Estação Ferroviária de Celorico de Basto / Pousada da Juventude de Celorico de Basto

IPA.00021786
Portugal, Braga, Celorico de Basto, União das freguesias de Britelo, Gémeos e Ourilhe
 
Estação ferroviária da Linha do Tâmega, construída na década de 30 do séc. 20, pelos Caminhos de Ferro do Estado, conservando o edifício de passageiros, as instalações sanitárias públicas, o cais coberto, servido por cais descoberto, com implantação lateral, paralela às linhas férreas, um dormitório, uma cocheira, toma de água, placa giratória para inversão de carruagens e casa de passagem de nível. O edifício de passageiros revela cuidado arquitetónico e linguagem clássica, conciliada com a de caráter regionalista, sendo valorizado pelo recurso à cantaria, nas pilastras dos cunhais e a definir os panos, nos remates, molduras dos vãos, no falso alpendre e varanda posterior, e pelo silhar de azulejos, de padrão. Apresenta planta retangular e fachadas de dois pisos, exceto num dos ângulos posteriores, onde tem volumetria recortada, organizando-se no piso térreo a área pública e no superior a habitação do chefe da estação, acedida pelas escadas adossadas lateralmente. A fachada principal, rematada em empena reta, ao contrário da maioria dos edifícios da Linha, tem três panos, e é rasgada por diferentes vãos, em arco ou retilíneos, os dos eixos laterais terminados em cornija ou em frontão, e o eixo central com amplo arco e uma bífora, esquema que se repete na fachada posterior. O patamar superior da escada comunica com varanda, desenvolvida num dos ângulos posteriores do segundo piso, sobre zona de espera, com arco, integrada no térreo. A toponímia da estação surge em todas as fachadas, em painéis de azulejos, na principal e na posterior, moldurados a cantaria. Interiormente, organizavam-se, no piso térreo, os vários serviços, ainda que integrasse um quarto, com acesso direto pela fachada principal, e, no segundo, três quartos, uma cozinha e uma casa de jantar. As instalações sanitárias possuem planta quadrangular, interiormente organizados em cubículos sanitários, um por sexo, e área de urinóis alpendrados, com acessos em fachadas opostas.
Número IPA Antigo: PT010305040150
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Transportes  Apeadeiro / Estação  Estação ferroviária  

Descrição

Conjunto composto por edifício de passageiros (EP), instalações sanitárias públicas (WC), o cais coberto (CC), ambos a sul, um dormitório, depósito de água, todos dispostos paralelamente à linha férrea, apresentando ainda outros vestígios ferroviários, como uma cocheira, toma de água, placa giratória para inversão de carruagens e casa de passagem de nível. EDIFÍCIO DE PASSAGEIROS: planta retangular tendo saliente, na fachada lateral direita, corpo das escadas. Volumes escalonados, com coberturas em telhados de quatro águas e, no ângulo nordeste do edifício, de duas águas, rematadas em beirada simples. Fachadas de dois pisos, exceto no ângulo nordeste da fachada posterior, onde tem apenas um, rebocadas e pintadas de branco, percorridas por soco de cantaria e silhar de azulejos, de padrão vegetalista policromo, com cunhais apilastrados e remates em cornija, sendo rasgadas por vãos com molduras terminadas em cornija. A fachada principal surge virada a poente, com três panos definidos por pilastras, o central rasgado por portal, em arco de volta perfeita, com chave relevada e, ao nível do segundo piso, por uma bífora, com peitoril saliente e nembo em cantaria, tendo inferiormente painel de azulejos, contendo toponímia, moldurado a cantaria. No eixo esquerdo surge vão estreito, de arco abatido, sobre duas falsas mísulas, sobreposto, no piso superior, por janela de peitoril, com brincos retos, ladeada por vaseira. No eixo direito rasga-se janela de peitoril, de igual modinatura, e, superiormente, janela de sacada, encimada por frontão triangular e com guarda em ferro. Na fachada lateral esquerda, abre-se, no piso térreo, porta descentrada, de arco abatido, encimada por pala envidraçada, e, no piso superior, recuado, janela estreita retilínea, ladeada por toponímia. A fachada lateral direita possui corpo avançado, com escadas de dois lanços opostos e guarda plena, definida por frisos de cantaria, de acesso ao segundo piso, que tem no ângulo sudeste varanda, definida por pilares de cantaria e com guarda em balaustrada, e sob a qual se abrem duas portas, de verga reta. A fachada posterior apresenta três panos, ainda que apenas marcados pelo ritmo de vãos e pela volumetria. O pano central é igual ao da fachada principal e o esquerdo, em cantaria, tem amplo arco de volta perfeita, atualmente envidraçado, que acedia à antiga sala de espera, encimado pela varanda. No pano direito, abre-se, no piso térreo, porta de arco abatido, e, no superior, recuado, janela de peitoril, com brincos retos, ladeada por vaseira. No INTERIOR, a sala de espera central conserva silhar de azulejos, de padrão vegetalista policromo, e guiché, em arco, moldurado a cantaria. INSTALAÇÕES SANITÁRIAS de planta quadrangular, dividida em cubículos sanitários e urinóis, com cobertura homogénea em telhado de quatro águas, rematadas em beirada simples. Fachadas de um piso, rebocadas e pintadas de branco, com soco de cantaria e silhar de azulejos monocromos, brancos, rematadas em cornija. Na fachada virada ao edifício de passageiros, abrem-se duas portas, de verga reta e moldura terminada em cornija, de acesso aos dois cubículos, um por sexo, iluminados lateralmente por vãos estreitos, de arco abatido, com moldura terminada em cornija e com peitoril saliente sobre falsas mísulas. Na fachada posterior, a área de urinóis tem alpendre sustentado por duas colunas assentes em muro, com acesso central; no interior, tem silhar de azulejos monocromos, branco, e teto plano de madeira, pintado de azul. CAIS COBERTO de planta retangular e cobertura em telhados de duas águas, terminadas em longas abas corridas, sobre estrutura de madeira, apoiada em mísulas de cantaria. As fachadas são em cantaria, as viradas a norte e a sul terminadas em empena, a primeira rasgada por porta de verga reta, entre duas janelas, e a segunda por janela jacente, num plano elevado. Nas fachadas laterais, viradas à rua e à linha, abrem-se largos vãos retilíneos, com portas de correr. CASA DE HABITAÇÃO: planta retangular, com cobertura homogénea em telhados de quatro águas, rematadas com pináculos cerâmicos nas cumeadas, sobrepostas por três chaminés e terminadas em beirada simples. Fachadas de um piso, rebocadas e pintadas de branco, com embasamento pintado de azul, terminadas em cornija de cantaria e rasgadas por vãos retilíneos, com moldura na zona superior e verga de cantaria, rematada por cornija telhada. Fachada principal com o eixo central sobrelevado, terminando em falso frontão curvo, delimitado inferiormente e nos ângulos dos cunhais por elemento de cantaria em ponta de diamante; ao centro, sob o remate, surge painel de azulejos inscrito. É rasgada por quatro portas e três janelas de peitoril. Nas fachadas laterais abrem-se duas janelas de igual modinatura. INTERIOR organiza-se em três módulos semelhantes, cada um deles composto por três quartos e uma cozinha, que inclui pequeno cubículo sanitário.

Acessos

Britelo, Rua Dr. João Lemos; Rua Dr. Ernesto Faria de Castro, n.º 64; Linha do Tâmega - Ponto quilométrico 34,571 (PK). WGS84 (graus decimais) lat.: 41,384730, long.: -8,000121

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, isolado, na região de Basto, no limite nascente da vila. Implanta-se junto à estrada, com passeio separador, e a cerca de 100 m do rio da vila, que corre a nascente. A estação, parcialmente delimitada por gradeamento metálico, possui na plataforma vários bancos e mesas e o espaço canal da antiga linha encontra-se adaptada a ecopista. Nas imediações ergue-se, a poente, o edifício do Centro de Saúde de Celorico e, mais a norte, o edifício do Tribunal de Comarca de Celorico de Basto (v. IPA.00016383), a Câmara Municipal de Celorico (v. IPA.00001074) e o Pelourinho de Celorico de Basto (v. IPA.00000321).

Descrição Complementar

As fachadas do edifício de passageiros contém painel de azulejos, azuis e brancos, com toponímia "CELORICO DE BASTO", existindo também no depósito de água, mas em azulejos amarelos e azuis, Na casa de habitação, o painel de azulejos sob o remate tem as armas nacionais, sobre esfera armilar, e a inscrição: "C. F. E.".

Utilização Inicial

Transportes: estação ferroviária

Utilização Actual

Comercial e turística: pousada de juventude

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Infraestruturas de Portugal (conforme do artigo 6º, nº 2 e 5, e artigo 11º, n.º 1, ambos do DL 91/2015, e com a regras definidas pelo regime jurídico do Domínio Público Ferroviário que constam do DL 276/2003)

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1911, agosto - data do projeto inicial da estação, que é implantada nas imediações do centro urbano; 1929, outubro - início das obras de construção no troço entre Chapa e Celorico de Basto; 1931 - construção de casa para pessoal na estação de Celorico de Basto; a Câmara Municipal constrói a avenida de acesso à estação, obra subsidiada pela Direção-Geral dos Caminhos de Ferro; 1932, 20 março - inauguração do novo ramal ferroviário entre Chapa e Celorico de Basto, bem como desta estação, com a presença do ministro do Comércio e Comunicações, do Diretor-Geral dos Caminhos de Ferro e outras entidades; a estação era composta por várias linhas férreas: uma principal de circulação junto ao cais do edifício de passageiros, duas outras paralelas de cruzamento separadas por uma plataforma, uma quarta destinada ao acesso aos cais coberto e descoberto, e uma quinta linha encostada ao limite nascente, destinada ao acesso das locomotivas à placa giratória de inversão e à entrada direta para a cocheira de locomotivas, no seu extremo (ALVES: 2015, p. 510); 1947, setembro - diagrama da estação, a qual contemplava o edifício de passageiros, as instalações sanitárias públicas, cais coberto, servido por cais descoberto, um jardim e uma horta, uma casa, um reservatório de água, em cimento, de 60 m3 de capacidade, com gruas, uma placa inversora manual, e outros elementos; 1990, 01 janeiro - encerramento do troço entre Amarante e Arco de Baúlhe; 2013, 19 maio - inauguração da Ecopista do Tâmega; 2015, dezembro - inauguração da Pousada da Juventude no antigo edifício de passageiros.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura rebocada e pintada ou em cantaria aparente, no cais coberto; socos, cornijas, falsas mísulas, vaseiras, molduras dos vãos, pilares e balaustrada em cantaria de granito; painéis e silhares de azulejos policromos e monocromos; portas e caixilharia de madeira; cobertura em telha.

Bibliografia

ALVES, Rui Manuel Vaz - Arquitectura, Cidade e Caminho de Ferro. As transformações urbanas planeadas sob a influência do caminho de ferro. Tese de doutoramento apresentada no Departamento de Arquitectura da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. Coimbra: texto policopiado, julho 2015, vol. 1; ORNELAS, Carlos de - «Um novo melhoramento ferroviário». In Gazeta dos Caminhos de Ferro. Lisboa: ano 45, n.º 1063, 01 abril 1932, p. 161-165; «Linha do Tâmega: Crónica de uma ferrovia de "vida estreita"». In O Basto. 03 março 2014; «Minho e Douro». In Gazeta dos Caminhos de Ferro. Lisboa: ano 46, n.º 1111, 01 abril 1934, p. 185; TORRES, Carlos Manitto - A Evolução das Linhas Portuguesas e o seu significado ferroviário. In Gazeta dos Caminhos de Ferro. Lisboa: ano 70, n.º 1684, 16 fevereiro 1958, pp. 91-95.

Documentação Gráfica

Arquivo Técnico da IP-Infraestruturas de Portugal (solicitação através do site www.infraestruturasdeportugal.pt)

Documentação Fotográfica

DGPC: SIPA; Arquivo Técnico da IP-Infraestruturas de Portugal (solicitação através do site www.infraestruturasdeportugal.pt)

Documentação Administrativa

Arquivo Técnico da IP-Infraestruturas de Portugal (solicitação através do site www.infraestruturasdeportugal.pt)

Intervenção Realizada

2015 - obras de adaptação do edifício a pousada da juventude.

Observações

Autor e Data

Paula Noé 2020 (no âmbito do Protocolo de colaboração DGPC / Infraestruturas de Portugal)

Actualização

 
 
 
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