Igreja Paroquial de Lamalonga / Igreja de Nossa Senhora dos Reis

IPA.00002117
Portugal, Bragança, Macedo de Cavaleiros, Lamalonga
 
Igreja paroquial reformada no séc. 18, com planta retangular composta de nave única e capela-mor, mais alta, com fachada principal terminada em empena truncada por dupla sineira e rasgada por portal retilíneo, encimado por frontão triangular com nicho albergando imagem do orago, e três óculos circulares. Fachadas com cunhais apilastrados, firmados por pináculos, terminadas em friso e cornija, a lateral direita com janelas de capialço e porta travessa, de verga reta. A fachada posterior termina em empena. A igreja foi reformada interiormente na sequência do terramoto de 1 de novembro de 1755, assumindo o programa iconográfico como instrumento de devoção e culto a diversos santos para intercessão a Deus. Possui coro-alto, em talha, púlpito no lado do Evangelho, arco triunfal ladeado por dois retábulos colaterais de talha dourada, da 2ª metade do séc. 18, em estilo nacional e rococó, que se prolongam superiormente e com arco também revestido a talha, no conceito designado por igreja "toda de ouro" ou "gruta de ouro". As pinturas da cobertura constituem o maior e mais importante núcleo de pintura a óleo sobre tela da Diocese Bragança-Miranda desencadeado pelo terramoto de 1 de novembro de 1755 e apresentam características e temática diferente: os caixotões pintados entre cerca de 1756 e 1779, executados por Joaquim Manuel da Rocha, um dos principais pintores da capital no reinado de D. José e D. Maria I, têm temática Mariana, enquanto que os pintados entre cerca de 1783 e 1793, executados por Domingos Teixeira Barreto, o segundo pintor mais importante do Porto, têm um programa mais tradicional e amplo, como os Apóstolos, Evangelistas, Doutores da Igreja e alguns Santos Mártires, privilegiando ainda a figura de Nossa Senhora. O grupo de 17 pinturas, outrora 20, encomendadas pelo abade Tomás Gomes da Costa não está assinado e, segundo Lécio Leal, denotam influência de Vieira Lusitano no desenho classicista feminil e arredondado das figuras, representadas a meio corpo.
Número IPA Antigo: PT010405170006
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta retangular composta por nave e capela-mor, mais elevada, tendo adossado à fachada lateral esquerda sacristia e baptistério, quadrangulares. Volumes articulados, com coberturas de duas águas na nave e capela-mor e de uma água na sacristia e batistério. Fachada principal, orientada a oeste, em cantaria de granito, com pilastras nos cunhais e terminada em empena truncada por sineira com dois vãos de volta perfeita. Pináculos nos cunhais e no topo do campanário. Portal simples, de verga recta com moldura, sobrepujado por frontão triangular interrompido, tendo no tímpano nicho de arco pleno, com decoração em concha e imagem de Santo António; sobre o frontão uma epígrafe com a inscrição "Esta obra a fes sebastian cava... ano de 1767". Dos lados e sobre o frontão três óculos circulares. Os alçados laterais, com pilastras nos cunhais sobrepujados por pináculos, mostram uma porta no lado N. e janelas de vão recto sem decoração. No interior, nave única com coro-alto de madeira pintada assente em mísulas, com a data de 1768, púlpito quadrangular com baldaquino facetado do lado do Evangelho, com acesso pelo exterior da nave, e um confessionário de cada lado. As janelas, portas e confessionários estão revestidos com talha pintada e dourada. Sobre as janelas com capialço pintado e, ao lado, tela com legenda inferior. O arco triunfal é totalmente revestido com talha dourada e possui dois altares colaterais em talha dourada. Sobre o arco organizam-se três pequenos nichos com grupos escultóricos em talha, representando a Epifania. O teto é constituído por 55 caixotões em madeira, pintados com figuras da hagiologia católica. Capela-mor com o tecto e as paredes laterais revestidas de caixotões de madeira pintados com motivos vegetalistas, tendo os elementos arquitectónicos sublinhados a talha dourada e polícroma; janela retangular no paramento sul. Retábulo-mor em talha dourada com motivos predominantemente vegetalistas, sacrário e trono central, entre colunas pseudo-salomónicas. Batistério de planta quadrangular, com acesso pela nave, pia baptismal de grandes dimensões, em granito, rústica; teto em falsa abóbada de berço, de madeira, pintado com a cena do "Baptismo de Jesus por São João Baptista", janela rectangular virada a oeste.

Acessos

A partir da saída da IP 4 em Mirandela, pela EN 206-1 em direcção a Torre de D. Chama e depois pela EN 206 em direção a Bragança

Protecção

Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público / ZEP, Portaria n.º 405/2013, DR, 2.ª série, n.º 117 de 20 junho 2013

Enquadramento

Rural, meia encosta, isolado. Situado em posição sobranceira ao ribeiro da Pombeira, no centro de um adro limitado por muros de alvenaria encimados por gradeamento de ferro. Os acessos fazem-se por S., por 2 portões gradeados de ferro, e por O., através de dois lanços de escadas colocados perpendicularmente ao eixo principal da igreja. A S. existe um muro em cantaria de granito com um portal.

Descrição Complementar

O PRESÉPIO encontra-se na parede da nave, no lado do Evangelho, inserido em armário de duas folhas, com o interior representando os Anjos Turiferários, tendo, no interior, cartela com anjos que sustentam uma filactera e a inscrição "GLORIA IN EXCELSIS". No interior, as cenas integram-se num teatro, onde as ilhargas possuem três andares de balcões e tribunas, decoradas e com vários expetadores, oriundos de várias classes sociais e, no palco, com dois pisos, as cenas principais, com a "Natividade", "Adoração dos Pastores ao Menino" e a "Cavalgada dos Magos". Os 55 painéis pintados da cobertura da nave possuem a seguinte temática, da parede testeira para a parede fundeira, e do lado do Evangelho para o da Epístola: Esponsais da Virgem, Santa Inês, Santa Bárbara, Santa Luzia, Santa Apolónia, São João Evangelista, São Gregório, São Bento, São Pedro, São Paulo, São Brás, São Sebastião, São Simão, São Vicente, São Bartolomeu, Santo Ambrósio, São Marcos, São Jerónimo, São Lucas, São Vicente Ferrer, são Matias, São Tiago Maior, São Barnabé, São Fernando, São Boaventura, São Lourenço, Santo António, São Judas Tadeu, Santa Cecília, São Bernardo, São Domingos, São Francisco de Borja, São Gabriel Arcanjo, Santa Catarina, Nossa Senhora do Pópulo, Santo Agostinho, São Pio V, São Mateus, Nossa Senhora do Carmo, São Tomás, Santa Brígida, Santo André, São Miguel, São Caetano, São Tiago Menor, São Filipe, Santa Genoveva, Santo Estêvão, Nossa Senhora do Rosário na Batalha de Lepanto, Nossa Senhora da Nazaré e D. Fuas Roupinho, Santa Terezinha do Menino Jesus, Imaculado Coração de Nossa Senhora, Fuga para o Egito, Sagrado Coração de Jesus e Santa Isabel.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Bragança - Miranda)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 18

Arquitecto / Construtor / Autor

CONSTRUTOR: Sebastian Cava...; PINTORES: Joaquim Manuel da Rocha (1756-1759); João Silvério Carpinetti (atr., 1760).

Cronologia

1740 - 1770 - é pároco da Igreja o padre Tomás Gomes da Costa, que terá custeado a feitura do presépio e dos caixotões da nave, executados por um pintor de Lisboa; pintura das portas do armário do presépio, a qual é atribuída a João Silvério Carpinetti; 1755, 01 novembro - terramoto; 1756, cerca - 1759, cerca - pintura dos caixotões do teto de temática Mariana pelo pintor lisboeta Joaquim Manuel da Rocha; 1762, cerca - 1779, cerca - pintura dos caixotões do ciclo taumaturgo, de modo faseado e prolongado, vocacionado para doenças e achaques de pessoas e gado e, por último e em simultâneo, uma pequena série de santos defensores do cristianismo; 1767 - data inscrita na fachada principal; 1768 - data inscrita na talha do coro-alto e numa das pinturas na nave; 1779 - o padre José Francisco Pires de Quina, sucessor de Tomás Gomes da Costa, exerce temporariamente, as funções de abade até não restarem dúvidas sobre quem tinha o direito administrativo sobre as paróquias em causa, se a diocese ou o padroado real; 1782, cerca - sucede na abadia o bacharel Manuel de Carvalho Carneiro, que decide dar continuidade ao teto; 1783, cerca - 1793 - depois de estabelecer contatos com a oficina de Lisboa anteriormente responsável pela execução das pinturas do teto, Manuel de Carvalho Carneiro acaba por encomendar as pinturas a Domingos Teixeira Barreto, duma oficina do Porto; 1986, 04 agosto - proposta de classificação da igreja pelo IPPC; 1999, 01 junho - proposta de classificação da DRPorto; 04 junho - despacho de abertura do processo de classificação do Vice Presidente do IPPAR; 2001, 21 dezembro - proposta da DRPorto para a classificação como Imóvel de Interesse Público; 2006, 30 março - devolução do processo de classificação à DRPorto para juntar proposta de Zona Especial de Proteção; 2010, 23 dezembro - proposta da DRCNorte para a classificação como Monumento de Interesse Público e definição de Zona Especial de Proteção; 2011, 23 fevereiro - parecer favorável da SPAA do Conselho Nacional de Cultura à classificação e definição de Zona Especial de Proteção; 24 fevereiro - Declaração de retificação n.º 467/2011, DR, 2.ª série, n.º 39; 28 outubro - Anúncio n.º 15650/2011, DR, 2.ª série, n.º 208, com Projeto de Decisão relativo à classificação como Monumento de Interesse Público (MIP) da Igreja Paroquial de Lamalonga / Igreja de Nossa Senhora dos Reis, incluindo o adro e à fixação da respetiva Zona Especial de Proteção.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Alvenaria rebocada, cantaria de granito, cobertura em telha, talha, madeira policromada, estuque nas paredes interiores, pavimentos em lajeado de granito e tectos de madeira.

Bibliografia

LEAL, Lécio - "Tem o Céu Santos" O tecto em caixotões da igreja de Nossa Senhora dos Réis de Lamalonga". In Invenire - Revista dos Bens Culturais da Igreja. Lisboa: Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja, jul.-dez. 2014, n.º 9, pp. 49-54; LEAL, Lécio da Cruz, SILVA, Lília Pereira da e SEIXAS, Raquel Alexandra - "Em cena no presépio de Lamalonga. A adoração do Menino". in Invenire - Revista dos Bens Culturais da Igreja. Lisboa: Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja, janeiro-julho 2011, n.º 2, pp. 26-31; PIRES, Armando - O Concelho de Macedo de Cavaleiros. Bragança: Junta Distrital, 1963.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1887, maio - obras de restauro na igreja; 1990, início da década - obras de recuperação das fachadas e arranjo do adro.

Observações

*1 - A. Pires (1963: 46) refere como orago da igreja, Santa Epifania. Trata-se de uma confusão com o facto do orago ser Nossa Senhora dos Reis cuja festa está ligada à da Epifania, popularmente Festa dos Reis, em 6 de janeiro.

Autor e Data

Paulo Amaral e Miguel Rodrigues 1997

Actualização

 
 
 
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