Fábrica de Cerâmica das Devesas

IPA.00022523
Portugal, Porto, Vila Nova de Gaia, União das freguesias de Santa Marinha e São Pedro da Afurada
 
Fábrica de cerâmica oitocentista. Muro-Mostruário revestimento com recurso a elementos formais ao gosto romântico revivalista, naturalista, Arte Nova, tais como grinaldas de flores, e elementos vegetais estilizados, ameias denteadas coloridas ou imagens naturalistas bucólicas, ou registos documentais figurando vultos do panorama artístico da época. Os azulejos eram utilizados por associação, constituindo um padrão, ou então um painel decorativo específico. As ameias, ou elementos decorativos introduzidos nas padieiras com recurso a formas vegetalistas, fazem parte de um reportório romântico, tipíco das construções do séc.19 portuense e gaiense.
Número IPA Antigo: PT011317160136
 
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Registo

 
Conjunto arquitetónico  Edifício e estrutura  Extração, produção e transformação  Fábrica    

Descrição

O NÚCLEO FABRIL 1 é constituído pelo edifício da fábrica, propriamente dito, onde se instalam oficinas, armazéns e escritórios, e o NÚCLEO FABRIL 2 pelas oficinas e aí localizam-se duas chaminés, o forno cerâmico e o muro-mostruário. Fronteiro ao edifício da fábrica, separado por rua, implanta-se o muro-mostruário, flanqueado pelas construções que definem o núcleo fabril 2. O muro-mostruário, inicia-se na fachada de uma das construções, de dois pisos (n.º 206) definidoras da entrada no núcleo fabril 2, prolongando-se para O. ao longo do muro definidor deste quarteirão. O Muro é rematado por ameias recortadas e coloridas, e nele, distribuem-se diversos painéis entre os quatro vãos cegos da fachada, delimitados por frisos, com elementos florais. A contornar os vãos, azulejos de remate marmoreados, de arestas chanfradas, e dimensões alternadas. Ao longo do muro oito painéis de diferentes dimensões apresentam diferentes azulejos padrão, associados quatro a quatro, emoldurados por elementos cerâmicos, ou painéis figurativos, de paisagem, historicistas ou documentais. Destacam-se dois painéis monócromos a azul com a figura de Almeida Costa e Teixeira Lopes nos espaços da fábrica.

Acessos

Rua Conselheiro Veloso da Cruz, Rua Alexandre Braga, Rua Pinho Valente, Rua de Serpa Pinto, Rua Mouzinho de Albuquerque

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano. Inclui o núcleo fabril 1 e o núcelo fabril 2. O primeiro núcleo juntamente com o Externato Novo Lar (v. PT011317160035), a que se adossa, constitui um quarteirão, definido a S. pela R. Conselheiro Veloso da Cruz, a O. pela R. Alexandre Braga, a N. pela R. Pinho Valente e a E. pela R. de Serpa Pinto. O segundo núcleo, formando também quarteirão, com a forma aproximada de um triângulo, é definido a N. pela R. Conselheiro Veloso da Cruz, que o separa do primeiro núcleo, a O. pela R. Alexandre Braga e a E. pela Rua Mouzinho de Albuquerque. Situa-se nas proximidades do centro histórico de Gaia e da estação de caminho-de-ferro das Devesas.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Extração, produção e transformação: fábrica

Utilização Actual

Devoluto

Propriedade

Privada: Sociedade Imobiliária (muro-mostruário)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 19 / 20 (conjectural)

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido

Cronologia

1865 - Fundação da Fábrica de Cerâmica das Devesas por António Almeida Costa; séc. 19 - data de uma das chaminés do núcelo fabril 2; séc. 19, final / 20, início - construção do muro-mostruário; 1910 - publicação do Catálogo da Fábrica Cerâmica e de Fundição das Devesas; 1915, 7 Novembro - morre António Almeida e Costa; 1990 - é apresentado o Projecto de viabilidade de loteamento na Rua Conselheiro Veloso da Cruz pelos Edifícios Atlântico, SA.; 1991, 15 Janeiro - despacho de abertura do processo de classificação, que inclui ainda todo o núcleo fabril das Devesas e o Depósito de Materiais na Rua José Falcão no Porto *1; 1999, 14 Abril - despacho de classificação do conjunto; Maio - apresentação do Projecto de remodelação e construção de edifícios para habitação, da autoria do Arquiteto Humberto Vieira, pela Gaideve - Sociedade Imobiliária de Gaia, SA.; 2013, 29 maio - O processo de classificação foi considerado caducado por despacho da diretora-geral da DGPC, após parecer do Gabinete Jurídico, a requerimento da proprietária; 2013, 17 julho - Abertura de novo procedimento de classificação, publicado no Anúncio n.º 251/2013, DR, 2, série, n.º 136; 2015, 29 maio - publicação do Anúncio n.º 137/2015 relativo à caducidade de classificação do Complexo da Fábrica de Cerâmica e de Fundição das Devesas, em DR 2.ª série, n.º 104.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

MURO-MOSTRUÁRIO: Parede de alvenaria rebocada (suporte dos painéis); parede de alvenaria rebocada; azulejos ceramicos, alguns deles vidrados; remates em tijolo cerâmico vidrado.

Bibliografia

Fábrica Cerâmica e de Fundição das Devesas, António Almeida da Costa & Cª., Vila Nova de Gaia, Catálogo, Real Typ. Litm.Lusitana, Gaya-Porto, 1910; CORDEIRO, José Manuel, As fábricas portuenses e a produção de azulejos de fachada (Sécs. XIX - XX), in Azulejos no Porto, Catálogo da Exposição Temporária - Mercado Ferreira Borges, Câmara Municipal do Porto, Porto, 1996.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

*1 - Incluído no "Conjunto da Fábrica de Cerâmica das Devesas, incluindo núcleo fabril 1, núcleo fabril 2, Casa António Almeida da Costa, Bairro dos Operários, Bairro dos Contramestres, Creche Emília de Jesus Costa, Asilo António Almeida da Costa, Conjunto Habitacional e Depósito de Materiais do Porto (R. José Falcão e R. da Conceição)". A Fábrica de Cerâmica das Devesas estabelecida em Vila Nova de Gaia em 1865, constituía na época uma das maiores e mais bem equipadas unidades fabris no género. Fundada por António Almeida e Costa possuía também incorporada na mesma uma Fundição. Esta Fundição além da produção de artefactos de ferro produzia as máquinas ligadas á produção cerâmica. O sócio de António Almeida e Costa era o Mestre José Joaquim Teixeira Lopes, Mestre de Escultura Cerâmica. A sua formação vinha da Escola de Belas Artes do Porto e da Escola Imperial de Paris. A unidade industrial das Devesas, assim como a do Carvalhinho e a de Massarelos estão ligadas à produção de "azulejo de relevo". Este Muro Mostruário constituía em Vila Nova de Gaia um catálogo vivo dos elementos produzidos pela Fábrica. Dada a importância da cidade do Porto como um centro de comércio por excelência, foi construído pela Fábrica, em 1901, na antiga Rua D. Carlos I (actual Rua José Falcão), um edifício para depósito dos materiais produzidos para mostruário e comercialização dos mesmos.

Autor e Data

Isabel Sereno 1999 / Patrícia Costa 2004

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