Edifício das Termas de Caldelas

IPA.00021748
Portugal, Braga, Amares, União das freguesias de Caldelas, Sequeiros e Paranhos
 
Arquitectura hospitalar, revivalista. Recinto termal rodeado por parque, composto por vários edifícios de planta rectangular, que incluem balneário, centro de medicina física e reabilitação, um edifício outrora usado como teatro, casa das máquinas, casa dos duches e duas bicas exteriores. Balneário com decoração das fachadas de inspiração neomaneirista e neobarroca, recorrendo, na fachada principal, a elevação central do pano murário, com aletas e coroamento de pináculos piramidais com bola, e acesso principal por escadaria de lanços divergentes com arranques volutados. Vãos em arco pleno com destacamento de impostas e fecho. Recurso a janelas geminadas, e a vão de recorte serliano. Edifício do centro de medicina física e reabilitação, com águas do telhado bastante inclinadas, com inspiração no chalet de veraneiro. Fachada posterior com revestimento a folha ondulada de zinco.
Número IPA Antigo: PT010301060034
 
Registo visualizado 409 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Saúde  Termas    

Descrição

Recinto termal composto por balneário, duas bicas, o centro de medicina física e reabilitação, antigo cinema, actualmente usado como arrecadação, e casa dos duches. O balneário, ocupando posição central no conjunto, possui no extremo O. a chamada Bica Barbosa, e adossa-se na fachada posterior, a S., ao edifício do centro de medicina física e reabilitação, encaixado na encosta e ladeado a O., por escadaria de acesso aos vários pisos e à rua que se situa em quota superior. Junto à escadaria, à mesma quota dos vários edifícios, encontra-se o antigo cinema e junto a este, no meio do recinto a Bica de Fora. Mais afastadas, no extremo oposto do parque, situam-se a casa das máquinas e a Casa dos Duches. BALNEÁRIO de planta rectangular, bastante alongada, com volumetria de dominante horizontal e coberturas diferenciadas em telhados de três e quatro águas, ritmados por clarabóias. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, marcadas com elementos de cantaria de granito, como molduras dos vãos e frisos de separação dos dois registos. Remates em cornijas de granito sob beiral. Fachada principal voltada a N. ritmada por janelas, no primeiro registo de verga recta, ao nível do chão, e no segundo em arco pleno, com demarcação do fecho e friso a unir as impostas de todas elas. No topo E., o pano estaca-se ligeiramente, e no centro da fachada eleva-se, em mais um registo, apresentando nesta zona vãos de diferente modinatura. No primeiro registo, abre-se portal em arco pleno, protegido por arco de passagem formado pela escadaria de granito, que se destaca da fachada. Esta apresenta dois lanços divergentes, com arranques volutados e guarda plena, conduzindo a patamar superior coberto por alpendre suportado por colunelos. Através deste alpendre tem-se acesso ao portal principal em arco pleno ladeado por janelas em arco abatido. Junto a estas últimas, encontram-se janelas geminadas de verga recta, com peitoril comum suportado por mísulas. Acima do alpendre rasga-se tripla janela de recorte serliano ladeada por aletas sob beiral curvo, que marca inferiormente as janelas geminadas, e no remate, acima do beiral, ergue-se esfera ladeada por pináculos piramidais com bola. Fachada lateral E. apenas com um registo visível devido ao declive do terreno, rasgada por portas e janela, ao centro, todas de verga recta. O acesso a esta zona é feito através de escadaria protegida por balaustrada. Fachada lateral O. com alpendre adossado, suportado por colunelos e guarda em balaustrada. Este alpendre conduz através de escadas à chamada Bica Barbosa, em quota mais baixa, composta por duas fontes com pequenos espaldares de granito, recortados e enquadrados por pilastras. Nesta fachada rasgam-se duas janelas em arco abatido, demarcadas no fecho, uma sob o alpendre e outra acima deste. Fachada posterior ritmada ao nível do registo superior por janelas iguais às do segundo registo da fachada principal. INTERIOR com vestíbulos centrais, um em cada piso, comunicantes através de escadaria de lanço curvo, em mármore, com guarda de ferro, que dão acesso lateralmente a longos corredores de distribuição para salas de hidromassagem, interoclise, banhos, duche Vichy, lamas e de alta frequência. A ala E. é reservada a homens e a O. às mulheres. As paredes são rebocadas e pintadas de várias cores, com silhar de azulejos industriais recentes monocromos. Pavimentos em mosaico, no vestíbulo do segundo piso em grés com motivos geométricos, e os tectos de estuque. No vestíbulo do segundo piso encontram-se nas paredes duas lápides com inscrições. Os corredores neste piso são iluminados por clarabóias. EDIFÍCIO DO CENTRO DE MEDICINA FÍSICA E REABILITAÇÃO de planta rectangular, volumetria verticalizante e cobertura em telhados de duas e três águas. Fachadas rematadas por beiral. Fachada principal de quatro pisos, os dois primeiros em alvenaria de granito e os restantes rebocados e pintados de branco. No centro da fachada adossa-se elevador panorâmico com estrutura de betão e vidro e acesso exterior. Primeiro piso percorrido por alpendre de betão suportado por colunas do mesmo material. Segundo piso rasgado por janelas de verga recta. Terceiro piso ritmado arcaria plena envidraçada. Último piso com janelas de verga recta. Restantes fachadas rebocadas e pintadas de branco, com parte da fachada posterior revestida a chapa ondulada de zinco pintada. Fachada lateral O. em empena, rasgada por vãos de verga recta, com três pisos, o primeiro aberto por portas, cujo acesso é feito pela escadaria que se encontra adossada, o segundo por três janelas e o último, quase no vértice da empena com janela do sótão. Fachada lateral oposta parcialmente revestida a hera com janela de sacada ladeada por janelas de peitoril do segundo registo e junto ao vértice da empena janela do sótão em arco quebrado com bandeira. Fachada posterior rasgada por janelas de verga recta com acesso o interior, ao centro, por porta de verga recta, em pano destacado e em empena. INTERIOR com salas de fisioterapia, consultórios médicos e secretaria. A zona da arcaria voltada à fachada principal é usada como sala de espera, possuindo paredes em alvenaria de granito e rebocadas e pintadas, com tecto de madeira e pavimento em tijoleira. BICA DE FORA no centro do recinto com planta circular com cobertura plana unida ao alpendre da fachada principal do edifício do centro de medicina física e reabilitação com paredes envidraçadas. No INTERIOR galeria circular com guarda de ferro, que dá acesso através de escada, a galeria inferior com guarda em balaustrada e revestimento a azulejos de padrão recentes, policromos a azul e amarelo, onde se encontra a bica. ANTIGO CINEMA de planta composta por corpo rectangular onde se encaixa no ângulo NE. corpo quadrangular. Volumetria de dominante horizontal. Coberturas em telhado de quatro águas no corpo rectangular e coruchéu pétreo no quadrangular. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com elementos marcados a granito, como embasamento, cunhais e molduras dos vãos. Remates em cornija sob beiral. Panos do corpo quadrangular com portas de verga recta encimadas por cornija recta. Fachada N. com porta em arco pleno ladeada superiormente por janelas geminadas de verga recta. Os parapeitos prolongam-se em friso ao longo de toda a fachada. CASA DAS MÁQUINAS de planta rectangular simples de volumetria horizontal e cobertura em telhados de duas águas. Fachadas de um piso, rebocadas e pintadas de branco, rematadas por beiral e rasgadas por vãos essencialmente em arco pleno, correspondendo a janelas geminadas e grandes portas. CASA DOS DUCHES de planta rectangular simples, de volumetria horizontal, com cobertura em telhado de quatro águas. Fachadas de um piso, rebocadas e pintadas de branco com elementos de granito, como embasamento e molduras dos vãos. Remates em cornija de granito sob beiral. Fachadas rasgadas por vãos de verga recta. Fachada principal, a O., com espaldar recortado, elevado ao centro, rasgada por larga porta ladeada por três janelas geminadas. Restantes fachadas ritmadas por janelas de verga recta. INTERIOR com corredor de distribuição para várias salas de vestir que comunicam com grande sala de duches, revestida a mármore.

Acessos

EN 205-3

Protecção

Em estudo

Enquadramento

Urbano, isolado, rodeado pelo Parque das Termas (v. PT010301060015), em encosta, em plena serra do Gerês, correndo fronteira a ribeira do Alvito, afluente do rio Homem. Na proximidade, a NE., encontra-se o Cruzeiro dos Centenários de Caldelas (v. PT010301060035) e em quota mais elevada, destacado a meio da encosta, o Grande Hotel da Bela Vista (v. PT010301060033).

Descrição Complementar

INSCRIÇÕES: Inscrições gravadas em duas lápides existentes no vestíbulo do segundo piso do balneário, com os sulcos pintados de dourado; sem moldura nem decoração; mármore cinzento; tipo de letra: capital quadrada; leitura: À MEMÓRIA DO DR. JÚLIO FORMIGAL QUE DURANTE 46 ANOS, EXERCEU NESTA ESTÂNCIA, COM INEXCEDÍVEL ZELO E COMPETÊNCIA, OS LUGARES DE 1º ADJUNTO E DIRECTOR CLINICO, A HOMENAGEM DA EMPRESA DAS ÁGUAS MINERO-MEDICINAIS DE CALDELAS, I-VI-968; À MEMÓRIA DO DR. FERNANDO FERREIRA QUE DURANTE 26 ANOS EXERCEU NESTA ESTÂNCIA COM INEXCEDÍVEL ZELO E COMPETÊNCIA OS LUGARES DE CLINICO AUXILIAR 1º ADJUNTO E DIRECTOR CLINICO. A HOMENAGEM DA EMPRESA DAS ÁGUAS MINERO-MEDICINAIS DE CALDELAS 17-5-1992.

Utilização Inicial

Saúde: termas

Utilização Actual

Saúde: termas

Propriedade

Privada: pessoa colectiva

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Período Romano - Referência às águas de Caldelas; 1779 - o frade carmelita, Frei Cristóvão dos Reis, administrador da botica do Convento do Carmo, em Braga (v. PT010303490087) publica a obra "Reflexões Metódico-Botânicas" fazendo referência às duas nascentes a que chamou Caldas do Albito, em Caldelas, suas qualidades terapêuticas, e aludindo que os locais não usavam as águas medicinais, servindo estas apenas para lavar a roupa, não havendo sequer condições para banhos; 1780 - o Mosteiro de Rendufe (v. PT010301180004) toma posse das termas; 1803 - por ocasião de obras feitas junto das nascentes encontraram-se duas aras votivas romanas dedicadas às Ninfas, com inscrições, numa "Ceniciano às Ninfas por voto" e noutra "Às Deusas Ninfas por voto"; 1835 - na sequência da extinção das ordens religiosas, as termas passam a ser administradas pelo pároco; posteriormente passam para a propriedade da Câmara Municipal de Amares; 1889 - a Câmara celebra um contrato de arrendamento com D. Bernardo José Barbosa, futuro 1º visconde de Semelhe; 1892 - o Governo concede ao visconde de Semelhe a exploração das águas; construção do balneário; 1914, 6 Abril - falecimento do visconde; 1921 - Charles Lepierre analisa as águas de Caldelas, considerando um "tipo único e inconfundível entre todas as águas medicinais".

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Estruturas de alvenaria, embasamentos, cornijas de remate, frisos, molduras dos vãos, escadaria exterior do balneário, colunelos, elementos decorativos e coruchéu do antigo cinema, em granito; elevador panorâmico e estrutura da Bica de Fora, em betão; revestimento parcial da fachada posterior do centro de medicina física e reabilitação, em folha de zinco; portas e janelas em madeira; pavimentos em mosaico; tectos de estuque; silhares do balneário e Bica de Fora, em azulejos industriais; coberturas em telha marselha e de aba e canudo.

Bibliografia

Termas de Portugal, separata do jornal Expresso, nº 1747, 22 de Abril de 2006; http://caldelas.planetaclix.pt, 25 Agosto 2006, www.termasdecaldelas.com, 25 Agosto 2006.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Ordem de São Bento: 1803 - Construção de quatro poços de pedra e instalação da Bica de Fora; Empresa das Águas Minero-Medicinais de Caldelas: séc. 20, último quartel - remodelação do interior do balneário e do centro de medicina física e reabilitação; 2006 - remodelação do balneário, incluindo o equipamento.

Observações

A água de caldelas é usada essencialmente no tratamento de perturbações do aparelho digestivo, pele e reumatismo. Nas termas existem duas nascentes, a da Bica Barbosa que emerge à temperatura de 22º C, com pH de 6,8, francamente mineralizada e a da Bica de Fora, com temperaturas de 32,8º C, pH 8,3 e hipomineralizada. Estas águas classificam-se como bicabornatadas cálcicas flouretadas, com concentração de sílica de 18 a 20 %.

Autor e Data

Joaquim Gonçalves 2006

Actualização

 
 
 
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