Edifício do Banco de Portugal em Coimbra

IPA.00020932
Portugal, Coimbra, Coimbra, União das freguesias de Coimbra (Sé Nova, Santa Cruz, Almedina e São Bartolomeu)
 
Banco de planta rectangular irregular, de remates em platibanda plena na fachada principal, e parcialmente vazada nas fachadas lateral esquerda e posterior. Fachadas principal e lateral esquerda apresentam uma gramática neoclássica, manifesta, na volumetria, na decoração e na composição regular e simétrica dos vãos sobrepostos, alguns em serliana. A decoração denuncia também algumas influências barrocas particularmente no falso templete que abriga o relógio e nos acrotérios que coroam a platibanda.
Número IPA Antigo: PT020603190153
 
Registo visualizado 388 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Serviços  Banco    

Descrição

Planta rectangular, irregular, com um elemento torreado no ângulo SO.. Coberturas diferenciadas de duas e quatro águas e em falsa cúpula amansardada na clarabóia. Fachadas com 2 e 3 registos, adaptando-se ao declive do terreno, com embasamento saliente de cantaria, rebocadas e pintadas de rosa, rematadas em cantaria, compreendendo friso e cornija sob platibanda, modinatura dos vãos igualmente de cantaria, e protegidos por guardas em ferro forjado pintadas de verde, caixilharia de madeira pintada de branco. Fachada principal virada a S., com a platibanda coroado por acrotério de cantaria em forma de falso templete que abriga relógio, finalizado por frontão triangular interrompido. Esta fachada desenvolve-se a partir do pano central, ligeiramente mais alto, circunscrito por pilastras de ordem colossal, decoradas com baixos-relevos zoomorfos e medalhões figurativos alusivos à república portuguesa, coroadas por urnas. No registo inferior rasga-se portal em arco de volta perfeita, coroado por alegoria da república portuguesa, ladeado por janelas rectilíneas, encimadas por óculos; no registo superior 3 vãos rectilíneos com varandins de cantaria recortada ocupam toda a largura do pano, protegidos por portas envidraçadas de duplo batente e bandeira oval, coroados por pequenos frontões com volutas, intercalados por colunas de fuste liso com capitéis de inspiração coríntia, a suportar entablamento, sobre o qual sobressai cornija com cachorrada em forma de volutas. O pano lateral esquerdo, corresponde ao elemento torreado, rasgado no registo inferior por 3 vãos em arco alteado, cujo ábaco é uma continuidade do friso percorrente de toda a largura do elemento torreado; estes vãos são protegidos por janelas de duplo batente e bandeira; no registo superior surgem 4 pilastras de capiteis de perfil coríntio formando 3 secções, cada uma rasgada por um vão, sendo o central em serliana, aberto para sacada com guarda em cantaria recortada e os flanqueantes rectilíneos e com varandins idênticos à guarda da anterior sacada. No remate a platibanda plena é curvilínea, decorada por cartelas nas secções definidas pelas pilastras coroadas por pináculos bolbosos, sendo idêntico no pano do lado direito, neste abrem-se duas janelas, uma no registo inferior outra no superior, idênticas à suas correspondentes no anterior pano. Fachada lateral esquerda, de 2 registos, com disposição dos vãos em eixo, os superiores com varandins em cantaria recortada; dividido em 3 panos, sendo o central mais largo e ligeiramente recuado relativamente aos laterais, rasgado por 6 janelões, curvilíneos no registo inferior e rectilíneos no superior; no remate a platibanda apresenta-se em balaustrada. Os panos laterais são idênticos entre si, e delimitados por cunhais perpianhos coroados por pináculos; os vãos inferiores são em arco alteado e os superiores em composição serliana, idênticos aos do elemento torreado; ambos os panos têm remate em frontão triangular sobreposto à platibanda, coroados por urnas. Fachada lateral direita, adossada a edifício. Fachada posterior com 3 registos, muito alterada pelas últimas obras. Aberta no registo inferior por portão rectilíneo; no registo intermédio, sobressai estrutura metálica em consola. O registo superior divide-se em três panos, com 7 vãos em arco alteado, distribuindo-se 3 no pano central e dois em cada um dos laterais. INTERIOR: não foi permitido percorre-lo dado o tipo de ocupação do edifício. Faz-se apenas alusão ao átrio de entrada que apresenta vários dispositivos de segurança e dá acesso a um balcão de atendimento comprido, em pedra encontrando-se sobre este uma clarabóia, à esquerda possui uma pequena sala de recepção de visitas.*1.

Acessos

Largo da Portagem, Rua da Sota, Rua de Sargento-mor

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, adossado à direita a um edifício mais alto, cujo o r/ch é ocupado por uma sucursal do Banco BPI e os dois pisos superiores por escritórios e habitação. Na zona ribeirinha do Rio Mondego, integrado na Baixa da cidade, no conjunto do Largo da Portagem, implantado em terreno desnivelado, separado do Hotel Astória (v. PT020603190152), pela. Rua da Sota.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Serviços: banco

Utilização Actual

Serviços: banco

Propriedade

Pública: Banco de Portugal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETO: Adães Bermudes; Pintor do armorial do tecto da primitiva sala de recepção: António da Conceição; Casa Labat: instalação do aquecimento; Fábrica Portugal: produção das portas da casa forte e cofres.

Cronologia

1846 - Criação do Banco de Portugal em Lisboa, fruto da fusão entre o "Banco de Lisboa (instituído por Decreto de 29 de Dezembro de 1821 com o privilégio de emissão de notas), e a "Companhia Confiança Nacional" (fundada em 1844); 1849 - tentativa de implantação de uma companhia de crédito em Coimbra, que tivesse por fim o melhoramento da agricultura e do comércio, facilitando ao mesmo tempo a exportação de todos os produtos, não só para os países estrangeiros, mas também para os portos nacionais, utilizando embarcações de vela ou movidas a vapor e estabelecendo o seguro marítimo e terrestre*2; 1870 - implantação em Coimbra do caminho-de-ferro, da caixa filial do Banco de Viana e criação do Banco Comercial de Coimbra; 1887 - contrato celebrado entre o Governo e o Banco de Portugal, com vista à constituição de um banco emissor único, situação completamente resolvida em 1891, após o acordo do Banco de Portugal e os bancos emissores do norte; 1891, 1 de Fevereiro - inauguração da agência regional do Banco de Portugal, em Coimbra, no edifício do Governo Civil, na então Rua Infante D. Augusto, antigo Colégio de S. João Evangelista ou Colégio dos Lóios, na Alta da Cidade*3; 1892, 7 de Janeiro - Relatório do Balanço Anual enviado à sede do Banco de Portugal, onde se referia que o edifício era impróprio para esta função; 1894 - implementação definitiva da rede distrital de agências do Banco de Portugal no país; 1899 - Relatório do Balanço Anual enviado à sede do Banco de Portugal, onde se referia, mais uma vez, que o edifício era impróprio para esta função (notava-se o isolamento em relação à Praça e à Calçada, aos locais privilegiados de troca, oferta e transacção); 1907 - até esta data estes relatos vão manter-se em vários jornais, de salientar o "Conimbricense", "Resistência" e "Tribuno Popular"; 1907 - aquisição das casas de Paulo Antunes Ramos e António José Vieira e de um terreno à Câmara Municipal de Coimbra por 23.658.507 réis, para a edificação de uma nova Agência, a construir no Lg. Príncipe D. Carlos, actualmente Lg. da Portagem; 1908, Novembro - demolição das casas adquiridas, autorizada pela Câmara Municipal de Coimbra; 1909 - projecto de Adães Bermudes, que incluía em pináculo o símbolo da realeza, símbolo, que não se chegou executar, colocando-se em sua substituição o emblema da cidade de Coimbra; 1909, Setembro - execução de dois depósitos provisórios para a garantia do concurso de construção da Agência do Banco de Portugal, feitas por José Gaspar Marques Neves e António Simões Misarella & Augusto Lopes; 1909, Outubro - adjudicação da empreitada a José Gaspar Marques Neves, por 25.616$00; 1910, Fevereiro - interrupção das obras de aterro devido às chuvas torrenciais; 1910, 17 Março - contrato das cantarias, que deveriam ser de cor uniforme e textura homogénea, isentas de defeitos; 1912, 23 de Outubro - recepção provisória da obra; 1912, 1 Novembro - mudança para o novo edifício, sendo a gerência exercida por dois agentes, um nomeado pelo Governador e outro pelo Conselho Geral; 1913, 18 de Janeiro - instalação do relógio fornecido por Aurélio F. Romero; 1974 - nacionalização do Banco de Portugal, passando a ter o estatuto legal de empresa pública; 2000 - profundas obras de remodelação do edifício, destruindo todo o seu interior e alterando a fachada posterior.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Alvenaria de pedra e argamassa (paredes estruturais); cantaria de pedra calcária de Portunhos (molduras dos vãos, platibanda, acrotérios, pilastras colunas, etc.); telha cerâmica (cobertura exterior).

Bibliografia

BORGES, Nelson Correia, Coimbra e Região, Lisboa, 1987; Estudos em Homenagem ao Banco de Portugal. 150º Aniversário (1846-1996), Lisboa, 1996; Literatura Ilustrada, nº 10, 4 de Março de 1860; O Conimbricense, 21 de Novembro de 1874; O Conimbricense, 20 de Junho de 1896; Os 125 anos do Banco de Portugal, Lisboa, 1972; Panorama Contemporâneo, nº 1, Novembro de 1883; Regulamento Administrativo, 23 de Abril de 1891; REIS, Jaime, O Banco de Portugal, das origens a 1914, Lisboa, 1996; http://arqpapel.fa.utl.pt/jumpbox/node/74?proj=Banco+de+Portugal+em+Coimbra, 15 Setembro 2011.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Banco de Portugal: 2000/2002 - obras de remodelação total ao nível do interior e da fachada posterior.

Observações

*1 - Não foi possível observar todo o interior do edifício, devido aos cuidados de alta segurança que conferem à instituição bancária. Antes das obras realizadas em 2000, a sala interior de recepção ao público era um espaço octogonal, irregular, ocupado por uma carteira alta e recebia luz zenital através de um vidro colocado a meio do tecto com pintura mural, representando em armorial os concelhos de todo o distrito, obra do artista António da Conceição. Este amplo espaço era limitado por oito colunas trabalhadas que sugeriam um ambiente clássico de luz coada e austera, em linhas de moderna sobriedade. *2 - No entanto, as companhias e bancos de Lisboa e Porto, a quem não convinha a criação de tal sociedade em Coimbra, empregaram ocultamente toda a sua influência, conseguindo a anulação do projecto inicial *3 - Presidiram como agentes, o Tesoureiro Pagador do Distrito, Adriano Pompílio, Teixeira Barbosa e o proprietário, o capitalista de Coimbra, Joaquim Augusto de Carvalho e Santos. Tinha ainda sete funcionários.

Autor e Data

Sandra Lopes 2004 / Margarida Silva 2006

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login