Casas em banda na Rua de Almeida Costa

IPA.00022522
Portugal, Porto, Vila Nova de Gaia, União das freguesias de Santa Marinha e São Pedro da Afurada
 
Conjunto de casas associadas com logradouro. Fachada principal rebocada, de vãos emoldurados com elementos em tijolo cerâmico. Recurso a elementos utilizados num período romântico revivalista como as ameias a servir de platibanda.
Número IPA Antigo: PT011317160137
 
Registo visualizado 89 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial unifamiliar  Casa    

Descrição

Conjunto de três casas em banda, de planta rectangular com logradouro., implantadas num terreno com declive. Volume simples com coberturas em telhado de duas águas. A fachada principal, orientada a S, constituída pela associação de três habitações é marcada em cada uma delas, por um vão central correspondente à entrada ladeado por uma janela rectangular de duas folhas. Todos os vãos há mesma altura, de verga recta são emoldurados por elementos em tijolo cerâmico de dois tons, colocados alternadamente formando um contorno recortado. Superiormente em toda a extensão a encimar a fachada dois frisos salientes rebocados encaixam friso decorativo cerâmico em relevo. Sobre este entablamento, uma sucessão de elementos em tijolo tipo ameias. Na fachada posterior rebocada destacam-se três volumes salientes adossados de cobertura em telhado de uma água. A fachada lateral a O. de empena triangular, apresenta pequenas frestas. No INTERIOR, a casa ligeiramente elevada relativamente à rua apresenta um hall com uma escadaria de acesso a um corredor central ladeado por uma sequência de compartimentos, que no seu remate, junto à parede posterior alarga para inserção de uma escada de tiro de acesso ao piso inferior com zonas de serviço, tais como , cozinha, sanitário, despensa e lavandaria. Todos os espaços, à excepção da cozinha são soalhados e apresentam uma caracterização simples e despojada, com rodapés e portas almofadadas pintadas. Dos vãos das traseiras, no último piso, disfrutam-se de vistas sobre a cidade do Porto.

Acessos

Santa Marinha, Rua de Almeida Costa, n.º 152 a 164

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, adossado a E. a prédios recentes de quatro ou cinco pisos e a confrontar com o percurso de serviço de acesso aos logradouros do Bairro Operário. Os três lotes associados, com logradouro, a meia encosta fazem parte do quarteirão a E. do núcleo fabril, definido pelas ruas: a N. a R. Conselheiro Veloso da Cruz, a O. R. Mouzinho de Albuquerque, a S. e E. R. de Almeida Costa. Nas traseiras dos logradouros um enorme terreno *2 a servir de lixeira. Os logradouros das casas também têm acesso pelo percurso de serviço do Bairro Operário. Localizados num ângulo da R. Almeida e Costa e dada a sua simplicidade e unidade arquitectónica destacam-se na rua pelo tratamento da fachada. Nas proximidades, o Lar Almeida e Costa. Este conjunto localiza-se no enfiamento de um portal que limita o terreno da Casa do Costa.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Residencial: casa

Utilização Actual

Residencial: casa

Propriedade

Privada: Misericórdia

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 19 / 20 (conjectural)

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1832 - nasce António de Almeida Costa; 1860 - António A. Costa , vem de S. Domingos de Rana, Cascais, para o Porto e abre uma oficina de mármores; 1863 - António Costa executou o pedestal de D.Pedro V, na Pç. da Batalha *3; 1865 - fundação da Fábrica de Cerâmica das Devesas por António Almeida Costa *4; 1881 - trabalhavam na fábrica 180 pessoas; 1884 - a fábrica das Devesas cede dependências para o funcionamento da escola de Desenho Industrial "Passos Manuel" *5;1886 - é aberta uma filial em Pampilhosa do Botão; 1887 - a fábrica das Devesas já empregava 700 funcionários; 31 Agosto - a escola deixa a Fábrica e passa a funcionar no Edifício das Escolas Paroquiais de Gaia; Séc. 19 - construção do bairro dos contramestres *6; construção do bairro operário; 1899, 17 Agosto - requerida licença de construção do edifício depósito - mostruário no Porto por António de Almeida Costa & Cª; 31 Agosto - concedida a licença de construção; Séc. 19/20 - provável construção do conjunto habitacional da R. de Almeida Costa; Séc. 20 - Provável construção do conj. habitacional do gav. da R. Visconde das Devesas e R. de António Almeida Costa; 1901 - construção do edifício/depósito; 1908 - visita à Fábrica das Devesas do rei D. Manuel II; 1909, 23 Abril - José Joaquim Teixeira Lopes retira-se da sociedade; 1910 - publicação do Catálogo da Fábrica Cerâmica e de Fundição das Devesas; 1º contrato de arrendamento do Conj. da R. de António Almeida Costa; 1915, a 7 de Novembro- no seu palacete morre António Almeida e Costa *7; 1937, 16 Julho - a Comissão Administrativa, transfere para a Misericórdia de Gaia a administração do Asilo António de Almeida Costa e Creche D. Emília de Jesus Costa; 1938, 1 Janeiro - formaliza-se a transferência para a Misericórdia de Gaia *8; 1985 - demolição da fundição existente nas traseiras e propriedade da Misericórdia

Dados Técnicos

Estrutura mista

Materiais

Paredes exteriores em alvenaria de tijolo maciço revestidas a reboco; cobertura em estrutura de madeira revestida a telha marselha; paredes interiores estucadas; tectos estucados; pavimento em estrutura de madeira forrada a soalho ou mosaico cerâmico; caixilharias de madeira pintadas; platibanda e cornija com elementos de tijolo cerâmico

Bibliografia

Fábrica Cerâmica e de Fundição das Devesas, António Almeida da Costa & Cª. , Vila Nova de Gaia, Catálogo, Real Typ. Limt. Lusitana, Gaya - Porto, 1910; LOPES, A. Teixeira, Ao correr da pena. Memórias de uma vida..., Vila Nova de Gaia 1968; VILA, Romero, A Fábrica do Costa das Devesas, in Amigos de Gaia, Vila Nova de Gaia, Maio 1979, pags. 5 a 10 ; 1ª Exposição de Cerâmica de Gaia, Catálogo da Exposição Temporária, Amigos de Gaia com Casa -museu Teixeira Lopes, 1979; SILVA, Germano, Vitória, Porto 1995; CORDEIRO, José Manuel, As Fábricas portuenses e a produção de azulejos de fachada (Sécs XIX - XX), in Azulejos no Porto, Catálogo da Exposição Temporária- Mercado Ferreira Borges, Câmara Municipal do Porto, Porto, 1996; LUÍS, Agustina Bessa, O Porto em vários sentidos, Lisboa 1998; SILVA, Francisco, A Misericórdia de Vila Nova de Gaia, 1929-1999, Porto 1999

Documentação Gráfica

SCMVNG:AH

Documentação Fotográfica

DGEMN:DSID, SIPA; SCMVNG: AH

Documentação Administrativa

SCMVNG: AH; DGEMN:DSID

Intervenção Realizada

SCMVNG: 1995- obras de reparação da cobertura e consequente rebaixamento dos tectos; Inquilino: 1998/99 - reparação da porta de entrada e pintura dos caixilhos exteriores

Observações

A Fábrica de Cerâmica das Devesas, fundada por António Almeida da Costa possuía incorporada na mesma uma Fundição. Esta Fundição além da produção de artefactos de ferro produzia as máquinas ligadas à produção cerâmica. O sócio de António Almeida e Costa era o Mestre José Joaquim Teixeira Lopes, Mestre de Escultura Cerâmica. A sua formação vinha da Escola de Belas Artes do Porto e da Escola Imperial de Paris. A unidade industrial das Devesas, assim como a do Carvalhinho e a de Massarelos estão ligadas à produção de "azulejo de relevo". Inicialmente era conhecida pela Fábrica A. A. Costa & Cª., depois Fábrica Cerâmica e Fundição das Devesas e posteriormente Companhia Cerâmica das Devesas. Deve-se à Fábrica das Devesas a introdução em Portugal da telha marselha. A ela estiveram ligados grandes artistas cerâmicos, como Teixeira Lopes (pai), Teixeira Lopes, Oliveira Ferreira, Diogo Macedo, Sousa Caldas, Henrique Moreira e etc. Na sua produção, além do fabrico de azulejos relevados, louça artística comum, ferros forjados e fundidos, mosaicos de pavimento distinguiu-se na reprodução de obras da Escola de Gaia, nomeadamente estatuária e painéis decorativos. Dada a importância da Fábrica das Devesas e sendo o Porto um centro de comércio por excelência é construído este edifício na R. D. Carlos I (actual R. José Falcão) como casa-depósito dos materiais produzidos para mostruário e comercialização dos mesmos. *2 - outrora ocupada por uma pequena unidade fabril: Fundição dos Sã Lemos; *3 - da autoria de Mestre Teixeira Lopes (pai); *4 - estabelecida em Vila Nova de Gaia em 1865, constituía na época uma das maiores e mais bem equipadas unidades fabris no género na Península Ibérica *5 - após o decreto de 6 de Maio de 1884 foram decretadas treze escolas de desenho industrial, uma delas em Gaia; *6 - a data inscrita na placa de ferro de "1875" , poderá anunciar a data de construção; *7 - no testamento " depois de dispor algumas verbas a favor de familiares e de instituições e entidades diversas, legou o remanescente da sua grande fortuna - terrenos, prédios, etc. - ao Asilo António de Almeida Costa e Creche D. Emília de Jesus Costa (nome da sua falecida esposa), cujo funcionamento confiou ás creches de Santa Marinha, designando uma Comissão administrativa, para que se encarregasse da respectiva administração, e conferindo à mesma o direito de, se tal se mostrasse aconselhável e conveniente, transferir a direcção e manutenção do Asilo e da Creche para quem melhor pudesse garantir o seu bom funcionamento."; *8 - " ficando desde então todos os valores da herança assim como o funcionamento do Asilo (actual Lar António de Almeida Costa) e da Creche D. Emília de Jesus Costa a cargo da Misericórdia..."; *9 - caixilharias das janelas empenadas, pintura das mesmas a descolar-se e muros dos logradouros degradados sem qualquer acabamento

Autor e Data

Isabel Sereno 2000

Actualização

 
 
 
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