, de cruzaria ou de lunetas. Transposto o portal principal, com guarda-vento de madeira, pintado de branco e envidraçado, dispõe-se o vestíbulo, rectangular, coberto por falsa abóbada de arestas, possuindo nos topos laterais portais de verga abatida, de moldura recortada e almofadada, o da direita ligando à actual recepção do Museu, e o da esquerda comunicando com várias salas amplas e intercomunicantes por portais de verga recta. Frontalmente, apresenta arco em volta perfeita sobre pilastras, ladeado por dois portais rectilíneos, de moldura almofadada, formando espaldar vazado por óculo oval, terminado em cornija contracurvada. A partir do arco, desenvolve-se escada de lanços divergentes, em mármore, de acesso ao segundo piso, de lanço comum enquadrado pelas guardas plenas, almofadadas, formando apainelados de mármore, os centrais triangulares em mármore azul; no patamar intermédio, a partir do qual os lanços têm lateralmente silhar de mármore almofadado, as guardas possuem arranques volutados encimados por elemento fitomórfico no rodamão. No alinhamento do portal principal, rasga-se portal de verga recta, moldurado, encimado por nicho, em jogos de mármore vermelho e branco, com arco de volta perfeita, interiormente desnudo, flanqueado por pilastras assentes em cornija com elemento fitomórfico inferior, as quais suportam frontão de lances com chave saliente, enquadrado por concheados recortados; este portal é ladeado por dois outros, mais pequenos, iguais aos que ladeiam o arco no vestíbulo. No segundo patamar, rasgam-se dois portais, de verga curva, chave saliente, moldura almofadada com motivos volutados laterais e terminada em cornija de lances; o disposto a E. comunica com três antigas enfermarias, de espaço amplo, intercomunicáveis, e o a O. acede ao antigo Consistório e outras pequenas salas. O Consistório, rectangular, perpendicular à fachada, apresenta silhar de azulejos monocromos azuis sobre fundo branco de composição figurativa, com temática alusiva à vida de Santa Isabel, sobre rodapé de pedra torta em roxo manganés e guarnição recortada composta por elementos arquitectónicos laterais sustentando urnas, anjos, elementos fitomórficos e concheados. Enquadrando a janela da fachada principal possui dois amplos armários embutidos, de verga recta, e na parede fundeira da sala, retábulo de mármore azul e branco, de planta convexa e um eixo.

Acessos

Largo da Misericórdia, Rua da Cadeia, Rua da Feira. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,879718; long.: -7,164739

Protecção

Incluído no Núcleo urbano da cidade de Elvas / Cidade Fronteiriça e de Guarnição de Elvas (v. IPA.00001839)

Enquadramento

Urbano, integrado num quarteirão na zona de expansão urbanística, no exterior da muralha medieval que envolvia a urbe, mas no interior da fortificação abaluartada (v. PT041207020011), formando gaveto, com a fachada principal da igreja disposta no topo exterior O. e adossado por E. a edifício de habitação de três pisos. Adapta-se ao declive do terreno, sendo circundado por vias, com passeios separadores em calçada à portuguesa que, em frente da igreja, forma meia-lua, decorado com motivos geométricos. Na proximidade, ergue-se um dos Passos da Via Sacra (v. PT041207010040), e uma das torres e porta da cerca medieval.

Descrição Complementar

Retábulos colaterais de estrutura semelhante, em mármore policromo vermelho e azul, de planta côncava e um eixo, definido por duas pilastras de fuste almofadado e formando inferiormente volutas, ladeadas por palmas douradas, e por duas colunas de fuste liso, assentes em dupla ordem de plintos paralelepipédicos, os inferiores lisos e mais altos e os superiores de faces almofadadas, e de capitéis coríntios; ao centro, abre-se nicho de arco polilobado, moldurado, de fecho saliente e de onde parte festão, interiormente pintado de azul e albergando imaginária; sobre cornija contracurvada, desenvolve-se o ático, em espaldar recortado, decorado com palmas e outros motivos fitomórficos, terminado em cornija, sendo ladeado por fragmentos de frontão; sotobanco ornado com almofadas contendo motivos fitomórficos enquadradas por duas falsas mísulas estriadas, possuindo ao centro sacrário tipo templete, com volutas nos ângulos e cúpula terminada em pináculo, tendo a porta decorada por cordeiro místico e resplendor. Altar tipo urna, em mármore vermelho, com cartela central contendo cruz. O nicho da escada do hospital tem a inscrição, em letras metálicas relevadas, NOSSA SENHORA DO AMPARO. A sala do Consistório, com pavimento em losangos, coberto por madeira, apresenta silhar de azulejos figurativos, com cenas da vida de Santa Isabel: o primeiro painel da parede E. representa o nascimento de Santa Isabel, a qual se vê em primeiro plano ao colo de uma das várias mulheres; o segundo painel retrata o casamento de Santa Isabel com Zacarias, no templo; e o terceiro a Anunciação a Zacarias, em que o anjo Gabriel anuncia, conforme inscrição em filactera, NE TIMEAS ZACHARIAS UXOR TUA ELISABETH PARIET TIBI FILIUM e Zacarias, que oferecia incenso no santuário enquanto o povo esperava no exterior, responde UNDE HOC SCIAM ?. Na parede fundeira da sala, surge representando, à esquerda, a Visitação, e, à direita, o nascimento de São João Baptista, vendo-se num canto Zacarias escrevendo o nome pela qual a criança de deveria chamar, e tendo na toalha da mesa a inscrição ELISABETH PEERERIT FILIUM. Na parede do lado direito representa-se a Circuncisão de João Baptista, vendo-se Isabel informando o nome do filho, surgindo em filactera a inscrição NEQUAQUAM SED VOCABITUR IOANES, e Zacarias confirmando, por escrever IOANNES EST NOMEN EIUS, ao mesmo tempo que louva a Deus dizendo BENEDICTUS DOMINUS DEUS ISRAEL; segue-se painel com representação ainda por identificar, mas que retrata Santa Isabel, segurando São João Baptista, Zacarias, Maria e José, os últimos com resplendor, vendo-se à esquerda um anjo a acondicionar a carga sobre um burro; no terceiro painel surge retratado a morte de Santa Isabel. Os painéis que flanqueiam a janela representam um Santo eremita e São Jerónimo. O retábulo tem planta convexa e um eixo, definido por duas pilastras almofadadas e superiormente decoradas com elemento vegetalista e volutas que sustentam frontão semicircular; ao centro, abre-se nicho em arco de volta perfeita sobre estípetes com a inscrição UISILAL HAUD UILIAL em cartela no fecho, interiormente pintado com padrão vegetalista, e encimado por cartela recortada com Árvore da Vida, envolvida por grinalda e querubim; encima o frontão janela de verga abatida, de moldura levemente recortada, actualmente entaipada, sobrepujada por duas falsas mísulas que suportam cornija; altar pouco saliente, de frontal rectangular, definido por pilastras e com almofada côncava central, em mármore azul. O sino da Misericórdia que fendeu em 1847 tinha a seguinte inscrição: CHRIST. REX GLORIAE, VENITE IN PACE; e na parte inferior PEDRO DE LABATRA ME FEZ. ANNO DE 1703.

Utilização Inicial

Religiosa: edifício de confraria / irmandade

Utilização Actual

Religiosa: Igreja de confraria / irmandade / Cultural e recreativa: museu

Propriedade

Privada: Misericórdia (Igreja) / Pública: municipal (hospital)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 18 / 20 / 21

Arquitecto / Construtor / Autor

ALVENEU: Vidigal (1858). ARQUITECTO: José Francisco de Abreu (1742); Pedro Reis (séc. 21). CANTEIRO: Gregório das Neves (1742); Angélico Vellez (1814). DESIGNERS: Filipe Alarcão e Henrique Cayatte (Séc. 21). MESTRE DE ALVENARIA: Manuel Miguel (1837). PINTOR: José de Escovar (1606); Joaquim Manuel da Rocha (séc. 18). PINTOR DE AZULEJOS: Joaquim Manuel da Rocha (séc. 18).

Cronologia

1498 - os procuradores de Elvas, João Roiz de Abreu, fidalgo da Casa Real, e Álvaro Pegado, cavaleiro, solicitam nas Cortes que se reunissem num só hospital, no meio da vila, os quatro pequenos hospitais ou albergarias que existiam em Elvas, para que os pobres fossem melhor agasalhados *1; 6 Março - autorização de D. Manuel para a junção dos hospitais de Elvas, devendo tal ser ordenado por Bastião Vaz, Contador das obras e terças na Comarca de Évora; 1501, finais / 1502, início - provável fundação da Misericórdia de Elvas; 1502, 24 Abril - data do documento mais antigo referindo a Misericórdia de Elvas, correspondente ao testamento de Gonçalo Sanhudo, escudeiro, legando 5$000 à Irmandade; 1 Setembro - concessão de privilégios por D. Manuel; 1505, 5 Fevereiro - carta de D. Manuel para gozar os mesmos privilégios da Misericórdia de Lisboa; 1515, 20 Janeiro - licença de D. Jorge, filho de D. João, e Mestre de Santiago e de Aviz, para a Misericórdia mudar a sua confraria para a Igreja da Madalena a velha, pertencente à Ordem, conforme solicitara, e onde queriam fazer algumas benfeitorias; 1516, 20 Dezembro - data do 1º Compromisso da Misericórdia; 1554 - por petição do Infante Cardeal, o Pe. jesuíta Manuel Fernandes, com o Pe. Pedro de Santa Cruz, pregaram a Quaresma na cidade de Elvas, e ficaram hospedados no Hospital da Misericórdia; 1539, 7 Novembro - carta do rei em resposta ao Provedor e Irmãos que fizeram petição de umas casas junto à capela da Madalena para a mudança do hospital, os quais questionavam se deviam mudar o dito hospital de onde então estava e fazê-lo adossado à capela, de modo mais amplo, visto que aquele estava arredado da mesma; 1543, 2 Agosto - carta régia fixando o número de irmãos em 100; 1555 - os jesuítas Manuel Fernandes e Pedro da Santa Cruz e depois Diogo Cismeiros reuniram de esmolas uma avultada quantia que ofereceram para a edificação do hospital; 1555 / 1556 - grandes obras no edifício da igreja e hospital, sendo o culto transferido para a Igreja da Madalena a Nova; 1557, 15 Outubro - Misericórdia pede à rainha para se lembrar da pobreza da casa e a socorra; 1560 - data da imagem em pedra de Nossa Senhora do Amparo, com o Menino, mandada fazer por Lopo de Baião; 1562 - a igreja ainda não estava concluída, visto que a eleição do Provedor e Irmãos decorreu na Igreja da Madalena, onde estava a Confraria da Misericórdia, por se achar incapaz o seu prédio; 1566, 2 Julho - a eleição dos Irmãos já foi feita na nova igreja da Misericórdia; 1589, 1 Setembro - criação da Irmandade do Amparo, com 108 homens, sendo provedor D. António Mendes de Carvalho, 1º Bispo da cidade de Elvas; 1590 - Bula papal aprovando a instituição da Irmandade e concedendo-lhe os mesmos privilégios que a do Hospital do Santo Espírito em Saxia, Roma; 1592, 10 Setembro - data dos primeiros Estatutos dessa Irmandade; 1597 - referência à porta travessa da igreja; 1606, 6 Fevereiro - execução de pinturas murais na capela-mor por José de Escovar; 1608 - o altar da Capela de Nossa Senhora do Amparo já era privilegiado; 1613, 21 Dezembro - a Confraria tomou casas por baixo do Consistório, que Gaspar Rodrigues Sirgueiro trazia aforadas, por 6$800, para construir uma enfermaria; 1614, 19 Agosto - testamento de Maria de Lemos, legando à Misericórdia as imagens de Santa Ana e de Nosso Senhor; 1625, 4 Novembro - alvará concedendo meia pena de água dos canos da Amoreira ao hospital, pago à custa dos seus rendimentos, desde os canos que passavam por dentro da cidade e em frente da casa e hospital, devido às grandes despesas da Irmandade em ir buscar água para o serviço da Casa e sustentação dos presos da cadeia; 1626, 16 Janeiro / 1627, 23 Abril - acórdãos passando para a Misericórdia o encargo de enterrar os mortos, até ali o principal objectivo da Irmandade de Nossa Senhora do Amparo; 1632 - reforma dos Estatutos da Irmandade de Nossa Senhora do Amparo pelo 5º Bispo da cidade, D. Sebastião de Matos; 1661 - o reverendo Mestre Escola da Santa Sé da cidade, Amador Monteiro, sendo escrivão da Misericórdia, mandou fazer a obra do Consistório, onde estava o Santo Cristo, que anteriormente estava na parede da parte de fora, que se mandara romper e fazer o nicho de alvenaria para ficar mais recolhido e com maior decência a imagem; Pedro Vaz Ferrão, sendo Irmão da Misericórdia, mandou forrar de madeira o dito nicho, mas não o mandou guarnecer e pintar, devido à madeira não estar totalmente seca; 1667 / 1671 - acórdãos fundindo as Mesas da Misericórdia e de Nossa Senhora do Amparo; 1703 - data do sino da Misericórdia; 1704, 19 Maio - data do Compromisso da Misericórdia; séc. 18, inícios - segundo apontamentos de Dr. Francisco de Paula de Santa Clara, determinou-se nesta época acrescentar o edifício para E.; a Misericórdia teve a propriedade das casas imediatas para a parte da rua da Cadeia e da Feira, mas surgindo dissenção entre dois dos seus promotores e sobrevindo depois demandas, dissipou-se tudo, perdendo-se até, em consequência das mesmas demandas, a propriedade das casas, onde se deveria fazer a obra; transformação e ampliação da igreja; 1714 - substituição do retábulo em talha da Capela de Nossa Senhora do Amparo por um outro em cantaria; 1721, 3 Julho - decide-se criar uma botica ou farmácia, devido ao grande dispêndio que se fazia com os medicamentos para doentes do hospital, até ali provindos do Convento de São Domingos; para tal, aproveitou-se uma parte do piso térreo da R. da Feira; 1742 - sendo o hospital quase subterrâneo, visto que a maior parte deitava para a Rua da Feira, em plano inferior à R. da Cadeia, e, por isso, pouco saudável, determinou-se, sendo Provedor o Conde e depois marquês do Lavradio, a sua demolição e a construção de um novo; segundo Eurico Gama, a obra poderá ser atribuída ao arquitecto José Francisco de Abreu, de Torres Vedras; encomenda do portal do hospital ao canteiro Gregório das Neves; Setembro - início das obras, mudando-se os doentes para o armazém da Vedoria Geral do Exército, em frente do Hospital de São João de Deus, que D. João V mandara entregar ao Provedor com ordem ao Vedor Geral para que, à custa da sua fazenda Real, se fizessem as obras necessárias para os enfermos ficarem com a melhor acomodação possível; 1752, 17 Junho - transferência dos doentes para o novo edifício do hospital *2; 15 Junho - visita do Bispo D. Baltasar de Faria Vilas Boas e Sampaio que benzeu a imagem de Nossa Senhora do Amparo sobre o portal do hospital; 22 Junho - benção das enfermarias do hospital pelo Dr. António Pereira Pinho Ferrão, cónego probendado na Santa Sé e então escrivão da Misericórdia, 1754 - data do Livro dos Estatutos e Acórdãos da Confraria de Nossa Senhora do Amparo; 1758, 30 Maio - segundo as Memórias Paroquiais, a Misericórdia tinha a renda 1 conto até 3000 cruzados anuais em propriedades e a renda do hospital era de 350$000 até 400$000 *3; séc. 18, 2ª metade - pintura da tela da Visitação para a tribuna do retábulo-mor pelo pintor Joaquim Manuel da Rocha (faleceu a 1786); execução dos azulejos do Consistório; 1806, 18 Outubro - alvará determinando que todas as Misericórdias do país adoptassem o Compromisso da de Lisboa; 1814 - transformação das capelas colaterais, que eram de madeira dourada, para cantaria, por Angélico Vellez, de Borba; 1825, 2 Janeiro - acórdão suspendendo os enterramentos na Igreja da Misericórdia; 1832, 25 Março -compra do painel de azulejos com as armas da Santa Casa, em Lisboa, por 12$000; 1833, 20 Agosto - o boticário foi convidado a despejar os altos da farmácia, onde habitava, porque a Misericórdia precisava do espaço para instalar os doentes de cólera, sendo-lhe concedidas outras casas; 1834, 14 Janeiro - Misericórdia de Elvas acordou que o alvará fosse unido ao Compromisso da Misericórdia de 1704; 1835, 20 Maio - o subprefeito interino da Comarca, Manuel Rodrigues Silvano, disse em Mesa ter apresentado à Coroa o facto do edifício do hospital não corresponder ao seu fim, por falta de capacidade em albergar os enfermos pobres que ali afluíam, não ter enfermarias para doenças que exigiam a separação dos doentes, carecendo de uma enfermaria de convalescentes, e não ter acomodações indispensáveis para o bom serviço da Misericórdia, a que acrescia estar implantada no centro da cidade; tinha assim proposto à Coroa a transferência do hospital para o extinto convento de São Paulo; D. Maria II cedeu-o à Misericórdia para se proceder à transferência do hospital, mas devido às condições precárias em que se encontrava o estabelecimento, acabou por não se concretizar; 1836, 20 Julho - Portaria da 3ª Repartição do Ministério do Reino autorizando a mudança do hospital para o extinto convento de São Paulo, devendo o edifício do hospital passar para a Fazenda Nacional livre de quaisquer encargos que tivesse; 1837, 5 Novembro - acordou-se a desejada transferência da enfermaria das mulheres para um local mais cómodo, visto ela ficar muito próximo da torre sineira e no último andar, onde se fazia sentir o rigor das estações; para isso, aproveitaram-se as casas viradas à R. da Feira sobre as oficinas da Botica, então desocupadas; determinou-se começar a obra no dia 6, fazendo-se um corredor que da escada principal da enfermaria dos homens comunicasse com as ditas casas da R. da Feira; foi incumbido das obras o irmão José António da Silva e o mesário Manuel Joaquim das Torres facultou os seus carros para condução de materiais; 12 Novembro - sendo perigoso os enfermos de cirurgia curarem-se na enfermaria de Medicina, acordou-se: demolir uma parede divisória, que havia na casa prolongada e paralela à enfermaria da Visitação e ali se formasse uma enfermaria de Cirurgia, inteiramente separada desta, e a que se designaria de São Sebastião; 26 Novembro - despedido o mestre de alvenaria Manuel Miguel e mandou-se chamar um outro, para continuar a obra das enfermarias; 3 Dezembro - o Mesário Manuel Joaquim das Torres informa que pagaria a despesa da obra de cantaria e a condução da pedra de Borba para Elvas, que se gastasse nos degraus do trânsito da escada principal do hospital para a nova enfermaria das mulheres, dando para tal 15$300 mais 4$000 da condução; acordou-se ainda escrever o nome dos santos patronos das novas enfermarias sobre as portas das mesmas: a enfermaria de Medicina dos homens chamada da Visitação, a de Cirurgia de São Sebastião, a das pessoas que pagavam a despesa de São Pedro, a nova enfermaria das mulheres de Nossa Senhora do Amparo e a enfermaria de Cirurgia de Santa Joana Princesa de Portugal; 1838, 1 Abril - após requerimento do Provedor, foi entregue à Misericórdia, a título de depósito ou empréstimo, pelo Administrador do Concelho, o órgão da igreja do extinto convento de São Paulo, avaliado entre 30 a 40$000; 1839, 5 Julho - a Bandeira dos supliciados acompanhou pela última vez um padecente: João Afonso de Lima, cabo de esquadra do Batalhão de Infantaria 20, fuzilado por assassínio; 1843, 20 Outubro - visita da Rainha D. Maria II, rei D. Fernando, Príncipe D. Pedro e outros; 1845 - compra da alcatifa da capela-mor, por 63$000, 30$000 dados pela Misericórdia, 20$5000 pela Irmandade do Amparo, 10$000 pela Confraria de Santa Luzia e 2$500 de esmola pelo Barão da Foz; 1846 - feitura da guarda do púlpito em ferro forjado; 1847, Janeiro - fendeu-se ao meio o sino maior da Misericórdia, sendo substituído pelo actual, que pertencia ao Convento de São Francisco e que anteriormente estivera por alguns anos na capela da Madalena; 1855, 21 Outubro - Mesa decide transferir a botica para o andar térreo da Rua da Cadeia (1ª porta da fachada lateral esquerda da igreja), que estivera alugado em 1843, 1844; 1856 - feitura de uma divisão para depósito de cadáveres ou casa mortuária; Agosto - feitura de urna de alvenaria para o retábulo-mor; 1859, 10 Dezembro - alvará do governador civil anexando a Misericórdia de Barbacena à de Elvas; 1887, 4 Novembro - aprovação de novo Compromisso, sendo Provedor Joaquim José da Guerra e escrivão Joaquim António Lopes; 1890, 27 Agosto - publicação do novo Compromisso *4; 1892, Janeiro - deram entrada na Misericórdia as primeiras Irmãs Hospitaleiras, que assistiam ao culto na tribuna da capela-mor, do lado da Epístola; 1893, 5 Novembro - aprovação dos regulamentos internos do hospital, farmácia, secretaria e igreja; 1896 - pensava-se construir um novo hospital, nos terrenos do extinto convento das freiras Dominicanas; 23 Maio - Diário do Governo concedendo o local, mas acabou mais uma vez por não se concretizar; 1897, 18 Julho - o Provedor António José de Carvalho propôs conseguir-se os retratos dos maiores benfeitores da Misericórdia para a sua colocação na Sala do Consistório; 1897, cerca - a Misericórdia tinha de receita 10:136$000, sendo 113:450$000 de capital nominal e 44:600$000 de capital mutuado; 1907, 28 Março - colocação de lápide sobre a porta da enfermaria D. Ana Leonor d'Andrade, à direita da escadaria, em homenagem e reconhecimento do seu legado; 1911, 29 Maio - alvará do Governador Civil de Portalegre extinguindo a Irmandade de Nossa Senhora do Amparo, sendo os seus bens incorporados na Misericórdia; 1913 - elaboração do Inventário geral de mobília e utensílios da Casa; 1917, 4 Junho - aprovação em Assembleia-Geral do Regulamento Interno do Hospital, Secretaria e Igreja da Misericórdia; 1919, 31 Julho / 23 Setembro - decide-se encerrar a farmácia devido ao desleixo em que estava; 1923 - pensou-se arrendar a farmácia, mas como só apareceu um concorrente, que não interessava à Misericórdia, optou-se por não o fazer; 1926, 3 Março - aprovação de novo Compromisso; 17 Julho - decide-se vender todo o recheio da farmácia (que ocupava duas salas, a do público bem mobilada com estantes douradas, com colunas, armários envidraçadas, arcos etc); 1931, 29 Julho - aprovada proposta do provedor, Comendador Estêvão Palhinha de Brito Falé, da anexação da "Sopa dos Pobres", que mantinha a sua autonomia e administração, sendo instalada no rés-do-chão da R. da Feira; 1934 - criação de um Corpo Clínico no hospital; 1939 - inauguração de uma sala com os instrumentos e aparelhos de cirurgia; Março - colocação de lápide na enfermaria de Cirurgia-homens nº 1 com a inscrição Enfermaria Estêvão Palhinha de Brito Falé Ilustre Provedor desta Santa Casa. Homenagem da Actual Mesa Administrativa e da sua antecessora, que serviram sob a sua direcção; 1945, 1 Agosto - início do funcionamento da "Sopa dos Pobres" numas dependências dos Paços do Concelho; 1946, Julho - inauguração do novo banco do hospital no piso térreo da R. da Feira, sendo provedor Francisco da Silva Tello Rasquilha Júnior, que, com sua esposa, D. Francisca Fernandes Tello Rasquilha, contribuiu com cerca de 200 mil escudos; o Banco tinha dependências próprias, gabinete médico para consultas, com duas divisões anexas, uma para lavabos e outra para tratamentos e duas salas de espera; 1948, anterior - feitura de uma enfermaria de isolamento para mulheres; 1952 - instalação dos Serviços de Secretaria no antigo banco; séc. 20, 2ª metade - elaboração de projecto de adaptação do edifício do antigo hospital a pólo universitário, o qual não foi aprovado; 1993 - Estado entrega o edifício do hospital à Misericórdia; 1999 - apresentação da Colecção António Cachola no MEIAC; 2002 - a Câmara Municipal de Elvas adquire o edifício do antigo hospital para adaptação a museu; 2003 - 2005 - o edifício do antigo hospital acolhe provisóriamente os serviços da Câmara Municipal, enquanto decorrem as obras de restauro no seu edifício; abertura de concurso público pela Câmara Municipal de Elvas para elaboração de projecto de construção do futuro Museu de Arte Contemporânea, a ser instalado no antigo hospital; o projecto de adaptação foi realizado pelo Arq. Pedro Reis e pelos designers Filipe Alarcão e Henrique Cayatte; 2007, 6 Julho - inauguração do Museu de Arte Contemporânea que acolheu mais de três centenas de peças da Colecção António Cachola.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes e estrutura mista.

Materiais

Estrutura rebocada e pintada; molduras dos vãos, frisos, cornijas, pilastras, gárgulas, colunas da nave, pias de água-benta, bacia e coluna do púlpito, lavabo da sacristia e outros em cantaria de mármore; trabalhos exteriores de massa, pintados a ocre; silhar de azulejos monocromos em azul cobalto sobre branco e rodapé em roxo manganés; trabalhos decorativos em estuque; coro-alto em madeira pintada a marmoreado fingido; telas pintadas; retábulos em mármores policromos; pavimento em mármore, cerâmico, tacos de madeira e soalho flutuante; portas e caixilharia de madeira; vidros simples e policromos; algerozes metálicos; grades e guarda do púlpito em ferro; cobertura em telha.

Bibliografia

GOODOLPHIM, Costa, As Misericórdias, Lisboa, 1897; PEREIRA, Esteves, RODRIGUES, Guilherme, Portugal - Diccionario Histórico, Lisboa, 1906; KEIL, Luís, Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Portalegre, vol. 1, Lisboa, 1940; GAMA, Eurico, A Santa Casa da Misericórdia de Elvas, 1954; RODRIGUES, Jorge, IDEM, Catálogo dos Pergaminhos do arquivo Municipal de Elvas, Coimbra, 1963; IDEM, À Sombra do Aqueduto. Roteiro Antigo de Elvas, Elvas 1964; IBIDEM, Azulejaria Elvense, Elvas, 1985; IBIDEM, Elvas, Rainha, da Fronteira: Monografia Resumida, Elvas, 1986; DENTINHO, Maria do Céu Ponce, Elvas. Monografia, Elvas, 1989; PEREIRA, Mário, Elvas, Lisboa, 1996; TEODORO, Vallecillo, ANGEL, Miguel, Retablística Alto-Alentejana: Elvas, Villaviciosa y Olivenza en los Siglos XVII-XVIII, Mérida, 1996; PAIVA, José Pedro (coord.), Portugaliae Monumenta Misericordiarum, vol. 1, Lisboa, 2002; TOJAL, Alexandre Arménio, PINTO, Paulo Campos, Bandeiras das Misericórdias, Lisboa, 2002; Elvas, História Viva - Revista Municipal de Cultura e Património, nº 1, Janeiro de 2007, pp. 8 - 9.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; Proprietário

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Santa Casa da Misericórdia de Elvas (datas extremas: 1504-1970); IAN/TT: Dicionário Geográfico, vol. 13, nº € 14, pp. 71-106; CME

Intervenção Realizada

Proprietário: 1838, depois - restauro do órgão, com as esmolas da Festa de Santa Luzia; 1846 - obras na igreja: feitura do coro-alto em madeira, sobre o guarda-vento, das duas janelas laterais e dos dois confessionários, sendo o da direita no vão de uma porta que dava para a rua e que se entaipou; 1858 - conclusão das obras de instalação da farmácia no piso térreo da R. da Cadeia, importando em 69$000, e tendo sido arrematadas pelo alvenéu Vidigal; 1910 - grandes obras na farmácia, construindo-se um novo laboratório; o Eng. da praça Jacinto Correia aconselhou a edificação de dois arcos de volta perfeita para se ressalvarem o derrubamento de umas pedras contíguas à farmácia; 1938 / 1939 - grandes obras de reforma do hospital, com a regularização das enfermarias, criação da sala de operações, de tratamento, quartos particulares, transformação da cozinha, etc.; 1946 - obras de remodelação do espaço onde anteriormente estava a Sopa dos Pobres para instalação do novo banco do hospital: divisão das enfermarias de mulheres por um corredor, tendo ficado uma de medicina, 1 de cirurgia, 1 de operadas, 1 de crianças, todas com casa de banho e retretes; divisão da enfermaria de medicina dos homens, tendo ficado com uma 2 de medicina com casa de banho, retretes e lavabos, 1 de isolamento com casa de banho e retretes privativas, 1 de cirurgia, 1 de operados, 3 quartos particulares de Medicina, salas de fisioterapia com sala de espera, enfermaria de isolamento, 1 laboratório de análises com todo o apetrechamento moderno e sala de espera, instalado no 1º andar do prédio onde estava o Asilo de Silva Martins; o laboratório distribuiu-se por 4 compartimentos: salas de espera, de análises químicas, do director e para determinação do metabolismo basal; todo o laboratório importou em 200 contos; 1950, década - restauro das estantes da farmácia; séc. 20, finais - pequenas obras de beneficiação na igreja e sacristia: restauro da tela da capela-mor, repinte dos dourados na igreja e imagens e pintura de emolduramento dos elementos estruturais, a azul, na sacristia; 2000, início da década - restauro da igreja; CME: 2005 / 2006 / 2007 - obras de remodelação do antigo hospital para instalação do Museu de Arte Contemporânea, conservando grande parte das estruturas existentes; recuperação de pavimentos, rebocos, tectos, caixilharias e coberturas; infraestruturas; instalações especiais; restauro de elementos decorativos; remoção de elementos dissonantes; guarda e segurança.

Observações

*1 - Segundo o testamento de João Durães, clérigo, raçoeiro residente na Igreja de São Pedro, datado de 21 de Março de 1385, existiam sete hospitais ou albergarias em Elvas: a albergaria do Santo Espírito, a de São João, a da Alcáçova, a da Madalena, a de São Domingos, a de Santo Estêvão (a quem deixava cinco soldos), e o hospital dos Romeiros (a quem legava dez soldos). Documentos do séc. 15 referem ainda a Albergaria do Corpo de Deus, a de Santiago e o hospital da Porta Nova. Assim, segundo Eurico Gama, os quatro hospitais existentes em 1498 seriam o da Madalena Velha, o de São Domingos, o dos Romeiros ou Porta-Nova e o de São João do Hospital ou de Jerusalém. Documentos datados de 26 de Setembro de 1570 provam a existência ainda do Hospital da Madalena Nova, anexa à Confraria com a mesma invocação. Segundo Eurico Gama, talvez só no séc. 18, depois da construção do actual edifício do Hospital da Misericórdia, tivesse cessado o da Madalena Nova. *2 - O novo edifico do hospital, inaugurado em 1752, era composto por três amplas enfermarias, com suas janelas de mármores e grades de ferro: a primeira para clérigos e pessoas nobres, dedicada aos Apóstolos São Pedro e São Paulo; a 2ª para os pobres, consagrada à Visitação e a 3ª para mulheres, ofertada a Nossa Senhora do Amparo, cujas imagens surgiam nas respectivas capelas, devidamente feitas e ornadas; a enfermaria dos homens tinha três naves sobre arcada e era de abóbada "com belo ponto" e bem ventilada, mas a das mulheres era "ridícula"; tinha boa cozinha, casa com todos os cómodos para botica com registo de água da Amoreira, um magnífico celeiro e outras muitas casas, que alugavam e davam aos empregados; toda a obra do hospital ficou em 13:320$000. *3 - Segundo as Memórias Paroquiais, a Misericórdia era do padroado real e gozava dos mesmos privilégios que a de Lisboa, por alvará de 19 de Setembro de 1614; a renda do hospital permitia-lhe adquirir as tumbas, ataúdes e curativos de alguns doentes, que tendo com que pagar a sua cura, davam $150 rs por dia, e eram administradas pelo Provedor e 12 Irmãos, eleitos anualmente; estes reuniam-se no Consistório todos os domingos. Segundo a descrição do pároco da freguesia, entrando pelo pórtico do hospital, surgia uma escada de um lance até meio, onde estava sobre um portal um nicho com outra imagem de Nossa Senhora do Amparo, que Lopo de Baião mandara fazer em 1560, transferida do portal principal da igreja; a partir deste meio, a escada dividia-se para os lados em dois lances, um dos quais acedia a uma enfermaria e o outro à sala do Consistório, com silhar de azulejos com a vida e morte de Santa Isabel e nascimento de João Baptista, com pavimento em xadrez, de pedra branca e preta, e tendo no nicho um Senhor Crucificado; por baixo das enfermarias e Consistório ficavam casas que serviam para despejos, celeiros e botica da Santa Casa e algumas moradas que se alugavam; a igreja tinha três naves, que estreitavam do meio para o seu início, devido à estreiteza do terreno de implantação, tendo três capelas: a maior com retábulo dourado onde estava o Santíssimo Sacramento e tendo na boca da tribuna um quadro pintado, antigo, com a imagem de Nossa Senhora do Amparo, orago da igreja, tendo ainda colocadas nesta capela duas imagens perfeitas de Nossa Senhora do Loreto e Santa Luzia; a capela colateral do Evangelho era dedicada a Nossa Senhora do Amparo cuja imagem se achava colocada na tribuna do retábulo dourado, tendo Irmandade, bem como as imagens de Nossa Senhora do Rosário, Santa Ana e São Gens; na capela colateral da Epístola estava uma devotíssima imagem de Cristo crucificado e nos lados estavam pintadas e de vulto as imagens de Nossa Senhora da Nazaré e São João Evangelista; sobre o portal principal da igreja estava uma imagem de pedra de Nossa Senhora da Piedade, que estava sobre a porta do hospital antigo; ultimamente, a Misericórdia tinha um capelão, que administrava os sacramentos aos enfermos, um tesoureiro da sacristia, onde estava um Senhor crucificado, um enfermeiro com 2 moços de enfermaria, uma enfermeira com sua ajuda, que cuidavam da cozinha, um porteiro, um requerente, um coveiro que também servia de comprador da Casa, quatro moços que levavam a tumba e outro a Bandeira, com suas opas fúnebres, com ordenados competentes. No adro da Misericórdia, ficava o Correio e a chamada Fonte da Misericórdia, que era uma das quatro principais da cidade (v. PT041207030078). *4 - Segundo o Compromisso publicado em 1890, a eleição dos Irmãos era feita no pavimento da capela-mor, colocando-se a cadeira do provedor próximo do primeiro degrau, a mesa em frente e, aos lados desta, os assentos para o secretário e escrutinadores da eleição; os restantes irmãos, sentavam-se nas cadeiras em que costumavam assistir às festividades, junto às paredes laterais da dita capela. A Misericórdia fazia então as seguintes festividades: a da Visitação, a 2 de Julho, a de Nossa Senhora do Amparo, a 8 de Setembro, a Procissão ao antigo cemitério, onde se cantavam responsos pelas Almas em geral, a 1 de Novembro, a festa da Virgem mártir Santa Luzia, a 13 de Dezembro, as festividades da Semana Santa e nos primeiros cinco Domingos da Quaresma. O quadro dos funcionários era então composto por: um advogado, médico do hospital, dito dos socorridos em suas casas, cirurgião, capelão-mor, cinco capelães menores para cumprimento das capelas, e um da Irmandade do Amparo, cartorário, farmacêutico, enfermeiro-mor, despenseiro e comprador, tesoureiro da igreja, praticante da botica, sangrador e barbeiro, cobrador e contínuo, guarda portão, enfermeiro menor ou da cirurgia, cozinheiro, servo da cozinha, servo da botica, quatro servos das enfermarias, engomadeira da igreja, ermitão da capela do antigo cemitério, costureira, duas servas das respectivas enfermarias, quatro lavadeiras de roupa e procurador em Olivença. *5 - Segundo descrição do hospital, de meados do séc. 20, no topo da escadaria ficava, do lado direito, a enfermaria D. Ana Leonor d'Andrade e, à esquerda, a Sala do Consistório; esta tinha pavimento em cantaria, branco e preto, em xadrez, capela no topo com a imagem do Senhor Crucificado, nas paredes dispunham-se retratos de alguns provedores e dos maiores benfeitores da Misericórdia e ao meio tinha a Mesa e cadeiras de palhinha, actualmente na Quinta de Vale de Marmelos (v. PT041207010051), bem como os cadeirais dos Irmãos. A seguir à sala do Consistório ficava a Secretaria, com o Arquivo da Instituição. No patamar intermédio da escadaria, a porta colocada no lado direito acedia-se à Igreja e a do lado esquerdo a todas as enfermarias, contendo altares: a de medicina para mulheres com imagem de Nossa Senhora da Conceição, a de cirurgia para mulheres com imagem de Nossa Senhora de Lourdes, a de operadas com imagem de Santa Rita, a de crianças, a de medicina para homens (2) com imagem do Sagrado Coração de Jesus, a de cirurgia para homens (2) com imagem do Imaculado Coração de Maria, a de operados e a de isolamento. Em frente da enfermaria de Cirurgia-homens nº 1 ficava a sala de operações com um compartimento anexo para lavabo, utensílios cirúrgicos, etc.; após o corredor, ficava um pequeno gabinete médico à esquerda e os quartos particulares. No último andar, diversas dependências para arrecadações, costura, engomadoria, etc e varanda com admirável vista.

Autor e Data

Helena Mantas e Susana Gonçalves 2000 / Paula Noé 2007

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