Estação Ferroviária de Arco de Baúlhe

IPA.00021791
Portugal, Braga, Cabeceiras de Basto, União das freguesias de Arco de Baúlhe e Vila Nune
 
Estação ferroviária da Linha do Tâmega, construída na década de 40 do séc. 20, pelos Caminhos de Ferro do Estado, conservando o edifício de passageiros, cais coberto servido por cais descoberto, instalações sanitárias, todos com implantação lateral, paralela às linhas férreas, casa de habitação, três cocheiras de carruagens, placa giratória para inversão de carruagens e depósito de água. O edifício de passageiros, igual ao da Estação de Contumil, da Linha do Minho, revela cuidado arquitetónico e linguagem clássica, sendo valorizado pelo recurso a cantaria, nos cunhais apilastrados, remate das fachadas, molduras dos vãos, no alpendre posterior, e pelo silhar de azulejos de padrão, de remate recortado. Apresenta planta retangular e fachadas de dois pisos, o térreo destinado à área pública, e o superior à área de habitação, tendo adossado numa das laterais escadas para o segundo piso, aproveitando a zona inferior para lampistaria. A fachada principal e a posterior possuem remate central contracurvo e alteado, sob o qual foi colocado painel de azulejos com as armas de Portugal e inscrição alusiva ao promotor da obra. As fachadas são rasgadas por vãos retilíneos, tendo as molduras das portas do piso térreo terminadas em cornija e as janelas centrais do segundo geminadas, ladeadas por vaseiras. O alpendre posterior, avançado sobre a plataforma, tem arcos de volta perfeita, sobre pilares. A toponímia da estação surge nas fachadas laterais em azulejos monocromos recortados. Interiormente, organizavam-se, no piso térreo, os vários serviços, ainda que integrasse um quarto, com acesso direto pela fachada principal e lateral esquerda, e, no segundo, quatro quartos, uma cozinha e uma casa de jantar, acedidos por corredor central, no topo do qual se dispunham as instalações sanitárias. As instalações sanitárias, de estrutura semelhante às da Estação de Canedo, possuem planta quadrangular, com fachadas percorridas por silhar de azulejos, de figura avulsa, e interiormente organizados em cubículos sanitários, um por sexo, e área de urinóis, com acessos em fachadas opostas, por vãos de arco abatido e moldura terminada em cornija, interiormente iluminados por janelas jacentes retilíneas. O cais coberto tem as fachadas de cantaria e as coberturas terminadas em longas abas corridas e na frontaria de uma das cocheiras encontra-se atualmente afixado o característico relógio de dupla face.
Número IPA Antigo: PT010304030092
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Transportes  Apeadeiro / Estação  Estação ferroviária  

Descrição

Conjunto composto por edifício de passageiros (EP), instalações sanitárias públicas (WC), a sudeste, o cais coberto (CC), a noroeste, servido por cais descoberto alteado, para as cargas e descargas de mercadorias, todos dispostos paralelamente à linha férrea, apresentando ainda outros vestígios ferroviários, como casa de habitação, três cocheiras de carruagens, depósito de água e placa giratória para inversão de carruagens. EDIFÍCIO DE PASSAGEIROS de planta retangular, tendo na fachada lateral direita corpo saliente com escadas de acesso ao segundo piso e, na fachada posterior, alpendre telhado. Volumes escalonados, com massas dispostas na horizontal, e cobertura diferenciada, em telhados de quatro águas, no corpo central, sobreposto por uma chaminé, e de três águas, no alpendre posterior, rematadas em beirada simples. Fachadas de dois pisos, rebocadas e pintadas de branco, percorridas por soco de cantaria e silhar de azulejos, de padrão vegetalista policromo, de remate recortado, com cunhais apilastrados, remates em cornija, sendo rasgada por vãos retilíneos. A fachada principal surge virada a sudoeste, com a cornija do remate contracurva ao centro e alteada, tendo inferiormente painel de azulejos, com as armas nacionais e inscrição. É rasgada por quatro eixos de vãos, correspondendo, no piso térreo, a duas portas, com molduras terminadas em cornija, entre janelas de peitoril, e, no segundo, a janelas de peitoril, sendo as centrais geminadas e ladeadas por vaseiras. Na fachada lateral esquerda, abre-se, à direita, no piso térreo, porta com moldura terminada em cornija, e, ao nível do piso superior, duas janelas de peitoril enquadrando uma mais pequena, possuindo sob o vão esquerdo, toponímia. A fachada lateral direita possui corpo avançado, com escadas de dois lanços opostos e guarda plena, definida por frisos de cantaria, de acesso ao segundo piso, onde se abrem duas portas e existe toponímia e vaseira. A fachada posterior, virada às linhas, é semelhante à principal, mas apresenta alpendre de cantaria, avançado sobre a plataforma, com arcos de volta perfeita sobre pilares, quatro frontais e um de cada lado, sob o qual se abrem quatro portas; no corpo das escadas, abre-se porta de verga reta, de acesso a lampistaria. INSTALAÇÕES SANITÁRIAS de planta quadrangular, dividida em cubículos sanitários e urinóis, com cobertura homogénea em telhado de quatro águas, rematadas em beirada simples e coroada por pináculo cerâmico. Fachadas de um piso, rebocadas e pintadas de branco, com soco de cantaria e silhar de azulejos policromos, de figura avulsa, encimado por friso de cantaria, e rematadas em cornija do mesmo material. Na fachada virada ao edifício de passageiros, abrem-se duas portas, de arco abatido e moldura terminada em cornija, de acesso aos dois cubículos, e, na oposta, porta central semelhante, para os urinóis; nas laterais abrem-se duas janelas retilíneas jacentes, igualmente com a moldura terminada em cornija. CAIS COBERTO de planta retangular e cobertura em telhados de duas águas, terminadas em longas abas corridas, sobre estrutura de madeira, com traves apoiadas em mísulas. Fachadas em cantaria, as viradas a sudeste e a noroeste terminadas em empena, a primeira rasgada por porta de verga reta e a segunda por vão de arco abatido. As fachadas laterais, viradas à rua e às linhas, são rasgadas por dois largos vãos retilíneos.

Acessos

Arco de Baúlhe, EN 210-1; Rua da Estação. Linha do Tâmega - Ponto quilométrico 51,464 (PK). WGS84 (graus decimais) lat.: 41,481781, long.: -7,953577

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Peri-urbano, isolado, na região de Basto, na proximidade do centro da vila, sendo servido por estrada de acesso. Parte do recinto da estação é delimitado por murete encimado por gradeamento.

Descrição Complementar

Nas fachadas principal e posterior, sob o remate, o painel de azulejos tem brasão com as armas de Portugal, sobre esfera armilar, e cartela com a inscrição: "CAMINHOS DE FERRO DO ESTADO"; nas fachadas laterais existe toponímia em azulejos monocromos azuis recortados: "ARCO / DE / BAÚLHE". A secção museológica ocupa as antigas instalações para armazenamento de material. Alberga veículos das companhias representativos de seis companhias de caminhos de ferro (PPV, MD, CFG, CN, VV e Comboios de Portugal) e provenientes de Portugal, Bélgica, Inglaterra, França e Alemanha, nomeadamente: carruagem CEfv 79, de 1876; um salão de direção SEfv 4001, de 1905; um vagão 1820013, de 1906; um salão de direção SEyf 201, de 1906; um furgão DEfv 506, de 1908; uma locomotiva MD 407, de 1908; uma carruagem CEyf 453, de 1908; um vagão 5937023, de 1909/1911; uma cisterna 7012002, de 1926; e uma automotora a gasolina ME 5, de 1948. Destacam-se a existência de um comboio histórico, com dois salões de direção, o 4001, onde viajou o rei D. Carlos I, e o 201, bem como uma locomotiva a vapor, datada de 1908.

Utilização Inicial

Transportes: estação ferroviária

Utilização Actual

Cultural e recreativa: museu

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Infraestruturas de Portugal (conforme do artigo 6º, nº 2 e 5, e artigo 11º, n.º 1, ambos do DL 91/2015, e com a regras definidas pelo regime jurídico do Domínio Público Ferroviário que constam do DL 276/2003)

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1932, meados - a Câmara de Ribeira de Pena pede para que a linha de ferro fosse prolongada da Estação de Celorico de Basto até Arco de Baúlhe; 1934, 14 abril - a Comissão Administrativa do Fundo Especial de Caminhos de Ferro aprova a abertura de concurso para construção do troço ferroviário e os acessos rodoviários à estação de Arco de Baúlhe; 1949, 15 janeiro - inauguração oficial e abertura à exploração do troço ferroviária entre Celorico de Bastos e Arco de Baúlhe, pela Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses; a cerimónia contou com a presença, entre outros, do ministro das comunicações, Manuel Gomes de Araújo, o diretor-geral dos Caminhos de Ferro, Rogério Vasco Ramalho, e o diretor-geral da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses, Roberto de Espregueira Mendes; 24 fevereiro - publicação de diploma a de aprovação do processo de expropriação de uma parcela de terreno com 391 m2, situada à esquerda da linha do Vale do Tâmega, entre os perfis 913 mais 38 metros e 915 mais 2 metros, destinada ao assentamento de uma placa de dez metros na estação, em DG, 1.ª série, n.º 45; 1962 - a estação fica em primeiro lugar no concurso de Estações Floridas, promovido pelo S. N. I., no Grupo A; 1970 - diagrama da estação de Arco de Baúlhe documentando-a com edifício de passageiros, instalações sanitárias, jardim, cais coberto servido por cais descoberto, Casa A, depósito de água, cocheira de carruagens, cais do carvão, cocheira de máquina, placa de inversão de locomotivas e grua "g"; 1970, década - inauguração de núcleo museológico na estação, com a chegada do Comboio Histórico, com as carruagens utilizadas pela família real, nas suas deslocações às termas; 1990, 01 janeiro - encerramento do troço entre Amarante e Arco de Baúlhe; 2000, 08 janeiro - assinatura de protocolo entre a REFER, E.P. e a Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto para a cedência das instalações da estação de Arco de Baúlhe e integração e dinamização da Seção Museológica Ferroviária; posteriormente, o protocolo é renovado com a Fundação Museu Nacional Ferroviário; 2004, 23 maio - inauguração do Núcleo Ferroviário de Arco de Baúlhe do Museu das Terras de Basto, instalando-se na estação, absorvendo a anterior Seção Museológica Ferroviária da Rede Ferroviária Nacional - REFER, E.P.; dá-se a redenominação da Secção Museológica Ferroviária como Núcleo Museológico do Arco de Baúlhe, constituindo o núcleo sede do Museu das Terras de Basto; 2005, 17 fevereiro - criação da Fundação Museu Nacional Ferroviário Armando Ginestal Machado, em Decreto -Lei n.º 38/2005, herdando e continuando as ações que, na área da museologia ferroviária e da gestão do património ferroviário, a REFER e a CP haviam desenvolvido; 2007, 14 abril - protocolo de gestão partilhada do Núcleo Ferroviário de Arco de Baúlhe entre a Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto e a CP; 2013, 20 abril - inauguração do troço Arco de Baúlhe - Vila Nine da Ecopista do Tâmega, pelo presidente da Câmara de Cabeceiras de Basto, engenheiro Joaquim Barreto, sendo presidente da Junta de Freguesia Armando Duro.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura rebocada e pintada ou em cantaria de granito aparente, no cais coberto; silhares de azulejos policromos; molduras dos vãos, pilastras, frisos, cornijas, alpendre e platibanda em cantaria de granito; portas, caixilharias e outras estruturas de madeira; janelas e portas com vidros simples; cobertura de telha.

Bibliografia

«Concursos». In Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 julho 1934, ano 46, n.º 1112, pp. 220-223; «Direcção Geral de Caminhos de Ferro». In Gazeta dos Caminhos de Ferro. 01 abril 1934, ano 46, n.º 1111, p. 187; «Efemérides». In Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 julho 1939, ano 51, n.º 1238, p. 345; «Linha do Tâmega: Crónica de uma ferrovia de “vida estreita”». In O Basto., 03 março 2014; «Novos Melhoramentos». In Gazeta dos Caminhos de Ferro. 01 fevereiro 1949, ano 61, n.º 1467, pp. 123-129; «Parte Oficial». In Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 março 1949, ano 61, n.º 1470, p. 227; SILVA, José ribeiro da, RIBEIRO, Manuel - Os Comboios em Portugal. Lisboa: Terramar, 2008, vol. 1.

Documentação Gráfica

Arquivo Técnico da IP-Infraestruturas de Portugal (solicitação através do site www.infraestruturasdeportugal.pt)

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN: DSID, SIPA; Arquivo Técnico da IP-Infraestruturas de Portugal (solicitação através do site www.infraestruturasdeportugal.pt)

Documentação Administrativa

Arquivo Técnico da IP-Infraestruturas de Portugal (solicitação através do site www.infraestruturasdeportugal.pt)

Intervenção Realizada

Observações

Autor e Data

Paula Noé 2020 (no âmbito do Protocolo de colaboração DGPC / Infraestruturas de Portugal)

Actualização

 
 
 
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