Quinta e Capela do Descanso

IPA.00022007
Portugal, Ilha da Madeira (Madeira), Funchal, Funchal (Santa Luzia)
 
Casa abastada urbana, de construção siescentista, composta por dois volumes articulados, formando L, e fachadas evoluindo em dois pisos, com elementos de arquitectura madeirense, rasgadas por janelas retilíneas de molduras simples, em cantaria, com os típicos tapa sóis fasquiados, pintados a verde-escuro, portas de verga reta simples e janelas de guilhotina, também com tapa-sóis. No interior, o piso térreo possui pátio de entrada de distribuição à sala comum e à área de serviço, e à escada de cantaria de acesso ao segundo piso, com corredor lateral e várias salas, com coberturas decoradas em estuque. Integra capela retangular, adossada à fachada principal, terminada em empena, com cornija em cantaria rija da região, coroada por cruz de braços retos, sendo rasgada por portal em arco, de volta perfeita, sobre pilastras compósitas, rematado em cornija, e encimada por janela retangular com tapa sóis. A capela tem sacristia adossada, com pilar de cantaria atravessado por ferro, servindo de campanário. No interior possui retábulo-mor de talha, a branco, maneirista e, na sacristia, pia de água benta em mármore, também de cunho maneirista.
Número IPA Antigo: PT062203030164
 
Registo visualizado 128 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial unifamiliar  Casa  Casa abastada  

Descrição

Casa senhorial de arquitectura complexa, com capela e sacristia, adossadas a O., planta composta por dois volumes em esquadria, volumes articulados, coberturas de quatro águas diferenciadas, com telha de meia cana e beirais duplos; alçados de dois pisos, rebocados e caiados de branco. Fachada principal virada a S., janelas rasgadas no piso térreo com tapa-sóis fasquiados e pintados a verde-escuro, viradas para o jardim; segundo piso, janelas alinhadas com as do piso inferior, rectangulares, com caixilharia de guilhotina, tapa sóis, pintados da mesma cor, todas emolduradas a cantaria cinzenta e vermelha da região; capela adossada a O., no prolongamento da fachada S., sacristia e porta de interligação; alçado com empena rematada por cornija em cantaria cinzenta, rematada por cruz de braços rectos, portal de arco de volta perfeita, assente em pilastras, encimada por janela rectangular simples, com tapa sóis fasquiados, pintados a verde escuro; cobertura de duas águas na capela e uma, na sacristia, também cobertas por telha de meia cana; fachada lateral E., piso térreo, com portal principal de verga recta, quatro janelas rasgadas alinhadas com as do segundo piso e uma de peitoril, idêntica à das outras fachadas e um óculo circular. A fachada lateral O., apresenta três panos, o anterior, de um só piso, janelas de peitoril, rectangulares com caixilharia de guilhotina, tapa-sóis pintados de verde escuro, o pano posterior esquerdo, uma janela em eixo, tanto no piso térreo, como no segundo pisos, porta de acesso ao relvado interior, pano mais recuado, janela rasgada com tapa sóis no piso térreo e no segundo piso, óculo circular, janela de peitoril e vão idêntico envidraçado, todos desalinhados em relação ao primeiro. Fachada lateral N., pano avançado, uma porta no piso térreo, no segundo, duas janelas de peitoril com tapa sóis, idênticas às das outras fachadas, desalinhadas e uma fresta quadrangular entre as duas; pano recuado e oposto à fachada principal, com janela rasgada com tapa sóis, de acesso ao relvado, no segundo piso, óculo circular, janela de peitoril com tapa sóis, alinhada e parede cega que corresponde à cabeçeira da capela. CAPELA, dedicada à Sagrada Família apresenta planta rectangular simples, de uma só nave, com sacristia adossada a O.. No interior, pavimento de ladrilho, enxaquetado a duas cores, paredes rebocadas e pintadas de branco, pia de água benta do lado direito do portal, em mármore; tecto abobadado, decorado com friso em estuque, parede fundeira com coro alto, com ligação à casa e varandim de balaústres em madeira; altar-mor sobrelevado, com quatro degraus em cantaria, frontal de altar, em madeira, pintado com motivos fitomórficos, envolvido por sanefa com franja, imitando os brocados; retábulo entalhado em madeira escura e polida, estrutura côncava, constituída por predela com dois pares de nichos em ressalto, tendo na parte central quatro painéis almofadados; em eixo, tela pintada a óleo envolvida por aro entalhado de volta perfeita representando a Sagrada Família, ladeada por dois pares de colunas entalhadas em madeira escura e dura, decoradas com elementos fitomórficos e pequenas cartelas com cabeças de anjo, sobre as asas; ático formado por frontão interrompido, entablamento com cabeças de anjo alternadas com elementos fitomórficos; superiormente, no centro, mandorla onde se encontra a imagem de Nossa Senhora do Descanso, em madeira estofada e policromada. Na sacristia com intercomunicação com a capela, encontra-se na parede frontal, um lavabo de cunho maneirista, em mármore branco. INTERIOR da casa, amplo vestíbulo faz ligação ao grande salão com lareira, corredor de ligação a área de serviços, e à escada de acesso ao segundo piso; pavimento em lajes de cantaria cinzenta da região, assim como a escadaria. Segundo piso, corredor lateral liga os cinco quartos, três dos quais, com tectos de estuque, e três sanitários.

Acessos

Funchal (Santa Luzia), Rua de Santa Luzia, n.º 79 a 79A

Protecção

Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público / ZEP, Portaria n.º 56/2007, JORAM, 2.ª série, n.º 44, de 23 maio 2007

Enquadramento

Urbano, isolado e murado integrado em zona alta, com notável vista sobre o Funchal; grande fachada orientada a S., com capela adossada a O., aprazível jardim em dois planos de acordo com os desníveis do terreno, apresentando o primeiro um recanto murado, curvo, em forma de baluarte e o segundo uma área rústica. O acesso à R. de Santa Luzia faz-se por dois portões de ferro, o principal, com acesso a jardim relvado, escadaria de cantaria ao plano superior e o da entrada do carro com pavimento que se prolonga à fachada S., calcetado a pedrinha de calhau ralado a preto e branco à volta dos canteiros, sendo percorrido com bancos corridos. A cerca de 500m, encontra-se a Igreja de Santa Luzia (v. PT06220303024) e a 600m do antigo Seminário Maior, hoje Escola Básica, 2+3 Bartolomeu Perestrelo (v. PT06220303111) e a Capela da Encarnação (v. PT06220303009).

Descrição Complementar

A casa, está integrada num amplo e agradável jardim em dois planos sendo o primeiro relvado, com recanto murado, curvo, em forma de baluarte, embelezado por várias espécies arbóreas, palmeiras e uma secular Araucária (Araucária bidwillij) e na área de cultivo, um enorme eucalipto. Debaixo da escadaria de acesso ao piso superior e em quase todo o comprimento do muro de suporte do terreno, existe uma galeria com tectos em abóbada, cruzamentos em ogiva em cantaria cinzenta, hoje aterrada no seu interior e que se deveria estender até debaixo da capela, segundo revelam os vestígio existentes no muro de suporte; do lado direito, o espaço foi aproveitado para loja, com porta para o jardim.

Utilização Inicial

Residencial: casa

Utilização Actual

Residencial: casa

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido

Cronologia

Séc. 17 - morgadio instituído por Guiomar de Vasconcelos, casada com o capitão Mateus da Gama, filha de Bento de Matos Coutinho e de Filipa de Vasconcelos; 1656 - D. Úrsula, nascida na Sé, e casada com Álvaro José Coutinho, foi sucessora do morgadio; 1727 - a filha, D. Antónia Maria Caetano, casada com Pedro Teixeira Dória e Atouguia, mandou colocar ali o brasão peninsular, em mármore, com as armas de Napier, Coutinho, Lencastre e Vasconcelos, hoje colocado na casa da Quinta da Palmeira. O filho de Álvaro António Teixeira de Matos Vasconcelos, não deixou descendentes e a quinta foi disputada por seus dois primos, José da Câmara e Vasconcelos, juiz de órfãos da capitania de Machico e Francisco Cristóvão de Ornelas Linhares e Vasconcelos, tendo sido a sentença a favor de José da Câmara. Por sua morte passou a pertencer ao seu sobrinho, Lourenço Manuel da Câmara e Vasconcelos, foi passando aos seus descendentes, até ao último morgado, Tristão Vasco Perestrelo da Câmara; Séc. 20 - adquirida por Manuel Rodrigues, tendo passado por herança a seu filho Dr. João Militão Rodrigues, formado em direito e que viveu na quinta 30 anos; 1972 - adquirida pelo arquitecto Americano, Irvine Walker Colburn, que reformulou e restaurou o edifício e viveu ali durante 12 anos; 1984 - foi adquirida pelo Comendador, Cirino Lélio Faria casado com Lídia da Costa Quintal Faria, ambos madeirenses, ex-emigrantes na África do Sul, procederam a pequenas readaptações e restauro do edifício, sendo hoje residência fixa.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes

Materiais

Estrutura de alvenaria de basalto rebocada a branco; pedra basáltica; cantaria cinzenta e vermelha da região, no emolduramento dos vãos, pedra de calhau rolado, nos pavimento do jardim; telha de meia cana; ferro forjado; janelas de vidro simples; ladrilho cerâmico, no pavimento da capela; madeiras; retábulo de madeira escura, entalhada e polida; imagem em madeira, estofada e policromada; tectos com estuque; tabiques

Bibliografia

SILVA, Padre Fernando Augusto da; MENEZES, Carlos Azevedo, Elucidário Madeirense, vol. 1,2 3, 1969; SARMENTO, Tenente Coronel Alberto Artur, Freguesias da Madeira, Funchal, 1953; SAINZ TRUEVA, José, Heráldica de Apelidos Estrangeiros na ilha da Madeira, Islenha nº 18, Funchal, 1996.

Documentação Gráfica

CMF

Documentação Fotográfica

DRAC

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Proprietário: 1972, obras de reabilitação, remodelação, restauro.

Observações

D. Guiomar de Vasconcelos, casada com o capitão Mateus da Gama, era filha de Bento de Matos Coutinho e Filipa de Vasconcelos. A sucessora do morgadio, foi D. Úrsula Vasconcellos, nascida em 1656, casada com Álvaro José Coutinho, filho de Francisco Napier e de Maria de Lencastre. Sua filha, D. Antónia Maria Caetano, casou com Pedro Teixeira Dória e Atouguia, em 1727, mandou colocar na Quinta, o Brasão de Armas: Napier, Coutinho, Lencastre Vasconcelos. No 1º quartel: de prata com uma aspa espeguilhada de vermelho, acompanhada de quatro rosas do mesmo, abertas de ouro; os outros quartéis representam, Coutinho, Lencastre e Vasconcelos. Representa as armas da casa, à cabeça de morgadio, tendo uma sua representante, D. Úrsula de Vasconcelos. Este brasão, de escudo peninsular, em mármore, assenta sobre cartela e coronel de nobreza, e encontra-se actualmente na Quinta da Palmeira. Os Napier, de origem inglesa passaram a Portugal na pessoa de Cristóvão Napier, que serviu D. João IV, nas guerras contra Castela. Segundo Artur Sarmento, a Quinta do Descanso, serviu de quartel - General de estio, tendo ali falecido a 30 de Março de 1798 D. Diogo Pereira Forjaz Coutinho, sendo posteriormente sepultado na Igreja do Carmo; foi governador e capitão-geral do Arquipélago da Madeira, por carta Régia de 26 de Setembro de 1781. Primitivamente a fachada S. no piso térreo, foi destinada a adega e lojas, hoje, está adaptada a grande salão, em toda a extensão da fachada. São de muito interesse para futuros estudos, as galerias subterrâneas, com tecto em abóbada e cruzamento de ogivas, existentes sobe o segundo piso do logradouro da casa. Num murete do jardim estão embrechados azulejos de "tapete" do séc. 17.

Autor e Data

Teresa Brazão 2004

Actualização

 
 
 
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