Câmara Municipal da Chamusca

IPA.00021882
Portugal, Santarém, Chamusca, União das freguesias da Chamusca e Pinheiro Grande
 
Casa da câmara neoclássica. Edifício com dois pisos de planta rectangular simples, desenhando um volume simples de sentido horizontal. Possui uma varanda aberta e corrida ao nível do piso nobre que contorna todas as fachadas excepto a principal. A modinatura dos vãos, o remate da fachada, o frontão e os elementos decorativos denunciam o seu estilo romântico ou revivalista, tal como o desenho cénico da escadaria interior, o guarnecimento dos vãos exteriores e interiores e o gosto pelo detalhe.
Número IPA Antigo: PT031407010016
 
Registo visualizado 131 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre  Casa nobre  

Descrição

Planta rectangular regular; massa composta por volumes escalonados e articulados de disposição horizontalista, de dois pisos, encontrando-se o corpo central elevado em relação aos laterais, formando uma varanda corrida em U com guarda em ferro, a nível do 2º piso; cobertura homogénea em telhado de quatro águas com perfil recto, rematado em friso e cornija sob platibanda cerâmica recortada com decoração vegetalista, e em frontão triangular no pano central da fachada principal, decorado no tímpano, tendo ao centro as armas da casa das rainhas de Portugal em cantaria; possui duas chaminés desactivadas observadas a partir da fachada principal localizadas simetricamente e junto à platibanda, canal de secção poligonal, aberturas de extracção de fumos rematadas em arco pleno e coroadas com um elemento decorativo, de forma conopial. Fachadas rebocadas e pintadas, percorridas por embasamento em cantaria simples e pintada, delimitadas por cunhais em cantaria rematados por acrotérios encimados por esculturas em pedra e pináculos de bola no corpo central e por acrotérios e urnas nos corpos laterais que formam o terraço. Fachada principal virada a O. de 5 panos no piso térreo e 3 no 2º piso, definidos por pilastras e cunhais em cantaria; pisos separados por cornija simples em cantaria; corpos laterais salientes abertos, à direita por um óculo elíptico emoldurado com guarnecimento em serralharia de ferro, entaipado, e à esquerda por janela de peito com verga em arco quebrado e fecho saliente em moldura em cantaria, de batente de duas folhas e três lumes proporcionais em caixilharia de madeira pintada. Os três panos do corpo principal apresentam a nível do 1º piso janelas iguais à do corpo lateral esquerdo e o pano central é rasgado por porta com verga e moldura em arco pleno, com fecho decorativo aplicado e ombreiras de impostas salientes, com batente de duas folhas em serralharia de ferro trabalhado em formas rendilhadas com portadas interiores em vidro; no 2º piso os vãos são todos em janelas de sacada com verga em arco quebrado, assente em impostas, e com fecho saliente; batente de duas folhas, com caixilharia em madeira pintada; os panos laterais têm balcão comum, ligeiramente ondulado, com gradeamento de ferro suportado por 4 mísulas de pedra; as 3 janelas do pano central são de balcão à face em gradeamento de ferro trabalhado com motivos geométricos; a janela que está no eixo simétrico tem um fecho decorativo aplicado em alto relevo de características figurativas representando uma face humana dentro de uma concha. Fachada lateral direita virada a S.; embasamento em cantaria pintada de branco; com dois pisos diferenciados pelo gradeamento da varanda; os vãos do piso térreo são janelas de peito e portas em verga recta com moldura simples de pedra bujardada, as janelas são de batente de duas folhas com caixilharia em madeira e gradeamento exterior reticulado em ferro; as portas são de batente com duas folhas em gradeamento de ferro trabalhado com motivos vegetalistas pelo exterior e portadas interiores de vidro; o 2º piso tem vãos em janela de sacada de batente de duas folhas com caixilharia de madeira de quatro lumes sendo o inferior almofadado; moldura simples em arco quebrado de fecho saliente; a fachada lateral esquerda é virada a N., tem dois pisos sendo o piso térreo cego e o 2º piso, distanciado do muro da varanda que deixa de ser vazada par ser plena e até mais alta porque é a extrema com uma construção vizinha, possui três vãos em tudo semelhantes aos do 1º piso da fachada lateral direita; a fachada posterior virada a E. tem acesso ao 2º piso através de escadaria paralela à fachada com lanço único, com guarda vazada em gradeamento de ferro, rasgada inferiormente por um nicho, desemboca na varanda corrida que nesta fachada tem guarda plena preenchida e revestida com o mesmo material da empena, os vãos do piso térreo são poucos, pequenos e alinhados superiormente, em verga recta e moldura rectangular; são janelas basculantes de eixo horizontal inferior de caixilharia de madeira pintada e gradeamento reticular exterior; existe ainda uma gárgula de pedra para escoamento das águas pluviais da varanda; no 2º piso as janelas são de sacada e porta de madeira almofadada de verga recta e moldura simples; existe ainda um pequeno óculo circular com janela pivotante horizontal com caixilharia de madeira sem moldura.INTERIOR: o acesso principal é feito por um guarda vento em vidro para o vestíbulo com escadaria de acesso ao piso nobre; as salas situadas à direita e à esquerda do vestíbulo são intercomunicantes abrindo para a fachada principal e contornadas em U por uma galeria compartimentada em vários gabinetes, instalações sanitárias, arquivo de contabilidade e galeria de exposições municipais alguns intercomunicantes e outros abrindo directamente para as grandes salas; a sala do lado direito onde funcionam os serviços de água e tesouraria ainda é compartimentada em dois gabinetes, do lado esquerdo localizam-se os serviços de contabilidade e notário privativo da câmara Municipal. O pavimento do vestíbulo é em mosaico cerâmico apresentado uma composição cromática alternando com quadrados vermelhos e azuis, os pavimentos das salas e gabinetes são em tacos de madeira e a galeria de exposição em calçada portuguesa polida. O tecto do vestíbulo é forrado a madeira de perfil plano e revestido a pranchas de madeira tipo saia-camisa, sala de contabilidade e gabinetes da tesouraria de perfil plano forrados a pranchas de alumínio e a galeria de exposições em abobadilha cerâmica à vista. Todas as portas que dão para o vestíbulo, inclusive o vão que anuncia a escadaria são em arco pleno com moldura simples de pedra com acabamento a bujardado fino, com cornija e fecho de arco salientes; degrau de chamada em pedra e com maior piso que os restantes que são em madeira nobre; cancela de ferro pintado de preto e dourado abre para a escadaria com corrimão de ambos os lados. A escada apresenta ao final do 1º lanço um arco trilobado guarnecido a madeira e no tecto as iniciais da família Marques Carvalho. No patim da escada de passagem para o 2º e último lanço na parede temos um óculo elíptico guarnecido a madeira; no final das escadas, e anunciando o 2º piso, temos dois arcos quebrados guarnecidos a madeira. O piso nobre desenvolve-se à volta de um corredor central que numa das extremidades dá ligação à varanda exterior. Podemos encontrar neste piso uma sucessão de salas com comunicação entre si e com o corredor com várias dimensões destacando-se a sala das sessões pela sua dimensão e decoração; o tecto é em estuque pintado destaque para a pintura das armas da casa das rainhas no seu centro. O pavimento de todas as salas é em soalho de madeira, os tectos em estuque simples ou trabalhado com motivos geométricos e pintados ou então em forro de madeira de perfil plano com revestimento a pranchas de madeira tipo saia-camisa. Os vãos das portas em verga recta, são em madeira almofadada, e superiormente tem vão fixos com caixilharia de madeira e vidro por forma a iluminar o corredor com luz natural. Existe ainda uma porta de comunicação com a varanda. O espaço de átrio é hoje utilizado como arquivo. Neste piso funcionam os gabinetes do presidente, vereadores, assembleia municipal, assistência social municipal e o gabinete de cultura e desporto.

Acessos

Rua Direita de São Pedro

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano. Situa-se na parte baixa e plana da Vila. O edifício está implantado na principal via de circulação da povoação. Tem adossada à sua fachada lateral esquerda o muro da propriedade Quinta de S. Pedro (v. PT031407010015); rodeado a E. pelo Jardim público e a S. conforma o largo 25 de abril; onde se situa o Cine-teatro da Misericórdia da Chamusca (v. PT031407010011) e o edifício das Finanças e Tesouraria da Fazenda Pública (PT031407010017)

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Política e administrativa: câmara municipal

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 19

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Séc. 19, meados - o terreno no qual se encontra o actual edifício da Câmara Municipal era conhecido por Horta da Misericórdia, e pertencia a João Honorato Montarroio de Mendonça, tinha como única construção um simples casebre de hortelão; 1860 - ano do regresso a Portugal e à Chamusca do Comendador António Marques de Carvalho, nascido na mesma Vila e filho do notário João Lourenço Justiniano Marques de Carvalho e neto do Dr. António Marques de Carvalho, que ainda rapaz, embarcou para o Pará- Brasil, de onde voltou rico. 1862 - o terreno é adquirido pelo Comendador António Marques de Carvalho, que nele manda construir o prédio para sua habitação e todas as edificações anexas, necessárias para o movimento da sua casa agrícola. Foi várias vezes presidente da Câmara Municipal. Era avô de Raquel Marques de Carvalho Bandeira e da poetisa Maria de Carvalho. Anos mais tarde chamaria ao edifício a sua "asneira de pedra e cal" devido aos exagerados custos da construção; 1888, 5 de Julho - é exarada a escritura de compra e venda de "casas para habitação com rés-do-chão, primeiro andar e águas-furtadas, horta com pomar de laranjeiras, vinha e outras árvores, água nativa, tanques, cavalariças, palheiros, casa da caldeira para destilação, adegas e outras oficinas". A venda foi feita pela viúva do comendador, sua segunda mulher, Emília Angélica Rodrigues de Carvalho, tendo por procurador seu enteado e filho do comendador, João Marques de Carvalho, à Câmara Municipal por doze contos de réis. Contraindo, a Câmara, um empréstimo de 14 contos de réis junto da Companhia Geral do Crédito Predial Português, por 30 anos; 1904 - o edifício beneficiou de reparações e o brasão em pedra da rainha D. Mariana Vitória, proveniente das antigas instalações, foi mandado colocar na fachada principal do novo prédio. Devido a estas melhorias o dia 11 de Setembro desse ano, data do descerramento do retrato do Dr. João Joaquim Isidro dos Reis, passou a ser festejado como sendo o dia da inauguração dos Paços do Concelho, função que desempenha até aos dias de hoje. 1943 - 1949 - projecto de modificação das instalações das finanças da autoria do Engº Carlos Monteiro do Amaral Netto que não chegou a ser executado (pelo menos na totalidade); 1965, inverno de - ano do incêndio que deflagrou na lareira da sala das sessões, mas que não afectou o edifício, apenas o arquivo da tesouraria no piso inferior ficou parcialmente destruído. 1970 - 1973 - Pedido de ampliação das instalações da CMC, elaboração do programa e projecto de ampliação da autoria do Engº Manuel José Baptista que também não chega a se executado; 1995, 27 dezembro - proposto como Valor Concelhio no PDM da Chamusca.

Dados Técnicos

Estrutura em paredes autoportantes

Materiais

Estrutura em alvenaria de pedra e terra com tabiques nas paredes interiores rebocada e pintada. Embasamento, molduras de vãos e mata-cães em pedra calcária. Cobertura em telha cerâmica. Caixilharia e portas em madeira pintada, vidro e ferro. INTERIOR: portas em vidro e madeira; pavimentos em soalho de madeira e cerâmico; tectos em madeira pintada de cor branca, chapas de alumínio de cor branca, abobadilha de tijolo à vista e estuque trabalhado e pintado.

Bibliografia

FONSECA, João José Samouco da, História da Chamusca- de 1855 a 1919, vol. III, impressão: A Persistente Chamusca, Chamusca, 2003, pág.11 a 16; Escrituras do tabelião Ernesto Jaime de Mendonça Heitor. L.º n.º 47; Arquivo da Câmara da Chamusca; Actas de 1888; J.S. Actas da sessão 22.V.1935, pág. 63; Arquivo de obras da CMC, Procº n.º A/ 66

Documentação Gráfica

CMC: Arquivo de Obras

Documentação Fotográfica

FONSECA, João José Samouco da, História da Chamusca- de 1855 a 1919, vol. III, impressão: A Persistente Chamusca, Chamusca, 2003, pág.15 e 39

Documentação Administrativa

DGEMN: DSARH (PT DGEMN.DSARH-004-0103/01); CMC: Arquivo de obras, Arquivo de actas

Intervenção Realizada

CMC: 1935, 27 de Maio de - início dos trabalhos de reforço das fundações do edifício da câmara municipal; 1980- projecto de renovação do sistema eléctrico; 1981 - Trabalhos de recuperação de estuques; 1982 / 1983- Obras de conservação exterior, nomeadamente limpeza e reboco das paredes exteriores do edifício, recuperação de janelas e portas, limpeza e recuperação da antiga cadeia, pinturas e reparação de uma casa de banho; 1990 - obras de remodelação do edifício da Câmara Municipal ao nível do piso térreo e construção do edifício dos serviços técnicos camarários, adossado à fachada posterior.

Observações

As antigas cadeias funcionaram neste edifício em espaço adaptado, presume-se desde as obras de 1904.

Autor e Data

Cecília Matias, Marina Pais 2005

Actualização

 
 
 
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