Jardim da Quinta de Nossa Senhora do Carmo

IPA.00021457
Portugal, Lisboa, Lisboa, Santa Clara
 
Arquitectura residencial e arquitectura agrícola. Quinta de recreio com sobreposição de vários estilos: Casa de caracterização estilística Neo-clássico, Pombalina, com elementos decorativos simples e discretos; Capela de inspiração chã da arquitectura vernacular do Barroco tardio; Jardim de caracterização estilística romântica, intimista, com tendência paisagista. Espaço constituído por vegetação ornamental disposta no sentido de criar ambientes agradáveis e acompanhada de conversadeiras, canteiros e peças de água. Permite a percepção dos limites exteriores na maior parte da sua extensão. Segue uma atitude pictórica sendo estudados numa sucessão de imagens e pontos de vista paradoxalmente inspirados e sugestivos de pinturas de pintores paisagistas. Projectado para parecer natural e espontâneo numa perspectiva de sobreposição de planos progressivamente mais longínquos e difusos.
Número IPA Antigo: PT031106050946
 
Registo visualizado 323 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Espaço verde  Jardim        

Descrição

Propriedade constituída por Casa, Capela, Pátio, Terraço e Jardim. Limitada em toda a sua extensão por muro rasgado por três entradas, um portão e uma porta de acesso ao Pátio e outro portão de acesso ao Jardim. CASA com alçados de alvenaria rebocada e pintada de branco. Cantarias dos vãos com guarnições em calcário bujardado a pico fino. Caixilhos de madeira pintada. Cobertura de telha de aba e canudo com remate em beiral sem algeroz e com cornija rebocada e pintada de branco em todos os alçados; CAPELA com alçado principal sobre o pátio e posterior sobre a Travessa de Santo André, em alvenaria rebocada com fenestra ovalada com friso e gradeamento canastrado de ferro. Frontão tringular inteiro encimado por dois pináculos e cruz latina em calcário bujardado e ladeado no embasamento por volutas; PÁTIO quadrangular de pavimento em calçada de calcário irregular com duas caldeiras onde se inserem duas tipunanas (Tipuana tipo). A SE. a Capela e a NO. a Casa; TERRAÇO junto à fachada NO., ao nível do primeiro piso, portas sobre terraço em cota sobreelevada em relação ao jardim. Neste patamar, pavimento também em calçada de calcário com alinhamento de três pimenteiras-bastardas junto ao gradeamento que limita esta zona. Junto ao muro a S., fonte com ligação a mina de água; JARDIM acessível por escadaria com lance de dez degraus acompanhados lateralmente por gradeamento que se prolonga do terraço. Este lance termina em pequeno patamar de três degraus. No Jardim, estrutura de caminhos com lages irregulares de xisto claro constituída por um principal que liga a escadaria do terraço ao extremo oposto, outro paralelo a este, junto muro a N. e, perpendicular a estes dois, um terceiro, paralelo ao muro de suporte do terraço. Adoçada ao muro de suporte, fonte de linha simples, em mármore, com espaldar ornamentado de volutas. A O., zona pavimentada também com xisto claro onde se localiza a piscina. Esta zona tem cota ligeiramente inferior à restante área do jardim e a ela se acede por escadaria de quatro degraus no seguimento dos caminhos. No muro O., três janelas ragadas com barrigas de ferro e namoradeiras de onde se obtém vista ampla sobre os terrenos e construções que se sedenvolvem a cota inferior. Entrecaladas com as janelas, canteiros salientes das reentrâncias do muro onde existem alegrias-do.lar e lantanas. Nas áreas limitadas pelo pavimento, revestimento do solo com dichondra e plantação discreta de árvores e arbustos, alguns em porte arbóreo, autóctones e exóticos numa conjução de cores e luminosisdades variadas. Junto ao muro N., entre muro e caminho, plantação linear de herbáceas e trepadeiras.

Acessos

Travessa de Santo António, n.º 17. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,783639, long.: -9,159744

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Zona de vale com clima Atlântico com influência Mediterrânica. Relevo pouco acidentado assente em formações Holocénicas constituídas por solos aluvionares. Situada no centro histórico da a Ameixoeira na proximidade da Ermida de Santo André (v. PT031106050838) e confrontando a S, com a Quinta de Sant' Anna (v.PT031106050917). Toda esta zona tem sido alvo de uma forte pressão urbanística e especulação imobiliária. Com largas vistas sobre o vale de carriche e toda a paisagem serrana densamente edificada. Na mesma rua encontram-se outros imóveis notáveis em degradação. A O., a cota inferior, condomínio construído a poucos metros da quinta. «Ao lado, uma azinhaga estreita como uma nesga, que dá a impressão do fantástico. Visto daqui, o monte que fica em frente apinha-se de casario numa autêntica confusão, sem estruturas arquitectónicas.» (SANTO, 1997).

Descrição Complementar

O pátio existe, certamente com as dimensões de outrora; existe o poço; o interior da casa é de estuques banais. Aquele jardim que foi a menina dos olhos do Reitor, e cujas magníficas ruas de altos buxos que talvez ainda vissem o antigo dono ...» (CASTILHO, 1895); A Quinta de Nossa Senhora do Carmo surge ali como elemento arquitectónico de grande beleza estética. Aqui se vê e admira o requinte do seu proprietário, pessoa de qualidades invulgares, que sabe o que faz, que não quiz meter-se em modernices, antes manteve a tradicional linha de gosto requintado, onde afinal tudo é simples. Se o jardim era «a menina bonita do reitor», o seu actual proprietário também não quis descurar igual tratamento. Tudo é verde, tudo é frescura... tudo é tratado com igual carinho.» (SANTO, 1997)

Utilização Inicial

Recreativa: jardim

Utilização Actual

Recreativa: jardim

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO PAISAGISTA: Francisco Caldeira Cabral e Teresa Andersen (informação do proprietário).

Cronologia

1514, 9 Maio - Mendo Afonso deixa em testamento algumas terras que viriam a formar mais tarde a quinta de Nossa Senhora do Carmo; 1713, 24 Julho - João Pereira Cardozo e sua mulher, D. Catarina Maria de Brito e Amaral, vendem a quinta a D. Maria Madalena da Conceição, viúva do capitão Adrião Domingues Loureiro, por 500$000 réis; 1717 - a proprietária vende a quinta ao padre Inácio Ferreira, da Congregação do Oratório; 1732 - falecimento do padra Inácio Ferreira, sendo a quinta mencionada no seu testamento, com rendendo 500$400 réis; 1736, 20 Março - o seu testamenteiro, o padre José Troiano vende a quinta a D. Joana Joséfa Baptista; 1743, 6 Maio - a proprietária vendeu-a a Francisco Baptista Soares; 1753, 29 de Outubro - após o falecimento do proprietário a sua viúva, D. Maria Madalena Soares casa em Manuel Lourenço Souto e vende a quinta a João Alves de Aguiar, casado com D. Teresa Joaquina Rosa; 1757, 8 Janeiro - os proprietários vendem a quinta por 1500$000 réis ao padre José Nunes Vieira, reitor da Paróquia de Nossa Senhora da Encarnação (v. 1106050167); o novo proprietário planta um novo jardim, ficando a quinta conhecida como "Jardim do Reitor"; 1773, 5 Agosto - por testamento a quinta a legada ao seu sobrinho, o Dr. Manuel Correia Nunes *1; 1777, 31 Março - falecimento do padre José Nunes Vieira; 1783, 28 Março - falecimento do Dr. Manuel Correia Nunes, ficando a quinta para a sua criada, Maria Gertudes do Coração de Jesus; 1831, 24 Novembro - após a morte da proprietária, herda a quinta o pedreiro Joaquim José dos Santos e sua mulher Ana Jacinta; 1835, 30 Dezembro - a quinta é vendida a Miguel António Trancoso; 1843 - primeira referência da quinta individulaizada da quinta de Sant' Anna, no inventário dos bens de António Cypriano Eleutherio da Costa Trancoso; 1909 / 1926 - morou na quinta o Dr. Roberto de Almeida, a sua mulher D. Beatriz Vieira da Silva e as suas filhas; 1942 / 1975 - a quinta é alugada a uma família alemã; 1984 - a quinta é vendida pelo Dr. António Trancoso ao Dr. João Pinto dos Santos Pacheco Rebello de Carvalho.

Dados Técnicos

O jardim encontra-se a cota inferior às restantes zonas sendo o declive vencido através da criação de terraço com muro de suporte; presença de mina de água; sistema hidráulico das fontes funciona em circuito fechado.

Materiais

Material Vegetal: Loendro (Nerium oleander), Ameixoeira-de-jardim (Prunnus cerasifera var. atropurpurea). aloé (Aloe vera), lantana (Lantana camara), Brugmancia arborea, hortence (Hidrangea macrophilla), dichondra (Dichondra repens), berberis (Berberis thumbergii), pimenteira-bastarda (Schinus molle), rosa-da-china (Hibiscus rosa-sinensis), laranjeira (Citrus sinensis), árvore-do-incenso (Pottosporum undulatum), Ophiopogon japonicus, hera (Hedera helix), clorofito (Clorophytum capense), clivia (Clivia miniata), lantana (Lantana montevidensis), palmeira-das-canárias (Phoenix canariensis); xisto (pavimento)

Bibliografia

Castilho, Visconde Júlio de, Apontamentos da Ameixoeira (dactilografados), Lisboa 1895; SANTO, Eugénio do Espírito, Ameixoeira, um núcleo histórico, Lisboa, 1997; MORAIS, Cristóvão Alão de, Pedatura Lusitana. Vol. V (Tomos 1º e 2º). Edição de Carvalhos de Basto; Braga; 1998.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; Proprietário

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; Proprietário

Documentação Administrativa

Proprietário

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: recuperação da casa e do jardim; construção da piscina

Observações

Autor e Data

Pereira de Lima 2005

Actualização

 
 
 
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