Igreja do Espírito Santo

IPA.00002187
Portugal, Viana do Castelo, Arcos de Valdevez, União das freguesias de Arcos de Valdevez (Salvador), Vila Fonche e Parada
 
Arquitectura religiosa, maneirista, barroca, rococó e oitocentista. Igreja de planta longitudinal composta por nave e capela-mor, interiormente com cobertura em falsa abóbada de berço e tectos de caixotões em talha, respectivamente, e iluminada pelos amplos vãos laterais e axial, tendo adossada torre sineira e sacristia. Fachadas com cunhais apilastrados, coroados por pináculos com bola, e terminadas em friso e cornija. Fachada principal terminada em frontão de lanços, e de três panos, rasgada por eixo de vãos sobrepostos, composto por portal de verga recta e janelão, ambos de moldura decorada. Fachadas laterais rasgadas por três janelões na nave e na capela-mor, tendo na lateral direita porta travessa de verga recta. No interior, coro-alto de talha, dois púlpitos laterais confrontantes em talha dourada, profusamente decorados, e arco triunfal ladeado por dois retábulos colaterais de planta côncava e um eixo maneiristas. Capela-mor com retábulo de talha dourada maneirista, de planta recta e um eixo. Igreja de antiga Confraria do Espírito Santo, destacando-se pelo notável conjunto de talha que reúne, assumindo-se como caso singular e exemplificativo do gosto e da qualidade dos artesãos da região minhota, sobretudo, no que diz respeito, aos dois púlpitos. Estes têm caixas quadrangulares, linhas delgadas e formas elegantes; introduzem baldaquino de formato piramidal decorado, essencialmente, com figuras de anjos músicos, seguindo os modelos de Espanha, as quais são dispostas de modo a acentuar o formato dos remetes, opção que se generalizou na região e que terá neste exemplo a sua máxima expressão. De notar que a excelência dessa composição verifica-se, não só a nível decorativo, como também a nível de escala, pois o baldaquino possui quase a mesma altura que o próprio púlpito. Os púlpitos tiveram como modelo o da Igreja de Nossa Senhora do Terço, em Barcelos (v. PT010302140016) e aproximam-se do púlpito da Igreja do Antigo Convento do Salvador (v. PT010303410020). Os retábulos colaterais e os laterais, dispostos nas quatro capelas rasgadas em arcos de volta perfeita da capela-mor, têm a mesma estrutura e decoração. No entanto, os colaterais sofreram uma reforma já no séc. 18, tendo perdido a tela central, que foi substituída por nichos retilíneos, rematados superiormente por lambrequim. Os painéis têm pintadas cenas alusivas à acção do Espírito Santo, e o seu remate, subsistente ainda nos colaterais, com pomba, constitui a representação material do mesmo. O retábulo-mor, exibindo uma linguagem maneirista tardia, distingue-se, quer pela concepção, quer a nível decorativo, visto conjugar uma estrutura invulgar, semelhante a um arco de triunfo, com uma decoração profusa reunindo folhagem, pássaros, carrancas, querubins e meninos segurando cestos na cabeça. Esta gramática decorativa caracterizou o período compreendido entre 1650 e 1680, podendo estabelecer-se paralelos com outros casos, como por exemplo na Igreja do Colégio, em Ponta Delgada. De grande destaque são também os cadeirais da Confraria do Espírito Santo, executados por volta de 1716, com espaldar profusamente decorado no estilo barroco nacional, e o amplo lavabo, com duas bicas carrancas e bacias individualizadas. O silhar de azulejos da sacristia, tipo tapete, data do final do séc. 17.
Número IPA Antigo: PT011601340011
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Edifício de Confraria / Irmandade    

Descrição

Planta longitudinal composta de nave única e capela-mor, tendo adossado à fachada lateral esquerda torre sineira quadrangular e sacristia rectangular. Volumes escalonados, com coberturas em telhados de duas águas na igreja, com telha de canudo, de três águas na sacristia, com telha de aba e canudo, e torre sineira com cobertura em coruchéu de cantaria, simulando escama de peixe, encimado por catavento férreo. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por embasamento de cantaria, rematadas em friso e cornija sobreposta por beirada simples, com pilastras nos cunhais coroadas por pináculos piramidais com bola. Fachada principal virada a O., terminada em frontão de lanços, coroado por cruz latina de cantaria, e de três panos marcados por pilastras encimadas por fogaréus; os panos laterais são cegos e, no central, sensivelmente avançado e seccionado horizontalmente por friso, rasga-se portal de verga recta, com moldura encimada por friso, sobreposto por festão, e cornija, com porta de madeira de duas folhas, decoradas com almofadas; encima-o janelão, de verga abatida, com dupla moldura, a exterior com fecho volutado de onde parte elemento fitomórfico, rematada por cornija e formando aletas; inferiormente é decorada com teara ladeada por chaves e fitas. No tímpano, surge cartela circular de cantaria, moldurada. Torre sineira sensivelmente recuada relativamente à fachada principal, com pilastras nos cunhais, coroadas por gárgulas de canhão e pináculos piramidais com bola, de três registos separados por friso e cornija, e rematada por friso e cornija, encimada por balaustrada, com acrotérios nos ângulos; no primeiro registo, na face virada a O., rasga-se janela jacente e janela rectangular, com o terço inferior entaipado, ambas molduradas e gradeadas; o terceiro registo possui todas as faces rasgadas por ventanas em arco de volta perfeita sobre pilastras, com fecho saliente, albergando sino. Fachadas laterais com a nave rasgada por três janelões com moldura rematada em fina cornija, de fecho saliente, e formando falsos brincos rectos, tendo a lateral direita porta travessa de verga abatida, com moldura terminada em cornija e fecho saliente e, na capela-mor, três janelas, de capialço, com moldura contígua ao friso do remate da fachada. A sacristia é rasgada na face virada a O. por janela jacente com moldura em capialço e na fachada lateral N., de dois panos ritmados por pilastra, por óculo, no pano da esquerda, e por portal simples moldurado encimado por janelão igualmente moldurado e ladeado por óculo, no direito. Fachada posterior com capela-mor terminada em empena, coroada por cruz latina, de cantaria, e rasgada por duas pequenas janelas molduradas, e sacristia por duas janelas de capialço. INTERIOR com paredes rebocadas e pintadas de branco, pavimento em lajes de cantaria, ao centro, e soalho de madeira, e cobertura da nave em falsa abóbada de berço rebocada e pintada de branco, sobre friso e cornija de cantaria, e a da capela-mor com caixotões entalhados; vãos encimados por sanefas de talha dourada e policroma, com frontões recortados e lambrequim. Coro-alto de madeira, com guarda de balaústres e acrotérios entalhados, sobre entablamento, decorado com putti, aves, fitas, símbolos marianos, como o sol, e acantos enrolados, intercalada por plintos com puttis atlantes, sendo suportado, nos extremos, por duas mísulas, em talha dourada e policroma com anjos atlantes, e, ao centro, por duas colunas toscanas. É acedido por portal de verga recta e moldura simples disposto no lado do Evangelho. Ladeia e encima o janelão axial de verga recta, em capialço, três pinturas sobre tábua de temática relativa ao Espírito Santo, destacando-se o "Baptismo de Cristo". No sub-coro, possui guarda-vento em madeira, envidraçado, ladeado por duas pias de água benta gomadas e de configuração circular, tal como a porta travessa do lado da Epístola. Lateralmente, dispõem-se dois púlpitos confrontantes, da bacia rectangular, sustentados por grandes mísulas em pirâmide invertida, ornadas de acantos e com anjos atlantes nos ângulos, com guarda plena, de apainelados decorados com cartelas e acantos, a da face frontal ainda com anjos segurando mitra papal, e tendo pilastras com puttis, conchas e acantos nos ângulos; são acedidos por porta de verga recta enquadrada por apainelados de talha com os mesmos motivos e coroados por baldaquinos, em talha dourada, profusamente decorada, com esculturas de 12 anjos músicos, organizadas segundo um esquema compositivo piramidal, e putti segurando concha, inferiormente com lambrequim e borlas. Arco triunfal de volta perfeita, decorado no fecho por cartela recortada, sobre pilastras toscanas almofadadas, encimado por quatro anjos de talha. É ladeado por dois retábulos colaterais, de planta ligeiramente côncava e um eixo. A capela-mor, sensivelmente sobrelevada, tem tecto de caixotões com molduras entalhadas, douradas, sobre cornija revestida a talha dourada ornada com querubins. Nas paredes laterais rasgam-se, de cada lado, duas capelas, com arcos de volta perfeita, sobre pilastras almofadadas, interiormente com abóbada de berço, integrando retábulos em talha dourada, de planta recta e um eixo. Encimam as capelas três janelões, de capialço, com sanefas de talha dourada e policroma. Sobre o supedâneo de cantaria de granito, acedido por quatro degraus, assentam dois anjos tocheiros, em talha, estofados e encarnados; na parede testeira, surge o retábulo-mor, em talha dourada, de planta recta e um eixo, definido por quatro colunas decoradas por motivos fitomórficos, cartelas, querubins e laçarias, de terço inferior marcado e com a mesma decoração, assentes em dois plintos paralelepipédicos, bastante largos, ornados de elementos vegetalistas, e com capitéis coríntios; o intercolúnio é ornado de filetes e motivos lanceolados, tendo inferiormente dois anjos atlantes, encarnados; ao centro, abre-se tribuna alteada, em arco de volta perfeita, com moldura decorada de motivos fitomórficos, interiormente com abóbada de berço formando caixotões, albergando trono expositivo de vários registos contracurvados e o inferior gomado, coroado por resplendor sob baldaquino sustentado por querubins; sobre entablamento, desenvolve-se o ático, integrando o arco da tribuna, definido por quarteirões, e decorado por querubins e cartela, terminado em frontão interrompido por elementos volutados; lateralmente, surgem apainelados recortados e volutados, dois anjos sobre o entablamento, sentados sobre esfera dourada, bem como orelhas. Banco com apainelado de acantos relevados, integrando ao centro sacrário envolvido por acantos recortados e tendo na porta cruz. Altar paralelepipédico, com frontal de talha decorada por acantos enrolados, puttis e cartela central, esquema que se repete na cercadura. A porta rasgada do lado do Evangelho acede à sacristia, com silhar de azulejo de tapete, policromo azul, amarelo e branco, compondo o padrão P-462 guarnecido pelo friso F-10; na parede testeira apresenta longo arcaz, com ferragens de motivos geométricos dourados; sobre este, rasga-se arco de volta perfeita em cantaria, com pintura mural, integrando trono em talha dourada e policroma, de quatro degraus, o inferior de perfil recto e os superiores curvos, decorados com querubins, sobre o qual surge a Virgem entronizada, coroado por resplendor com representação do Espírito Santo, e ladeado pelos doze Apóstolos, compondo a representação do Pentecostes. O arco é enquadrado por dois espelhos com moldura de talha dourada, decorada com acantos enrolados. Na parede lateral esquerda existe armário embutido, ladeado por amplo lavabo, de espaldar rematado por cornija contracurvada, encimada por espaldar alteado e recortado, formando aletas, e terminado em cornija contracurvada interrompida por elemento recortado; é servido por duas bicas carrancas, intercaladas por cartela fitomórfica e duas taças rectangulares, de bordo boleado. A sacristia possui o espaldar do antigo cadeiral da Irmandade, em talha, com vestígios de douramento e policromia, definido por colunas decoradas com putti, acantos enrolados e conchas suportando friso de acantos com cartelas, e espaldar recortado, coroado por três putti suportando coroa e dois anjos, e decorado com acantos, puttis e cartela central; o espaldar é ritmado por pilastras decoradas com motivos fitomórficos, encimadas por volutas, criando edículas.

Acessos

Salvador, Jardim dos Centenários

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 129/77, DR, 1.ª série, n.º 226 de 29 setembro 1977

Enquadramento

Urbano, isolado, implantado no topo N. da praça, numa zona de terreno com a cota mais elevada da vila, formando uma plataforma murada e ajardinada, pavimentada com blocos quadrangulares de cantaria, cujo acesso a E. é feito por escada, beneficiando de vista privilegiada sobre o Bairro da Valeta e o rio. Ladeia o pano central da fachada principal, duas esculturas acéfalas apoiadas sobre plinto circular. A O. ergue-se a Casa de Valverde (v. PT011601410017) e a S. o Jardim dos Centenários; na proximidade erguem-se ainda a Igreja Matriz de Arcos de Valdevez (v. PT011601340018) e a Casa do Terreiro (v. PT011601410016).

Descrição Complementar

Os retábulos colaterais, semelhantes, têm planta sensivelmente côncava e um eixo definido por duas colunas decoradas com motivos fitomórficos e querubins, de terço inferior marcado e com a mesma decoração, assentes em plintos paralelepipédicos ornados com elementos vegetalistas relevados, e de capitel coríntio; ao centro, abre-se nicho de vão rectangular, terminado em lambrequim e interiormente pintado de azul celeste e albergando imaginária; sobre cornija recortada assente em mísulas, desenvolve-se o ático, adaptado ao perfil da cobertura, com tabela central rectangular, disposta na vertical, com painéis pintados, figurando a Circuncisão (Evangelho) e a Apresentação de Jesus no Templo (Epístola), entre quarteirões e terminada em frontão semicircular coroada por pomba, alusiva ao Espírito Santo, ladeada por orelhas de talha com elementos fitomórficos; banco com apainelado de talha ornado de motivos fitomórficos relevados. Altar paralelepipédico com frontal de talha ornado de acantos enrolados, cartela central sustentada por anjos, motivos que se repetem na cercadura envolvente. Os retábulos das capelas laterais da capela-mor apresentam estrutura semelhante entre si e relativamente aos colaterais, mas têm ao centro, envolvido por moldura fitomórfica, painel pintado, figurando a Adoração dos Pastores e a Anunciação, no lado do Evangelho, e Adoração dos Pastores e Fuga para o Egipto, no lado da Epístola; o ático adapta-se ao perfil da cobertura, figurando na tabela painéis pintados, com o Deus Pai. As pilastras das capelas são sobrepostas por cartelas de talha recortada.

Utilização Inicial

Religiosa: edifício de confraria / irmandade

Utilização Actual

Religiosa: igreja

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Viana do Castelo)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: Francisco Lourenço Eirós (1722). CANTEIRO: Manuel Gomes de Lima (1746). ENTALHADOR: Manuel Gomes da Silva (1730 / 1743); Gualter Teixeira (1730), José Reis (1742), António Luís de Braga (1742), Bento da Silva (1749/1750). PINTOR-DOURADOR: Francisco Alves da Costa (1730; 1750); Luís Peixoto (1734).

Cronologia

Séc. 16 - execução das pinturas sobre tábua, sobre a temática da Infância de Jesus, integradas nos retábulos colaterais e laterais da capela-mor; 1541 / 1549, entre - constituição da freguesia do Salvador, numa parte da área de Guilhafonxe; 1615, 2 Junho - foral de D. Manuel I, designando-a de Arcos de Val de Vez; 1549 - data provável da instituição da Confraria do Espírito Santo na Igreja Matriz; 1557 - constituição da Confraria do Espírito Santo na vila; 1595 - fundação da Misericórdia de Arcos de Valdevez e do seu Hospital, com as esmolas; 1598 - início da edificação da Igreja do Espírito Santo, assim como de um albergue próximo; 1597 - data do Livro dos Defuntos da Irmandade do Espírito Santo; séc. 17, início - execução das pinturas patentes no coro-alto; 1619 - Estatutos da Misericórdia de Arcos de Valdevez; 1641 - as festas da Confraria ainda ali eram feitas, mas já se falavam em obras; 1647, Agosto - início das obras adjudicadas a dois mestres pedreiros por 300$000, incluindo a execução de toda a igreja, o coro, portas, janelas e a sacristia; 1650 - a Irmandade é transferida da antiga Igreja, onde canonicamente fora instalada desde 1557, na freguesia do Divino Salvador, para outra na mesma freguesia; séc. 17, 2ª metade - feitura dos retábulos laterais da capela-mor e dos retábulos colaterais; 1666, 2 Dezembro - Irmandade faz contrato com Manuel Antunes e Francisco Pacheco para execução de um grande retábulo; 1667 - execução do retábulo-mor; 1681 - já estava construída a igreja do Espírito Santo, sendo então dourado o retábulo-mor por 480$000 rs.; 1694 - novo forro de madeira no tecto, que estava sem forro e pouca decência; 1681 - conclusão da construção da igreja; 1684 - morte do Padre António Feijó de Araújo que legou à Santa Casa da Misericórdia avultada fortuna, composta por bens e dinheiro, espalhados por todo o concelho, favorecendo a situação económica da Irmandade, surtindo daí benefícios para as infra-estruturas dependentes; 1710 - a frontaria da Igreja encontrava-se arruinada e tinha desmoronado, iniciando-se nova campanha de obras; 1711 - feitura dos espelhos da sacristia e da cruz de prata da Santa Relíquia; 1716, 30 Março - execução do trono do retábulo-mor por Manuel Gomes da Silva; a Irmandade ordenou a execução do cadeiral da sacristia; 1721 - ainda não tinha torre e o sino da Confraria estava na torre da Matriz; 21 Junho - obra de friso, entablamentos, cruzes e pirâmides da fachada principal; 1722, 28 Setembro - doação de 24$000 de esmola para o lajeado e ladrilho do adro; 1724, 6 Abril - encomenda dos Apóstolos de barro para a frente da igreja; feitura do arcaz da sacristia; 1724 / 1727, entre - construção da torre sineira; 1727 - Mestre Domingos Martins faz o corpo da torre; 1727, 13 Agosto - conclusão da torre; vistoria por Arquitecto Francisco Lourenço Eirós; 1729, 15 Dezembro - reedificação do coro; 1730, 28 Julho - Manuel Gomes arremata por 130$000 a obra dos dois púlpitos; 1730, 15 Agosto - a Mesa encomenda a Manuel Gomes sete frontais de talha, por 60$000; 1730, 21 Agosto - Gualter Teixeira arremata a obra do coro-alto por 123$000; 1730, 26 Agosto - contrato realizado entre a Irmandade e Manuel Gomes para a execução dos dois púlpitos desenhados por Francisco Alvares da Costa, firmado pelo notário António Pereira Bacelar; 1731, 12 Maio - concluídos os trabalhos, a Mesa decide dar a Manuel Gomes 12$000 rs, demonstrando o seu agrado pelo facto do artista ter cumprido os prazos e pela qualidade da obra; 1732, 24 Novembro - a Mesa solicita a Francisco Alves da Costa o douramento do coro e frontais dos altares, orçado em 250$00; 1734, 28 Janeiro - contrato com Luís Peixoto, morador no Campo de São Sebastião, em Braga, para a pintura, douramento e estofagem dos púlpitos, orçados em 204$000; 1736 - manda-se estufar coro e dourar cadeiras dos oficiais; 1742 - feitura dos caixotões de pau-preto da sacristia; José Reis e António Luís de Braga executaram o arcaz da sacristia, substituindo o primitivo; 1743 - Manuel Gomes recebeu $480 rs pela execução do retábulo da sacristia; 1746, Dezembro - ampliação da capela-mor e execução do lavabo da sacristia por Mestre Manuel Gomes de Lima, pelo valor de 84$000; 1748, Julho - vistoria da obra de ampliação da capela-mor e estabelecimento de acordo com Manuel Gomes de Lima para fazer o arco triunfal; 1749 / 1750 - Mestre Bento da Silva executou as portas laterais da capela-mor, por 10$000; 1750 - Francisco Álvares da Costa pintou e dourou o tecto da igreja e as imagens de dois Apóstolos; séc. 18 - transladação do grupo escultórico de talha policroma e dourada alusivo ao Pentecostes da tribuna do retábulo-mor para a sacristia; séc. 18, 2ª metade - feitura do trono do retábulo-mor; execução das pinturas das paredes da nave; 1752 - o adro da fachada principal da Igreja foi valorizado pela construção de um cruzeiro, datável do séc. 17, de acordo com Cândido Gomes, actualmente situado no lado S., junto de uma área recentemente urbanizada, onde existia a Casa dos Queirozes, demolida pela Câmara Municipal de Arcos de Valdevez e, onde, no período compreendido entre 1803 e 1856, era o cemitério da Santa Casa, pois até 1790 os enterramentos eram feitos no interior da Igreja; 1758 - na fachada principal sobre o portal principal encontrava-se um nicho com a imagem de Nossa Senhora da Porta; o hospital era contíguo; séc. 19 - reforma importante da igreja, levantando-se a actual fachada principal; 1813 - execução do retábulo de Santo António a expensas dos lisboetas João Bento de Barros e de sua mulher D. Joana Teresa da Costa Lima; 1845 - segundo os Inquéritos Paroquiais, a freguesia do Divino Salvador tinha 246 fogos e 949 indivíduos; 1876 - a Irmandade vendeu a Albergaria à Câmara Municipal de Arcos de Valdevez, para que procedesse ao melhoramento das vias de circulação no concelho, nomeadamente para abrir uma nova rua de ligação para o Transladário; 1885, 19 Abril - inauguração do novo hospital, que, em 1912, Cerqueira Gomes, dotou com um escadório; 1939, 18 Outubro - os estatutos da Irmandade do Espírito Santo, providos pelo Arcebispo Primaz de Braga, defeniam como sendo sua função: praticar actos de culto; promover o culto do divino Espírito Santo; concorrer para a santificação dos irmãos; sufragar as almas dos falecidos; exercer a beneficiência quando dispusesse de recursos financeiros; satisfazer encargos de legados Pios, e gerir a Igreja onde estava sediada, devendo por isso proceder à reparação, conservação e ornamentação da mesma sempre que fosse necessário; 1940 - colocação do marco comemorativo do Recontro de Valdevez, em 1141, frente ao frontespício; 1992, Julho - sobre os acrotérios da guarda do coro-alto, ainda existiam quatro pequenos plintos suportando esfera policroma azul ostentando figuras de putti sentados; 2005, 19 Maio - remoção dos putti sentados sobre esferas na guarda do coro-alto; 2017, 10 janeiro - declaração de retificação do Anúncio n.º 5/2017, relativo às obras de reabilitação, conservação e restauro da igreja, público em DR, 2.ª série, n.º 7/2017; 2018, dezembro - abertura oficial da igreja do Espírito Santo como Centro Interpretativo do Barroco, constituindo a porta de entrada para uma rota regional com 40 locais identificados, tendo contado com a presença do bispo da Diocese de Viana, D. Anacleto Oliveira, e com o Diretor Regional da Cultura do Norte, António Ponte; a igreja está dotada de tecnologia pioneira como óculos 3D que permitem ver o processo de reconstrução do templo com a ajuda do Asinhas, boneco virtual inspirado num anjo; é ainda possível fazer o download de uma aplicação de telemóvel que permite ter acesso a toda a informação sobre as peças expostas, retábulos, pinturas ou quadros da igreja, bastando para isso apontar o aparelho para o local de que queremos informação; instalação de pequeno espaço museológico no coro-alto, com algum espólio barroco recuperado.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Estrutura rebocada e pintada de branco; cornija, frisos, pilastras, fogaréus, cruzes, pias de água benta e pavimentos em cantaria de granito; guarda do coro-alto, retábulos, púlpitos, arcaz e cadeiral, em talha; telas e tábuas pintadas; silhar de azulejo; telha de aba e canudo.

Bibliografia

ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de - Alto Minho. Lisboa: 1987; AURORA, Conde d' - Roteiro da Ribeira Lima. Porto: 1959; Breve Inventário Artístico do Concelho de Arcos de Valdevez. Câmara Municipal de Arcos de Valdevez, s.d; CALDAS, Eugénio Castro de - Terra de Valdevez e Montaria do Soajo. Memória Monográfica do concelho de Arcos de Valdevez. Câmara Municipal de Arcos de Valdevez, 1994; CASAL, Idalina - «Arcos de Valdevez abriu a Porta do Barroco para o Mundo». Alto Minho. 20 dezembro 2018, p. 8; GOMES, José Cândido - Terras de Valdevês. Arcos de Valdevez: 1899; MECO, José - As Artes Decorativas in História da Arte em Portugal. Lisboa: 1986, vol. 7, pp. 152 -177; SANTOS SIMÕES, J. M. dos - Azulejaria em Portugal no século XVII. Lisboa: 1997; SMITH, Robert C. - A Talha em Portugal. Lisboa: 1963.

Documentação Gráfica

DGPC: DGEMN:DREMN

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DREMN

Documentação Administrativa

DGPC: DGEMN:DREMN

Intervenção Realizada

DGEMN: 1974 - recuperação do pavimento; 2017 - adjudicação das obras de reabilitação, conservação e restauro da igreja, orçadas em 588 mil euros, co-financiadas por fundos comunitários; 2018 - conclusão das obras de requalificação da igreja, investimento de cerca de 1,1 milhões de euros, tendo o financiamento superior a 831 mil euros pelo Programa Operacional NORTE 2020; durante as obras procede-se à criação de escada em caracol de acesso ao coro-alto e à torre sineira.

Observações

*1 - DOF: Igreja do Espírito Santo, com todo o seu recheio de talha.

Autor e Data

Paula Noé 1992 / Marta Ferreira 2007

Actualização

 
 
 
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